Mário Soares foi um dos três políticos mais importantes do século XX português (os outros terão sido Afonso Costa e Salazar). Foi fundador da democracia portuguesa e quem mais consequentemente se bateu por ela antes e depois do 25 de Abril. Personalidade determinante na adesão de Portugal à CEE e da consolidação democrática civilista dos anos 80. Um género de "pai da pátria", sem qualquer sentido pejorativo ou ressonância ditatorial mas antes como justa homenagem.
É um gesto de amizade e coragem que enalteço e um sinal de indesmentível significado político ter-se dado ao incómodo, nos seus 90 anos, de se deslocar já hoje ao Estabelecimento Prisional de Évora para visitar José Sócrates. Mas se o seu estatuto e principalmente o seu merecido prestígio lhe conferem uma indesmentível relevância política e pessoal, também seria desejável exigir-se-lhe alguma prudência e contenção, a prudência e contenção que deve ser exigida a quem, por uma maioria de boas razões e direi mesmo que justamente, se alcandorou a um estatuto quase majestático. Seria isso que eu também esperaria de alguém a quem, apesar de nos últimos anos ter estado quase sempre em desacordo consigo, não posso deixar de manifestar a minha admiração e prestar a minha homenagem. Mesmo que reconheça em Mário Soares uma personalidade "bigger than life" à qual é difícil exigir tal contenção.
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