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terça-feira, dezembro 23, 2008

Era útil que o governo esclarecesse o que se passou na TAP

Se é verdade aquilo que José Manuel Fernandes afirma no “Público” de hoje (sem link), isto é, se efectivamente o ministro da tutela, Mário Lino, participou numa reunião com a administração da TAP e os sindicatos como mediador de um conflito em que, na realidade, é “parte” (nomeia a administração e esta reporta-lhe), desautorizando publicamente essa mesma administração, estamos perante uma situação grave que viola os mais elementares princípios da ética e da gestão e constitui um precedente que inviabilizará qualquer futura negociação entre os trabalhadores e esta ou qualquer outra administração da empresa. Caso discordasse do modo como a Administração de Fernando Pinto estaria a conduzir o processo negocial, bastar-lhe-ia intervir junto desta, com a necessária discrição, e exercer a sua influência enquanto tutela. Por isso mesmo, o governo deveria esclarecer rapidamente o assunto, e nesse sentido seria bem útil que a oposição tomasse a iniciativa de o questionar. Com ou sem Natal.

segunda-feira, outubro 06, 2008

O governo, a crise e os projectos. "E pur se muove"?

Aqui há um par de semanas, Luís Campos e Cunha, episódico ex-ministro das finanças de José Sócrates, referiu a necessidade de se proceder à revisão dos grandes projectos de obras públicas, definidos pelo governo, em função da nova realidade financeira internacional. Nada de mais normal: mandam as mais elementares regras da gestão e do bom senso que assim se proceda em caso de alteração do seu enquadramento ou de algumas das premissas em que cada projecto se baseou. A afirmação só teve a repercussão que conhecemos em função da credibilidade reconhecida a Campos e Cunha, o facto de ser alguém que ocupou funções governamentais com José Sócrates e, ainda, pela independência que se lhe reconhece apesar de ser alguém visto como próximo do PS. Claro está que isso obrigou Mário Lino, qual Galileu, a ripostar com uma mentira que seria, na circunstância, a única resposta possível da parte de um membro do governo: que sim, de facto a Terra estava quietinha e não se movia e, por isso, os projectos eram para se cumprir. Cedo irá, também ele, reconhecer publicamente o que no íntimo já sabe: que, no entanto, ela move-se, ou seja, que os projectos terão de ser reequacionados em função de uma realidade já diferente.

Senão vejamos... Mudou uma boa parte do enquadramento macro-económico. As taxas de crescimento previstas para o PIB europeu e português foram revistas em forte baixa, alguns países entraram (ou vão entrar) mesmo em recessão técnica e a confiança nas instituições de crédito e nos mercados sofreu rude golpe. A inflação, essa, ou melhor, o seu comportamento futuro em função das tensões que a injecção de dinheiro nos mercados possa vir a causar, está para se ver, como também estará a atitude que o BCE possa vir a tomar na circunstância, e o petróleo... bom, esse é melhor nem nos preocuparmos muito com ele se quisermos manter a nossa sanidade mental ainda intacta (ou quase). De que modo é que este enquadramento irá afectar muitos projectos, mormente aqueles que têm tudo a ver com o tráfego aéreo e ferroviário, de passageiros e mercadorias?

Não chega? Bom, então falemos da componente financeira. Financiamento dos projectos? Disponibilidades de crédito e seu custo, uma componente com certeza importante no custo total, custo este onde a crise, porventura, apenas poderá trazer consigo de favorável uma diminuição dos custos de mão de obra, partindo do princípio académico que haverá mais gente disposta a trabalhar por menos dinheiro no lower end do mercado de trabalho, isto é, na construção civil (leia-se, imigração).

Mais ainda, e agora vamos às questões da política “pura e dura”, algo que parece andar esquecido nesta discussão. Em face da nova realidade - a crise - as opções políticas estratégicas e de curto prazo do governo devem manter-se? Em que medida? Por exemplo, a estagnação e o aumento previsível do desemprego devem levar o governo a reforçar as políticas que permitam um crescimento económico a curto prazo , reforçando assim a opção pelo betão e sacrificando, de certo modo, o desenvolvimento sustentado de médio longo prazo e a aposta na chamada “economia do conhecimento”? As incertezas do presente, com as subsequentes dificuldades de planear a longo prazo, podem, e devem, levar o governo a, sempre que possível, fasear projectos (o novo aeroporto parece, a este nível, ser um caso paradigmático)? O comportamento do preço do petróleo, nos últimos tempos, é razão para acelerar os projectos ligados às energias alternativas ou aqueles menos dependentes de elevados consumos energéticos, em sacrifício de outros? Em face da realidade ocidental actual, deve ou não o governo fomentar ainda mais os investimentos nas economias emergentes, menos afectadas pela crise mas de maior risco político?

