segunda-feira, setembro 30, 2013

Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre (8)

"Pedro Soldado" (Manuel Alegre - Adriano Correia de Oliveira)
Do LP "Adriano Correia de Oliveira" (1967)

O perdedor Bloco de Esquerda

Se o discurso de um dos vencedores da noite (Rui Moreira) foi politicamente vazio e apelou a um certo bairrismo populista, deixando no ar suspeitas de que poderemos estar perante um mero fenómeno passageiro, uma espécie de fogo-fátuo, o de um dos perdedores da noite (João Semedo) foi pouco menos do que patético. Ao optarem por pôr o assento tónico na derrota dos "partidos do governo", para a qual pouco ou quase nada ontem contribuíram, tentando daí colher louros indevidos, Semedo e o BE esqueceram-se, de repente, das sérias responsabilidades que tiveram na queda do segundo governo de José Sócrates, desse modo acabando por ajudar os agora por si tão atacados PSD e CDS a chegarem ao poder. Aliás, face à acentuada decadência do Bloco de Esquerda, e para não ficarmos apenas pelo campo do "achismo" mais ou menos fundamentado, seria interessante indagar junto dos seus eleitores dos últimos dez anos, principalmente entre os que deixaram de lhe entregar o seu voto, o que esperavam do partido e quais as razões da sua decepção e mudança de sentido desse mesmo voto.  Na ausência, infelizmente, desse estudo e dessa evidência, permito-me especular (e agora desculpem o "achismo") que esses mesmos simpatizantes e eleitores esperariam fosse o BE um género de "grilo do Pinóquio" do Partido Socialista, uma espécie de consciência crítica que evitasse uma maior "centralização" do PS e  fosse capaz de pressionar e negociar com este partido para acordos onde as ideias de esquerda pudessem fazer o seu caminho. Digamos que assumisse a nível nacional, e no campo político estrito, papel semelhante ao que a comissão de trabalhadores da AutoEuropa assume no campo das relações laborais, privilegiando o diálogo, a negociação e, sempre que nisso existam vantagens claras (e isto é indispensável), um acordo que considere vantajoso. 

Voltando ao campo da política "pura e dura", enquanto tudo se passou no campo da matéria de costumes (IVG, casamento "gay", etc), o BE lá foi conseguindo exercer o seu papel com alguma eficácia e sucesso; uma vez resolvidas - e bem -  estas questões, cada vez mais o BE, por manifesta incapacidade de resolver as suas contradições internas e renegar as origens dos partidos que o compõem (pode alguém ser quem não é?), se remeteu a um papel que fez dele uma espécie de "PCP dois", talvez com uma imagem um pouco mais jovem, urbana e "pós-moderna", mas sem a História, a coerência, a solidez ideológica e cultural e a implantação no terreno do verdadeiro PCP. Digamos que perdeu o seu "posicionamento" enquanto marca, a sua razão de existência. No meio de tudo isto, Louçã afastou-se (talvez prevendo a débâcle), Catarina Martins é uma irrelevância política sem o sex-appeal de Joana Amaral Dias ou o "je ne sais quoi" e a experiência de Ana Drago e a solidez de João Semedo esbarra na sua falta de carisma. Prevejo venha a ser bem difícil para o BE sair do poço onde se deixou cair.

Outros perdedores (menos óbvios) da noite eleitoral

  • O discurso de Rui Moreira. 
Rui Moreira obteve uma vitória retumbante e ficamos-lhe a dever o ter posto fim à carreira política do execrável e ultra-populista Menezes. Mas convenhamos que a sua vitória merecia mais do que um discurso vazio de qualquer conteúdo político e do que uma ideologia reduzida ao bairrismo/regionalismo ("o nosso partido é o Porto" ou o estilo "no Porto mandam os portuenses") a fazer lembrar uma "narrativa" que teve os seus dias de glória nos tempos da dupla Pedroto/Pinto da Costa. Rui Rio, um dos seus principais apoiantes, por certo não se terá sentido lá muito bem e agora, talvez com a colaboração de Manuel Pizarro (mas o PS Porto também não inspira lá muita confiança), Rui Moreira vai ter demonstrar o seu discurso terá sido um mero acidente de percurso. Ou será que não foi?
  • O povo de Oeiras
Dar a vitória a uma lista que se reclama - e apoiada e patrocinada - por quem se encontra a cumprir penade prisão por crime exercido no exercício das suas funções é de molde a assustar qualquer cidadão decente. Que isto se passe no concelho com um os mais elevados - senão o mais elevado - níveis de instrução do país, é de estarrecer. Depois, e provavelmente, ainda os ouviremos a "dizer mal" da política e dos políticos".
  • José Rodrigues dos Santos
A um "pivot" da RTP na noite eleitoral pedia-se contenção; uma atitude discreta que fizesse evidenciar aquilo que era realmente importante: resultados e comentários. Como de costume, José Rodrigues dos santos fez exactamente o contrário e resolveu ser estrela, tentando, qual Fred Astaire (sem ofensa a este, claro), "encher o ecrã" com a exuberância das suas movimentações e esgáres à Jerry Lewis (igualmente sem ofensa para este). Pena não ter tropeçado no balde ou no sabão.
  • Comentadores/Televisões
A responsabilidade não será sua (dos comentadores), mas do facto das televisões terem optado por  promover os seus políticos/comentadores/estrelas em vez de cederem o lugar do comentário a politólogos, jornalistas e académicos, apesar de tudo sempre mais independentes e distanciados. Quando isso aconteceu, pelo menos na SIC Notícias, já passava da meia-noite. Pode ser que muitos gostem, mas não só assim se estabelecem os maus padrões do que deve ser o debate político, como se sacrificam o rigor, a análise e a compreensão do que está em causa. No fundo, aquilo a que assistimos foi a uma penosa profusão de "Trios de Ataque" da política. 

domingo, setembro 29, 2013

Matiné de Domingo (40)



"Witness for the Prosecution", de Billy Wilder (1957)
Filme completo c/ legendas em português

