sexta-feira, junho 05, 2015

O SLB, a foto, Jorge Jesus e as emoções


Vamos lá, permitam-me ser politicamente incorrecto

Percebo perfeitamente e aceito sem quaisquer reservas Jorge Jesus tenha sido "apagado" da foto comemorativa do bi-campeonato. É que não estamos perante uma foto qualquer (numa galeria de ex-treinadores do SLB, por exemplo, exposta no museu Cosme Damião), de um apagamento de Jorge Jesus da história do Sport Lisboa e Benfica, de um qualquer Trotsky eliminado da história oficial do PCUS. Estamos, mais concretamente, perante uma fotografia, exposta em local público das instalações do clube, de homenagem à equipa vencedora do bi-campeonato e do 34º título da dua História. Ora se a direcção do clube e a administração da SAD são de opinião Jorge Jesus, no modo como se processou a sua desvinculação do clube, desrespeitou, de algum modo, o Sport Lisboa e Benfica, os seus valores, o sentimento dos seus sócios e adeptos e/ou de quem o dirige por escolha democrática dos associados, acho natural não queira incluir o seu ex-treinador nessa sua homenagem, por mais relevante que tenha sido o seu papel e importantes os seus mérito nos triunfos alcançados.

O futebol é uma actividade, um desporto, um espectáculo e uma indústria, onde as emoções assumem um papel de enorme relevo, e é essa emotividade, desde que mantida nos limites da legalidade, do respeito mútuo  e da decência, também da racionalidade que deve presidir à gestão, que tem contribuído de modo decisivo para o seu sucesso. Despojá-la de tais características seria um pouco como castrá-la da sua alma, do seu espírito, da paixão de que se alimenta e alimenta o espectáculo: tudo poderia até funcionar na perfeição, mas perderia uma das razões fundamentais do seu sucesso. E Jorge Jesus, ao mudar-se para um SCP onde, nos últimos tempos, o discurso sectário e o comportamento radicalista se tornaram dominantes, sabia perfeitamente que, não sendo o futebol apenas mais uma indústria ou uma mera actividade empresarial, só poderia esperar dos benfiquistas a ira dos que, bem ou mal, se sentem atraiçoados por aquele que consideravam ser um dos seus.     

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