quarta-feira, julho 31, 2013

4ªs feiras, 18.15h (45) - "Sword & Sandals" (V)

"Ercole alla Conquista di Atlantide" (aka "Hercules and the Captive Women"), de Vittorio Cottafavi  (1961)
Filme completo c/ legendas em português

Chansons historiques de France (6)

Pierre Dac - "Chant des Waffen SS" (1943/44)
Canção que satiriza as mais eminentes figuras do colaboracionismo, como Pétain, Laval e Darnand, bem como a tristemente célebre divisão francesa Charlemagne, das Waffen SS. A música utilizada é a do "Horst Wessel Lied", também conhecida por "Die Fahne Hoch", hino do NSDAP, partido nacional-socialista ou nazi.

terça-feira, julho 30, 2013

Passos Coelho: pode o Estado pagar "para fazer o que não é preciso"?


Pois está errado o senhor primeiro-ministro. Pelas funções muito específicas que desempenha, políticas, económicas e sociais, por não ser uma empresa nem dever ser gerido como tal, pela necessidade de prosseguir objectivos como assegurar o bem-estar geral e a coesão económica e social, pugnar pelo interesse geral dos cidadãos, etc, etc e ainda mais etecéteras que qualquer mediano manual de ciência política explica, o Estado é mesmo das poucas instituições numa democracia liberal que, por vezes e em determinadas circunstâncias, aqui e ali até eventualmente de forma permanente, pode e até deve mesmo "pagar para fazer o que não é preciso", o que não é, de modo algum, sempre sinónimo de esbanjamento dos dinheiros públicos. Antes pelo contrário: pode, por vezes, ser até sintoma de boa gestão política. Ficamos assim, senhor primeiro-ministro?  

Motor City (3)

Eddie Holland - "Merry-Go-Round" (Fevereiro 1959)

O negócio Roberto "contado às crianças e explicado ao povo"

Está agora bem à vista (se é que não esteve sempre) o modo como o SLB resolveu o "caso" do guarda-redes Roberto. Na realidade, ao afirmar que recuperou os direitos do jogador por incumprimento do contrato por parte do tal fundo BI Plan, o SLB deixa bem à vista que a venda do passe de Roberto Jimenez no ano passado não passou de um negócio fictício, para limpar a imagem do clube perante sócios, adeptos e "media", cujo "acerto/compensação" se terá realizado agora com a compra do passe do jogador Pizzi (imediatamente emprestado) e talvez também no ano passado com a transferência de Eduardo Salvio. Nome incontornável neste tipo de negócios, nos quais, aliás, o futebol e o desporto estão longe de deter o exclusivo, o do empresário Jorge Mendes, que até já teve direito a vídeo de promoção na SIC. .

No fundo, o que todo este imbróglio vem demonstrar é o enorme poder adquirido pelos empresários num mercado completamente desregulado e perante, por um lado, o "dinheiro novo" abundante que circula no futebol, ávido de promoção mas com enorme "déficit" de conhecimentos técnicos sobre o jogo e sobre esse mesmo mercado, e, por outro, a existência de muitos clubes em situação financeira frágil, como o são o SLB e o FCP, que para se manterem numa certa "alta roda" enveredaram por um "modelo de negócio" que acaba por ser bem sucedido, no curto-prazo, mas os deixa demasiado dependentes das "compras e vendas" e, portanto, completamente expostos aos "agentes FIFA" e a este tipo de negócios. Regulamentação, precisa-se.

segunda-feira, julho 29, 2013

"Va Pensiero", "Senso", o "Risorgimento" ou aprender com a História

Giuseppe Verdi - "Va Pensiero" (da ópera "Nabucco")

Não sou um "Verdiano". Costumo mesmo dizer que de Giuseppe Verdi prefiro o Requiem às óperas. Mas a Alda Telles teve a simpatia de me chamar a atenção para este vídeo em que o coro "Va Pensiero", da ópera Nabucco, é interpretado pelo Coro e Orquestra do teatro de Ópera de Roma dirigidos por Riccardo Muti. E a chamada de atenção da Alda (que agradeço) não tem fundamentalmente a ver com a qualidade interpretativa, embora esta esteja presente, seja excelente, e, acrescento, o mesmo acontecendo com a beleza plástica da cena. A razão da Alda Telles prende-se bem mais com a intervenção política de Muti (a partir dos 7'), recuperando uma tradição do "Resorgimento" quando as letras que compõem o apelido Verdi eram lidas como Vittorio Emanuele Re d'Italia e "Va Pensiero", o coro em que os escravos hebreus evocam a sua pátria, foi transformada numa canção patriótica, que, aliás, como as óperas de Verdi, que eram grandes êxitos populares, era cantado nas ruas e corria de "boca em boca". Penso que esta espécie de retorno ao "Risorgimento" dá bem a medida da situação política e social que se vive na Itália de hoje.

Por sinal, o vídeo não deixou de me fazer lembrar uma outra ópera de Verdi, "Il Trovatore", e a sequência inicial daquele que é seguramente um dos filmes mais operáticos da história do cinema, "Senso", de Luchino Visconti. É também aproveitando a representação de "Il Trovatore" num teatro La Fenice cheio de militares austríacos, então ocupando o norte da península, que os patriotas italianos desafiam o poder ocupante gritando "Viva Itália" e fazendo voar das galerias (a ópera era um espectáculo popular e os lugares nas galerias vendidos a preços relativamente acessíveis) panfletos de propaganda da sua causa. Qualquer semelhança com a actualidade, nos países do sul da Europa, talvez não seja apenas mera coincidência.

"Senso", de Luchino Visconti - excerto da sequência inicial

domingo, julho 28, 2013

Fernando Martins (1917 - 2013)

O que posso dizer sobre Fernando Martins é que esteve longe de ser um grande presidente na História do Sport Lisboa e Benfica. Sou mesmo de opinião que foi durante os seus mandatos e por erros da sua gestão que o "Glorioso" perdeu a hegemonia do futebol para o FCP. Teve o mérito de ter contratado Eriksson, claro, que tinha vencido a Taça UEFA com o IFK Göteborg, e isso faz parte dos seus activos, mas não soube capitalizar o regresso a uma final europeia e trocou uma grande equipa pelo aumento da capacidade do estádio quando tudo indicava o futuro pertencia já às televisões e a estádios mais pequenos e confortáveis. Para além disso, talvez ainda mais grave, estabeleceu um acordo ruinoso com o FCP de Pinto da Costa quando o SLB era ainda dominante financeira e desportivamente. Erros que ainda hoje estamos a pagar. 

Devemos-lhe, contudo, todos nós, benfiquistas, o respeito por quem tentou servir o clube o melhor que soube e com indiscutível dedicação.

