segunda-feira, julho 27, 2015

Rui Vitória e a sua "ideia de jogo"

Costuma dizer Luís Freitas Lobo - e neste caso até estou de acordo com ele - que quando um clube contrata um treinador contrata também uma determinada ideia de jogo, isto é - e agora acrescento eu - um conjunto de procedimentos (princípios, modelo e sistema de jogo) que norteiam e enquadram as acções de jogadores e equipa durante o jogo. Por exemplo, o que devem fazer jogadores e equipa nos principais momentos do jogo, como atacam e como defendem, como se posicionam os jogadores em campo, quais as características que cada um deles ter, etc, etc. Jorge Jesus leva este conceito de ideia de jogo a um extremo; a um ponto tal que quando não possui no plantel um jogador adequado, com as características que bem entende para se enquadrar nessa sua ideia, não hesita em adaptar alguém, mantendo a ideia em vez de a alterar, por muito pouco que seja, em função dos jogadores que possui. Por isso mesmo, também é avesso a dar oportunidades a quem nela mostra não poder caber, com isto empurrando tantas vezes jogadores com qualidade para fora do plantel. No SLB, por exemplo, tivemos, como casos mais emblemáticos e bem sucedidos, as adaptações de Coentrão, Matic (um 8/10 de origem), Enzo Perez e Pizzi a funções que não eram originalmente as suas. 

Se olharmos para o FCP de Lopetegui (acho não me enganei no nome), também ninguém hesitará por um momento que seja em dizer como joga a equipa, tão clara é a ideia de jogo perfilhada pelo treinador basco, e não sei mesmo se a dispensa de Quaresma, de quem não sou particular admirador, não tem também um pouco a ver com esta questão.

Ora o que mais preocupa no meu SLB, depois de vistos estes três primeiros jogos, é não vislumbrar ainda na equipa uma ideia clara de jogo, mostrando Rui Vitória bastantes hesitações na sua tentativa de combinar a herança de Jorge Jesus com a tal maior segurança de jogo e preocupação com o equilíbrio defensivo de que a equipa sempre necessitou e necessita. É isto, mais do que a equipa "jogar bem ou mal" (o que não digo não seja importante), que me deixa um pouco desconfiado e de olho alerta. Digamos que, para já, o mais importante é Rui Vitória demonstrar que tem personalidade e sabe o que quer para a equipa, e isso, ao fim de três jogos, tarda em ser claro, parecendo-me o treinador um pouco perdido na tentativa de conciliar o que parece ser pouco conciliável. Mas posso e espero estar enganado 

Nota: Em muitos anos a ver "bola" já sou muito pouco ou mesmo nada entusiasta dos que costumo designar por "craques de pré-época". Isso não me impede, contudo, de perguntar, com todos os cuidados e ressalvas em relação a quem ainda não provou no futebol "a sério", se não vale a pena pensar em como enquadrar no plantel um jogador como Dujricic. Se fosse dirigente ou treinador do SLB gastaria um minutos a pensar no assunto.

domingo, julho 26, 2015

Matiné de Domingo (118)

"The Wind Cannot Read", de Ralph Thomas (1958)
Filme completo c/ legendas em português

Ricardo Salgado e o Estado de Direito

Velada ou explicitamente, parece-me alguns sectores da sociedade portuguesa, incluindo muitos do que criticaram - e bem - a manutenção de José Sócrates em prisão preventiva, estão tentar insidiar que uma medida de coação mais gravosa devia ter sido decretada no caso de Ricardo Salgado. A mim, e em defesa do Estado Democrático e dos Direitos, Liberdades e Garantias, o que me parece muito estranho e criticável, para além da insistência na manutenção de José Sócrates em prisão preventiva, é o facto do Juiz de Instrução do costume, o tal que deveria ser das liberdades, ter decidido agravar a medida de coação proposta pelo Ministério Público para Ricardo Salgado.

Que os sindicatos das polícias o façam, ainda posso compreender. Que veja o mesmo tipo de atitude nas redes sociais e em sectores ligados, mesmo que não institucionalmente, ao centro-esquerda e ao PS (Estrela Serrano tem sido a mais entusiasta), já me parece dar que pensar e inscrever-se na pequena e mesquinha vingança. Um erro não valida outro erro e ver a árvore e esquecer a floresta costuma pagar-se bem caro.

sábado, julho 25, 2015

Rui Vitória "prisioneiro do passado" (ou do 4x2x4)?