Vieira, os árbitros e as suas próprias responsabilidades

Luís Filipe Vieira tem toda a razão em protestar contra a má qualidade (ou qualquer coisa mais) das arbitragens e o modo como têm, directa ou indirectamente, prejudicado o SLB neste início de época. Mas deve lembrar-se que, ao fazê-lo, está também, e em certa medida, a passar um atestado de incompetência a si próprio e à incapacidade que tem vindo a demonstrar, ao longo dos anos, para alterar o estado de coisas vigente no futebol português. Para além disso, está também a afastar o foco da sua liderança; da incapacidade demonstrada, apesar do investimento realizado e dos resultados financeiros que começam a ser preocupantes, para apresentar resultados desportivos acima do sofrível. Está também a aligeirar as responsabilidades que cabem ao treinador que escolheu ("o seu treinador") e que chega à sexta jornada do campeonato completamente "perdido na tradução": sem modelo e sistema de jogo definidos, jogadores em má forma e outros fora do seu lugar. Tudo isto vem provar que "estabilidade" não significa apenas manter o treinador, e que ela pode coexistir com a sua mudança ou estar ausente mesmo ele se mantendo.

sábado, setembro 28, 2013

sexta-feira, setembro 27, 2013

Friday midnight movie (56) - Zombie (III)

"Day of the Dead", de George A. Romero (1985)
Filme completo c/ legendas em português

"Lipstick On Your Collar" - série completa (6/6)

"Lipstick On Your Collar", de Dennis Potter (1993)
6º e último episódio

Passos Coelho: "pé no balde e bolo na cara"

Embora tal seja verdade, Pedro Passos Coelho, ao dizer que "a vida do governo não depende destas eleições", estando a precaver-se contra os resultados negativos que as últimas sondagens parecem querer indiciar, está também a fazer uma afirmação que se arrisca a contribuir para a desmobilização de uma boa parte do seu eleitorado, já de si pouco atraído por alguns dos candidatos apresentados pelo partido ou pela coligação em alguns dos principais concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Poderia dizer o contrário, isto é, afirmar que uma derrota clara se arriscaria a provocar a demissão do governo? Claro que não; mas, em prol do seu próprio governo, e - pelos vistos - não tendo imaginação ou argumentos sólidos que lhe permitiam apelar ao voto, poderia pelo menos conseguir estar calado, coisa que o actual primeiro-ministro parece ter cada vez maior dificuldade em fazer. Autenticamente, esta foi uma actuação ao bom estilo "pé no balde e bolo na cara".

The Satellite/Stax records story (22)

Rufus Thomas - "It's Aw'rite" (1962)

O passo em falso de João Proença

Quem, para além do governo, não se sai nada bem da declaração de inconstitucionalidade de algumas normas do código do trabalho, decretada ontem pelo Tribunal Constitucional, são a UGT e João Proença. Para além dos problemas que tiveram de enfrentar, em devido tempo, para explicarem "à cidade e ao mundo" o terem assinado um acordo de concertação social penalizador do mundo do trabalho, sem que se vislumbrasse qualquer contrapartida valiosa que o justificasse, viram agora algumas normas do documento que assinaram serem consideradas inconstitucionais, substituindo-se os juízes aos sindicalistas naquilo que a estes competiria em primeiro lugar: a defesa do mundo do trabalho. Mais ainda, João Proença não só se vê desautorizado pelo seu sucessor (Carlos Silva), como assiste, com certeza com alguns amargos de boca, ao regozijo da direcção do PS, qual "pirueta" digna do mais festejado artista de circo. Entretanto, CGTP, PCP e BE, estes dois últimos responsáveis pelo envio do documento para o TC, esfregam as mãos e celebram a vitória conquistada. Digamos que espera a Carlos Silva trabalho duro se quiser evitar o descrédito total da central sindical a que preside. Quanto a João Proença, seria bem melhor pôr-se a bom recato nos tempos mais próximos. 

quarta-feira, setembro 25, 2013

"Lipstick On Your Collar" - série completa (4/6)

"Lipstick On Your Collar", de Dennis Potter (1993)
4º episódio

A entrevista de Bruno de Carvalho ao "Jornal de Negócios"

Ok, já sabemos - e já sabíamos - da péssima gestão da direcção anterior do SCP, de como Bruno de Carvalho negociou um acordo com a Banca, de como conseguiu reduzir drasticamente a massa salarial do clube e adequar o orçamento do futebol profissional aos objectivos realistas actuais do SCP, evitar futuros casos como o de Bruma, converter dívida em capital, realizar valor com a venda de alguns activos, "independentizar-se" face ao FCP, etc, etc. Mas que me desculpem os meus amigos sportinguistas: se o trabalho realizado é muito positivo e tem todo o mérito (repito, todo o mérito), falta agora o mais difícil, isto é, o presidente do SCP dizer onde e como vai conseguir financiamento para investir ao nível de FCP e SLB, condição "sine qua non" para alcançar o(s) título(s) de campeão que, segundo palavras suas, são indispensáveis para o sucesso do seu mandato. É este o seu verdadeiro desafio.

4ªs feiras, 18.15h (48) - Hitchcock (V)


 "Notorious" (1946)
Filme completo c/ legendas em português

E como vamos de política?

  1. Passo no Rossio quando na placa central se realiza uma manifestação de aposentados da Função Pública com gente afecta ao PCP e "compagnons de route". Poucas centenas de manifestantes, mesmo muito poucas e ainda menor combatividade. Tantas vezes PCP e CGTP convocaram os seus filiados apenas "porque sim", por vezes por puro conservadorismo outras, simplesmente, para testar e manter viva a sua capacidade de mobilização, sem conseguirem alcançar nenhum resultado assinalável, que agora, quando o governo põe em causa o valor da pensão que muitos deles já há anos recebem, quando o "lobo mau" parece ter finalmente chegado, já poucos acreditam a sua mobilização conseguirá inverter o estado actual das coisas. 
  2. António Costa tem tudo para alcançar um resultado retumbante em Lisboa: boa imagem junto de muito do eleitorado de centro-direita e direita, com excepção da "vanguarda revolucionária" "passista"; capacidade de diálogo à esquerda" numa cidade onde PCP e "Bloco de Esquerda" contam; um trabalho visto como razoável à frente da autarquia; uma candidatura PSD/CDS, com Seara, Carlos Barbosa e Teresa Leal Coelho, desastrada e que mais parece um péssimo filme de terror da "série B" (sem ofensa para estes); por último, a crença de que o voto em Costa é também, pelo menos em alguma medida e para além de um voto contra o governo, um voto contra António José Seguro, ou pelo menos um aviso à sua liderança. O seu único adversário sério será mesmo a abstenção, mas até S. Pedro parece estar a dar uma ajuda. 

terça-feira, setembro 24, 2013

segunda-feira, setembro 23, 2013

Famous European Cafés (3)