A "espessura" de Seguro

António José Seguro acusa o governo de "não ser um governo de palavra", uma vez que "promete uma coisa e faz outra". Tem toda a razão o líder do PS: comparando as afirmações pré-eleitorais de Passos Coelho com a actuação do governo a que preside, a contradição é evidente e até o George W. Bush das "armas de destruição maciça" quase parece ter sido um um principiante na arte da manipulação. Mas tendo dito isto, o problema de Seguro é que sabendo nós o primeiro-ministro é mentiroso, nunca sabemos muito bem se o que diz o secretário-geral do PS é efectivamente o que ele pensa e se o que ele pensa é fruto das circunstâncias ou  tem mesmo a ver com as suas convicção e de princípios que assume, já que é perfeitamente capaz de anunciar o fim do mundo com o mesmo tom de voz e expressão com que poderia anunciar o seu contrário. Quer isto dizer que ao votarem Passos Coelho os portugueses sabem muito bem qual o (mau) "retorno de tal investimento", ao passo que se o fizerem em Seguro, podem ter o benefício da dúvida, sim, mas arriscam-se sempre a passar um cheque em branco. É que António José Seguro não tem "espessura", mas talvez tenha sido por isso mesmo que chegou a secretário-geral do partido.

Matiné de Domingo (36)

"12 Angry Men", de Sidney Lumet (1957)
Filme completo c/ legendas em inglês

A "União Nacional" de Massamá

Quero pensar - quero mesmo - que o apelo de Pedro Passos Coelho a uma "União Nacional" nada tem de desprezo pela democracia, de apelo ao esbatimento das naturais e saudáveis diferenças ideológicas e programáticas entre os portugueses. Quero pois acreditar nas convicções democráticas do primeiro-ministro e desta gente que nos governa, incluindo as do próprio Presidente da República. Quero acreditar, embora esteja longe de de assumir manifestações de fé e absolutas certezas.

Por isso mesmo, acho o que estas palavras de Passos Coelho denotam é uma enorme e escandalosa falta de conhecimentos e estudo da História das Ideias e de Cultura Política, o que não é exactamente o mesmo do que ter aprendido nas "jotas" os esgares da "petite politique", as "tricas" e a ciência das pequenas e saloias conspirações de poder das concelhias e distritais. Infelizmente, neste campo está o político de Massamá bem mal acompanhado, quer por gente da sua geração, dentro e fora do seu partido (Seguro navega nas mesmas águas), quer por gente, como Cavaco Silva, para quem esse tipo de leituras e aprendizagem deve constituir pouco menos do que um longo bocejo e enorme maçada. Se lhes juntarmos gente como Moedas e Borges, formados em escolas de excelência técnica mas onde se despreza a política ou esta passa muito ao largo, temos cozinhado o "caldo de cultura" que nos vai governando e mantendo à míngua. No fundo, talvez um curso parisiense de filosofia e ciência política não lhes fizesse assim tão mal.

sábado, julho 27, 2013

O "Gato Maltês" recomenda

Para os que passam a vida a atacar os "políticos", o "regime", a subalternizar o parlamento e a falar da necessidade de uma qualquer "União Nacional", o "Gato Maltês" recomenda muito este livro do historiador Fernando Rosas. Está lá tudo o que é preciso para percebermos o que está em causa. Cito, por exemplo: "mais imediato e vulgar... no duro combate político e ideológico contra a Primeira República, era o ataque e demonização da «política» e dos «políticos», entendidos como expressão emblemática dos males do «demo-liberalismo». Mas a verdade é que a alternativa nacional-corporativa à «política da desordem» se fazia em nome, não da ausência de política... ..., mas da urgência de fundar ou manter uma verdadeira «política nacional», a única que haveria de ter lugar no Estado Novo.". E, para os mais preguiçosos, devo dizer as suas 367 páginas se lêem num ápice, mesmo entre dois mergulhos na praia.

Documentário de sábado (12 - f)

"In The Highest Tradition" (6/6)
"First transmitted in 1989, this is the fifth in a six-part series which delves into the world of regimental tradition. It features stories about the Grenadier Guards, the favourite tipple of the Queen's Lancashire Regiment and how the King's Own Scottish Borderers made porridge palatable."

sexta-feira, julho 26, 2013

Friday midnight movie (52) - Gothic/Horror (IX)


"The Gorgon", de Terence Fisher (1964)
Filme completo c/ legendas em português

Três breves notas sobre a pré-época do SLB

  1. Continua o mesmo frenesim com pouca cabeça, a muita correria com o menor rigor do costume. Mas isso faz parte do modelo de jogo de Jorge Jesus, para o bem e para o mal. Pode alguém ser quem não é?
  2. Sulejmani e Djuricic parecem ser mais jogadores de "posse", talvez úteis no chamado ataque posicional", quando é preciso fazer circular a bola, mas menos à vontade no habitual futebol rompedor, de transições rápidas, de Jorge Jesus. Por isso, a equipa parece ressentir-se, no seu futebol, quando não estão Sálvio, Gaitán e até Ola John.
  3. O SLB viciou-se demasiado, durante muitas épocas, na existência de um avançado posicional, um "pivot" de área como Oscar Cardozo, que me parece essencial para o modelo de jogo adoptado por Jorge Jesus, muito diferente do perfilhado pelo FCP, por exemplo. Quando Quique Flores tentou prescindir de Cardozo, com um modelo de jogo que o "dispensava" em favor da mobilidade e rapidez de David Suazo, os problemas surgiram. Old habits die hard e a equipa está também agora a sentir dificuldades em assimilar a inexistência desse "pivot", mesmo que fazendo pequenas adaptações em alguns dos seus princípios de jogo.

quinta-feira, julho 25, 2013

Catch the Wave (11)

The Revels - "Comanche"

Pensamento do dia: desemprego e despesa pública

Diminuir o período de tempo com direito a recebimento do subsídio de desemprego e o seu valor tem como objectivo incentivar o regresso ao mercado de trabalho? "Bullshit"!: todos sabemos, e os governantes e a "troika" por maioria de razões, tal tem um efeito apenas marginal, só funcionando num pequeno número de casos. O objectivo é claro e é bem outro: sendo, para os radicais que actualmente nos governam, o desemprego muito elevado um efeito colateral inevitável, e até desejável, da chamada "restruturação" (ou "ajustamento"), baixar ou não aumentar demasiado o valor da factura global que o Estado tem a pagar nesta área, diminuindo assim a despesa pública, torna-se indispensável. O resto é retórica pura e dura. 

quarta-feira, julho 24, 2013

4ªs feiras, 18.15h (44) - Western (V)


"Man From Del Rio", de Henry Horner (1956)
Filme completo c/ legendas em português

Motor City (2)

Wade Jones - "Insane" (Janeiro de 1959)

Rui Machete e a "vox populi"

Não conheço Rui Machete e não sei das suas aptidões pessoais e profissionais. Por isso mesmo, parto do princípio é pessoa honesta e profissional competente, além de me parecer um tipo discreto, o que vale o que vale. Para além disso, tem vasta experiência política (o que é constatável) e poderá ter a sabedoria que se costuma atribuir à idade, o que veremos. 