Quando chegou ao SLB, Rui Vitória disse algo que fazia todo o sentido, embora tenha o seu quê de La Paliciano: ia manter o que estava bem e melhorar o que estava mal. Ou seja, e traduzindo isto para o concreto, iria manter uma dupla de pontas de lança (jogando em 4x2x4) que tinha garantido um "camion" cheio de golos e tentar melhorar o equilíbrio defensivo da equipa e o controle do jogo, coisas cuja ausência era garante de uma maioria de resultados negativos face a adversários futebolisticamente acima da mediania. Digamos, "se bem o pensou, melhor o fez", mas deixo algumas perguntas ditadas pelos dois jogos de preparação:
  1. Se, sem dúvida, pode ganhar consistência defensiva sem Maxi e Salvio e com André Almeida - um lateral defensivo - e Talisca - que busca sempre os terrenos interiores, onde é mais eficaz - nos seus lugares, não perde também a largura e profundidade atacantes que tornavam o SLB uma equipa temível junto da área contrária? No cômputo do "deve e haver" para onde pende a balança? Ontem, o SLB criou apenas uma (repito, uma) jogada de perigo durante todo o encontro, o que é sintomático.
  2. Pode jogar com eficácia no 4x2x4 herdado de Jorge Jesus substituindo um 8/10, como o eram Enzo e Pizzi, por um 8/6 como Samaris, perdendo alguma capacidade desequilibradora no último terço do terreno? Claro que o SLB de Jorge Jesus jogou assim com Witsel, que muitas vezes joga do Zenit e na selecção belga como "pivot defensivo, mas, apesar disso, este é um jogador que me parece mais próximo das características dos 8/10 do 4x2x4 da era Jesus.
  3. Agora sem Lima, Jonathan Rodriguez pode fazer, pelo menos para já e com igual ou parecida eficácia, o papel que era do brasileiro? Está na cara que é bom jogador, mas...
  4. Tendo dito isto, não pareceria mais lógico e "simples" adoptar um 4x3x3 ou um 4x2x3x1, colocando Fejsa, Samaris e Talisca no meio, Gaitán e Ola John (ou Carcela) nas alas e, então sim, André Almeida na lateral-direita, dada a pouca propensão defensiva do holandês? Pois, mas embora, por vezes, para melhorar o todo, seja também necessário mexer alguma coisa no que está bem, o problema é que o SLB não tem no plantel um "ponta de lança" capaz de jogar neste sistema, e isso faz toda a diferença. E mesmo que o contrate, que faria de Jonas? Digamos que em face disto, Rui Vitória tem aqui a sua prova de fogo.

quinta-feira, julho 23, 2015

De como o apelo de Cavaco Silva até pode ajudar o PS

Com certeza inadvertidamente, pois não há memória de alguma vez se ter aproximado do PS, Cavaco Silva, ao colocar enorme ênfase na formação de um governo com apoio maioritário no parlamento, acabou por dar uma preciosa ajuda para que António Costa reforçasse o seu pedido de uma maioria absoluta aos portugueses. Porquê? Em primeiro lugar porque, liderando as sondagens, é quem, pelo menos teoricamente - repito, "teoricamente" -, se encontrará mais perto de a atingir. Em segundo lugar porque, pese embora o PCP fixar bem o seu eleitorado e o BE ser já um partido com um núcleo duro de votantes de certo modo definido, credibiliza os apelos dos socialistas para o voto útil à esquerda, sendo o PS o partido que parece estar em melhor posição para poder crescer nas intenções de voto.

Embora - repito - penso não fosse essa a sua intenção, este apelo de Cavaco Silva para uma maioria absoluta pode acabar, portanto, por contribuir para uma polarização no PS do voto contra o actual governo. Isto se, para além das palavras de circunstância, alguém, antes e decidir do seu voto, possa ainda levar em consideração o que diz o actual Presidente da República, coisa de que duvido.

terça-feira, julho 21, 2015

Billy Riley - Classic Recordings, 1956-1960 (Bear Family Records GmbH) [Full Album]

