sexta-feira, janeiro 31, 2014

Friday midnight movie (74) - Grindhouse/Slasher (X)

"The Burning", de Tony Maylam (1981)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Notícias da gripe

Depois de consultados dois médicos, nada... Isto é, continuam a febre estúpida entre os 37º e os 38º, uma tosse cavernícola que me faz passar as noites em branco e uma ausência de apetite que já me fez perder 5Kg. Ah, e agora estou quase afónico. Recomendação médica: se não tiver melhoras até à próxima 2ª feira, venha cá outra vez. Pois que nem duvidem... E já lá vão nove dias... and counting...

quinta-feira, janeiro 30, 2014

Bom, deixa-me lá dizer qualquer coisa sobre as praxes

Peço desculpa se vou ser populista e pelo facto de não ser jurista - o que não sei se merece desculpa. Mas esta história das praxes e da respectiva proposta de proibição ou criminalização faz-me lembrar o enriquecimento ilícito: se alguém enriquece ilicitamente não é esse enriquecimento o facto ilícito, mas os que lhe estão a montante e o permitiram. Tanto quanto sei, existem na ordem jurídica portuguesa e de qualquer Estado democrático digno desse nome leis que penalizam as ofensas morais e corporais, em todos eles os cidadãos têm direito à sua integridade e bom-nome, etc, etc. Se eu me incompatibilizar com o meu vizinho e lhe chamar "filho da puta" ou andar com ele à chapada na rua, junta-se logo um magote, vem o "cívico" para "tomar conta da ocorrência" e, com azar, acabamos na esquadra. Porque é que tal não acontece quando aqueles bandos de idiotas, num qualquer sítio de Lisboa (já os tenho visto), se dedicam, no mínimo, a chafurdar na lama e a lançar palavrões para o ar? Como disse, já os tenho visto, no Jardim da Estrela, um dos sítios melhor policiados de Lisboa e onde se passeiam dezenas de mães com crianças e onde idosos pobres convivem apanhando o sol da tarde. Porque olham esses polícias discretamente para o lado e não tomam imediatamente "conta da ocorrência", identificando os integrantes daquela espécie de sturmabteilung  em potência? Pois, a pergunta ficará com certeza sem resposta, como sem resposta ficará porque só um mês após os acontecimentos do Meco, tenham ou não origem em praxes, a PGR e o Ministério Público se resolveram interessar pelo assunto. Como os simpáticos (sem ironia, pois são de uma atenção inexcedível para com as crianças) polícias do Jardim da Estrela, também devem ter estado a olhar para o lado...

terça-feira, janeiro 28, 2014

BE: Ana Drago, Joana Amaral Dias e etc...

Sejamos claros: Ana Drago e Joana Amaral Dias não são apenas duas dirigentes ou ex-dirigentes históricas e até eventualmente bem preparadas politicamente do Bloco de Esquerda. Ambas, com Marisa Matias e Miguel Portas, ajudaram, com o seu "look", algum "glamour" e, especialmente no caso de Portas, um certo ar de galã "nonchalant", a construir uma imagem de cosmopolitismo e sofisticação, de "pós modernismo", que  o distinguiu à partida do PCP e da extrema-esquerda tradicional e muito ajudou ao êxito inicial do partido, conquistando simpatia e votos onde se pensava tal não seria possível. O problema é que, raspando a superfície, chegamos à conclusão nada de essencial mudou desde os tempos da UDP e do "Camarada Américo Duarte".

O "caso" André Gomes

Que se lixe a gripe por uns minutos, pois já estou demasiado irritado com tanto disparate que oiço à volta da alegada venda dos direitos económicos do jogador André Gomes. Vamos por partes:
  1. O facto da megalomania e populismo de Luís Filipe Vieira o terem levado, com o "sonho" de chegar à final da Champions League, a não ter vendido o passe de nenhum jogador no Verão; do não apuramento, sequer, para os 1/8 de final da mesma competição; e, de forma mais estrutural, da situação financeira do clube, o SLB precisava, neste momento, de financiamento a curto prazo, eventualmente mesmo de tesouraria.
  2. Como todos também sabemos, o financiamento bancário fácil e barato acabou e a situação financeira do clube já está demasiado desequilibrada para suportar um agravamento. Mais ainda, um qualquer empréstimo deste tipo apareceria nas contas do clube como dívida.
  3. Depois da venda do passe de Matic - um jogador.chave da equipa - dificilmente LFV poderia arriscar a venda de mais alguma das figuras essenciais da equipa (Rodrigo, Gaitán) sem colocar demasiado em causa os resultados desportivos, num momento em que a equipa lidera o campeonato, o FCP parece fragilizado e o SCP ameaçador.
  4. O recurso a uma operação com os contornos da venda dos direitos económicos do jogador André Gomes (um "não-titular") a um empresário, actuando este, como tem sido habitual em relação a muitos clubes portugueses, como "financiador de último recurso", surge assim, no curto-prazo, como um excelente negócio: consegue-se o financiamento, este não é contabilizado como dívida mas como uma venda e, mais tarde, em ocasião conveniente, tudo será acertado com recurso aos esquemas do costume: compra do passe de um jogador por  valores inflacionados, de um jogador excedentário representado por esse empresário, etc, etc.
Problemas? No curto-prazo e do ponto de vista financeiro o negócio é excelente. Mas a longo prazo deixa o clube demasiado dependente de interesses de terceiros na gestão dos seus recursos, principalmente humanos. Entretanto, é pesar e decidir.