Mas tendo dito isto (os pros) vêm agora os cons: nomear para um cargo ministerial alguém que exerceu funções de responsabilidade no grupo SLN/BPN, independentemente da sua culpabilidade no caso de polícia que por lá se passou, só fragiliza o próprio, as funções que irá exercer, o governo no seu todo e a imagem dos políticos. Esta gente não aprende e, provavelmente, quer fazer jus à vox populi de que não tem emenda. Porque é que o senhor não se dedica a gozar uma simpática e com certeza bem merecida reforma?

segunda-feira, julho 22, 2013

Motor City (1)

Wade Jones - "I Can't Concentrate" (1959)

Ainda 2 notas sobre o tal "compromisso"

  1. Tenho ouvido frequentemente como justificação para a bondade do tal compromisso de "salvação nacional" o argumento que a maioria dos portugueses o desejaria. Por exemplo, Paulo Baldaia afirmou-o ontem na sua TSF. Partindo do princípio que tal é verdadeiro, isto é, que a maioria dos portugueses desejaria tal acordo se concretizasse, convém lembrar que, felizmente, não vivemos numa democracia plebiscitária ou referendária, mas representativa, na qual, portanto, os cidadãos delegam, em função dos programas políticos apresentados, os seus poderes naqueles que pretendem assumir essa sua representação. Ora não me parece qualquer dos partidos representados na Assembleia da República assumisse esse compromisso como parte do seu programa eleitoral. Já agora: se a maioria dos cidadãos fosse a favor da introdução da pena de morte ou da prisão perpétua (e não estou certo o não seja), isso justificaria tais penas fossem adoptadas? É que uma das razões para a existência da democracia representativa, em que a vontade popular é, digamos assim, mediatizada, é exactamente evitar pulsões populistas e decisões apenas conjunturais, impulsivas ou demasiado ditadas pelas emoções do momento.
  2. Também não me parece colha a ideia de que se António José Seguro terá forçosamente de adoptar, quando for governo, algumas das políticas agora defendidas pela coligação PSD/CDS, devesse subscrever desde já um compromisso onde essas medidas constassem. Em primeiro lugar, porque até 2015 muita água irá correr sob as pontes e, assim, não podemos ter a certeza de qual a correlação de forças a nível europeu nessa data. Em segundo lugar, é diferente o PS ceder agora a PSD e CDS ou apresentar-se ao eleitorado em 2015 com as suas ideias, que negociará com os credores e seus representantes, mesmo que, como se prevê, seja então obrigado a recuar em algumas das propostas que tem apresentado. Desde que o explique convenientemente, claro.

sábado, julho 20, 2013

Eleições ou governo reconduzido?

Independentemente da minha condição de parlamentarista me levar a privilegiar o Presidente da República dê posse ao actual governo remodelado, saído directamente da Assembleia da República, devo também fazer notar que, ao contrário dos argumentos que aconselham a marcação de eleições antecipadas, que são todos, ou pelo menos maioritariamente, de natureza subjectiva (fragilidade da coligação, contradições entre CDS e PSD, etc, etc), todas as as condições apontadas para a recondução do governo (maioria parlamentar clara, ausência de uma alternativa mais estável de governo que possa sair de próximas eleições, apoio da UE,  situação dos mercados) são de carácter claramente objectivo. Digamos que, gostemos ou não do actual governo e partilhemos ou não dos pressupostos ideológicos em que assenta a sua política (não partilho), isto faz toda a diferença. 

Documentário de sábado (12 - e)

"In The Highest Tradition" (5/6)
"First transmitted in 1989, this is the fifth in a six-part series which delves into the world of regimental tradition. It features stories about the Grenadier Guards, the favourite tipple of the Queen's Lancashire Regiment and how the King's Own Scottish Borderers made porridge palatable."

sexta-feira, julho 19, 2013

Friday midnight movie (51) - Jess Franco (III)

Filme completo c/ legendas em francês

Muito bem, Seguro

Seguro, muito bem. Une o PS, defende a autonomia dos partidos e a democracia parlamentar das tendências presidencialistas e das tentações "cesaristas" e pode ter dado um passo importante para ganhar o país. Por outro lado, obriga o Presidente da República a tomar a decisão que, de acordo com a Constituição, lhe compete: uma vez que, quanto a mim com razão, não vê razões para dissolver a Assembleia da República, empossar o governo remodelado ficando a ele e à sua actuação indissoluvelmente ligado.

Norm Eastman (8)

Seguro: "disposto a tudo"?

Ao mesmo tempo que Pedro Passos Coelho fortaleceu ontem a sua posição negocial no tal acordo "dito" de "salvação nacional", António José Seguro, em vez de aproveitar a sua posição de fragilidade no seio do partido para forçar um acordo que lhe pudesse ser mais favorável, invocando que só maiores cedências de PSD e CDS lhe permitiram fazer vingar a sua posição no interior do PS, manifesta publicamente, se lermos nas "entrelinhas" estas suas afirmações, uma posição de quem está mais ou menos "disposto a tudo" para "fechar o negócio". Enfim...

O "dies horribilis" de Seguro

António José Seguro não reage com o silêncio ás declarações de ontem de Passos Coelho  no Conselho Nacional do PSD (de facto, uma comunicação ao país onde o primeiro-ministro e líder do PSD reassumiu o papel central da conjuntura política) por não querer "perturbar o processo de negociações". Seguro, ao contrário de Passos Coelho que se sente relativamente confortável nessas negociações, prefere o silêncio porque sabe a sua posição é controversa dentro e fora do partido, porque se sente inseguro e incomodado com o papel que assumiu e não sabe muito bem como sair dele. Ao manter o silêncio, Seguro não está a enviar uma qualquer resposta ao discurso de Passos Coelho, que claramente teve como objectivo pressionar o líder do PS e "marcar território", mas sim a evitar quaisquer declarações que possam incendiar ainda mais o ambiente no interior do partido ou a dar origem a uma qualquer resposta pública por parte de algum dos seus dirigentes que se opõem ao "compromisso" nos termos em que ele foi equacionado pelo Presidente da República. Entre a moção de censura dos "Verdes", a atrapalhação do seu "sidekick" Zorrinho no parlamento, o "discurso à nação" de Passos Coelho e as declarações de António Costa na apresentação da sua candidatura a Lisboa (onde o peso do socialismo se fez sentir) e na "Quadratura do Círculo", Seguro teve ontem o seu "dies horribilis".  E bem fez por o merecer.

quinta-feira, julho 18, 2013

Ragtime (3)

Scott Joplin - "The Ragtime Dance" (1906)

Cavaco Silva: para memória futura

Neste momento em que o Presidente da República força um acordo entre PS, PSD e CDS e em que tantos "rasgam as vestes" pelo "consenso", o "compromisso" e tão preocupados parecem com a "salvação nacional", convém perguntar onde estavam e o que fizeram quando, em pleno "pico" da crise e sem maioria absoluta, o PS de José Sócrates cometeu o seu maior erro político, aceitando formar governo sem um apoio claro e maioritário na Assembleia da República. Esse sim, teria sido, ditado pelas circunstâncias, o tempo que tornava indispensável um acordo entre PS e um ou os dois partidos à sua direita para que se conseguisse obter a tal estabilidade e coesão necessárias para enfrentar a crise. Mas nessa grave conjuntura, muitos dos que agora quase impõem o tal "consenso", incluindo o próprio Presidente da República, preferiram dedicar-se a conspirar contra o governo e a provocar a sua queda, tendo inclusivamente Cavaco Silva não hesitado em dar posse a um governo nessas precárias condições. Incoerência que é, infelizmente, muito habitual, e nada que não aconteça independentemente dos actores políticos de circunstância. Mas convém deixar aqui bem expresso para memória futura.  