Gran Café de Gijón - Madrid

O "fim de semana" da bola: um outro olhar

Com erros grosseiros de arbitragem e "casos" fora do campo, foi o fim-de-semana  ideal para quem não gosta de futebol e do jogo e da indústria pouco ou nada percebe. Vai ser vê-los a discutir acaloradamente durante toda a semana, nos "Trios de Ataque" do costume, estabelecendo infelizes parâmetros para aquilo que se tornou em Portugal a discussão sobre o jogo, o espectáculo e a gestão dos clubes. E no entanto... No entanto, os jogos deste fim-se-semana deveriam ser pretexto para nos interrogarmos sobre uma série de assuntos bem mais importantes, a saber:
  1. Em que medida a personalidade de Jorge Jesus e o descontrole emocional que o seu comportamento revela se transmite à equipa tendo a sua quota-parte de responsabilidade em comportamentos como os de Luisão e Cardozo na época passada? De que modo a personalidade de Jorge Jesus limita a sua capacidade de liderança e os seus comportamentos, mesmo no "banco", durante os jogos, afectam o controle emocional da equipa quando o adversário arrasta o jogo para um toada de conflito, como já se tem verificado?
  2. Em que medida as vendas de jogadores-chave como Moutinho, James, Hulk, Falcao e Lizandro estão a ser devidamente colmatadas pelo FCP? Será que o recurso ao mercado nacional, onde tradicionalmente o FCP é bem sucedido e onde, nos últimos dez anos, recrutou jogadores como Helton, Varela, Fernando, Moutinho, Meireles, Deco, Paulo Ferreira, Maniche, Derlei, etc, se está ainda a revelar uma opção acertada com Licá, Carlos Eduardo e Josué? Será que a contratação de um treinador oriundo daquilo que poderemos chamar a área dos "self made men", em contraponto com a "área universitária" onde o FCP contratou, nos últimos anos, Mourinho, Jesualdo Ferreira, Villas-Boas e Vítor Pereira foi a opção mais lógica e acertada?
  3. Deve levar-se a sério uma imprensa que, em virtude de três ou quatro resultados positivos conseguidos com mérito mas com a "ajuda" de um calendário acessível e de um jogo em que as incidências (má forma do SLB, lesões acontecidas durante o jogo e julgamentos da arbitragem) favoreceram o SCP, promove de imediato, explicitamente ou nas entrelinhas, uma equipa cujo orçamento será cerca de 1/4 dos valores apresentados pelo FCP e, no mínimo, 1/3 do SLB em candidata ao título?
Ficam as perguntas...

"Lipstick On Your Collar" - série completa (2/6)

"Lipstick On Your Collar", de Dennis Potter (1993)
2º episódio

domingo, setembro 22, 2013

VSC - SLB: depois do jogo

As razões da "crise" são estas: sem Gaitán e a agressividade de Salvio, os extremos da época passada, mas com Markovic, Djuricic e Fejsa, Jorge Jesus, face inclusivamente às críticas ao tradicional modelo de jogo da equipa, é forçado a jogar de maneira diferente. Ora Markovic não é extremo, é um jogador para actuar nas costas do "ponta de lança"; Sulejmani tem estado lesionado; Djuricic ainda não tem andamento para estas coisas e Ola John, uma contratação de Jorge Jesus,  parece agora contar pouco. Com a recuperação de Gaitán e Sulejmani, possibilitando o desvio de Markovic para o meio, e a obrigatória subida de forma de jogadores como Matic, Cardozo, Maxi e Lima, actualmente em sub-rendimento, as coisas só podem melhorar. Hoje foi muito mau, e as razões são estas e não o alegado "conflito" Cardozo/Jesus, a "atitude",  o "balneário" e outras "invenções" e motivos que a crítica desportiva gosta de referir. 

Matiné de Domingo (39)

"Easy Rider", de Dennis Hopper" (1969)
Filme completo c/ legendas em português

VSC - SLB: antes do jogo.

Não sei se Jorge Jesus irá jogar com um ou dois "pontas de lança" hoje em Guimarães. Mas sei que se optar pela segunda hipótese será bem melhor decidir-se por um meio-campo com Matic e Enzo Perez, não sacrificando assim demasiado a capacidade desequilibradora deste sector nas acções atacantes e a ligação entre sectores nessas mesmas acções, em vez jogar com Fejsa e Matic. Optando por estes dois, será bem mais avisado manter o esquema utilizado contra o RSC Anderlecht, com apenas um "ponta de lança" e um elemento de ligação (digamos assim), desequilibrador, entre sectores, seja ele Djuricic ou Markovic. Seria esta a minha opção, mas aguardemos. 

sexta-feira, setembro 20, 2013

Friday midnight movie (55) - Gothic/Horror (X)



"Peeping Tom", de Michael Powell (1960)
Filme completo c/ legendas em português

"Lipstick On Your Collar" - série completa (1/6)

"Lipstick On Your Collar", de Dennis Potter (1993)

“Lipstick On Your Collar” (de Dennis Potter, 1935-1994), título retirado de um êxito da americana Connie Francis, é seguramente uma das melhores séries de TV de sempre e, para mim, indiscutivelmente uma série de culto. Tal como nas outras séries de Potter, a música não se limita a sublinhar ou servir de contraponto à acção, nem tão pouco é, ou pretende ser, original; ela é, isso sim, elemento fundamental e central da própria acção. Mas, ao contrário do que acontece nos musicais, estamos aqui perante algo que os subverte, ou seja, estamos perante temas populares bem conhecidos interpretados por quem deles fez êxitos e “mimados” pelos actores .

É a Inglaterra (e a Londres, muito particularmente), dos anos cinquenta, vista e vivida através da música popular e do quotidiano de dois funcionários administrativos do "Foreign Office" durante a crise do Suez (segunda metade dos anos 50; mais propriamente, 1956), isto é, no estertor do Império quando se conclui que a Inglaterra já não tem capacidade para aventuras neo-coloniais e o mundo já não lhe pertence. Em certa medida, é o fim da mentalidade, usos e costumes herdados dos anos pré-guerra. É o fim de uma época e o início de outra que se aproxima, da "swinging London dos sixties", radicalmente diferente e revolucionária nos usos e costumes. Por alguma razão, e se estou bem lembrado, uma das últimas sequências da série é uma panorâmica sobre o "2I's Coffee Bar", no Soho, onde Cliff Richard, então o émulo britânico de Elvis Presley e ainda na sua fase "rock & roll", se deu a conhecer "à cidade e ao mundo". É o retrato de uma geração que, em certa medida, se descobriu, fez adulta e formou a sua personalidade através das novas formas da música popular e assim projectou a emancipação das gerações seguintes.

