terça-feira, junho 16, 2015

O PS e a privatização da TAP: exigia-se bem melhor

O PS tem gerido de forma desastrosa, no mínimo da pior forma, a sua intervenção política no processo de privatização da TAP. 
  1. Em primeiro lugar, dificilmente terá convencido alguém, fora da esfera dos adversários mais radicais da privatização, que a sua mudança de opinião, desde o  governo de António Guterres, com Jorge Coelho como ministro responsável, para actualidade, se deveu não a diferentes circunstâncias políticas e económicas, o que seria lógico e legítimo, mas sim a puro e simples oportunismo partidário, seja, da sua passagem do governo para a oposição. Acresce que as dúvidas que recaem sobre a compra da empresa de manutenção e engenharia no Brasil, negócio ruinoso decidido durante um governo PS, enfraquecem a posição actual do partido dirigido por António Costa, situação que me parece ter sido negligenciada na gestão do actual processo.
  2. Para além disso, conhecida a ligação emocional dos portugueses com a TAP, parece-me o PS ter explorado bem mais essa vertente do que a apresentação de um racional convincente que justificasse a manutenção do carácter público da empresa.
  3. Acresce que aquele argumento demagógico e facilmente rebatível relacionando o valor da venda da empresa com o salário de Jorge Jesus é um pouco como a "cereja em cima do bolo" de uma gestão errada do processo, cobrindo de ridículo o deputado Rui Paulo Figueiredo e afectando gravemente a sua credibilidade presente e futura como representante ou porta-voz do partido.
  4. Por último, custa compreender como o Partido Socialista foi bem menos combativo em processos de venda de activos estratégicos, como a REN, a estados ditatoriais estrangeiros - onde não existe verdadeira liberdade empresarial, de grandes empresas, como a EDP, ao estado chinês, se mantém estranhamente silencioso face ao domínio da Banca portuguesa pelos estados angolano e chinês e guarda para a privatização da TAP, apesar de todas as legítimas dúvidas que ainda possam existir sobre as condições da operação e o seu êxito futuro, uma energia combativa que raramente se lhe tem visto. Exigia-se ao PS, como única alternativa viável a este governo, uma bem melhor gestão do processo.  

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