Estava a entrar na adolescência quando o SLB ganhou a sua segunda Taça dos Clubes Campeões Europeus. Confesso me lembro mal do jogo, tendo uma ideia bem mais nítida da final anterior, contra o Barça, mais pelas constantes interrupções da transmissão e pela má qualidade da imagem do que pelo jogo em si mesmo. Mas lembro-me bem da bola que bateu nos dois postes, ainda quadrados, da baliza do Costa Pereira. Uma sorte danada. Depois dos 5 a 3, "a conta que Deus fez" e quando já o SLB era favorito, talvez mesmo na única final europeia em que o foi, abateu-se sobre a equipa o "azar dos Távoras", com lesões de Coluna e Eusébio, a actuarem diminuídos grande parte do tempo, e uma dupla de centrais de "meter medo ao susto, constituída por uns tais Raul Machado e Humberto Fernandes, presas fáceis do tal Altafini, o verdadeiro, e não o de Cernache.
No resto da década foi o que se viu, nunca o SLB disputando uma final em condições de igualdade: contra o FC Internazionale, em S. Siro, o campo do adversário que mais parecia um pântano, um "perú" de Costa Pereira, o tal golo de Jair e Germano para a baliza; depois, bom, depois foi outra final jogada também quase no campo do adversário (Wembley) e Charlton e Best [toda a gente fala de George Best mas eu dificilmente vou esquecer a única vez que vi jogar Bobby Charton ao vivo, no Estádio da Luz (1-5)] a darem cartas no prolongamento perante uma equipa já a aproximar-se da decadência.
E de final em final, quando dei por mim era já adulto, casado, com filhos e lugar cativo no Estádio da Luz, onde assisti à 2ª mão da final da Taça UEFA contra o Anderlecht, na altura uma equipa bem superior ao "Glorioso". Depois... Bom, depois disso lá nos foram saindo as favas: uma final, da qual só vi metade e via TV, por razões profissionais, contra um PSV que era só a base da selecção da Holanda e que tivemos dificuldade em aguentar até aos "penalties", e um AC Milan com o que faltava da selecção holandesa (Gullit, Van Basten e Rijkaard) mais uns tais Maldini, Ancelotti, Baresi e Costacurta. Foi jogo de um só sentido ao qual finalmente assisti sentado nas bancadas do Prater.
E como tudo isto se parece passar com intervalos de vinte anos, respeitantes a fases bem definidas da minha vida, agora, reformado e já com uma prole de netos, depois de no ano passado termos feito o que pudemos contra um quase inacessível Chelsea da oligarquia russa, temos agora, em vez de um adversário mais ou menos alienígena, um oponente à nossa dimensão terráquea. E, caros Oblak, Luisão, Garay, Gaitán, Rodrigo e etc, como daqui a vinte anos não tenho garantias de ainda por cá andar ou, se isso acontecer, ainda me restar um pouco de razão e vontade própria, façam lá favor de ganhar hoje, se possível sem fazer sofrer demasiado. É que depois de uma vida a ver o meu clube perder finais europeias,caramba, já é tempo de um dia, se possível daqui a muitos anos, poder finalmente morrer descansado.
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