Nota final: Nada disto significa que esteja de acordo alguém que não um clube de futebol profissional possa deter os direitos económicos de um jogador ou que aceito a quase total desregulação do mercado actualmente existente. Mas, infelizmente, esta é a lei e os clubes, quaisquer que sejam, não podem deixar de aproveitar as oportunidades.

Pete Seeger (1919 - 2014)

Pete Seeger and the Almanac Singers - "Jarama Valley"

"Gato Maltês"

Esta gripe é como uma carapaça que se cola ao corpo e por mais que raspemos demora a sair. E já lá vão cinco dias, cinco magros e feios dias. E se leio ou escrevo, lá vem a dor de cabeça correspondente. Chiça e até já.

quinta-feira, janeiro 23, 2014

O "déficit": rabo escondido com o resto do gato de fora

A melhor, mais completa e mais rigorosa análise aos números do "déficit" de 2013, hoje pré-anunciados pelo governo, foi feita pela insuspeita Helena Garrido, directora do "Jornal de Negócios", no Fórum TSF (2ª parte, mais ou menos a partir dos 8' 40''). Apenas acrescento que até às eleições europeias iremos assistir a uma gigantesca acção de propaganda concertada entre o governo e a "troika" no sentido de evitar uma derrota demasiado estrondosa de PSD e CDS nessas eleições, no que serão ajudados por uma oposição demasiado frágil (PS) ou sem credibilidade (PCP e BE). Mais uma razão para saudar o rigor e desassombro com que Helena Garrido faz a desmontagem dos números apresentados.

The Chess Records Story (3/4)

quarta-feira, janeiro 22, 2014

4ªs feiras, 18.15h (63) - Fellini (I)

"La Dolce Vita", de Federico Fellini (1960)
Filme completo c/ legendas em português

Salgueiro Maia e a proposta de Manuel Alegre

Independentemente do que penso sobre a existência de um Panteão Nacional - e já o deixei bem claro quando da morte de Eusébio - a proposta de Manuel Alegre para a transladação dos restos mortais de Salgueiro Maia, independentemente da sua justeza face aos padrões em vigor e até mesmo - admito - da boa intenção que lhe possa estar subjacente, contém em si uma clara intenção política, mas também um perigo.
  1. Destina-se a criar problemas aos partidos da actual maioria que - estupidamente, aliás - costumam fugir a "sete pés" dos símbolos e de tudo o que tem a ver com o 25 de Abril. Mas também ao PCP (Maia não era um dos "seus" e sabemos como o PCP reage nestes casos) e ao próprio PS, pouco dado a assumir propostas que valorizem Alegre e possam, mesmo que de modo longínquo, valer alguma hipotética perda de votos à direita do partido. Aliás, algum pouco entusiasmo com que o PS  recebeu a proposta (uma espécie de "nim", já que tinha de dizer alguma coisa), em contraste com o que aconteceu quando da morte do consensual Eusébio, é bem sintoma do que digo e de estarmos perante uma batalha que o PS não irá travar.
  2. Pelo próprio percurso de vida de Salgueiro Maia e pelo seu comportamento político e militar durante o PREC e anos seguintes, e se retirarmos esse comportamento do contexto e o transportarmos para os dias de hoje, o que contém sempre alguma perversidade, a proposta arrisca-se a ser transformada - injustamente para Maia - em arma de arremesso da campanha anti-políticos e anti-regime. Aliás, algo de semelhante já aconteceu quando das homenagens a Ramalho Eanes, exaltando os seus méritos indiscutíveis, mas evitando evidenciar alguma soberba que a sua atitude "humilde" revela e esquecendo o episódio mais criticável da sua vida política (PRD). Sejamos claros: o actual regime está longe de ser perfeito; pode e deve ser melhorado; alguns políticos estão longe de ser impolutos e o seu comportamento enquanto cidadãos é por vezes bastante criticável; mas o que quer que fosse que nascesse das cinzas do actual regime, herdeiro do 25 de Abril, não tenho dúvidas seria sempre bem pior, menos democrático, mais "fechado" e menos livre.

The Chess Records Story (2/4)

Será que ando a ler muitos policiais?

  1. Um grupo de estudantes ligados às praxes académicas, envergando "capa e batina" num fim de semana de praia/campo, caminha 6 ou 7 Km até à praia depois da 1/2 noite e com uma temperatura a rondar os 6 ou 7º, senta-se pacatamente na areia a conversar, ou até a "curtir um charrito", vem uma onda mais furiosa e arrasta-os para o largo. Salva-se apenas aquele que é um género de "chefe da trupe" e que foi o único a levar consigo um telemóvel. Toda a gente achou a história plausível e só cerca de um mês depois vejo a Procuradoria Geral da República interessar-se pelo caso e o assunto começar a ser seriamente investigado. Devo ser eu que ando a ler e a ver muitos "policiais".
  2. Um bebé de 18 meses desaparece no domingo de casa de parentes e, depois de três noites passadas ao relento, sem comer e sem beber, aparece muito longe de casa e aparentemente em muito razoável estado de saúde. Também neste caso a minha atracção pelas histórias policiais deve estar a influenciar-me, mas espero a "melhor polícia de investigação criminal do mundo" (dá para rir, não dá?) descubra o que na realidade se passou.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

A banda sonora de "The Wolf of Wall Street" (2)

Elmore James - "Dust My Blues"

Passos Coelho vs "Professor Marcelo" em 24 partes e 12 episódios

Só uma enorme mediocridade política e um radicalismo fanático permitem compreender as razões porque Pedro Passos Coelho decidiu afrontar e enfrentar Marcelo Rebelo de Sousa no actual momento, quando, apesar de tudo, tem alguns indicadores económicos a que se pode agarrar. Pense-se o que se pensar da criatura "professor Marcelo", criada, qual Dr. Frankenstein da política, por Marcelo Rebelo de Sousa lui même, estamos perante alguém popular (e "popularucho"), "mediático", com influência e cuja imagem, ao contrário do que acontece com Durão Barroso, visto como "anti-patriota" e que recolhe antipatias em muitos sectores, está longe de ser a de um radical "neocon". O que me parece é que o assunto arrisca-se a gerar um efeito boomerang, acabando por dar um novo alento a uma possível candidatura de MRS ao mesmo tempo que cria ainda mais anti-corpos à hipótese Durão Barroso e coloca Passos Coelho em rota de colisão com quem, no seu próprio interesse, não devia. Aguardemos pelos próximo episódios...

