Se há eleições que se ganham ou perdem nas televisões, no domingo à noite, essas são as autárquicas, consoante o ponto de vista contabilístico adoptado pelo jornalista/comentador: número de votos, número de mandatos e de autarquias perdidas/conquistadas, situação nos concelhos-chave, etc, etc. E se optarmos por uma análise centrada nos concelhos-chave, normalmente um dos conceitos mais utilizados na contabilidade eleitoral autárquica e um dos mais significativos chamados ao primeiro-plano na noite eleitoral, penso podermos já afirmar, de acordo com as sondagens, que o PS de António José Seguro está longe de se encontrar numa situação confortável, em risco de perder, por exemplo, Matosinhos e Évora, longe de poder conquistar ao PSD/CDS algumas autarquias emblemáticas como Oeiras, Porto, Santarém e Cascais e sem conseguir descolar em concelhos tão importantes como Gaia (a conquistá-lo, este seria uma bandeira que poderia agitar bem alto) ou Coimbra. Veremos o que acontece, entretanto, mas as dificuldades sentidas pelo PS de Seguro, que nas suas escolhas paga alguns dos "favores" que estiveram na base da sua eleição como secretário-geral, vêm mais uma vez provar não só os perigos da "balcanização" e regionalização partidárias, como também que o populismo, tantas vezes contido em afirmações que privilegiam a "descentralização", "quem está no terreno", em desfavor do "Terreiro do Paço" e dos "gabinetes", acaba por ser pagar caro e voltar-se contra quem, directa ou indirectamente, o fomenta.
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