Com a notável (até pela sua justeza) excepção de Augusto Santos Silva, ontem, no seu espaço de comentário na TVI24, não vi nem ouvi até agora qualquer comentário, crítico ou não, vindo da oposição, sobre a inenarrável proposta do governo, gravemente atentatória dos Direitos, Liberdades e Garantias, promotora da formação de autênticas milícias populares de vigilância de bairro, que autoriza a consulta pública de uma lista contendo os nomes e outros elementos de cidadãos condenados por crimes de pedofilia. Digamos que só falta obrigar esses cidadãos, que cumpriram as penas a que foram condenados pela sociedade depois de terem sido julgados pelos tribunais competentes, a usarem um qualquer sucedâneo de uma estrela de David ou então a verem assinalos, de modo bem visível, os locais de residência ou onde exerçam a sua profissão. Se a pedofilia é um crime abjecto (sem dúvida que o é), esta proposta, porque vinda de um Estado que se diz democrático e representa a sociedade organizada, é-o ainda mais. Mas, claro, percebo, embora não aceite, o silêncio de PS (incluído Costa), PCP e BE, sempre tão críticos - e muitas vezes com razão - das opções do governo: a proposta é popular (direi melhor, populista), vai ao encontro da "vox populi" e exprimir uma opinião negativa arrisca-se a ser penalizadora em termos de intenções de voto. "Que se lixe", pois, a democracia.
Nota: já agora, gostaria de saber quantos dos que "rasgam as vestes" em defesa da inocência de Carlos Cruz, que, pelo menos, inocente ou culpado "de facto", teve direito a ser julgado com todas as garantias de defesa e foi condenado por um tribunal competente da República, não serão agora os defensores mais acérrimos da proposta do governo. Pois...
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