É também a primeira aparição na TV de Ewan Mc Gregor, no papel do "Private" Mick Hopper, numa série que passou na RTP (na 2, salvo erro) nos anos 90."
("Gato Maltês" - 24 de Setembro de 2008).

Agora, finalmente, o "Gato Maltês" tem oportunidade de passar a série completa. Infelizmente, e ao contrário do que é habitual, sem legendas, mas a oportunidade não pode nem se deve perder. 

Catch the Wave (13)

The Astronauts - "Baja" (1963)

"Ei-los Que Partem" (2006) - História da emigração portuguesa (5/5)

5º episódio - A emigração portuguesa para o Luxemburgo

Seguro e os 5%

É um verdadeiro disparate o PS e António José Seguro, enquanto principais partido e líder da oposição, estabelecerem uma percentagem, digamos que consideram aceitável, para o "déficit" das contas públicas, seja ela 5%, 10, 2, ou 0.0%. É claro que o Bloco de Esquerda - e João Semedo é um dos políticos mais experientes e há mais tempo em actividade no país - lhe respondeu a contento, perguntado como votaria o PS o Orçamento de Estado se o valor do "déficit" correspondesse aos tais 5%. Apetece-me acrescentar alguma coisa perguntado a António José Seguro como votaria o Orçamento se, apesar do "déficit" estabelecido poder ser até superior aos tais 5%, permitindo alguma folga significativa nas medidas de austeridade, incorporasse, mesmo assim, o corte "retroactivo" das pensões da CGA, a poupança conseguida com o fim da obrigatoriedade do inglês no 1º ciclo e outras medidas de teor semelhante.

Apetece-me dizer que não estamos apenas perante um mero exercício de contabilidade pública, e que o Orçamento de Estado é um documento político como tal devendo ser encarado e analisado. Por isso mesmo, é nesta óptica e na das opções políticas que propõe que o PS tem de o encarar e analisar, estabelecendo, neste campo, os seus limites e concessões possíveis e não se limitando a atirar números para o ar sem qualquer critério, ao mau estilo "leiloeiro". Como disse, um disparate; mas de Seguro já desisti de esperar muito melhor.

quinta-feira, setembro 19, 2013

Costinha e o F.C. Paços de Ferreira

O que está em causa nas sucessivas derrotas do F.C. Paços de Ferreira no início desta época não são a competência ou o profissionalismo (que desconheço) de Costinha enquanto treinador, simpatizemos ou não com o personagem, a venda dos seus principais jogadores nem sequer o facto do clube ter investido maioritariamente na melhoria das suas infraestruturas. O que me parece dever ser questionado é o corte, a ruptura que a contratação de Costinha representa com o perfil tradicional de treinadores do clube (Paulo Fonseca, Ulisses Morais, Rui Vitória, José Mota, Henrique Calisto), muito centrado em profissionais "low profile", com percursos anteriores por clubes de província e tendo sido mesmo alguns deles jogadores de segundo-plano com carreiras feitas nas divisões secundárias.No fundo, foi com este perfil de treinadores que o F.C. Paços de Ferreira conseguiu os seus melhores resultados e conquistar uma posição que lhe permitiu disputar este ano o "play-off" de acesso à fase de grupos da Champions League, podendo estar agora a enfrentar um simples caso de inadaptação mútua. Talvez por imposições externas (Jorge Mendes/FCP?), o clube parece estar agora a pagar o erro de ter rompido com esse bem sucedido modelo de gestão desportiva.   

La Bolduc (1)

La Bolduc - "La Chason du Bavard" (Abril 1931)

quarta-feira, setembro 18, 2013

4ªs feiras, 18.15h (47) - "Noir" (VI)



"Gilda", de Charles Vidor (1946)
Filme completo c/ legendas em português

"Ei-los Que Partem" (2006) - História da emigração portuguesa (4/5)

4º episódio - Sonho e Desespero

"Do you speak english" lá das docas, Mr. Crato?

Quem, como eu, fez a maior parte do seu percurso profissional em empresas multinacionais, habituou-se a conhecer bem dois problemas que afectam os trabalhadores portugueses, principalmente quadros médios, mas também quadros superiores e até alguns executivos, no seu relacionamento internacional, por comparação com os seus homólogos dos países do norte da Europa: menor fluência no inglês e dificuldade em expor, de modo claro e estruturado, as suas ideias em público. Por isso mesmo, saudei e achei de importância decisiva a introdução, com carácter obrigatório, do inglês no 1º ciclo do ensino básico, como medida indispensável para aumentar a competitividade das empresas e trabalhadores portugueses num mundo globalizado. Sou mesmo de opinião que o castelhano deveria tornar-se obrigatório nos 2º e 3º ciclos: digamos que quem for fluente em português, castelhano e inglês trabalha em qualquer empresa e em qualquer parte do mundo.

Exactamente por isso, foi sem surpresa (deste governo há que esperar tudo) mas com alguma raiva mal contida que tomei conhecimento do fim da obrigatoriedade do ensino do inglês no 1º ciclo, decretado pelo ministro Crato. Mas, no fundo, e pensando bem, trata-se de uma medida coerente: se o objectivo é "empobrecer" e reduzir salários como estratégia de competitividade empresarial, para que serve saber falar e escrever inglês, para além da meia dúzia de palavras, mal pronunciadas, necessárias para servir umas "imperiais" aos turistas ou "engatar umas bifas"? A pergunta que faço é, no entanto, mais séria: como é que os portugueses (trabalhadores, empresários, gestores) aceitam tudo isto sem um sobressalto cívico digno desse nome? Sem esse sobressalto cívico, e digo-o com tristeza, acabam por ter o que merecem.