Claudio Abbado (1933 - 2014)

Abbado on Beethoven - Documentário
Legendas em inglês

W. A. Mozart - Concerto para piano e orquestra nº 27 (o último composto por WAM e o meu favorito) em si bemol maior KV 595
Piano: Mª João Pires
Orquestra Mozart sob a direcção de Claudio Abbado

O SLB sem Cardozo.

É evidente que com Cardozo o SLB tem recurso a um jogador-extra, diferente de todos os outros do plantel e que por isso mesmo possibilita soluções diferentes nos seus processos atacantes, bastante eficazes em algumas situações. Mas, em contrapartida, embora possibilitando essas soluções extra, a utilização de um jogador como Cardozo condiciona também, de alguma forma, o jogo colectivo da equipa. Nada disto me parece ser novidade mas, olhando para este último conjunto de jogos sem o paraguaio, que mudou no SLB?
  1. A equipa tornou-se mais compacta, com os jogadores mais perto uns dos outros, mais eficaz, portanto, na "pressão alta" e nas transições defensivas. Para se entender melhor o que digo, um dos segredos do Barça (e digo isto não gostando daquele futebol soporífero) nos seus processos defensivos é o bloco compacto permitido pelo facto de os jogadores jogarem sempre muito juntos.
  2. A equipa, não abdicando do seu modelo de transições rápidas, melhorou a posse e circulação de bola, principalmente nas zonas avançadas do terreno, e conseguimos vê-la agora a jogar em "carrocel" nesses terrenos sem demasiado desconforto.
  3. Com jogadores mais móveis - ou sem um jogador muito fixo, como é Cardozo - a equipa consegue que os seus jogadores mais avançados no terreno (Gaitán, Rodrigo, Lima e Markovic) troquem constantemente de posições, aparecendo com frequência Lima e Rodrigo (mais este) nas alas e Gaitán e Markovic (mais este) no centro, potenciando as suas características e baralhando as marcações contrárias.
  4. Mais ainda, a não existência de um "pivot" de área e a tendência de Markovic e Rodrigo para recuarem e partirem "de trás", embalados, permite à equipa só aparentemente jogar com dois médios (Antes Matic; agora Fejsa e Enzo Perez). De facto, o recuo de um ou mais elementos do sector avançado (normalmente Markovic, Rodrigo ou Gaitán) possibilita à equipa preencher bastante melhor o meio-campo embora, teoricamente, continue apenas a jogar com os dois médios do costume.
Nota extra final: a inteligência de jogo de Enzo Perez é fantástica: raramente erra um passe ou perde uma bola; opta na grande maioria das vezes pela melhor solução; e oferece sempre uma linha de passe segura aos companheiros. Digamos que a equipa encontrou aquilo que se pode chamar um "desequilibrador colectivo". Um achado!

domingo, janeiro 19, 2014

Matiné de Domingo (50)

"La Piscine", de Jacques Deray (1969)
Filme completo c/ legendas em inglês

As duas opções de Passos Coelho

Pior, muito pior do que a anunciada pelo "Expresso" concordância de Passos Coelho com o processo que levou à aprovação pela Assembleia da República do referendo sobre a co-adopção e adopção de crianças por casais do mesmo sexo, o que, a ter acontecido, sempre demonstraria alguma ideia política e sentido de liderança - pese embora no mau sentido -, foi a anunciada por ele mesmo também no mesmo semanário de que não teria existido qualquer sua interferência no processo, demitindo-se da sua condição de presidente da PSD e de primeiro-ministro numa matéria que sabia à partida ser sensível e controversa, iria dividir o seu partido, desprestigiar o parlamento, pôr em causa direitos de minorias e o conforto de muitas crianças e que, por último, se arriscava ainda a enfrentar mais um "chumbo" pelo Tribunal Constitucional  e o veto do Presidente da República. No primeiro caso estaríamos apenas perante um mau líder partidário, um primeiro-ministro incompetente e pouco ou nada respeitador da democracia representativa. No segundo, perante - e desculpem-me a expressão - apenas um pateta. 

sexta-feira, janeiro 17, 2014

Friday midnight movie (72) - "Giallo" (XIII)

"La Tarantola dal Ventre Nero", de Paolo Cavara (1971)
Filme completo c/ legendas em inglês

Uma nova "Idade das Trevas"?