Chega? São apenas algumas perguntas avulso, escritas por um cidadão comum “ao correr do teclado”, que isso da “pena” já lá vai há muito. Uma prova de que o governo deveria reunir, fazer o trabalho de casa e chegar finalmente à conclusão de que, apesar de parada, a Terra parece contudo mover-se. Lá chegará o governo a essa conclusão, esperando não o faça demasiado tarde.

quarta-feira, junho 11, 2008

O "Bloco" confunde o estado de direito com os direitos dos camionistas. E o governo? Arrisca-se a morrer de "overdose" de bom senso?

Se dúvidas houvesse sobre a concepção de democracia e estado de direito do “Bloco de Esquerda” bastaria ter ouvido ontem, na RTPN, João Teixeira Lopes afirmar, em debate com Carlos Abreu Amorim, a primazia dos direitos (inquestionáveis, acrescento eu) dos camionistas em greve por sobre todos os outros direitos, não menos inquestionáveis, em causa (a liberdade dos não-grevistas, a liberdade de circulação de pessoas e bens, etc) para ter ficado esclarecido. Será que em trinta e tal anos não aprenderam nada?

Nota: será este justo equilíbrio entre os diversos direitos em causa uma das razões a dificultar a acção do governo, que até agora tem demonstrado alguma dose de bom senso político, não se deixando embalar pelo canto da sereia da acção policial “pura e dura”. Mas, pelo caminho que as coisas estão a levar, devo também dizer que começo bem a temer se esteja a deixar paralizar ou morrer por overdose do dito...

segunda-feira, junho 09, 2008

Com pinças...

“Com pinças”, deve o governo conduzir a gestão da crise dos camionistas, entre a manutenção da ordem pública, dos direitos dos cidadãos numa paralisação que parece ter quase tudo de ilegal face à constituição e às leis do país, a não cedência, no essencial, ao necessário cumprimento de uma estratégia política onde a razão está, em traços gerais, do seu lado e a necessidade de evitar a todo o custo uma confrontação de rua, com recurso às forças policiais, o que se poderia tornar desastroso para o seu futuro político. Vamos ver se e em que medida será capaz de o fazer, num quadro em que, mais a mais, existe a dificuldade acrescida da organização representativa do sector estar em desacordo com a maioria dos manifestantes. É a capacidade e experiência políticas de Mário Lino, a sua habilidade negocial, que estão á prova, num sector em que um grande número de micro-empresas (daí o desacordo ANTRAM - manifestantes) não tem quaisquer possibilidades de sobrevivência. Dessa capacidade do ministro depende, neste momento, em boa parte o governo e o país.

sábado, junho 23, 2007

A ANA e a solução Portela+1

Sistematicamente, o ministro Mário Lino tem declarado que a solução Portela+1 não seria rentável. Estará a falar pela ANA? É que, no caso de ser esta a opção, seria a ANA a ver as suas receitas diminuírem. Como? Muito simples: se a gestão do novo aeroporto (o +1) fosse entregue a outra entidade, pura e simplesmente perderia as receitas dos voos para ele desviados. Se fosse responsável pela gestão de ambos, teria necessariamente de cobrar taxas mais baixas no aeroporto complementar uma vez que este seria destinado fundamentalmente a voos charter e low cost. Terá isto algo a ver com a privatização da ANA e o modelo de financiamento do novo aeroporto?

sexta-feira, junho 01, 2007

Um ministro disparatado e uma associação idiota. Qual escolhe?

Segundo o "Público" on line, a "Associação Democrática de Utentes da Ponte 25 de Abril" promove terça-feira um “buzinão” contra as declarações do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, de que a margem sul é um “deserto”, que considera “insultuosas”.
Isto é o que se chama responder a um disparate (o do ministro) - daquelas coisas que se dizem num almoço de sábado com os amigos - com outro disparate ou, como costumava dizer o meu pai quando, lá por casa, se começava a cansar das nossas "patetices", "entrámos decididamente no Congresso da Asneira". Aliás, gostava de saber qual a representatividade destas "Associações de Utentes" (não encontrei o site da "dita" mas apenas o da "Associação de Utentes das Rodovias de Trás-Os-Montes e Alto Douro"), quais os seus estatutos, quem efectivamente representam, como são eleitas, etc, etc. Já alguém tentou investigar?
Por favor, poupem-me, ambos, o ministro e a associação. Pode ser?