Este artigo de José Manuel Fernandes, no "Observador", é bem sintomático de qual a posição da direita radical portuguesa sobre a crise grega e que membros do governo como Passos Coelho e Maria Luís não têm coragem para publicamente assumirem: para eles, a solução é mesmo a segregação e expulsão da Grécia do euro, independentemente das consequências negativas que tal pudesse vir a gerar para a UE e para os próprios gregos, pois estes, representados pelo Syriza, partido ao qual deram maioritariamente o seu voto, "não comungam dos valores que presidem à União Europeia". No fundo, quem recupera em proveito próprio o velho conceito marxista de "luta de classes" é José Manuel Fernandes, adaptado-o às circunstâncias e acrescentando-lhe o conceito leninista da eterna luta, dentro do "partido" (neste caso as instâncias da União Europeia), entre a "linha vermelha" (a "justa" e "pura", representada pelos que querem a Grécia fora do euro) e a "linha negra", "capitulacionista" ou "revisionista". Aguardemos, pois, que José Manuel Fernandes, à semelhança do que defendeu nos seus tempos de dirigente da UDP e o do PC(R), venha um destes dias propor a criação de uma UE(R), ou seja, uma União Europeia (Reconstruída), expurgada dos seus elementos mais vacilantes e favoráveis a uma conciliação com os seus "inimigos de classe": os gregos do Syriza. Já terá faltado menos...
Sem comentários:
Enviar um comentário