Analfabetismo político

"Personalidades assinam manifesto a pedir entendimento entre os partidos"


Mas entendam-se em que base e para quê? Com que estratégia e para aplicar que políticas? Com que objectivos? Em torno de que ideologia e/ou de que medidas? Para aplicar o MoU? Para o rever? Para o combater ou "rasgar"? Não, não é que não possam ou não devam entender-se, mas é só isso? Só há "prós" e não há "contras"? É apenas assim a modos que "sejam amigos" e "entendam-se, prontos"?. Esta gente sabe o que diz, o que propõe e o que faz? Francamente, tanto analfabetismo e falta de formação políticos de comentadores, jornalistas, senadores, empresários e etc, começa a irritar-me profundamente.

quarta-feira, julho 17, 2013

4ªs feiras, 18.15h (43) - Bergman (III)


"Persona" (1966)
Filme completo c/ legendas em português

Uma história simples à volta de um tema de Jackie Wilson

Jackie Wilson - "Right Now"

Não sou propriamente um aficionado de Jackie Wilson. Ou um "fã", se quiserem. Longe disso. Tenho para ali umas colectânea em vinil e outras tantas em CD e é tudo. Mas se existem músicas da vida, ele há uma, quase desconhecida, de Wilson, que bem pode enfileirar nos meus temas de cabeceira, pelo menos se a lista for bastante longa. O que é curioso é que o tema não faz parte de nenhuma das suas listas de "êxitos", das colectâneas mais conhecidas ou até dos "singles" e álbuns de referência. Lembro-me de ter tido o disco ("single" ou "EP", vá lá saber-se) nos meus "early teens", de o ouvir com frequência e de ele ter dado sumiço, como tantos outros, nas "festinhas" de garagem. Aqui pela "parvónia", nem vê-lo e, descobri depois, mesmo nas Londres, New York ou Paris deste e de outros mundos não era fácil descobri-lo. Acabou por acontecer aí pelos "late eighties", numa das minhas então frequentes visitas à Alemanha. Encontrei-o - em vinil, claro -, integrado numa colectânea da Rhino, numa excelente loja de discos que existia em Colónia e dava pelo nome de Saturn, onde me abastecia regularmente. Mesmo agora, em plena época da internet, a informação sobre o tema é escassa ou inexistente. Mas recorrendo à capa do disco, fiquei pelo menos a saber que se trata de um tema do primeiro álbum de Jackie Wilson, "He's So Fine" (nada a ver com o controverso tema das Chiffons), datado de 1958 e composto por uns tais Dick Wolf e Randy Starr, fui depois ver, nada de gente especialmente importante nestas coisas da música popular. Mas como o "You Tube" é fantástico, digam lá se me dão ou não razão, ou seja, se o tema não vale bem mais que todos os "Reet Petite" deste mundo?

A "estratégia da aranha" presidencial e os partidos políticos

  1. Cercados por um Presidente da República com tendências "cesaristas", sem formação de democrática e para quem a democracia tem um carácter puramente instrumental (do tipo "chewing gum": mastiga enquanto tem sabor e depois deita fora); uma chamada " sociedade civil" fraca, sem tradições democráticas ou participativas  e onde o populismo encontra solo fértil para se desenvolver; uma crise económica e financeira internacional que, como é habito, atingiu preferencialmente os mais fracos (cidadãos e países); e pelos seus enormes e inúmeros erros, os partidos políticos sairão desta semana de negociações, com ou sem acordo final, ainda mais fragilizados. Até pode acontecer que, no caso de acordo, pensem o contrário, mas perderão a sua autonomia, num regime sob tutela presidencial, e ficaram à disposição de quaisquer outras exigências futuras, quer do populismo, quer deste ou qualquer outro "cesarismo" mais ou menos suave: amanhã, um dia, alguém lhes exigirá a cabeça. Esta semana - repito, quer haja ou não acordo - a democracia e o caminho de Portugal no sentido de aproximação às nações civilizadas sofrerá pesada derrota.
  2. Não sou constitucionalista, nem sequer jurista e aceito por isso a unanimidade dos constitucionalistas que afirmam estar a actual situação conforme a Constituição. Mas falando puramente em termos políticos, o que está em curso é uma espécie de tentativa de "golpe de Estado" constitucional, em versão soft core, que acentuará a vertente presidencialista do regime e esvaziará, pelo menos parcialmente e com o consentimento dos chamados "partidos do arco da governação", o papel da Assembleia da República e dos partidos. Percebe-se agora melhor a acção de Cavaco Silva - em conluio com Carlos Costa - desde o primeiro governo de José Sócrates, tentando enfraquecer e afastar o único líder partidário forte e também único obstáculo sério a estas suas intenções. A seu tempo (aqui e aqui) o fiz notar.
  3. Haverá acordo? Bem, não tenho dons de pitonisa, embora ache, e ao contrário do que muito gente afirma, que a racionalidade não anda assim tão ausente dos acontecimentos em curso (basta ler os dois primeiros pontos deste "post"). Arrisco dizendo que o mais provável será um certo acordo de "fachada", sem grande conteúdo, ou pelo menos muito parcial. Colocando-me no lugar dos partidos em causa e no modo como pensam a política, parece-me ser a solução que acham estará mais perto de lhes salvar a face e de minimizar as perdas eleitorais. Enfim, será a vitória dos fracos, mas a partir do momento em que se deixaram enredar na teia pacientemente tecida por Belém, nada de muito diferente será de esperar. Eu é que espero bem estar enganado.   

terça-feira, julho 16, 2013

"ab origine" - esses originais (quase) desconhecidos (43)

"Hound Dog" (Jerry Leiber - Mike Stoller) - o original de Willie Mae "Big Mama" Thornton (gravação de 1952 editada no ano seguinte)

A bem conhecida versão de Elvis Presley (1956), o seu disco mais vendido de sempre (10 milhões de cópias)
(Nota: prefiro, sem dúvida, o original)

segunda-feira, julho 15, 2013

Arthur Boyd Houghton & "The Arabian Nights" (4)

