Não podendo prescindir de Jonas (o melhor jogador da Liga na época passada e o melhor marcador da equipa), digamos que Rui Vitória herdou um problema: Jonas não pode jogar como "ponta de lança único" e isso obriga a equipa a jogar em 4x2x4, um sistema que está longe de ser "a praia" do actual treinador do SLB e para o qual (prova-se ao fim de seis jornadas de campeonato) não existe um nº 8 que preencha os requisitos com a qualidade necessária.
Que está a tentar então fazer Rui Vitória? Transformá-lo em qualquer coisa híbrida, entre o 4x2x4 herdado de Jorge Jesus e um 4x3x3 no qual se sente bem mais à vontade, prescindindo para isso do nº 8 clássico das épocas anteriores, cujos expoentes foram Witsel e Enzo Perez, e fazendo jogar em seu lugar e de uma forma dinâmica André Almeida e Samaris, recuando Jonas para uma espécie de 9 1/2 ou nº 10 adiantado, ligando os sectores. Começou a fazer isso no Porto e ontem, quando toda a gente pensava voltaria ao sistema habitual, manteve-o. Para ficar? Veremos...
Perde assim a equipa aquilo que se pode chamar um "condutor de jogo"? Teoricamente, sim; mas na prática já se provou não existir no plantel quem possa assumir esse papel. Na realidade, consegue assim compatibilizar Jonas com o 4x3x3, tornando o sistema "elástico" e perto de um 4x2x4, ficando a equipa mais equilibrada, com André Almeida e Samaris, ao mesmo tempo que transforma Jonas numa espécie de "pivot" do jogo ofensivo da equipa e entrega aos alas (Gaitán e Guedes), que jogam agora mais "por dentro", um papel mais activo na circulação de bola.
Veremos também se resulta, mas, para já, Rui Vitória demonstra que é inteligente, tem ideias próprias e sabe como transformar um problema em solução. Para já, é "ben trovato".