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (3)

Beatles - "I Want To Hold Your Hand" (01-02-64)

terça-feira, setembro 17, 2013

Autárquicas e degradação da política

Um dos elementos que melhor permitem identificar o estado de degradação a que chegaram debate e propostas políticas é a comparação entre os cartazes e "slogans" destas autárquicas e aqueles que eram comuns nos anos seguintes ao 25 de Abril. Sim, eu sei que estamos em período de eleições autárquicas, onde o factor emocional e a identificação e personalidade dos candidatos contam bastante mais do que em outro tipo de eleições, mas também não sei se esta não constitui habitual desculpa esfarrapada, repetida ad nauseam, para desculpar o actual "estado da arte" Também sei que no período que se seguiu ao 25 de Abril estava em jogo o "modelo de sociedade", a escolha de um projecto para o país entre propostas muitas vezes extremadas. Mas esses cartazes e "slogans", bem como a respectiva "assinatura", possuíam alguma "uniqueness" e permitiam, de imediato, identificar um partido e todo o programa político que propunham. Estávamos no tempo do "Socialismo em Liberdade" do PS, do "Rigorosamente ao Centro" que era suposto permitir posicionar o CDS no espectro partidário, do "Poder Popular" do MES e de alguma outra esquerda radical cujo modelo de sociedade se opunha à "democracia burguesa", da "Aliança Povo-MFA" do PCP propondo uma estratégia que pretendia lançar as bases da organização política de um futuro Estado onde o partido fosse dominante, do grafismo do MRPP que, mesmo que sem qualquer "slogan", remetia para a China de Mao, etc, etc. Curiosamente - e isto é um aparte que diz muito sobre o futuro do partido - seria no material do então PPD que teríamos mais dificuldade em interpretar uma ideologia e propostas políticas claras e programáticas. Mas adiante...

E que temos hoje, já sem falar na naïveté e o kitsch dos tais "Tesourinhos das Autárquicas", sobre os quais já me debrucei e mais não são que um fait-divers que nos faz esboçar um sorriso de complacência? Bom, temos cartazes em que os candidatos são o foco e ocupam o centro da imagem, falam das qualidades morais e da personalidade de cada um, de como desejam "o melhor" para a sua terra (alguém pode dizer que não deseja?), mostram a "obra feita" e - e isto já com alguma sorte - de como se propõem construir um jardim público, um "centro de dia" ou um novo "multiusos", mesmo que tal seja manifestamente inviável. Para tornar tudo ainda mais "pastoso", o grafismo e "slogans (ou "assinaturas"), são de tal modo generalistas que qualquer candidatura deles se poderá reclamar. E não se pense que estamos apenas no campo das candidaturas em zonas rurais, fora dos grandes centros urbanos onde habita a grande maioria da população com níveis mais altos de escolaridade e politicamente mais exigente. Basta andar por Lisboa e ver os cartazes das duas principais candidaturas para comprovar o que digo. Uma lástima.

"Ei-los Que Partem" (2006) - História da emigração portuguesa (3/5)

3º episódio - Sonho e Desespero

Duas notas sobre o Sporting Clube de Portugal

  1. A alguns dos meus amigos sportinguistas que me acusavam das piores malfeitorias e intenções as mais tenebrosas por ter afirmado que a frase mais certeira que tinha ouvido, no últimos tempos, a um responsável de um clube de futebol, tinha sido a proferida por José Eduardo Bettencourt quando disse (e cito de cor) "o SCP gasta de menos para ser campeão e demais para ser apenas terceiro", pergunto agora:" o que fez Bruno de Carvalho senão baixar o orçamento do clube para um nível compatível com os seus objectivos realistas, esperando, se tudo correr muito bem à equipa e muito mal aos seus adversários, possa aspirar, a prazo, a algo mais? Talvez, neste aspecto, seja tempo de deixarem de ter a memória curta e fazerem finalmente alguma justiça a JEB por, em meia dúzia de palavras, ter conseguido diagnosticar um problema-chave do clube e "alivanhar" um caminho futuro a percorrer.
  2. "Espero uma reacção hostil no Dragão". Esta foi a frase-chave da entrevista de ontem de Bruno de Carvalho à SportTV, pois parece querer significar que, finalmente, o SCP passa a ter uma estratégia autónoma, de rivalidade directa para com SLB e FCP, e deixa de a subordinar, ao contrário do que aconteceu em todo o século XXI, a terceiros. Quer isto dizer que o SCP passa a considerar SLB e FCP num plano de igualdade, deixando de considerar o SLB como "alvo prioritário a abater" e abdicando de se limitar ao aproveitamento de algum espaço deixado vago por eventuais distracções portistas para um título conseguido "aqui e ali". Para trás parecem ter também ficado as nada inteligentes e falhadas tentações dos últimos anos e, principalmente, da direcção de Godinho Lopes em se assumir como um "copycat" do SC Braga, ao estilo "me too, but bigger". Verdade seja dita que, após os fracassos das últimas quatro épocas, ditados fundamentalmente pela recuperação benfiquista, dificilmente restaria a Bruno de Carvalho um outro caminho. Mas sabendo de antemão não ter o SCP o "músculo financeiro" de SLB e FCP nem as condições internas e externas do SC Braga (apoio autárquico maciço, ausência de "pressão", etc), resta saber se as condições existentes, incluindo um "modelo de negócio" fundamentalmente baseado na "produção" da Academia, serão suficientes para alimentar a estratégia ou se não estamos apenas perante mais um acto de puro voluntarismo. Veremos.

segunda-feira, setembro 16, 2013

Motor City (7)

Ron & Bill - "It"/"Don't Say Goodbye" (Junho 1959)

Norm Eastman (9)

"Media", equidade democrática e audiências

Claro que não nego a Comissão Nacional de Eleições terá levado demasiado à letra a lei que estabelece o tratamento igualitário das várias candidaturas eleitorais pelos media"; que em 1976 o panorama destes era completamente diferente, com televisões, rádios e alguns jornais nas mãos do Estado; que o cumprimento à risca da lei poderia pôr em causa critérios jornalísticos e editoriais, da exclusiva responsabilidade dos operadores e das redacções, e a nu alguma escassez de meios, etc, etc.. Mas o que rádios e televisões não dizem - e não podem dizer sem se exporem demasiado - é que a má vontade manifestada e algumas das alegações apresentadas constituem apenas uma cortina de fumo destinada a esconder algo de mais fundo: alguma incompatibilidade existente entre o cumprimento, mesmo que assumido de modo inteligente, de uma lei da República - bem ou mal feita, realista ou não, actual ou ultrapassada - destinada, no seu espírito, a proteger a democracia e a chamada "igualdade das candidaturas", e a conquista ou manutenção de audiências, no caso dos operadores privados algo perfeitamente legítimo, mas que poderia ser posto em causa com a obrigatoriedade da existência de debates, pouco ou nada mediáticos, entre quase desconhecidos ou de notícias e reportagens pouco atractivas com as Carmelindas Pereira deste mundo. Digamos existissem dez ou quinze candidaturas com forte interesse mediático e o assunto seria bem mais facilmente resolvido. Ou não seria assim?

sábado, setembro 14, 2013

O que deve fazer hoje Jorge Jesus?

