quinta-feira, junho 05, 2014

A estratégia de Seguro e os "simpatizantes" do PS.

Faltava a entrevista de ontem à SIC Notícias para fechar o "ramalhete" e tornar tudo definitivamente claro na estratégia de António José Seguro: não estamos apenas na presença de uma manobra dilatória, mas perante o privilegiar da convocação de "primárias" com base num programa populista (redução do número de deputados, reforma do sistema eleitoral, incluindo círculos uninominais, etc) que nada tem a ver com a ideologia e prática política do PS, ou de qualquer versão da social-democracia europeia, das mais tradicionais às mais recentes,  mas lhe permita alargar a base de apoio depois de ter verificado que o "aparelho", atraído pelo maior potencial  eleitoral de António Costa, lhe começava a "trocar as voltas". 

Quais as consequências? Em primeiro lugar, ficamos desde já a saber que Seguro tentará que a definição e recenseamento dos chamados "simpatizantes" (ou outros votantes nas tais "primárias") se venha a subordinar a este objectivo e programa político, veremos como e de que modo. Em segundo lugar que a efectivação das primárias, pelo menos nestas condições e mais ainda na eventualidade de uma vitória de Seguro (mas também António Costa dificilmente poderá voltar atrás e prescindir delas no futuro), arrisca-se a pôr fim ao PS tal como o conhecemos, transformando-o numa organização sem quaisquer princípios políticos ou ideologia definida, ou pior, num grupo ao sabor do que a cada momento permita mais facilmente alcançar o poder. Exactamente o contrário do que deveria ser feito para repor alguma da confiança perdida entre cidadãos e política. 

Como dizia José Eduardo Martins no "Sem Moderação" de ontem (cito de cor): estamos perante alguém que vendo-se na contingência de ter de entregar o "brinquedo" o prefere destruir. E com ele o regime, acrescento.

Nota final: o que é um simpatizante do PS? Alguém, como acontece comigo, que por vezes e consoante as circunstâncias já tenha votado no partido ou em algum dos seus candidatos? Alguém que declare fidelidade à declaração de princípios e programa do partido, valha isso o que possa valer? E, neste caso, porque não se inscreve esse alguém como militante? Alguém que se defina como social-democrata? Com que base? No de um programa mais reformista e liberal, como o do primeiro governo de José Sócrates, ou mais perto da social-democracia "tradicional" e da "unidade de esquerda", como, por exemplo, pode ser o caso de Manuel Alegre? Ou, já agora, alguém que se reveja nas propostas populistas de Seguro? Não me lixem!

2 comentários:

Anónimo disse...

Levando para a brincadeira um caso (muito) sério, diria que:
"O seguro morreu de velho".

Mais a sério...este seguro vale zero (como diria a Marta do OK TeleSeguro).

Cumprimentos

JC disse...

Espero que este Seguro não morra de velho. Em sentido figurado, claro.