Ora no início das férias estamos neste género assim: temos uma ministra da Finanças e um secretário de Estado do Tesouro mergulhados até ao pescoço no chamado caso dos swaps", sendo que a ministra comprovadamente mentiu ao Parlamento e o agora secretário de Estado, ao tempo ao serviço do City Group, tentou induzir o governo anterior a cometer uma ilegalidade junto das instituições europeias; um ministro dos Negócios Estrangeiros que, mesmo sem responsabilidades directas nos acontecimentos, exerceu funções dirigentes no maior escândalo do regime e de tal coisa, embora dentro da legalidade, retirou benefícios directos; um ex-autarca "modelo" e ex-ministro do maior partido da actual coligação, agora a cumprir pena de prisão por crime directa ou indirectamente ligado com as funções que exerceu, a pretender candidatar-se a presidente da Assembleia Municipal da autarquia que dirigiu; um presidente de Câmara (Macário Correia), condenado em primeira instância a perda de mandato e que tinha decidido auto-suspender-se das suas funções enquanto aguardava decisão sobre o recurso apresentado, decide reassumir funções com o beneplácito do seu partido (PSD);ah, e por não ser de directa nomeação do Estado português, ainda dou de barato o facto do ex-ministro Miguel Relvas, com um "curriculum vitae" abaixo de toda e qualquer suspeita, ir exercer um tal cargo de Alto Comissário, blá, blá, blá, funções nas quais não será remunerado mas que lhe abrirão as portas aos negócios habituais com os países de língua portuguesa. Depois disto, que coragem me resta para lutar contra os que tomam a nuvem por Juno e acham "os políticos querem todos é poleiro", "são todos uns corruptos", etc, etc, etc? Confesso conhecer muita gente honesta na política e nos negócios (a maioria, aliás), mas também assumo que perante cenários como este nem sempre é fácil convencer os descrentes.
Nota final: já agora... O presidente do Governo Regional da Madeira, militante e acho que dirigente do maior partido da coligação, decidiu rasgar em público um exemplar do Diário de Notícias da região, num acto que revela total desprezo pela democracia, pela liberdade de expressão e num claro apelo censório. Será ingenuidade da minha parte perguntar o que lhe vai suceder ou já toda a gente decidiu na "ilha das bananas" e no continente adjacente que o energúmeno é inimputável?
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