The King Discovers the Dead Body of His Son

Tango aus Berlin (16)

Hans Söhnker - "Unter den Pinien von Argentinien"

Do "interesse nacional"

Ora vamos lá ver se nos entendemos, "clarinho, clarinho para militar perceber". Numa sociedade aberta, plural e democrática, os partidos políticos representam interesses e ideologias, diferentes entre si, e tal é da essência da democracia, não existindo qualquer problema em que tal aconteça. Por vezes, esses interesses e ideologias são de tal modo contraditórios e irreconciliáveis, conjuntural ou estruturalmente, que não existe qualquer hipótese de compromisso entre eles; outras vezes, tal é possível e surgem pactos, sejam eles explícitos ou tácitos, acordos, governos de coligação, etc, etc. Por exemplo, na sociedade portuguesa tem existido um compromisso tácito entre PS, PSD e CDS em torno da democracia liberal e da integração na UE e na moeda única,  tidos como de "interesse nacional", sendo que tal é contraditório com aquilo que o PCP e em certa medida o BE defendem para o país. Outro exemplo: existem contradições claras entre o PS e o actual PSD no que refere a importância  e a natureza do "estado social" e o papel que este deve assumir na estruturação da sociedade portuguesa, ou sobre o grau de "austeridade" compatível com o que cada um dos partidos define como sendo o "interesse nacional". Tudo isto, como disse, faz parte da essência da democracia e é tão positivo e digno de louvor existirem acordos conjunturais sobre certas matérias como tal não acontecer. Melhor: a existência de um certo grau de contradição e conflitualidade é mesmo essencial para que uma sociedade "respire" e progrida, devendo esses conflitos ser expressos e dirimidos através dos mecanismos do Estado de Direito Democráticos: voto, liberdade de expressão, associação e manifestação, liberdade sindical, livre iniciativa, independência judicial, etc, etc. Mas o que não existe, de modo algum, é um qualquer "interesse nacional" definido sabe-se lá por quem e acima da pluralidade social e dos interesses contraditórios de cada grupo, classe ou conjunto de classes sociais. Quando alguém, eleito ou não, que se assume como colocado acima desses interesses, define, de modo arbitrário, o que é o interesse nacional e de que modo ele é representado, estamos a deixar o campo da democracia e a resvalar, mais ou menos rapidamente, de modo explícito ou implícito, para uma qualquer ditadura ou totalitarismo. Que não se esqueça.

domingo, julho 14, 2013

Pré-época

Ao longo de já muitos anos de bola" e de muitas pré-épocas, passei a dar o devido valor, em termos de exibições individuais, aos chamados "jogos de preparação". Criei, mesmo, uma categoria especial de jogadores, que passei a designar por "craques de pré-época", capazes de grandes exibições nesses jogos mas que, iniciados os jogos "a doer", se somem pelo "buraco do ponto" sem deixar rasto. Lembro-me, por exemplo, e falando do meu "Glorioso", de Roger, de um tal Beto ("trinco") e, mais recentemente, de Carlos Martins (quem quiser pode acrescentar mais nomes), que Jorge Jesus, avisado mas para protesto de muitos, retirou da equipa logo no primeiro jogo a sério. Isto porque os jogos de pré-época são disputados a um ritmo e com uma intensidade muito diferentes, são bem menos "rasgadinhos", com marcações mais "largas" e onde o espaço e o tempo, normalmente "pela hora da morte", abundam. Acresce que muitos dos adversários das melhores equipas pertencem aos escalões secundários e outras apresentam-se com graus de preparação mais atrasados, o que torna as avaliações muito difíceis. Já em termos de princípios, modelos e sistemas de jogo o caso é diferente, e já é e deve ser possível, com maior rigor, verificar como vão jogar as equipas. Por exemplo, já deu para ver que Jorge Jesus, com ou sem Cardozo, vai efectuar uma ligeira alteração ao sistema de dois "pontas de lança" prevalecente na época passada, optando por jogar preferencialmente com um número nove (que será normalmente Lima, mais móvel que Cardozo) e um, digamos, "nove e meio" (Djuricic? Sulejmani, Markovic?)

Por isso mesmo, não esperem de mim grandes entusiasmos ou decepções com as exibições de ontem de Sulejmani e Djuricic (lê-se "diuridzitch"), Lisandro ou Markovic. Quando for a sério, logo se verá. Do que vi ontem, curiosamente, foi um erro, e não qualquer jogada ou toque pessoal de "génio", que me assustou: o modo como um tal Bruno Cortez deixou um medíocre jogador suiço da 2ª ou 3ª divisão fazer um "sprint" de 50 metros e acabar a marcar um golo. Foi cá um calafrio!... 

Matiné de Domingo (34)


"On The Beach", de Stanley Kramer (1959)
Filme completo c/ legendas em inglês

sábado, julho 13, 2013

Documentário de sábado (12 - d)

"In The Highest Tradition" (4/6)
"First transmitted in 1989, this is the second in a six-part series which delves into the world of regimental tradition. This film includes the story of Millie the Mule and just why a rose is still eaten, raw, in one battalion's mess. It also features the 'White Helmets' a team of motor cycle stunt riders. One team of retired soldiers has an average age of 74 years but they still meet up to perform stunts in front of their successors."

sexta-feira, julho 12, 2013

Friday midnight movie (50) - Sci-Fi (VIII)


"The Day of the Triffids", de Steve Sekely (1962)
Filme completo c/ legendas em castelhano

"Les uns par les autres" - os melhores "covers" de temas tornados famosos pelos seus autores (16)

"Then He Kissed Me" (Phil Spector - Ellie Greenwich - Jeff Barry) 
A versão original das Crystals com La La Brooks (Setembro de 1963)


A versão dos Beach Boys, com Al Jardine como "lead singer", incluída no álbum Summer Days (And Summer Nights) - 1965

