Sempre manifestei neste "blog" a minha discordância para com o empréstimo de jogadores entre clubes que disputam a mesma competição. Reafirmo o que disse: falseiam a verdade desportiva, dão azo a suspeições e, no limite, até pode acontecer um clube consiga formar uma equipa competitiva sem gastar um cêntimo, criando, ou agravando, uma situação de desigualdade extrema. Cria, inclusivamente, um cenário potenciador de situações de dependência e chantagem intoleráveis, transformando alguns clubes em verdadeiras equipa "B" ou satélites. Aliás, num cenário em que é possível colocar jogadores a "rodar" utilizando para tal clubes europeus, disputando campeonatos mais competitivos, esta situação de empréstimos a outras equipas concorrentes só se compreende inteiramente se considerarmos o potencial de distorção da livre concorrência, em favor dos clubes "grandes", que ela consubstancia e ao qual os clubes mais pequenos, que no fundo competem "num outro campeonato" (o da "descida") aderem com entusiasmo. Do mesmo modo, sou de opinião, e por motivos idênticos, igual proibição se deveria estender a clubes que partilham os direitos económicos de um ou mais jogadores cedidos a um deles. Ponto final.
Tendo dito isto, devo acrescentar duas coisas:
- Proibir os jogadores emprestados de actuarem contra as equipas "emprestadoras" apenas se limita a criar mais uma situação de desigualdade, o que agrava o problema e nada resolve.
- Proibir legalmente qualquer limitação à utilização de jogadores emprestados não tem qualquer efeito prático, pois, "no fim do dia", tudo depende de decisões da equipa técnica e dirigente dos clubes destinatários, o que não pode ser controlado nem contestado.
- Por fim, um problema adicional: um jogador actuando pelo clube "A" pode até não ter qualquer ligação contratual aos clubes "B", "C" ou "D", nem sequer partilha de direitos económicos expressa contratualmente, mas existir um qualquer acordo (dito, "de cavalheiros"), extra contratual, que estabeleça parâmetros para a sua utilização, o que também se torna impossível de controlar pela LPFP ou qualquer outra entidade reguladora.
Que fazer, então? Bom, penso que a proibição de empréstimos ou de partilha de direitos económicos entre clubes cujas equipas disputem as mesmas competições daria pelos menos um sinal de moralização e seria um bom começo. Mas sendo realista, tal iria também traduzir-se numa proliferação dos tais "acordos de cavalheiros", o que significa que a situação, por muito que se barafuste nos "Trios de Ataque" e quejandos, é, basicamente, irresolúvel.
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