Em Espanha aprova-se uma das leis mais restritivas de que tenho memória sobre a IVG. Em Portugal aprova-se o recurso ao referendo sobre um direito de uma minoria que viola grosseiramente o bem-estar e o futuro de muitas crianças e adultos. Em França, Hollande dá uma de "Pétainzinho" e adere às teses alemãs sobre a economia e a Europa. Decididamente, a Europa e a UE aceleram o seu caminho para uma nova Idade das Trevas. Que desilusão.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

A banda sonora de "The Wolf of Wall Street" (1)

Elmore James - "Dust My Broom"

Fazer o contraponto entre a Máfia das ruas nova-iorquinas que filmou em "Goodfellas" e uma espécie de máfia de Wall Street é talvez demasiada cedência ao facilitismo e receita de êxito certo nos negros dias de hoje. Mas o tom de comédia negra, um pouco iconoclasta e por vezes mesmo a roçar ligeiramente o burlesco; a ausência de uma "moral" e a inteligente gargalhada de Scorsese perante o novo-riquismo ostentatório de carros rápidos, iates de luxo e "gajas boas", acaba por tornar credível o argumento e salvar um filme demasiado longo, mas que tem na sua banda sonora, a apelar ao documentário do autor sobre os "blues", um dos seus aspectos mais positivos. O "Gato Maltês" vai passar por aqui alguns temas.

A xenofobia no futebol

Se existe actividade em que a xenofobia impera à rédea solta, essa é o futebol. Começa com a discussão idiota sobra a chamada ou não à selecção de jogadores que não tenham tido sempre a nacionalidade portuguesa, que, recorde-se, podem ser deputados ou membros do governo mas aos quais, para serem internacionais por Portugal, se exigem provas de "portugalidade" acrescida tão "importantes" como o local onde passam férias, a nacionalidade do cônjuge, cantarem ou não o hino (eu, que nasci em Portugal e tive sempre a nacionalidade portuguesa, recuso-me a cantar aquela cretinice dos "egrégios avós" e do "às armas") e outras igualmente abstrusas. Acaba com o tratamento escandalosamente diferenciado dado pelo jornalismo indígena a jogadores portugueses e estrangeiros. 

Ontem, o sérvio Djuricic e o português Ivan Cavaleiro marcaram ambos golos de excelente execução. Golos aparte, realizaram exibições - quanto a mim - de valia idêntica, relativamente medianas. Veja-se, contudo, a diferença de tratamento dada a ambos na capa do número de hoje de um dos mais importantes jornais desportivos. Simplesmente, um nojo. 

quarta-feira, janeiro 15, 2014

4ªs feiras, 18.15h (62) - "Noir" (IX)


"Impact", de Arthur Lubin (1949)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Os originais de "Os Conchas" (2)

Everly Brothers - "Should We Tell Him"

Os Conchas - "Quero O Teu Amor" (1960)

Quando do "post" sobre a morte de Phil Everly, o "Gato Maltês" falou na importância dos Everly Brothers no início daquilo que ficou conhecido como o movimento "Yé Yé português" e na influência que o duo norte-americano teve na génese dos Conchas (Fernando Gaspar e José Manuel Concha), formado à sua imagem e semelhança e que adaptaram para português alguns dos temas originais de Phil e Don Everly. Na ocasião optámos por "Cathy's Clown" e pela sua versão em português ("O Fantoche do Amor") incluído, salvo erro, no 2º EP do duo português. Continuamos hoje, voltando atrás e colocando aqui no "blog" o tema "Should We Tell Him" ("Quero O Teu Amor"), uma das duas faixas que couberam ao duo no EP "Caloiros da Canção", gravado a "meias" com Daniel Bacelar.

Sobre o valor do passe de Nemanja Matic

Para os que acham - jornalistas e/ou curiosos - que  o passe de Nemanja Matic (26 anos) foi cedido ao Chelsea por um preço demasiado baixo (€26M), aqui vão alguns exemplos de outras transacções recentes para o mercado inglês:
  1. Alvaro Negredo, 28 anos, "ponta de lança" (o lugar mais "valioso" no futebol), 21 vezes internacional pela selecção campeã do mundo e da Europa (10 golos), foi contratado no Verão passado pelo Manchester City por £16.4 mais £4.2 de "extras", o que perfaz um pouco mais de €24M.
  2. Roberto Soldado, igualmente 28 anos e também "ponta de lança", 12 vezes internacional por Espanha (7 golos) e com um bem sucedido percurso nas selecções jovens do seu país desde os 15 anos, foi contratado pelo Tottenham Hotspurs no último Verão por £26M. (1£ = €1.20).
  3. Jesus Navas, extremo, também 28 anos e 32 vezes internacional por Espanha, foi contratado no último Verão pelo City por £25M.
  4. Se quisermos recuar um ano, o "ponta de lança" Olivier Giroud, 33 golos em duas épocas ao serviço do Montpellier e na altura com 25 anos, transferiu-se no Verão de 2012 para o Arsenal por um valor ligeiramente inferior a £10M.
  5. Javi Garcia, 26 anos e que actua na mesma posição de Matic, transferiu-se do SLB para o City no Verão de 2012 por um valor ligeiramente inferior a £16M. 
Para além de haver gente mal informada (ou intencionada), o que me parece é existirem também alguns outros que gostam de ser enganados e acreditam nos muitos e variados milhões de algumas vendas que terão mais tarde contrapartidas pouco transparentes, sejam compras de passes de jogadores inúteis ou a preços muito acima do mercado, sejam contratações de "sobras" promovidas por alguns empresários. Estamos conversados ou precisam de mais esclarecimentos?

terça-feira, janeiro 14, 2014

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (14)

Freddie And The Dreamers - "I'm Telling You Now" (10-04-1965)

Recado a Seguro

O que fundamentalmente importa - repito: fundamentalmente - não é se Portugal sai do actual programa de assistência "à irlandesa" ou através de um programa cautelar, já que o segundo resgate me parece opção demasiado longínqua. O que verdadeiramente importa são não só as reais condições de acesso da República ao financiamento nos mercados, como a herança deixada pelo actual programa em termos de competitividade do país, igualdade/desigualdade, emprego/desemprego, grau de preparação dos seus recursos humanos, estabilidade política e social, capacidade das suas empresas e, o que é menos tangível, o ambiente geral de confiança/desconfiança entre gerações, grupos profissionais, classes sociais, na democracia e nas instituições da República, coesão social, etc, etc. No fundo, a maior ou menor capacidade do país para enfrentar o futuro, se aproximar das nações mais civilizadas e proporcionar aos seus cidadãos melhores níveis de bem-estar e progresso. Este é o verdadeiro problema e deveria ser nele que António José Seguro e o PS deveriam pôr o acento tónico.

