segunda-feira, maio 18, 2015

"Back in business" ou 4 notas 4 sobre o "34"

  1. Por várias vezes critiquei aqui Luís Filipe Vieira, por os resultados desportivos não corresponderem ao anunciado e ao que - bem - ia sendo feito na reorganização do clube. Acho tinha razão e não retiro uma vírgula ao que então afirmei. Mas da mesma maneira que o critiquei, devo dizer que Luís Filipe Vieira é o grande obreiro deste bi-campeonato e destes três títulos de campeão conquistados nas últimas seis épocas. Porquê? Fundamentalmente, porque a partir do final da década passada teve finalmente condições e/ou soube compreender que não se conquistam títulos sem investimento, nas estruturas, na organização e na valorização do plantel, e, por muito que Jorge Jesus tenha tido um papel importante nessas conquistas, foi esse investimento, que começou na época de Quique Flores e claro que acompanhado por um crescimento da dívida mas também das receitas, o principal responsável pelo sucesso obtido. Faltou uma vitória na Liga Europa para que o brilho fosse ainda maior.
  2. Este bi-campeonato é ainda mais importante por ser o primeiro dos últimos anos conquistado tendo o FCP como adversário directo na parte final do campeonato e por, com o título da época passada, o SLB ter obrigado o seu adversário a uma mudança de fundo e contra-natura no seu "modus operandi", colocando-se, literalmente, nas mãos de um treinador (o que nunca tinha acontecido), numa estratégia de curtíssimo prazo e rompendo com o modelo de negócio de décadas da valorização e venda de jogadores do mercado português (primeiro) e estrangeiros (numa segunda fase). O investimento, com pouco ou fraco retorno, a que a mudança de estratégia obrigou o FCP irá com certeza reflectir-se negativamente na estabilidade financeira e desportiva no clube em anos vindouros. Significa isto também que o SLB se torna, pela primeira vez nas últimas décadas, o clube de referência no futebol português a nível de coerência de gestão, modernidade e estabilidade de projecto. Esta é uma enorme vitória do clube e de Luís Filipe Vieira. 
  3. Deve Jorge Jesus ficar o SLB? Depende. Se a estratégia passar fundamentalmente pela consolidação dos resultados a nível interno, com alguma subalternização da Champions League, a manutenção de Jorge Jesus pode ser a decisão correcta. Se o SLB quiser e tiver condições, numa fase que se prevê de desinvestimento,  para chegar com frequência aos 1/8 de final, aqui e ali aos 1/4 de final da Champions League, já sabemos o que (não)esperar de Jorge Jesus e da sua ideia de jogo. E a tal "aposta" na formação, será Jorge Jesus o treinador indicado para gerir essa estratégia? Francamente, e se interpreto bem as palavras de Vieira, ter 4 jogadores de "campo" e um guarda-redes vindos do Seixal num plantel de 25/26, não me parece constitua uma mudança de "paradigma" (como agora se diz) suficiente para entrar na equação que possa presidir à decisão sobre o treinador.
  4. Este bi-campeonato não pode servir para disfarçar as insuficiências. Ontem, num jogo que precisava de ganhar, o SLB, passados os primeiros 20' e depois do VSC acertar nas marcações, fez aquilo a que na gíria se poderia chamar "um jogo de merda", não deixando jogar o VSC mas quase não criando situações de golo. Ah! e se Jorge Jesus continuar a equipa precisa de encontrar, dentro ou fora do plantel, uma alternativa a Pizzi. Este dá o que pode, mas não me parece ser o suficiente.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Boa análise.
O glorioso está onde merece e o fêcêpê reduzido a um clube provinciano de mau perder.
Inteiramente de acordo quanto a Pizzi. Ontem viu-se...não faz esquecer, nem de longe, Enzo Peres.

Apenas acrescentar a vergonha de uma cambada de energumenos (para ser suave), que provocatoriamente deram cabo da festa.
Gente desta não merece frequentar estádios de futebol e deve ser severamente punida.
Mas gente (?) desta não é exclusiva de qualquer côr clubista.

Cumprimentos

JC disse...

Certo, caro anónimo.

JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.