A candidatura mais ou menos folclórica de Henrique Neto à Presidência da República, que num país sério mais não mereceria do que uma pequena notícia nas páginas interiores, tem pelo menos para já um propósito e um resultado evidente: nos intervalos de desastres aéreos e de mais algum "caso" envolvendo um político, alimenta a cultura de entertainment (ou de infotainment, se preferirem) dominante nos "media"; oferece de mão beijada à direita, principalmente ao PSD, uma oportunidade de oiro para uma operação de desgaste visando o Partido Socialista, contando para isso com uma comunicação social colaborante e onde a direita do espectro político é amplamente dominante. Só não entendo uma coisa: como é que alguém como Henrique Neto, que tem dedicado o seu tempo de empresário reformado e os últimos dez ou vinte anos da sua vida a atacar sistematicamente o partido do qual - dizem - é militante; que tem utilizado os "media" para difundir e defender políticas populistas em princípio contrárias às propostas do seu partido, ainda é militante do PS. Digamos que tendo permitido o arrastar desta situação, levando para além dos limites do admissível a política do "catch all party", o PS acaba por ter de volta o que merece.
Sem comentários:
Enviar um comentário