Digo isto antes do jogo porque "prognósticos no fim do jogo" só mesmo para João Pinto - o do FêCêPê.

Não me parece muito avisado Jorge Jesus "revolucione" hoje a equipa. Para juntar Matic e Fejsa no meio-campo terá de deslocar Enzo para o lado direito, e se este pode assegurar algum equilíbrio defensivo à equipa nessa faixa, não é o tipo de ala "rompedor" adequado aos princípios e modelo de jogo do treinador do SLB. Para mais quando, contra um Paços de Ferreira que irá presumivelmente jogar num bloco muito baixo, vai precisar de dar largura à equipa e criar desequilíbrios ofensivos. Por mim, optaria por Ola John e consolidaria o flanco, defensivamente, com André Almeida no lugar do instável Maxi. Mas isto sou eu, que não estou por dentro dos problemas da equipa e, felizmente, também não sou o treinador.

Documentário de sábado (14-b)

"Inside Eton" (1993) - 2ª  e última parte

sexta-feira, setembro 13, 2013

Friday midnight movie (54) - Giallo (IX)

(aka "I corpi presentano tracce di violenza carnale"), de Sergio Martino (1973)
Filme completo c/ legendas em português

Canavilhas, o PS e o "apartheid" de género

Se António José Seguro e a direcção do PS quiserem saber porque não sobem nem, muito menos, conseguem descolar nas sondagens, não precisam ir muito longe. Uma dessas razões será com certeza esta política sem princípios, onde vale tudo o que sirva para se opor (ou fingir que se opõe) ao governo e angariar uns "votozitos". O efeito, contudo, parece-me ser exactamente o contrário: apenas gera desconfiança e não confere ao partido o acréscimo de credibilidade necessário para quem quer vir a ser governo. Ver uma mulher, socialista e ex-ministra da cultura (da cultura, ouviram?) alinhar pelas teses segregacionistas de género dos que contestam a reforma dos estabelecimentos militares de ensino é no mínimo chocante e no máximo repugnante. Muitas mulheres de direita terão com certeza sobre o assunto posição bem mais aberta e menos conservadora. Shame on you, Grabiela Canavilhas. Já agora: o PS, enquanto partido, tem sobre este assunto posição semelhante? 

"When I Woke Up This Morning" - original blues classics (34)

Sylvester Weaver - "Southern Man Blues"

"Tesourinhos das Autárquicas"

Claro que não posso deixar de rir perante aqueles cartazes, entre a naïveté e o ridículo, não raramente com erros ortográficos e gramaticais, a que se convencionou chamar "Tesourinhos das Autárquicas". Mas, sem querer parecer demasiado "politicamente correcto", não deixo de pensar que a geração anterior a esta que agora se candidata seria provavelmente analfabeta ou pouco menos do que isso, cavaria a terra com uma enxada ou teria emigrado para o "bidonville da região "parisienne". Neste aspecto, com pontapés na gramática e imagens que nos fazem rir, com asneiras e por certo enormes erros de gestão, estas candidaturas de gente que, autonomamente ou integrada em partidos políticos, se propõe dirigir a sua terra, representam um enorme "salto em frente", marcam um enorme abismo geracional que prova o que Portugal conseguiu evoluir nos últimos 40 anos. Provavelmente, a geração que se irá seguir, se a tal não obstar o "empobrecimento" arvorado agora em estratégia oficial, será licenciada ou terá qualificações acrescidas, será menos ingénua e mais cosmopolita, não dará erros de ortografia ou pontapés na gramática e saberá gerir a sua terra cometendo menos erros e com proficiência acrescida. Espero bem que assim seja.

quarta-feira, setembro 11, 2013

4ªs feiras, 18.15h (46) - Hitchcock (IV)


"Spellbound" (1945)
Filme completo c/ legendas em português

"ab origine" - esses originais (quase) desconhecidos (44)

"Dear Mrs Applebee" - o original de Flip Cartridge (1966)

A bem conhecida versão do Liverpudlian David Garrick (1966)
#22 no UK

RTP e a "entidade genuinamente independente"?

A RTP é uma empresa pública, com a especificidade de ser responsável pelo serviço público de rádio e televisão; por isso mesmo, os seus accionistas são todos os portugueses. Ora acontece que quem representa todos os portugueses são os deputados por eles eleitos democraticamente, com assento na Assembleia da República. Por isso mesmo, só existe uma entidade verdadeiramente independente e com representatividade democrática para nomear a gestão da RTP e controlar o seu funcionamento: a Assembleia da República ou qualquer outra entidade na qual esta delegue poderes de representação. E para evitar ou pelo menos minorar as habituais tentações de governamentalização, tal deve ser feito com o acordo de 2/3 ou até mesmo de 4/5 dos deputados. Isto é assim tão difícil de entender por um académico reputado como o dizem ser o ministro Poiares Maduro? Ou será que estamos perante mais uma parvoíce em tudo idêntica aquele disparate de má memória de entregar o segundo canal a uma entidade mítica chamada "sociedade civil"? Para disparate, não bastou já?

segunda-feira, setembro 09, 2013

O "lobby" do Colégio Militar

Os ex-alunos do Colégio Militar querem mesmo preservar a tradição, o que seria louvável enquanto simbolismo se a soubessem adaptar a novos tempos e tal servisse de referência histórica para as novas gerações, ou manter um reaccionário regime de "apartheid" do tipo "rapazes para um lado, raparigas para o outro" ou "elite para o ensino liceal do "Colégio" e "ralé" para o ensino técnico dos "Pupilos"? Nada de "misturas", não é? Bom, conhecendo gente do "núcleo duro" ligado a tal campanha, não me espanta um pouco dessa ideologia reaccionária (bem mais do que apenas conservadora, quero fazer justiça aos conservadores) possa estar presente em alguns, não todos, desses espíritos. Mas faço justiça de pensar que, nem todos partilhando dessa visão da sociedade e do mundo, a fusão dos institutos militares de ensino é bem mais o pretexto e a ocasião ideal para possibilitar uma maior afirmação, fortalecimento e capacidade de actuação de um "network", um lobby" na sociedade portuguesa cuja influência, com as mudanças na estrutura classista da instituição militar e no actual perfil dos alunos do "Colégio", estaria destinada ao declínio ou apenas à exibição sem consequências da "barretina" na lapela dos casacos. No fundo, parece-me ser esta a única explicação lógica que justifica ver alguma gente inteligente a colaborar em tal campanha.