Sonny & Cher gravaram o tema em 1965

O governo a três ou o último acto da conspiração de Belém

Ora vamos lá ser claros e deixar-nos de subterfúgios: propositadamente ou não, em conluio ou sem ele, com ou sem intenção (não faço ideia e julgo apenas os actos), o que está em curso, de facto, esta semana - e digo-o depois de ter ouvido as primeiras intervenções de hoje de Pedro Passos Coelho no debate na Assembleia da República - é uma tentativa, ao que parece nascida em Belém e com a adesão da actual maioria, de condicionar e, como resultado disso, levar a prazo à desagregação o Partido Socialista, impedindo assim o chamado centro-esquerda, a social-democracia ou que mais se parece com ela, de chegar ao governo em Portugal  e de, a nível europeu ou pelo menos dos países em dificuldades ou sob resgate, alguma vez vir a constituir uma alternativa, ou, pura e simplesmente, apresentar-se como partido de alternância, à politica actualmente dominante no continente. Por muitos e enormes erros que o PS tenha cometido - e foram muitos e variados -, por muito ou pouco que nos identifiquemos com a sua actuação, princípios e valores (não sou militante, nem sequer simpatizante e tenho aqui discordado frequentemente do seu comportamento) estamos agora, embora por outros meios, neste caso aceitáveis porque estritamente de ordem política, perante, nos fins que se pretende atingir, a sequência de acontecimentos como o "caso Freeport", as alegadas "escutas", a prisão de Paulo Pedroso, os boatos sobre Ferro Rodrigues, as intervenções de Cavaco Silva durante os governos de José Sócrates, etc, etc. Uma estupidez, porque o definhamento do PS iria deixar o regime bloqueado e à beira da implosão? Sem dúvida. Mas convém lembrar não só que já não são assim tão poucas as vozes a clamar por uma mudança de regime num sentido menos ou nada democrático, como a História, mesmo a recente, está cheia de actos e acontecimentos estúpidos cujos resultados acabaram por se virar contra os seus autores.

Em função disto que pode o PS fazer? Se nada de muito relevante alterar o actual estado de coisas, pode e deve negociar, colocar em cima da mesa condições razoáveis mas que sabe, no limite,serem inaceitáveis à luz do actual resgate, do pensamento de Belém e da maioria (40 horas de trabalho, corte dos 4 mil e tal milhões, etc), "marcar o seu território" e sair das negociações na altura mais propícia e perante a não aceitação de propostas que lhe permitam ser apoiado maioritariamente pela opinião pública nessa sua decisão. Mas acho que já estou a ensinar o padre nosso ao vigário". Ou será que não? 

quinta-feira, julho 11, 2013

Cavaco Silva: um apelo ao bloqueamento institucional

Não precisando o governo dos votos do Partido Socialista na Assembleia da República; não tendo este partido qualquer influência na "rua" e mantendo-se esta sem agitação; mostrando a UGT, central sindical que o PS influencia, moderação e abertura ao diálogo, não se percebe muito bem em que medida uma qualquer sua chamada a apoiar ou integrar um governo poderia contribuir para melhorar a situação política, económica e social. Excepto, claro está, se a ideia for conduzir este partido à desagregação e o país a um ainda maior bloqueamento político e institucional. Mas de Cavaco Silva, político medíocre e personalidade mesquinha, já só se espera o pior.

Grand Prix (12) - Boavista (VI)


O discurso de Cavaco e a urgência do parlamentarismo.

A enorme confusão e incerteza saída ontem do laboratório de ideias de Belém (quem aconselhará o Presidente?), quando, concorde-se ou não com o seu conteúdo e com as políticas prosseguidas pelo actual governo (e eu, em grande parte, não concordo), os tão vilipendiados partidos políticos, mesmo que apenas após triste espectáculo, tinham conseguido encontrar entre si uma solução com claro e relativamente estável apoio parlamentar maioritário, o benefício da dúvida de parceiros sociais (com a habitual excepção da CGTP), o apoio europeu e dos credores e a não oposição explícita de de cerca de metade dos portugueses, vem mais uma vez demonstrar que o regime semi-presidencialista, longe de ser um factor de equilíbrio democrático e da função presidencial constituir um poder de moderação na sociedade portuguesa, é, inversamente, factor de instabilidade e incerteza, contendo ainda em si os genes da perversão da democracia e das pulsões cesaristas e autoritárias. Confirma ainda, se tal necessário fosse, os perigos inerentes aos orgãos de Estado de características unipessoais, cuja acção, sem os "checks and balances" previstos, por exemplo, no sistema político americano, é sempre de difícil controle e se torna demasiado dependente de personalidades, perfis, estados de alma e aptidão ou inépcia política, estrutural ou momentânea, de quem os ocupa.

Nota: Já agora... Querer "atrelar" o Partido Socialista, nas actuais circunstâncias, a uma qualquer solução de governo, deixando a contestação a cargo exclusivo de PCP e Bloco de Esquerda e contribuindo assim para a degradação acelerada de todos os partidos do chamado "arco da governação", é indiciador da maior cegueira política a que alguma vez me foi dado assistir. Será que a estupidez política desta gente (Cavaco Silva, Carlos Costa,  "troika", tecnocracia dominante, etc, etc) não tem limites?

quarta-feira, julho 10, 2013

Cavaco Silva e o seu espelho mágico

Pergunta: teria sido muito difícil a Cavaco Silva ter-se limitado a dizer, aliás na sequência de algumas suas afirmações anteriores, que existindo uma maioria na Assembleia da República, não se terem manifestado maioritariamente os parceiros sociais em favor de eleições antecipadas e sendo difícil prever o PS pudesse apresentar uma solução governativa sólida saída de eleições, o Presidente da República não via razão para não reconduzir a actual maioria? Muito difícil não teria sido, e eu até lhe daria razão, mas acarretaria consigo, muito possivelmente, uma degradação da imagem de Cavaco Silva por via de uma sua ainda maior colagem a um governo impopular. Por isso, e achando não existiam condições sólidas para a convocação de eleições (o que eu entendo), Cavaco Silva optou pela velha, relha e sempre popular (ou diria antes populista?) solução do taxista, da "união nacional", do "consenso", "dos partidos têm é que se entender" e por aí fora. Deste modo, estou convencido em próximas sondagens se assistirá a alguma melhoria das opiniões dos portugueses sobre o actual Presidente da República, mas os perigos para a tão propalada "estabilidade" e para uma democracia que Cavaco Silva parece querer pôr entre parênteses, são claros e evidentes."Espelho meu, há melhor político do que eu"?  

4ªs feiras, 18.15h (42) - Western (IV)


"7th Cavalry", de Joseph H. Lewis (1956)
Filme completo c/ legendas em português

terça-feira, julho 09, 2013

Cavaco encurralado

Com o pedido de eleições antecipadas restringido à esquerda radical, comunista, CGTP e um PS não demasiado convicto e que não oferece qualquer garantia governativa, muito menos uma alternativa programática clara; com as pressões da União Europeia, dos credores e dos mercados; com a opinião do governador do Banco de Portugal e de uma esmagadora maioria dos economistas, pensemos deles o que quisermos - e eu não sou um entusiasta; com, ao que parece, um novo ministro da Economia que conhece bem o tecido empresarial português e é bem aceite pelos empresários, podemos também pensar o que quisermos de Cavaco Silva (e eu penso bastante mal), mas no seu lugar só um louco não aceitaria a nova proposta de Coelho/Passos e convocaria eleições. Neste caso específico, não serei eu a atirar-lhe a primeira pedra nem a pedir-lhe responsabilidades quando tudo der para o torto, que é o que temos por mais certo.

