domingo, julho 13, 2014

Scolari, o hino e as emoções

Penso que nada reflecte melhor aquilo que foi a selecção do Brasil neste Mundial do que aquela idiotice de continuar a cantar o hino (numa sua versão mais longa) após a instalação sonora do estádio ter terminado a sua difusão. Está ali tudo: a importância desmesurada dada às emoções, em detrimento da racionalidade técnico-táctica; o populismo expresso num ultra-nacionalismo que se reflecte em um dos "símbolos da pátria" (em Portugal tínhamos tido as bandeiras); a busca de uma ligação entre a equipa, a assistência nas bancadas e o "povo" em geral (as desculpas ao "povo" pelas derrotas foram recorrentes), baseada apenas num primarismo emocional e não na qualidade e eficácia do futebol praticado; e, por fim, a opção por um comportamento em campo demasiado frenético, com muitas correrias e passes longos despropositados que fomentavam essas mesmas emoções, tornando assim impossíveis quaisquer críticas ao "querer", à "garra" e à "atitude" dos jogadores e da equipa, críticas também elas populistas e que fazem habitualmente parte do cardápio de quem nada percebe do jogo e se limita a criticar os jogadores usando argumentos de natureza semelhante aos que usa para vilipendiar os que considera  "ricos e poderosos".

Nada disto é novo em Scolari, e se usado com parcimónia até consegue por vezes obter bons resultados nas selecções nacionais, que pouco ou nenhum tempo têm para treinar princípios e modelos de jogo e com uma ligação popular quantitativa e qualitativamente diferente do que acontece com os clubes. Funcionou bem em Portugal, excepto quando, como contra a Grécia, no Europeu, os problemas muito específicos colocados pela selecção de Otto Rehhagel exigiam uma abordagem mais centrada na racionalidade técnico/táctica e no estudo criterioso do adversário. Mas a questão que se deve colocar agora, quando é demasiado fácil "bater" em Scolari, é se sem essa sua abordagem emocional e populista (que, note-se, pessoalmente abomino), quando da sua passagem por Portugal, a selecção nacional teria mesmo conseguido chegar à decisão final com a Grécia, onde o treinador brasileiro falhou então redondamente. Mas  aí entramos já na pura e simples especulação.

1 comentário:

Anónimo disse...

E o burrou sou eu ?
Nha Nha Nha Nha.

A resposta é afirmativa (já na altura o era), mas então de "dificil" argumentação.
É que desta nem N. Sra do Caravaggio esteve alinhada.

Cumprimentos