"Les uns par les autres" - os melhores "covers" de temas tornados famosos pelos seus autores (17)


"Lady Jane" (Mick Jagger - Keith Richards) - a versão de David Garrick (1966)

O original dos Rolling Stones - incluído no álbum Aftermath, para mim o melhor álbum dos Rolling Stones e um dos melhores de sempre da música popular (1966)

Futebol e lixo televisivo

Num dos intervalos da final da final feminina do US Open resolvi "dar uma volta" pelos canais portugueses de notícias. Na RTP Informação lá estava o habitual "Trio de Ataque"; passei a correr antes de me deixar contaminar, pois já não é novidade o que de mau por lá se passa, embora tentem parecer sérios. Custa-me ver João Gobern metido "naquela coisa". As novidades eram na SIC Notícias e na TVI 24. Na primeira, ao inenarrável "caracolinhos" do "Tempo Extra" (o cognome tem direitos de autor na pessoa de uma amiga minha), juntava-se agora António Oliveira (não vi se mais alguém), o suficiente para me assustar bem mais do que um qualquer filme de George Romero ou dos bons velhos tempos da Hammer (esses, pelo menos, ainda me divertem e dão enorme gozo). Já na TVI24... Bom, nesta nem sequer cheguei bem a perceber, mas pareceu-me estarem lá uns senhores mais ou menos cretinos supostamente a tentarem ter graça. Também me custou ver por lá o meu consócio Domingos Amaral, autor de um livro inteligente sobre futebol que por aqui recomendei, mas o "dinheirinho" deve falar mais alto. As perguntas que deixo são as seguintes: 
  1. Porque será que as televisões teimam em considerar quem gosta de futebol como "atrasado mental"?
  2.  Porque insistem em desprestigiar o jogo e a indústria produzindo programas deste tipo? 
  3. Porque, estando já nós castigados por um fim de semana sem futebol "à séria" (isto das selecções é coisa sensaborona, tipo comida sem tempero), insistem ainda em nos massacrar, até ao desespero, com programas ao nível do lixo?
Escusado dizer que não espero respostas.

domingo, setembro 08, 2013

Matiné de Domingo (37)



"To Sir, With Love", de James Clavell (1967)
Filme completo c/ legendas em português

Entre "jurassismo" autárquico e "circo ambulante" de candidatos, que fazer?

Como por aqui afirmei, não tenho qualquer simpatia pela "chico-espertice" da formação de um "pool" de autarcas profissionais "rodando" de autarquia em autarquia, sem qualquer ligação efectiva à mesma. Penso também ser desnecessário dizer que não acho politica nem democraticamente saudável a existência de autarcas e dirigentes políticos que se eternizam nos seus cargos ou que, quase à boa maneira cubana ou coreana, acabem por designar, de facto, os seus sucessores, com todo o rol de perversidades que daí necessariamente resulta. Mas tendo disto isto, convém lembrar que qualquer efectiva limitação de mandatos por via legal e/ou administrativa contém também em si uma espécie de tutela sobre a democracia que, se podemos aceitar traz consigo algumas virtudes, significa também um atestado de menoridade passado aos cidadãos-eleitores e uma limitação de facto dos seus direitos democráticos. Que fazer, então? Penso que cabe aqui uma a palavra decisiva aos cidadãos, quer apresentando listas alternativas (o que não tem apenas virtudes; mas isso é tema para um outro "post") quer, ao exercerem o seu direito de voto, escolhendo, entre listas independentes ou partidárias, quem esteja e se mantenha fora desta lógica perversa de "jurassismo" autárquico ou "circo ambulante" de candidatos. Só deste modo demonstrarão os eleitores a sua maioridade política e poderão assim exercer uma crítica efectiva e consequente a este "estado de coisas".

sexta-feira, setembro 06, 2013

Friday midnight movie (53) - Sci-Fi (IX)


"Invasion of the Body Snatchers", de Don Siegel (1956)
Filme completo c/ legendas em português

BBC: a trilogia completa de Michael Dobbs - 3ª e última parte: "The Final Cut" (4/4 - estreia)

Como já se encontra disponível no You Tube, com legendas em castelhano, a produção da BBC da trilogia completa de Michael Dobbs ("House of Cards", "To Play The King", "The Final Cut"), o "Gato Maltês" irá repor (estamos em época de reposições) até ao final do mês a primeira parte ("House of Cards"), apresentada neste "blog" no passado mês de Junho, e estrear as duas partes seguintes, "To Play The King" e "The Final Cut". Não percam.

Famous European Cafés (2)





Antico Caffè Greco - Roma

"Menina não saia só" - homenagem a António Mafra (2)

"O Vinho da Clarinha"

quinta-feira, setembro 05, 2013

Eleições autárquicas e "Revolução Branca"

Não simpatizando nada com a criação de um género de "pool" de autarcas que vá rodando de município em município ao sabor das necessidades de cada partido e sem qualquer inserção local, devo dizer que o discurso populista e fascizante, anti-partidos e anti-políticos, de um primarismo arrepiante, do tal "Movimento Revolução Branca", grande impulsionador da limitação absoluta de mandatos autárquicos, me causa ainda maior, para não dizer total repulsa. Entre os vários Isaltinos ou Menezes e a auto-denominada "Revolução Branca", este país merecia mais e melhor.

Beethoven e Jos Van Immerseel (2)

Quinteto para piano e instrumentos de sopro em mi bemol maior op. 16
1. Grave-Allegro ma non troppo
2. Andante cantabile
3. Rondo, allegro ma non troppo

Piano: Jos Van Immerseel

Oboé: Paul Dombrecht
Clarinete: Elmar Schmid
Trompa: Piet Dombrecht
Fagote: Danny Bond

BBC: a trilogia completa de Michael Dobbs - 3ª e última parte: "The Final Cut" (3/4 - estreia)

Como já se encontra disponível no You Tube, com legendas em castelhano, a produção da BBC da trilogia completa de Michael Dobbs ("House of Cards", "To Play The King", "The Final Cut"), o "Gato Maltês" irá repor (estamos em época de reposições) até ao final do mês a primeira parte ("House of Cards"), apresentada neste "blog" no passado mês de Junho, e estrear as duas partes seguintes, "To Play The King" e "The Final Cut". Não percam.

O "Gato Maltês" recomenda...