A estratégia autónoma do SLB

Um ponto que é preciso realçar e muito raramente é focado pelo mentecapto jornalismo desportivo português : dos chamados "três grandes" do futebol português, apenas o SLB não mudou ou fez alterações à sua estratégia e modelo de negócio directamente em função dos adversários. As alterações verificadas - alívio do serviço da dívida, menor recurso ao financiamento externo e diversificação deste, maior foco na formação e consequente mudança de treinador - devem-se, isso sim, a opções estruturais internas há muito definidas e tomadas em função dos investimentos realizados e da sustentabilidade do clube no médio/longo-prazo. Isto é exactamente o oposto da actual estratégia de curto-prazo (ganhar já) de FCP e SCP, definida em função do bi-campeonato e outros títulos conquistados nos últimos anos pelo SLB. Significa também que dos três clubes é o SLB o menos dependente dos resultados desportivos no imediato, o que não signifique abdique de ganhar.

Para que conste.

A "cunha" de Lula da Silva

Isto está a atingir um ponto inimaginável. Se um governante de um país "A" interceder junto de um dos seus pares de um qualquer país estrangeiro "B" em favor dos interesses legais e legítimos de uma ou várias empresas públicas ou privadas do seu país ("A"), e desde não receba pagamentos ou favores ilícitos por tal acto, isso tem alguma coisa de ilegal ou ilegítimo ou trata-se apenas da tão apregoada diplomacia económica? Por este andar, um destes dias só os incapazes vão querer ser Presidentes da República, ministros, secretários de Estado, etc.

Note-se que não estou a defender o ex-presidente Lula da Silva - que não sei se terá recebido alguns "favores" ilegítimos, o que compete à Justiça apurar - nem ninguém em particular. Muito menos a defender qualquer eventual caso de corrupção em que políticos possam estar envolvidos. Estou a falar em termos gerais e abstractos, apenas constatando a sanha persecutória contra os políticos de que este "caso" pode ser mais um exemplo emblemático.

segunda-feira, julho 20, 2015

A proposta Hollande/Valls

Esta proposta de François Hollande significa que, no fundo, não existe uma diferença fundamental entre o que a França e a Alemanha propõem para os países menos ricos do euro, desde que a França possa partilhar o poder e não deixar a Alemanha à rédea solta. É o regresso, depois da unificação alemã e para os que têm a memória curta, da velha rivalidade franco-germânica (ou melhor, franco-prussiana) de domínio sobre o continente europeu. Talvez também ao isolacionismo britânico e ao reforço das suas ligações aos USA.

A Portugal e a outros países periféricos restaria a subserviência (ou a servidão) ou saírem da zona euro para salvaguardarem o que ainda possa restar de democracia. António Costa que se modere, pois, nos elogios a Hollande, já que se prova, caso tal ainda fosse necessário, que a grande divisão europeia é nacional, isto é, entre "ricos e menos ricos" e não entre o PPE e a social-democracia.

domingo, julho 19, 2015

SLB: o que deu para ver o primeiro jogo da pré-época

Não querendo mexer na dupla de "pontas de lança" da época passada (e compreende-se porquê), e em face da lesão de Sálvio, Rui Vitória optou por colocar Talisca como falso ala direito, na realidade fazendo-o vaguear por todo o meio-campo interior ofensivo, onde é bem mais eficaz. Com isto, Rui Vitória tenta dar à equipa mais algum equilíbrio, minimizando os problemas que com Jorge Jesus eram sentidos nos jogos contra as melhores equipas. Demonstra também não ser o 4x2x4 herdado o sistema em que se sente mais confortável, mas adoptando-o porque ninguém no seu perfeito juízo se arriscaria a desfazer a dupla Jonas/Lima. 

Perde profundidade no flanco, principalmente quando é André Almeida o defesa-direito, e ganha problemas defensivos extra com os adiantamentos de Sílvio? Mas o primeiro problema pode, em certa medida, ser compensado com uma melhoria na circulação de bola (que me pareceu ter visto hoje) e maior capacidade rompedora pelo meio do terreno e o segundo pode ser compensado com Pizzi a acorrer mais ao flanco nas transições defensivas e com maior segurança de jogo (menos frenesim atacante e menor insistência no "um para um", que me pareceu ver hoje) através da tal melhoria de circulação. Gostaria também de ver como funciona o sistema com Fejsa e Samaris mais adiantado, saindo Pizzi.

De qualquer forma, parece-me que no SLB 2015/16 tudo, ou muito do sucesso ou insucesso, irá andar à volta do modo como Rui Vitória conseguir ou não resolver esta equação.

