Obrigar alguém a praticar um acto que não quer só pode provocar neste revolta e repúdio por esse mesmo acto e por quem o torna obrigatório. Num momento de afastamento dos cidadãos da política, de hiper-criticismo em relação aos políticos e de abstenção como forma de protesto, tornar o voto obrigatório arrisca-se a ter apenas como resultado um aprofundamento desse afastamento ou, mais grave ainda, um repúdio mais geral pela democracia e pelo regime. Que um político experiente como Marcelo Rebelo de Sousa o venha propor só pode mesmo acontecer por desespero, que, como sabemos, é normalmente inimigo da inteligência e da racionalidade. Esperemos esta ideia abstrusa e anti-liberal do "voto pela arreata" não passe mesmo de um desabafo para rapazola da JSD ouvir, o que, apesar de tudo, vindo de quem vem e dirigido a um grupo de "jotinhas" radicais e empertigados, não deixa de ter a sua gravidade. Mas um dos problemas de Marcelo Rebelo de Sousa é que, na sua ânsia de protagonismo, demasiadas vezes a rapidez com que usa a palavra excede a velocidade do seu raciocínio.
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