Matic e Jesus; Queiroz e Cristiano

  1. A saída de Matic do SLB, para além do que já aqui tinha afirmado, coloca um problema a Jorge Jesus que vai muito para além da sua substituição pura e simples, jogador por jogador. Sendo um centro-campista polivalente, que recupera bolas, sabe sair a jogar, acima da média no "um para um" e que ocupa uma enorme área de terreno (assim um género de "6" que também é "8" e até faz de "10"), isso tem permitido à equipa jogar frequentemente com apenas dois homens no meio-campo e começar a construir os lances de ataque bem "cá atrás". Daí o SLB poder adoptar quase sempre um sistema 4x2x4, com dois "pontas de lança" e com muita gente a aparecer na área contrária. Isto significa que qualquer que seja o substituto do sérvio, e porque não há por aí muitos jogadores como ele (só me lembro de Ya Ya Touré), Jesus vai ter, provavelmente, não só de alterar o seu sistema de jogo, como também de efectuar correcções significativas a alguns dos princípios de jogo da equipa, o que não é tarefa fácil a meio da época.  
  2. A eleição do "jogador do ano" pela FIFA não é um concurso de patriotismo, seja lá o que for essa história do patriotismo. Por isso mesmo, e não pertencendo eu ao séquito de aduladores de Carlos Queiroz nem tendo por ele ou pelos seus métodos de trabalho qualquer simpatia, não percebo porque se aponta o ex-seleccionador a dedo, quase o acusando de "traidor à Pátria", por não ter votado em Cristiano Ronaldo e ter preferido Messi (digo eu, que votaria em Cristiano e acho o seu prémio justíssimo). Colectiva ou individualmente, votou naquele que achou ser melhor e, para si, esse não foi Cristiano Ronaldo. E depois?
  3. Se é normal Cristiano ter mencionado Eusébio na sua declaração (são ambos futebolistas, de origem humilde e oriundos de regiões periféricas do país - no caso de Eusébio mesmo de uma colónia onde se travava uma guerra pela independência), o que justifica aquela menção a Mandela? Como é óbvio, não está em causa grandeza política e humana de Mandela, mas, de facto, constata-se que o politicamente correcto está a tornar-se insuportável a a "abafar" qualquer tentativa de pensamento e expressão mais autónomos.

domingo, janeiro 12, 2014

SLB - FCP: a chave da vitória

  1. A chave da vitória? O modo como se processaram as interacções entre Rodrigo e Markovic, com este a aparecer muitas vezes pelo meio, onde é bastante mais eficaz. A enorme rapidez e as trocas de posicionamento de ambos destroçaram as lentas transições defensivas do FCP e o seu recuo no terreno, partindo embalados, desequilibrou o maio-campo defensivo das Antas.
  2. Não me lembro de um FCP tão fraco no Estádio da Luz, e estou a recuar aos tempos de José Maria Pedroto. Licá? Carlos Eduardo? Josué? Um Lucho em fim e carreira e a jogar quase a par de Fernando? Varela que de suplente utilizado passou a titular indiscutível? Tudo gente a roçar demasiado a mediania, o que está a fazer o FCP perder a sua identidade de equipa habitualmente muito forte na posse de bola e pressão alta.
  3. Na época passada, Helton, com uma excepcional defesa a remate de Cardozo no jogo da Luz, começou a assegurar o título para o FCP. Hoje, com uma má saída dos postes, pode ter feito o contrário. Espero que sim. 

Matiné de Domingo (49)


"The Wild One", de Laslo Benedek (1953)
Filme completo c/ legendas em português

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Friday midnight movie (71) - Gothic/Horror (XIX)

"Countess Dracula", de Peter Sasdy (1971)
Filme completo c/ legendas em português

O "negócio" Rodrigo

Então, a efectivar-se, o negócio será assim. O SLB precisa neste momento de financiamento e o recurso ao crédito bancário revela-se difícil e caro. Por outro lado, a venda dos passes de jogadores com possível mercado (Matic e Gaitán), parece ter caído num impasse e arriscar-se-ia, caso fosse concretizada, a enfraquecer demasiado a equipa na luta pelo título, principal objectivo da temporada. Assim sendo, o SLB recorre aos "bons ofícios" de Jorge Mendes, que colocará o jogador Rodrigo Moreno no Zenit a um preço muito inferior ao 35 milhões anunciados, obtendo da parte do empresário um financiamento, que aparecerá nas contas do clube como venda de um "activo", no valor da diferença e compensando-o futuramente com a aquisição de algumas "sobras", tipo Pizzi, ou comprando o passe de algum jogador, como foi o caso de Roberto, a um preço muito superior ao seu valor de mercado. Pelo meio, algum "fundo" facilitará a operação.