...o único livro sobre futebol de um autor português realmente interessante e de leitura e reflexão obrigatórias para todos os benfiquistas

quarta-feira, setembro 04, 2013

4ªs feiras, 18.15h (45) - Western (VI)


"Warlock", de Edward Dmytryk (1959)
Filme completo c/ legendas em português

BBC: a trilogia completa de Michael Dobbs - 3ª e última parte: "The Final Cut"" (2/4 - estreia)

Como já se encontra disponível no You Tube, com legendas em castelhano, a produção da BBC da trilogia completa de Michael Dobbs ("House of Cards", "To Play The King", "The Final Cut"), o "Gato Maltês" irá repor (estamos em época de reposições) até ao final do mês a primeira parte ("House of Cards"), apresentada neste "blog" no passado mês de Junho, e estrear as duas partes seguintes, "To Play The King" e "The Final Cut". Não percam.

The Satellite/Stax records story (21)

The Del-Rios - "There's a Love" (1962)

Pedro Passos Coelho ou o efeito eleições autárquicas

terça-feira, setembro 03, 2013

BBC: a trilogia completa de Michael Dobbs - 3ª e última parte: "The Final Cut"" (1/4 - estreia)

Como já se encontra disponível no You Tube, com legendas em castelhano, a produção da BBC da trilogia completa de Michael Dobbs ("House of Cards", "To Play The King", "The Final Cut"), o "Gato Maltês" irá repor (estamos em época de reposições) até ao final do mês a primeira parte ("House of Cards"), apresentada neste "blog" no passado mês de Junho, e estrear as duas partes seguintes, "To Play The King" e "The Final Cut". Não percam.

"Menina não saia só" - homenagem a António Mafra (1)

"Abre a Pipa Beatriz"

O SLB no fecho do mercado

1. A primeira afirmação que se pode fazer sobre o plantel do SLB após o fecho do mercado é que estamos perante o melhor e mais equilibrado conjunto de jogadores dos últimos anos, embora, para tal, tivesse sido necessário perder nos Barreiros e ganhar "à rasca" ao Gil Vicente (duvido Oblak, Fejsa e Siqueira estivessem no plantel se os resultados e as exibições tivessem sido outros). Mesmo apesar da lesão de Salvio, uma baixa de peso, existem agora boas (ou pelo menos caras) opções para todos os lugares e alternativas credíveis, ou pelo menos aceitáveis, aos designados como "titulares". Ora vejamos:
  • Oblak é uma boa alternativa a Artur Moraes.
  • Sílvio e André Almeida são boas alternativas a Maxi Pereira. No caso de André Almeida, pergunto-me mesmo não será ele a melhor opção para o lugar.
  • Mantém-se o trio de centrais utilizado na época passada e Steven Vitória é certamente melhor e mais experiente alternativa do que Roderick ou Miguel Vítor.
  • Finalmente, existe uma opção credível para o lado esquerdo da defesa: Siqueira é um jogador com rotina do lugar e do futebol europeu, para além de preencher as características que um lateral deve ter para o futebol de Jorge Jesus.
  • No meio-campo existem agora alternativas a Matic (Fejsa) e a Enzo Perez (Amorim), podendo aí ainda actuar, em último recurso, André Almeida, já que, como sabem os que por aqui passam, não vejo em André Gomes qualidades para integrar o plantel principal.
  • Quanto ao meio-campo ofensivo e ataque, apesar da "baixa" de Salvio, as opções são muitas e variadas. Desnecessário será enumerá-las.
A estratégia (infelizmente tudo tem sempre dois lados) é conhecida: com este plantel a administração da SAD poderá afirmar ter dado ao treinador todas as condições para uma época bem sucedida, e se tal não acontecer restar-lhe-à apontar o responsável. Enfim, não sendo eu um grande entusiasta de Jorge Jesus, tenho de dizer que as coisas nem sempre são assim tão simples quando toca à repartição de responsabilidades

2.  O problema é que os maus resultados (quem não ganha tem mais dificuldades em valorizar e vender jogadores e sofre maior pressão dos adeptos para não o fazer), em conjunto com outras questões menos evidentes (perda de influência junto de empresários ou menor influência destes no mercado?), estão a dificultar a implementação do modelo de negócio que tem permitido o equilíbrio financeiro do clube. A não ser que o mercado russo ainda reserve alguma, pouco provável, surpresa, a ausência de um encaixe financeiro significativo é preocupante. Depois de ter afirmado que somente a partir da próxima época o SLB não seria obrigado a gerar mais-valias significativas com a venda de jogadores (embora não tenha explicado como nem porquê) Luís Filipe Vieira e a administração da SAD deveriam ser agora fortemente questionados sobre este assunto.

"Pés de burro"


O "Gato Maltês" tem uma autêntica paixão por "praires". Para quem não sabe, esta é a designação francesa para um molusco, bivalve, assim com o formato de um berbigão mas em grande e com as estrias no sentido da largura e que, como as ostras, se come cru com ou sem umas gotas de limão. Aliás, acha aqui o "Gato Maltês" que a melhor opção para comer berbigões, ameijoas e cadelinhas é igualmente no estado em que vieram ao mundo; pura e simplesmente abertos com uma faca forte e... zás. Pois... mas esta paixão pelas ditas "praires" tem sido sempre mal correspondida, pois se em França, durante os meses frios, fazem parte do cardápio de qualquer "brasserie" que se preze, em Portugal... nem vê-las, ao ponto de, até há um par de dias, desconhecer mesmo se existia nome indígena para a venus verrucosa, que é este o nome que se dá a tal coisa em latim. 

Mas entretanto parece a felicidade me está finalmente a sorrir. Na passada semana, "brincava eu aos pobrezinhos", dei com umas fotocópias da "Time Out" sobre a zona Tróia/Comporta que uns amigos precavidos se tinham lembrado de levar com eles. E, de repente, olhos mesmo as "saltarem das órbitas", eis senão quando dou com uma foto das ditas "praires" e a informação luminosa ao lado, bem explícita: o conhecido restaurante Ribamar, de Sesimbra (que até nem é dos meus favoritos, entenda-se), mas que agora tem uma extensão (subsidiária, filial, ramificação, sucursal, o que quiserem) na marina de Tróia, parece costuma servir, nos meses adequados, uma coisa a que os portugueses chamam "pés de burro" e que mais não são que as ditas "praires", ou venus verrucosa. Agora é falar para lá, deixar um contacto, aguardar pacientemente pelos meses frios e ficar à espera me telefonem quando os ditos "pés de burro" (que raio de nome) estiverem disponíveis, para que a minha paixão possa ser mais uma vez consumada, e desta vez em solo pátrio. Como vêm, isto de "brincar aos pobrezinhos" tem também as suas compensações...