segunda-feira, agosto 12, 2013

Futebol: "media", mercado e regulamentação

É óbvio que o Sport Lisboa e Benfica - SAD deve explicações aos seus accionistas (e não aos "media") sobre toda a sua actividade e negócios realizados, mais ainda quando eles envolvem procedimentos menos imediatamente perceptíveis ou até aparentemente - ou mesmo eventualmente - , prejudiciais à boa gestão da SAD, como acontece com algumas compras e vendas de passes de jogadores. Espero o faça e rapidamente. Mas atenção:

  1. No caso de algumas transacções de passes de jogadores, como  são os casos mais conhecidos de Roberto, Pizzi e Fariña, todos sabemos que estamos perante negócios destinados a camuflar compensações, financiamentos e outras operações do mesmo tipo com empresários e agentes dos jogadores, de cujos bons ofícios clubes como o SLB e o FCP largamente dependem para o sucesso dos seus modelos de negócio. É "rabo escondido com todo o resto do gato de fora" e só não se entende como alguns "media", tão céleres a produzir e emitir documentários sobre o sucesso de alguns desses mesmos agentes, são muito mais comedidos ou mesmo omissos quando se trata de os interrogar e confrontar com alguns desses negócios.
  2. Também custa a entender como os "media", igualmente rápidos a apontar o dedo acusador aos clubes (e até admito algumas vezes com razão para tal), não confrontam FIFA e UEFA sobre a implementação do "fair play financeiro", sobre um mercado opaco, pouco ou nada regulamentado, com compras e vendas de jogadores com as competições a decorrer, empréstimos de jogadores a clubes que disputam as mesmas competições e assim sucessivamente. Enfim, sobre um espectáculo e uma indústria que funcionam ao sabor do "salve-se quem puder".
  3. Também custa a perceber qual o papel da CMVM no mercado do futebol, mais parecendo uma autêntica entidade espectadora que se contenta com meia dúzia de "patranhas" explicativas, mal alinhavadas, enviadas pelas SAD dos principais clubes. Já algum "media" (e estou a falar, por exemplo, dos especializados em assuntos de natureza económica e financeira) confrontou os responsáveis da CMVM sobre o assunto e exigiu explicações condizentes com a importância do problema? É que talvez não fosse má ideia, mas acontece que o que vende, numa cena mediática cada vez mais tablóide a que se junta  uma enorme incompetência, são as contratações e as dispensas, os escândalos e suspeições sobre os clubes. 

6 comentários:

Vic disse...

Sem me querer alongar, nem fazer especulações sobre "negociatas", só lhe quero deixar um apontamento sobre o caso do Pizzi.
Já várias vezes referi que o SLB se arvorava em porta-estandarte da verdade desportiva e do fair-play, mas que as suas práticas contradiziam essa condição. O Caso Pizzi é uma demonstração de que o que penso sobre o assunto, bate certo: há uns tempos ouvi na televisão um destacado dirigente do SLB insurgir-se contra as políticas de rapina do FCPorto, quando se aproveitava das indicações de olheiros do SLB para se anteciparem e contratarem eles os alvos escolhidos, e abordando também a questão de contratarem jogadores que sabiam estarem na mira dos rivais, não porque fossem precisos, mas para evitar o reforço dos rivais, acabando por os ter eternamente no banco (agora na equipa B) ou pior, realçou, por os emprestarem a outras equipas.
Como diz o povo, pela boca morre o peixe...

Abraço

JC disse...

Nada do que diz, quer da parte do SLB, quer da parte do FCP, contraria ou pode sequer contrariar a "verdade desportiva". Podem, quando mtº, ser bons ou maus negócios, para os 2 clubes ou os jogadores envolvidos,mas em termos de "verdade desportiva" não vejo onde possa estar o problema.

Vic disse...

Sim, mas contraria a tese do fair-play propagandeada. Lembro-me que há uns bons anos atrás, havia como que um acordo tácito de cavalheiros no qual, estando um dos clubes interessado num jogador, o outro clube mantinha-se afastado. E a questão tem que ver com o que o dito responsável do SLB disse não há muito tempo na tv. Isto é, criticou as actuações do FCPorto, mas acabam por fazer exactamente o mesmo ao Sporting.
Depois admiram-se e questionam porque é que os vizinhos da 2ª circular preferem alianças noutras paragens (felizmente que agora nem isso prefira, para nosso (adeptos) descanso.

JC disse...

Desculpe lá, caro Vic, mas isso são questões de "lana caprina" e essa conversa do "fair play" e do "acordo de cavalheiros" é um género de conversa para adepto, ao estilo do "Trio d'Ataque". Alguém acredita nisso?
Abraço

Vic disse...

Já vi que quando a coisa não lhe vai de feição, o meu caro refugia-se no Trio d'Ataque e acha que a coisa é de somenos. Quanto ao facto de set conversa de adepto, afinal o que é que nós somos? Acólitos?

JC disse...

1. Não me corre de feição? Estou-me é absolutamente nas tintas para esse tipo de afirmações dos dirigentes, venham de onde vierem, pois sei que nada valem. Diga-me uma coisa: como é que é possível implementar, nos dias de hoje, com equipas de "scouting" internacionais, que observam os mesmos jogadores em todo o mundo, com enorme influência e dependência dos empresários, esse tal sistema de um clube se desinteressar de um jogador que interessa a outro? Nem sequer vale a pena parar 1' para pensar nisso. O futebol, hoje em dia, é uma indústria, um negócio e um espectáculo desportivo e é como tal que tem de ser regulamentado e supervisionado, assegurando a sua rentabilidade e competitividade.
2. Claro que somos adeptos, mas enquanto adepto tento tb abordar e analisar o futebol indo um pouco mais longe e fazendo algum esforço por o fazer de pontos de vista um pouco diferentes dos habituais. Ah, e principalmente evitando aquela conversa da "treta" de programas tipo "Trio d'Ataque e especulações dos tablóides desportivos. Certo?