Como operação de engenharia financeira, tiro o meu chapéu, embora reconheça seja demasiado óbvia. Já quanto ao que ela revela sobre o modo desregulado como funciona o mercado futebolístico, estamos conversados. 

quinta-feira, janeiro 09, 2014

Battler Britton & Dogfight Dixon (2)

Chuck Berry - original Chess recordings (4)

"Roll Over Beethoven" - gravação de 16 de Abril de 1956 (Chess  #1626, "A" side)

Eusébio, José Sócrates e o Panteão

  1. Uma boa parte das redes sociais e dos "blogs" dedicou estes últimos dias a discutir se era plausível o primeiro-ministro José Sócrates ir a caminho da escola no dia do Portugal-Coreia de 1966, um sábado já em período de férias escolares. No que diz respeito ao antigo primeiro-ministro e ao país, o assunto é em si mesmo politicamente irrelevante, tenha ele má memória, tenha construído uma narrativa fantasiosa igual a tantas outras que muitos de nós construímos sobre episódios da nossa infância ou tenha resolvido contar uma "história de caçador" que achava douraria a sua imagem e traria audiências ao seu comentário de domingo. Mas o facto do assunto se ter constituído como tema importante de discussão é demonstrativo da infantilização a que chegou o debate político no país, demasiado baseado em "fait-divers" e questões de carácter e muito pouco na substância política e ideológica. Custos da democratização comunicacional que a "internet" e os "fóruns de opinião" propiciam e que, como se vê, tem também o seu lado perverso.
  2. Penso não estar errado, mas a existência de um "Panteão dos Heróis" ou dos "símbolos da Pátria" parece-me ser um resquício dos nacionalismos do século XIX; uma espécie de Valhalla da modernidade latina (diria, "napoleónica") pouco consentânea com os valores universais e cosmopolitas, populares e democráticos que se tornaram dominantes na contemporaneidade. Essa é, fundamentalmente, a razão-base da mudança de perfil dos "eleitos" a nele entrarem e a discussão que por aí vai sobre o caso de Eusébio é bem sintoma do que digo. É-me absolutamente indiferente o local onde ficará o túmulo do cidadão Eusébio da Silva Ferreira, já que o verdadeiro Panteão de Eusébio, o seu local de culto, será sempre aquela sua estátua no exterior Estádio da Luz.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

4ªs feiras, 18.15h (61) - neo-realismo (3)

"La Ragazza con la Valigia", de Valerio Zurlini (1961)
Filme completo c/ legendas em inglês

Hymns (9)

"Rock of Ages" - Augustus Montague Toplady (1775)

Embora ateu confesso, o "Gato Maltês" gosta muito de hinos cristãos, aqueles que nos habituámos a ouvir normalmente ligados à Igreja Anglicana. Já por aqui tive oportunidade  de passar alguns dos meus favoritos, como "Jerusalem", "Abide With Me" (cantado nas finais da FA Cup) e "The Lord's My Shepherd", mas ontem, ao rever em DVD a excelente adaptação para televisão de "The Scuptress" (1996), um dos romances policiais mais famosos de Minette Walters, relembrei "Rock of Ages" e não resisti a inclui-lo aqui no "blog".  De acrescentar que também faz parte da banda sonora do filme "Paper Moon" (1973), de Peter Bognanovich. Enjoy...

Desculpem os sportinguistas sérios, mas tenho de escrever isto

Quando vejo muitos, de entre a geração de sportinguistas mais novos (mas infelizmente, não só), promoverem comparações sem sentido entre Fernando Peyroteo (sem dúvida personalidade de grande relevo no futebol português) e Eusébio; quando os vejo rescreverem a História sobre uma alegada ligação entre Eusébio, as conquistas do SLB e a ditadura; quando os vejo, ao estilo "disparar primeiro e perguntar depois", lançarem falsas acusações sobre a retirada de cachecóis do clube de Alvalade de junto da estátua de Eusébio, a única coisa que me apetece dizer é que estão a tentar transformar o SCP e o seu património num "grupelho provocatório" (como diriam os comunistas), numa "seita radical" talvez por mau contágio com o que se passa a nível político com o PSD e o governo. Deviam pôr os olhos no gestos dignos do seu presidente e do padre Vítor Melícias, adepto confesso e personalidade de relevo do SCP, que, esses sim, souberam honrar com a sua presença e ofício na missa por Eusébio a História do clube a que pertencem e a memória de Fernando Peyroteo.  

terça-feira, janeiro 07, 2014

Battler Britton & Dogfight Dixon (1)

The Satellite/Stax records story (25)

The Mar-Keys - "Sack O Woe" (1962)

Luís Filipe Vieira e a "formação"

Luís Filipe Vieira deveria ter algum cuidado com algumas das suas afirmações. Com excepção do caso, demasiado específico para poder ser extrapolado, do F.C. Barcelona, não conheço nenhum clube da Europa do futebol que consiga, de modo consistente e sustentado no tempo, ser bem sucedido com recurso maioritário à formação. Acresce que mesmo o SLB consiga formar bons jogadores a ritmo elevado - o que é sempre difícil - existirão ainda dois problemas: a tendência para muitos desses jogadores, se de verdadeira "classe", serem demasiado cedo atraídos pelos grandes clubes europeus, muitas vezes ainda antes da idade de seniores, e o facto deste modelo ser uma espécie de "copycat" do que está a fazer o SCP, que neste campo tem maior experiência e já leva algum avanço . Digamos que se o SLB conseguisse um ou dois casos de sucesso por triénio no aproveitamento da sua formação, já me daria por satisfeito e tal já justificaria o investimento realizado.

Mas penso saber interpretar Luís Filipe Vieira: o excessivo endividamento do clube e a escassez de crédito estão a pôr em causa o actual modelo de negócio do SLB e a formação parece ser a fuga possível. No fundo, Vieira faz soar uma campainha de alarme que nos devia deixar a todos nós - benfiquistas - bastante preocupados com o futuro desportivo do clube.