Nota final: de facto, para o SLB o jogo acabou quando do 2-2, com aquela camioneta de substituições, pelo que o resultado do jogo tem pouco ou nenhum significado. Para além disso, já a equipa me parecia cansada desde o início da segunda parte, o que é natural.

Matiné de Domingo (117)

"Magnificent Obsession", de Douglas Sirk (1954)
Filme completo c/ legendas em português

terça-feira, julho 14, 2015

Porque contratou o FCP Iker Casillas?

Será que Iker Casillas irá fazer a diferença no FCP? Tenho para mim que o ex-guarda-redes do Real Madrid não é, actualmente, melhor do que Helton, e sendo indiscutível que o clube precisaria de mais um guarda-redes, ocupando o lugar nº1 ou nº2 na respectiva hierarquia, não me parece fosse difícil conseguir alguém adequado por valores bem menos absurdos. Então porque contratou o FCP Iker Casillas, ou melhor, a dupla de "pop stars" Casillas/Carbonero? Bom, não sendo o lugar de guarda-redes, nem de perto nem de longe, o ideal para rentabilizar o "merchandising" (leia-se, "vender camisolas"), em primeiro lugar, com tal contratação, o FCP espera conseguir - e já conseguiu - aumentar o seu "share of voice" mediático, esperando daí vir a obter compensações a nível de receitas publicitárias. Em segundo lugar, com a contratação de Casillas o FCP projecta para o exterior, para lá do círculo restrito dos seus "stakeholders" (accionistas, sócios e adeptos), uma imagem de "poder", de "macho alfa", algo que tinha perdido nos últimos anos e lhe valeu, durante décadas, a cumplicidade dos "media" e a impunidade de bastidores por todos conhecida. Por último, e perante o contraponto da "maré vermelha", o clube tenta agora recuperar, junto dos seus adeptos e em conjunto, o "élan" perdido nos últimos dois anos. Digamos que apenas vista a esta luz a contratação faz sentido, apesar do esforço financeiro e do risco desportivo (obriga a vitórias categóricas) que comporta. Por mim, estou satisfeito com a sobriedade que tem presidido à pré-época do meu SLB.

A Grécia em "rewind": referendo ou eleições?

Um "NÃO" transformado em "SIM" e os problemas agora enfrentados por Tsipras no seu próprio partido são prova provada daquilo que em tempos aqui afirmei: não conseguindo negociar um acordo com as instituições da UE que lhe permitisse implementar, no essencial, o programa com que foi eleito, o governo grego, em vez de convocar um referendo com uma pergunta "abstrusa" e cujo resultado se viu obrigado a não cumprir, deveria, em devido tempo, ter apresentado a sua demissão e convocado eleições, dando a palavra aos cidadãos. A vontade do povo, com o actual ou um novo governo, poderia assim sair reforçada. Valeria de muito? Provavelmente não, já que a democracia pode ser que continue dentro de alguns anos nos países do Eurogrupo. Mas, no mínimo, tal seria mais consentâneo com as regras da democracia representativa e o resultado eleitoral poderia colocar a UE em maiores dificuldades.

segunda-feira, julho 13, 2015

Carl Perkins - Carl Rocks (Bear Family Records GmbH) [Full Album]

A mulher do primeiro-ministro

Numa época em que a "transparência" (leia-se, "a devassa do Estado e da vida privada") são elevados à categoria de valor supremo, sou dos que pensam o Estado se deve permitir a gestão da informação para si considerada relevante, e que, em outro plano, mais pessoal, é importante para o equilíbrio de cada um manter uma reserva de intimidade sobre muitos dos aspectos da sua vida privada. Falando mais claro, fui educado nos princípios de que não temos o direito de incomodar demasiado os outros com os nossos problemas e desgostos e, até mesmo, devemos ser contidos nas nossas manifestações de júbilo pelos sucessos e êxitos alcançados, já que, se o não formos, arriscamo-nos e ser desagradáveis para quem, por uma ou outra razão, não os conseguiu ou passa por dificuldades.

