Há uma diferença entre a intransigência dos sindicatos da TAP, que dificilmente contribuirá para alcançarem os objectivos que pretendem, e o radicalismo ideológico deste governo, que insiste numa privatização à "trouxe-mouxe" que tende a transformar um processo que teria tudo para ser relativamente pacífico num género de conflito "classe contra classe": quem tem de pedir satisfações aos seus sindicatos sobre o modo como têm actuado e a conformidade dessa actuação com os objectivos propostos são os trabalhadores neles filiados e, em última análise, todos os colaboradores da TAP. Quem tem e deve pedir explicações ao governo eleito da República sobre o modo como tem conduzido um processo que descambou numa despropositada luta de galos são todos os portugueses. Estamos perante responsabilidades qualitativa e quantitativamente diferentes - um governo responsável perante os cidadãos e sindicatos responsáveis perante os seus filiados - e baralhar as questões, colocando-as no mesmo nível ou responsabilizando preferencialmente os sindicatos, apenas serve para branquear a incompetência governamental na condução do processo.
Note-se: não estou com isto a aligeirar as responsabilidades sindicais em todo este processo (que as têm), mas o nível de responsabilidades que os cidadãos devem exigir a cada uma das partes envolvidas terá que ser sempre, pela natureza diversa de ambas, muito diferente. O que me parece é que, por razões diferentes e até opostas, a "requisição civil" acabará por ser a solução pretendida por ambas as partes, o que irá lançar a companhia no caos e levar o governo a meter-se num "molho de brócolos" do qual também não sairá ileso.
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