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Os sportinguistas e a tentativa de falsificação da História

Algumas notas sobre a falsificação da História que, infelizmente, tem sido tentada nos dois últimos dias por muitos sportinguistas demasiado sectários:
  1. Se Eusébio, como jogador de excepção, tem, sem dúvida, a sua quota-parte de responsabilidade na hegemonia do futebol português conseguida pelo SLB a partir da década de 60 do século XX, convém chamar a atenção para o seguinte:
  • Tal não acontece por acaso, nem a insistência na contratação de Eusébio é obra desse mesmo acaso. Como, por disposição estatutária, o SLB não podia contratar jogadores estrangeiros, o mercado colonial tornou-se prioritário para o clube. Para além de Eusébio, é de Angola e Moçambique que chegam jogadores como Costa Pereira, José Águas, Joaquim Santana e Mário Coluna, que viriam a formar a espinha dorsal da equipa bi-campeã europeia. Na equipa sportinguista vencedora da Taça das Taças em 1964 conto apenas Hilário da Conceição (que nem sequer joga a final, penso que por lesão), Mascarenhas e Péridis, este que nem sequer é um titular indiscutível, joga apenas o desempate e abandona o clube no final dessa época. De todos, apenas Hilário será um internacional constante e jogador de relevo, já que Mascarenhas nunca foi internacional e Péridis fez apenas dois jogos pela selecção. Em contraste, conto três brasileiros: Osvaldo Silva, Geo e Bé. Nada contra os jogadores estrangeiros, como e óbvio, fazendo apenas notar como uma disposição estatutária do SLB acabou por influenciar o futuro e contribuir para a hegemonia conseguida pelo meu clube.
  • Para além disso, é a opção, pioneira em Portugal, pelo profissionalismo a tempo inteiro, com Otto Glória no final dos anos 50, que acaba também, primeiro, por mudar o futebol do SLB e depois, por acréscimo, a face do futebol em Portugal. Esquecer isto e a sua importância para o que se passa na década seguinte é falsificar a História.
  • Por último, nunca Salazar impediu Eusébio de se transferir para o estrangeiro, ao contrário do que vejo afirmado por muitos sportinguistas (e não só) tentando assim associar o os êxitos do SLB à ditadura. Eusébio não é transferido, numa primeira fase, porque teria de cumprir, como todos em tempos de guerra colonial, o serviço militar. Mais tarde, porque, na sequência da derrota da Itália com a Coreia do Norte no Mundial de 66, a Federação Italiana fecha, durante quatro anos, o mercado a novos jogadores estrangeiros. Mas se quiserem os adeptos sportinguista de ir por esse caminho da ligação à ditadura - o que desaconselho - basta lembrar que o seu clube teve como presidentes nomes como Góis Mota (comandante da Legião Portuguesa), Francisco do Cazal-Ribeiro (que se distinguiu, no tempo da Ala Liberal, como um dos "ultras" do regime, atacando violentamente Sá Carneiro, Francisco Balsemão. Miller Guerra, etc), Valadão Chagas, membro de um dos últimos governos de Marcelo Caetano) e Horácio Sá Viana Rebelo (ex-membro de um governo de Salazar e ex-governador de Angola).
Espero que assim seja reposta a verdade, apelando simultaneamente a algum "fair-play" acrescido por parte dos sportinguistas, meus amigos ou outros.

sábado, janeiro 04, 2014

A propósito da morte de Phil Everly (1939 - 2014)

The Everly Brothers - "Cathy's Clown"

Os Conchas - "Fantoche do Amor"

Bom, que dizer sobre Phil Everly para além das trivialidades que vou lendo e ouvindo por aí nos "media" do costume? Para além do já dito sobre a importância dos Everly Brothers na música popular americana e, por extensão, mundial no final dos anos 50 e início dos 60, salientar que tal período, entre o declínio do rock original e do abalo provocado por nomes como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Little Richard, Chuck Berry e mais alguns outros e o início, em 1964, da chamada "British Invasion", foi um período de refluxo na música popular e nas mudanças sociais e comportamentais a que o "rock and roll" tinha dado origem. nos USA e em alguns países europeus, com o UK à cabeça. Vencidos por escândalos próprios e pelo conservadorismo da sociedade branca americana, aos mais arrojados pioneiros do "rock and roll" sucederam, apoiados por uma indústria do espectáculo que percebeu o potencial de negócio que a nova cultura adolescente poderia conter, uma série de rapazes "clean cut" que, expurgados das características mais radicais, violentas e anti-sistema do rock original, poderiam constituir exemplo para a sociedade americana. É neste grupo de "teenage idols" que se incluem nomes como Phil e Don Everly, Ricky Nelson, Fabian e os cultores da "dance craze" (twist, etc), ao qual virá também a aderir um Elvis Presley depois de devidamente domesticado pelo serviço militar e pelo seu agente "colonel" Parker. Será a "British Invasion" e nomes como os Beatles e os Rolling Stones que irão por fim dar o piparote definitivo neste estado de coisas, não sem que isto faça esquecer a qualidade musical e a harmonia vocal dos irmãos Everly, que vieram a influenciar decisivamente muitos dos nomes do rock e da música popular anglo-saxónica de ambos os lados do Atlântico, inclusivamente do chamado "mersey sound".

