Porque é que o PS sobe nas intenções de voto apesar do "caso Sócrates"? Bom, o que até agora a sondagem nos diz não é conclusivo, mas os índices de popularidade alcançados por António Costa e as respostas positivas ao modo como este geriu a crise provocada pela prisão do ex-primeiro-ministro parecem indicar que tal subida está bastante ligada à imagem que António Costa soube construir para si mesmo, juntamente com a extrema "fulanização" em que caiu a política em Portugal. De facto, Costa tem sabido construir para si uma imagem que está nos antípodas dos "políticos de plástico" que associamos a Durão Barroso, José Sócrates, Passos Coelho e António José Seguro (ou Blair, ou Sarkozy), usando para tal, com a propósito, o seu lugar de presidente da CML e o facto de ter nascido numa família na qual a política e a cultura andavam e mãos dadas; conseguiu construir para si uma imagem de cidadão comum, mas, correspondendo isso ou não à realidade, projectando simultâneamente uma densidade política e cultural que é raro encontrar nos líderes políticos da actualidade. De alguém que está na política mas "não é como os outros".
Será essa imagem suficiente para ganhar eleições? Depois de parecer ter superado a "prova Sócrates", tudo leva a crer que sim, mas o verdadeiro desafio - esse - começará no dia em que entrar em São Bento ou na Gomes Teixeira, quando for obrigado a demonstrar em situação muito difícil a sua capacidade política para governar.
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