The Satellite/Stax records story (20)

The Mar-Keys - "What's Happening (1962)

As capas de Cândido Costa Pinto (88)

Capa de CCP para o nº 11 de "Vampiro Magazine"
Colaboração de João Pinheiro de Almeida

A perda de soberania

Quando um país perde a sua soberania, em parte ou na totalidade, existem duas atitudes a tomar. Uma é o conformismo, ou até o entusiasmo perante a nova situação porque isso nos convém, por afinidades ideológicas e programáticas com o novo "poder" ou porque dessa perda de soberania julgamos poder tirar algumas vantagens materiais. Outra é tentarmos lutar contra isso mesmo que tal nos pareça inútil, as oportunidades sejam escassas, os sacrifícios muitos, os ganhos nos pareçam irrelevantes e o resultado final duvidoso. A Europa do século XX está cheia de exemplos de povos que perderam essa soberania e de cidadãos que escolheram uma ou outra dessas opções. Hoje, sabemos de que modo a História valoriza uns e outros, uma ou outra atitude.

sábado, julho 06, 2013

Paulo Portas: uma derrota estrondosa

Paulo Portas, que desde a chamada crise da TSU sempre tentou descolar do governo a que pertencia (o facto de ser ministro dos Negócios Estrangeiros dava-lhe margem para tal), o que culminou com a sua demissão desta semana, fica agora responsável pela coordenação económica, pelas relações com a "troika" e pela reforma do Estado (leia-se, pelos "cortes"). Mais ainda, ficou confirmada a apresentação de listas conjuntas às eleições europeias do próximo ano. Significa isto que  Passos Coelho e o PSD amarraram completamente Paulo Portas e o CDS a este governo, à sua actuação e aos seus resultados. Também às consequências eleitorais que daí possam advir. Deste modo, Paulo Portas deve ter tido hoje a maior derrota política da sua vida, o que, aliás, me pareceu bem visível na "cara de enterro" que  o acompanhou durante toda a conferência do Hotel Tivoli. 

Documentário de sábado (12 - c)

"In The Highest Tradition" (3/6)
"First transmitted in 1989, this is the second in a six-part series which delves into the world of regimental tradition. This film includes the story of Millie the Mule and just why a rose is still eaten, raw, in one battalion's mess. It also features the 'White Helmets' a team of motor cycle stunt riders. One team of retired soldiers has an average age of 74 years but they still meet up to perform stunts in front of their successors."

sexta-feira, julho 05, 2013

Friday midnight movie (49) - Zombie (II)

"Messiah of Evil", de Willard Huyck  (1973)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Consenso?

Querer estabelecer o tal "consenso alargado" em torno de um programa radical e vanguardista, como o é o dos credores e da troika", é uma espécie de "quadratura do círculo", uma impossibilidade política. Pior: como tem acontecido tantas vezes ao longo da História, esse consenso tenderá estabelecer-se mas na oposição a esse programa, que é o que tem vindo agora a acontecer também em Portugal. Esse é de facto o problema de fundo, a raiz "de todos os males" e é dessa impossibilidade que nasce a instabilidade política e governativa actual. E insisto: não perceber isto é mesmo não perceber absolutamente nada do que se está a passar. 

"Senadores"?

Cavaco Silva quer ouvir "senadores"? Quais, com que legitimidade, como os define e quem representam? Constitucionalmente deve ouvir partidos políticos e percebo, na actual conjuntura, ache indispensável ouvir sindicatos e associações patronais, que representam trabalhadores e empresários e cujas direcções foram eleitas pelos seus associados. Também o governador do Banco de Portugal, cargo de nomeação governamental. Mas "senadores"? Segundo a Constituição, o orgão de consulta do Presidente da República é o Conselho de Estado, ou não é assim?

Reféns dos mercados?

Não, até por formação profissional não nego a importância dada aos mercados na situação que Portugal atravessa. Mas tal é diferente, muito diferente, de considerar os mercados como únicos ou quase únicos destinatários dos actos políticos e/ou da governação, reduzindo os portugueses a meros figurantes e a democracia a uma grotesca caricatura. Quando oiço muitos políticos e comentadores, também eles reféns  voluntários dos mercados, reduzirem tudo ao "regresso aos mercados", à "hipótese" de um segundo resgate", à evolução das taxas de juro da dívida, ao "pós-troika" e "ofícios correlativos", chego mesmo à conclusão que então talvez seja melhor pôr um ponto final na hipocrisia e pensar se não seria mais honesto suspender a democracia e dispensar as eleições.

Cavaco Silva ganha tempo

Encontro com economistas sobre o Portugal "pós-troika", audiência aos partidos políticos, "senadores" e parceiros sociais arrastando-se pela próxima semana, tudo isto tem uma intenção precisa: Cavaco Silva tenta ganhar tempo esperando a crise se resolva por si e dispense uma qualquer sua decisão mais directa, qualquer que esta seja, em relação a um governo de sua iniciativa e responsabilidade. É assim que agem os políticos medíocres e sem autonomia perante as crises que eles próprios ajudaram - e até começaram - a criar. Ou alguém já se esqueceu que tudo começou com a "intentona" das "escutas"?

quinta-feira, julho 04, 2013

A crise, a árvore e a floresta

No momento em que tantos acusam Paulo Portas e Passos Coelho de serem os responsáveis pela actual crise política, que falam da estabilidade necessária perante os "mercados", convém lembrar que os responsáveis últimos pela ameaça de ruptura governamental, pela instabilidade governativa e pela fragilidade das opções dentro daquilo que normalmente se designa como "arco governativo", são, na realidade, aqueles que nos pretendem impor a todo o custo um programa político e económico que se prova ser inviável e impossível de implementar nas condições concretas da sociedade portuguesa: os credores, os "mercados" e os que politicamente os representam. Se podemos e devemos, pela mediocridade de que dão provas, pelo seu comportamento político e "caldo de cultura" que ajudaram a criar, pedir satisfações a Portas, Coelho, Seguro, Cavaco e "tutti quanti", não podemos também ignorar este ponto, sob o risco de vermos a árvore e esquecermos a floresta.

Grand Prix (10) - Boavista (IV)


"For sentimental reasons" - original doo wop classics (24)

The Drifters - "This Magic Moment"

Pedro e Paulo ou o único racional possível

Recusando-me a acreditar tudo não passa de uma birra entre adolescentes, de "catraios" ou de "gaiatos", como se diria no vernáculo "tripeiro" muito adequado para definir certo tipo de situações, não retiro nem uma linha ao raciocínio que aqui exprimi. Acontece que a estratégia de Portas não terá sido bem compreendida ou, o que é bem mais provável, não terá sido bem recebida pelos orgãos dirigentes do CDS, que não terão querido correr os riscos inerentes, e Paulo Portas viu-se assim obrigado a recuar nas suas intenções. O problema é que se a estratégia inicial de Portas comportava riscos, mas também, se bem gerida, continha potencialidades para uma afirmação do CDS como partido preferencial do voto da direita, o actual recuo arrisca-se a arrastar o CDS num muito possível processo de "pasokização" do PSD, comportando enormes riscos para a democracia e para o regime. Veremos o que nos reservam as próximas sondagens.

quarta-feira, julho 03, 2013

4ªs feiras, 18.15h (41) - Orson Welles (I)

"The Trial"  (1962)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Paulo Portas e o cenário de "pasokização" da direita.