Num país provinciano, conservador e dominado por uma ditadura retrógrada, não admira que seja na área dos "teenage idols", dos rockers "clean cut", e não nos bem mais contestatários, irreverentes e anti-sistema criadores originais do "rock and roll", que vamos encontrar os pioneiros do rock português, os que vieram a gravar, com a pouca qualidade possível ditada pelos fracos meios disponíveis na altura, aquele que é unanimemente considerado o primeiro disco comercial do "yé-yé" (chamava-se assim o "rock and roll" em Portugal e em França): Daniel Bacelar, um seguidor e fã de Ricky Nelson, e o duo Os Conchas, versão portuguesa dos Everly Brothers de quem gravaram pelo menos quatro "covers" em português: "Should We Tell Him" ("Quero O Teu Amor"), "Let It Be Me" ("Serás Tu Para Mim"), "Cathy's Clown" ("Fantoche Do Amor") e "Poor Jenny" ("Oh, Jenny"). Deste "blog" fica um testemunho, sendo que o triste acontecimento que é a morte de Phil Everly acaba por se tornar um pretexto adequado para recordar outras coisas, directa e indirectamente a ela ligadas e que, de outro modo, talvez se arriscassem a ficar esquecidas.

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Do alargamento da CES

No fundo, é isto: com a proposta de alargamento da base de tributação da Contribuição Especial de Solidariedade, atingindo as pensões abaixo do "estratosférico" valor bruto de €1350, o que o governo pretende é voltar os pensionistas do regime geral contra o Tribunal Constitucional e contra os beneficiários da CGA, culpando-os por mais um corte nos seus rendimentos. Estamos portanto perante um governo que usa a Constituição da República e as decisões de um orgão de soberania como o Tribunal Constitucional como pretextos para dividir os portugueses. E ainda há quem tenha a "lata" de falar em "consensos"... "My ass"!

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (13)

The Beatles - "Eight Days A Week" (13-03-1965)

Sobre a entrevista de Luís Filipe Vieira

Se o SLB precisava de vender o passe de algum ou alguns dos seus jogadores esta época - e precisava - melhor seria tê-lo feito em devido tempo, no chamado mercado de Verão, dando hipótese à equipa técnica de preparar a época com um plantel o mais próximo possível daquele de que iria dispor durante a maior parte dessa mesma época e não desfalcando a equipa nem quebrando sua empatia com os adeptos quando, agora, a fase das decisões se aproxima. Luís Filipe Vieira não o fez pensando no apuramento para os 1/8 ou 1/4 de final da Champions League, o máximo a que qualquer equipa portuguesa pode aspirar nas condições actuais? Bom, com as aquisições realizadas, não me parece a venda do passe de um ou dois jogadores pudesse, em condições normais, colocar esse objectivo em elevado risco de incumprimento e, além de tudo o mais, o encaixe financeiro realizado com a venda desses passes seria sempre bastante superior ao conseguido com o apuramento para a fase a eliminar da CL, podendo mesmo o clube vir a conseguir atingir ambos os objectivos. Assim, falhou os dois e, perdido o apuramento para os 1/8 de final da CL, arrisca-se, desfalcando agora a equipa, a aumentar a probabilidade de vir a falhar outros importantes objectivos desta época, principalmente o Campeonato Nacional.

O que me parece é que Vieira "embarcou" - mais uma vez - naquele género de euforia populista (o "sonho", como lhe chamaram) que achava o SLB teria francas ou mesmo algumas hipóteses de vir a jogar a final da Champions League no seu estádio, e assim agiu em conformidade. Fez mal, já que o rigor da gestão e da condução de uma equipa de futebol profissional se dão mal com este género de devaneios. Agora, tenta emendar a mão. Digamos que emenda um erro com outro erro. Como benfiquista, espero e torço para que dê certo.  

Cavaco Silva: sempre igual a si próprio

  1. Desde que, no caso das "escutas", optou conspirar contra o governo legítimo da República e, depois, aceitou dar posse, nas circunstâncias de então, que o desaconselhavam, a um governo minoritário, passando de seguida a atacá-lo em cada uma das suas intervenções e assim contribuindo para a sua queda, que Cavaco Silva hipotecou quaisquer hipóteses, se alguma vez as teve, de desempenhar um papel de moderação, arbitragem e conciliação na cena política. Se qualquer sorriso na face de Cavaco Silva se assemelha sempre a um esgar, a partir daí qualquer apelo a um consenso, seja lá em que termos for, transformou-se num convite de Lobo Mau travestido de Capuchinho.
  2. Na sua mensagem de Ano Novo Cavaco Silva colou-se à "narrativa" do governo? Sim, mas muito pior do que isso: colou-se, mais uma vez, ao discurso anti-políticos e anti-partidos, optando por considerar um tal "interesse nacional", supostamente supra-partidário mas identificado com a estratégia da maioria, como elemento virtuoso e oposto à "mesquinhez" dos interesses partidários. Ora Cavaco Silva sabe que com este discurso, em vez de exercer a acção pedagógica que deveria ser apanágio do Presidente da República, está a ir ao encontro das ideias populistas e anti-democráticas dominantes em largos sectores da população.Mas como ninguém pode ser quem não é, Cavaco Silva não resistiu à tentação de tentar uma espécie de "dois em um": defender o "seu" governo e melhorar a sua imagem. Nada de novo.
  3.  Se ao considerar que existe acima dos interesses legítimos e muitas vezes contraditórios dos partidos, instituições, cidadãos, etc, um chamado "interesse nacional", Cavaco Silva está a negar a própria essência da democracia, que dizer da sua afirmação considerando "a liberdade e os direitos de cidadania não foram postos em causa"? Será que com elevados níveis de emigração, empobrecimento e desemprego, com diminuição de direitos e cortes de salários e pensões, aumento das desigualdades, a liberdade, os direitos de cidadania e a própria iniciativa empresarial não estão a ser, no mínimo, gravemente mitigados? Pois... temos aqui mais uma confirmação, se necessário fosse, das convicções democráticas e liberais de Cavaco Silva. Também nada de novo, infelizmente.