Quando falamos do Estado e dos detentores de cargos de soberania, estes princípios tornam-se ainda mais relevantes, pois qualquer atitude tem uma valor político e, como tal, arrisca-se sempre a ser avaliada também em função disso. Por alguma razão existe nos Estados civilizados um conjunto de normas e procedimentos que regulamentam os comportamentos dos titulares de cargos públicos (o chamado "Protocolo do Estado") e também não é por acaso que é no Reino Unido, onde a família real é obrigada à mais estrita neutralidade, que essas normas são mais rigorosas, muitas vezes sendo até tidas por ridículas por muitos dos que ignoram as razões que as fundamentam. Tivemos, aliás, agora um bom exemplo quando Lewis Hamilton foi chamado à atenção por Isabel II sobre as normas a adoptar durante um almoço oficial, uma norma que evita a rainha dê mais atenção a "A" do que a "B", sugerindo qualquer tipo de preferência ou favorecimento.

Vem este "arrazoado" a propósito da mulher do primeiro-ministro e da visita oficial de ambos a Cabo Verde e à Guiné-Bissau. Laura Ferreira não é uma qualquer cidadã: é mulher do primeiro-ministro de Portugal e estava em visita oficial. Como tal, deveria ter feito um maior esforço para evitar a demonstração pública da sua doença, o que, não tendo sido feito, teve como imediata consequência a sua exploração política, à esquerda e à direita (ninguém saiu ileso), abrindo caminho a que se pense tal não terá acontecido por acaso. Algum pudor na forma como se apresentou em público teria sido, no mínimo, atitude mais adequada e consentânea com o lugar que ocupa de mulher do primeiro-ministro. No limite, esgotadas outras possibilidades - por muito que tal lhe custasse pois a Guiné-Bissau, tanto quanto sei, é o país onde nasceu - poderia até ter-se concluído ser decisão mais adequada não viajar. Mas, de facto, cada um rege-se pela educação que recebeu e pelos princípios que são os seus, e é em função disso que existe o tal "Protocolo do Estado". Que neste caso será talvez omisso, falhou ou não soube impor os princípios pelos quais se rege. Infelizmente, não é a primeira vez.

quarta-feira, julho 01, 2015

4ªs feiras, 18.15h (128) - Western (XVII)


"Distant Drums", de Raoul Walsh (1951)
Filme completo c/ legendas em português

O governo grego no seu labirinto

Claro que na perspectiva de um quase certa vitória do "SIM" no referendo do próximo domingo, o Eurogrupo e a Alemanha não têm qualquer incentivo para negociar com a Grécia antes da sua realização, jogando tudo numa derrota do "NÃO" e do governo do Syriza que lhes permita, numa situação de força, impor à Grècia a "sua" solução e, eventualmente, levar o governo grego à demissão. Enquanto isso, o governo grego faz tudo para evitar essa derrota. 

Talvez até a "nega" alemã seja uma solução de "vistas curtas", mas o problema é que já ninguém espera dos actuais líderes europeus mais do que isso. Assim sendo, o governo do Syriza meteu-se num labirinto do qual vai ter dificuldade em sair.

Sub-21: a Suécia foi melhor. Ponto!

Ora vamos lá deixar-nos de tretas e "patrioteirismos" ao estilo "Rui Jorge geriu mal o jogo", "não fez as substituições correctas", "escolheu mal os marcadores de penalties" ou, pior, "perdemos mas fomos a melhor equipa". Nada disto é verdade, já que a partir dos 20/30' se percebeu que só um lance esporádico, um ressalto, um erro "de palmatória" do adversário podia dar a vitória à selecção portuguesa. Bernardo já não tinha "pique" para sair nos "dribles", William "andava aos papéis" no meio-campo, Sérgio Oliveira era como sempre "certinho" mas sem intensidade (e ele já de si não faz da intensidade de jogo uma das suas qualidades), deixou de haver discernimento nas combinações e a Suécia passou a estar sempre mais perto do golo. Por alguma razão Paulo Oliveira foi, em minha opinião, o melhor português no jogo de ontem, "safando", à sua conta, dois ou três golos quase feitos.

Os "penalties" falhados foram apenas a consequência de uma equipa que chegou à final em "surmenage" - talvez porque teve sempre de jogar mais perto dos seus limites nos confrontos anteriores - e, penso, depois de ter visto o jogo, ninguém acreditaria que a super desgastada e pouco eficaz selecção portuguesa fosse capaz de se superiorizar à Suécia num desempate em que a técnica de remate, a frescura física e a capacidade de concentração, estas duas últimas normalmente associadas, ditam leis. 

Não existem melhores equipas em abstracto e, ontem, a Suécia foi melhor e soube (ou conseguiu) aparecer em pleno no jogo decisivo. Ponto.