Pode Paulo Portas ser acusado, como o faz a facção mais radical dos apoiantes do actual governo moribundo, de ter pensado mais nos seus interesses e nos do partido a que preside do que num qualquer "interesse nacional" identificado com a manutenção do "status quo"? Mais devagar, e principalmente não entremos por raciocínios simplistas e redutores que só menorizam quem os produz, embora seja esse o caminho que mais favorece a ainda actual "vanguarda" dirigente.

Como qualquer general competente que vê dificilmente as suas forças conseguirão vencer a batalha em curso, desde a chamada crise da TSU, de Outubro de 2012, que Portas percebeu que o governo tinha entrado na sua curva descendente, decidindo então afastar-se dele o suficiente e tentando assim, recuando em boa ordem, salvaguardar o máximo possível do seu exército e dos seus homens, reservando-os para batalhas futuras travadas em condições mais favoráveis. Os sinais foram muitos e bem evidentes e o demolidor comunicado das associações patronais contra o governo, em conjunto com um quase-apelo à greve geral e com a aproximação entre a UGT e a CGTP, foi visto - e bem - por Paulo Portas como o toque a finados pelo governo em exercício. Faltava - tal como nos rompimentos conjugais - um pretexto, mesmo que fútil, e esse foi a nomeação de Maria Luís Albuquerque, como poderia ter sido qualquer outro. A decisão estava tomada.

Mas atenção: se esta decisão pretende salvaguardar Paulo Portas e o CDS de um desastre mais do que anunciado, tentando salvar o que resta do partido para futuras batalhas e assim prejudicando o PSD e Passos Coelho, ela tem um objectivo bem mais vasto e consequente: perante um possível cenário de "pasokisação" do PSD, que poderia arrastar consigo o CDS caso este se mantivesse em comunhão plena com Passos Coelho, evitar uma enorme crise de representação política na direita portuguesa, o que seria dramático para o regime e para a democracia. Tendo isto em atenção, embora neste momento, numa reacção primária e ainda demasiado a quente, alguns possam ver em Paulo Portas o carrasco executor do actual projecto político, a prazo, o espaço ideológico que normalmente se reconhece na direita, mas também todos os outros, à esquerda ou á direita, que se revêem no actual regime, ainda um dia se mostrarão gratos à inteligência e perspicácia políticas reveladas pelo cidadão Paulo Sacadura Cabral Portas. veremos se tenho razão.

terça-feira, julho 02, 2013

Paulo Portas: a oportunidade de uma vida

No fundo, é assim: Pedro Passos Coelho tenta a todo o custo evitar que Paulo Portas e o CDS retirem dividendos políticos e eleitorais da demissão deste último de ministro um governo impopular e sem apoio social. Com este sua atitude, bem patente na comunicação de hoje ao país, o actual líder do PSD tenta simultaneamente minimizar futuras perdas eleitorais do partido, lutando assim contra a fuga de votos dos eleitores de direita para o CDS e, simultaneamente, pela sua sobrevivência política. Mas existe uma diferença entre ambos: Passos Coelho talvez não o reconheça, mas está politicamente morto; Paulo Portas e o CDS, se gerirem bem a situação, podem ter aqui a oportunidade de uma vida.

A demissão de Paulo Portas à "vol d'oiseau"

  1. Estamos perante a maior derrota daquele que é talvez, enquanto político, o maior "bluff" da democracia portuguesa: Aníbal Cavaco Silva. Digamos que em função da sua actuação, presente e passada, a merece inteiramente.
  2. Ao decidir-se pelo arquivamento do processo contra Miguel Sousa Tavares, o Ministério Público talvez não imaginasse que o futuro próximo, apenas um par de horas depois, lhe viria a dar total razão. 
  3. Como sempre, a política acabou por vencer a mera visão economicista e tecnocrática da governação. Só se pode espantar quem despreza ou minimiza a cultura política e o seu primado na abordagem das questões relativas ao funcionamento das sociedades.
  4. Já agora, e "fishing for compliments", era fácil prever.

Grand Prix (9) - Boavista (III)

"E pur si muove"

Quase vinte e quatro horas depois da demissão de Vítor Gaspar, o Sol continuou a nascer a leste, a Terra não parou e até os juros da dívida, apesar do esforço de alguns títulos da imprensa para demonstrarem um nexo de causalidade, não dispararam, tendo apenas sofrido esta manhã alta muito ligeira (0.08 e 0.1pp) e só nos prazos mais longos. Até na sua demissão, o mundo teima em não obedecer ao Excel de Gaspar e às previsões mais pessimistas de alguns dos seus profetas do Apocalipse, entrados de repente em luto carregado. Aguardemos.

segunda-feira, julho 01, 2013

4 pequenas notas sobre o "swap" Gaspar/Albuquerque

  1. Maria Luís Albuquerque, uma secretária de Estado fragilizada pelas dúvidas (ou mais do que isso) suscitadas pela sua actuação no caso dos contratos "swap", irá levar consigo essa fragilidade para um governo já de si mesmo muito fragilizado pela demissão de Vítor Gaspar e pelo descrédito dos resultados obtidos em dois anos de governação. De tudo isto apenas poderá resultar uma ainda maior debilidade desse mesmo governo. Assim sendo, a oposição tem agora a oportunidade para subir à rede e acabar o ponto com um violento "smash". Se tem agressividade suficiente para o fazer é dúvida que persiste.  
  2. Quando um primeiro-ministro, perante a demissão de um dos membros do seu governo, apenas consegue preencher essa vaga recorrendo a um dos seus secretários de Estado, entrando assim em processo acelerado de autofagia política, demonstra urbi et orbi que  a capacidade de atracção e credibilidade desse mesmo governo, mesmo perante as elites políticas e tecnocráticas, se esgotou. O sinal está dado de forma bem clara.
  3. Continuo a ouvir alguns "media" falarem de "remodelação governamental", revelando algum incómodo perante a saída de Vítor Gaspar. Como diria José Pacheco Pereira, "língua de pau". Na verdade, convém esclarecer que não se trata de uma remodelação, no tradicional sentido do termo, mas da demissão, a seu pedido, do número dois do governo. Faz a sua diferença. 
  4. Focou hoje bem demonstrado para que servem os tais "briefings" diários do governo: para nada, ou melhor, não passam de uma manobra de baixo ilusionismo. Se os jornalistas - e peço desculpa pela expressão - "os tivessem no sítio", amanhã não punham lá os pés.

"Swap"

British Beat Before The Beatles (7)

Vince Eager - "No More" (1958)