Cavaco Silva até tem razão numa coisa: muitos políticos, economistas, comentadores, politólogos, jornalistas e afins enganaram-se redondamente quanto ao modo como Portugal iria sair do actual período de resgate. Podem até existir mil e uma razões e factos pouco ou nada previsíveis e sólidos para explicar o erro de tanta gente, mas enganaram-se. Como se terão enganado quanto à previsão de um período de agitação social. Ponto.
Mas um Presidente da República digno do cargo que ocupa, que passa a vida a falar de consensos e entendimentos e que quisesse preservar a sua capacidade de intervenção, em vez de exercer o "magistério" da vingança vil e mesquinha, teria escolhido outra atitude para manifestar a sua legítima satisfação pelo acontecido e pelo facto de ter tido razão na sua análise. Atirar-se "como a gato a bofe" a quem teve opinião contrária à sua, pode até fazer-lhe bem ao "ego", deixá-lo "inchado" e a rebentar de contentamento, a salivar ao pensar em como se sentirão os que agora quer atingir, mas ao político português mais experiente no activo exigir-se-ia não um desabafo, um acto vil de vingança ou um "atirar à cara", mas uma reacção exclusivamente política, deixando o resto para a intimidade dos seus. Cavaco Silva hipoteca assim, uma vez mais, a sua capacidade de actuação enquanto Presidente da República, dando uma vez mais razão àqueles que, como eu, são adeptos do parlamentarismo e não entendem a insistência numa fórmula semi-presidencial esgotada e, na realidade, fomentadora do mau funcionamento das instituições. Mas "pode alguém ser quem não é"?
Nota: eu, pobre "blogger", estou à vontade, pois nunca me deitei a fazer previsões sobre a saída do actual resgate.
Sem comentários:
Enviar um comentário