terça-feira, julho 31, 2012

Victor Palla (2)

Sobre-capa do livro "Domingo à Tarde", de Fernando Namora
Editora Arcádia, 1962 

"Sword & Sandals" - filmes completos (1)

"The Robe", de Henry Koster (1953)
Versão original c/ legendas em castelhano ou inglês

O futebol e o negócio das transferências

Confesso que já desisti de tentar perceber alguma lógica de gestão, financeira e de recursos humanos, em muitas das transferências e contratações dos clubes de futebol, em Portugal principalmente nos chamados três grandes. Penso essa lógica, se alguma vez ela foi preponderante, tem vindo a ser substituída, nos últimos anos, por um outro tipo de racional mais ligado ao pagamento e troca de favores, aos interesses imediatos dos chamados agentes FIFA que actuarão como autênticos financiadores e donos "de facto" de muitos clubes, ainda mais numa conjuntura de crise do crédito bancário. É que só isto permite encontrar explicações que façam sentido para muitos dos negócios que se vão concluindo, e basta ter visto o documentário (melhor diria, o vídeo promocional) sobre Jorge Mendes e a Gestifute para o perceber perfeitamente. Disciplinar e regulamentar o mercado de transferências deveria ser um dos objectivos prioritários de FIFA e UEFA no sentido de credibilizar a indústria. E não basta o "Fair Play Financeiro". 

segunda-feira, julho 30, 2012

PCP, BE, sindicatos e a contestação

Continuo a julgar perceber da parte de muita gente ligada ao PS, ou que podemos incluir no seu campo ideológico (o da social-democracia europeia), alguma mágoa pela contestação dos sindicatos e da esquerda radical atingir normalmente níveis mais elevados quando o PS está no governo - sendo disso exemplo a contestação ao governo Sócrates pela Fenprof - do que quando estamos em presença de um governo de coligação formado pelos partidos da direita parlamentar, PSD e CDS. Não me parece ser algo que possa espantar. 

Em primeiro lugar, e no que diz respeito especificamente aos professores, Mª de Lurdes Rodrigues tentou, com a avaliação de desempenho, as quotas e a introdução estatuto de professor titular, isto é, introduzindo a diferenciação pelo mérito, atingir o âmago, o "santo dos santos" do poder dos sindicatos - baseado na indiferenciação bem expressa na frase "somos todos professores" - o que nunca poderia ser por estes tolerado ou muito menos aceite. 

Em segundo lugar, e em termos mais gerais, para PCP e Bloco de Esquerda os potenciais simpatizantes e votantes do PS constituem o seu "source of business", isto é, não existindo qualquer desejo ou hipótese de colaboração entre os dois campos políticos, dadas as diferenças programáticas e de actuação, será na área  do PS que os partidos comunista e da esquerda radical esperam ampliar a sua base de apoio eleitoral (mas não só), para  tal necessitando de enfraquecer o PS demonstrando que o partido funciona, na prática, contra as suas expectativas e interesses. E é quando está no governo, principalmente em épocas de crise, que o PS mais necessidade tem de se expor, enfraquecendo-se. Parece-me simples...

O empréstimo de Nelson Oliveira

Certo, já estou a ouvir o coro das carpideiras proteccionistas do costume a dizer que não se protege o jogador português, não se lhe dão oportunidades e que "blá, blá, blá" e mais não sei o quê. Mas devo dizer considero o empréstimo do jogador Nelson Oliveira (e, já agora, também de Roderick Miranda) ao Deportivo uma excelente decisão do meu clube. Em primeiro lugar, porque Nelson Oliveira, num plantel que tem Cardozo, Saviola, Rodrigo e Mora (para além de mais um ou outro que por lá vão andando), dificilmente teria oportunidades para jogar com regularidade e, assim, evoluir. Em segundo lugar, e por muito que isto doa a alguns, o recente internacional português, apesar do potencial que se lhe reconhece, ainda não deu provas irrefutáveis de poder vir a ser o jogador que essas qualidades parecem prometer. Uma época da 1ª Liga de Espanha será a sua grande oportunidade (eu direi "de oiro") para o "sim ou sopas" definitivo.  

Victor Palla (1)

Sobrecapa do livro "Amar não é Pecado" ("Peyton Place"), de Grace Metalious. 
Editora Arcádia, 1958

A imprensa desportiva e Telma Monteiro

Telma Monteiro foi eliminada "à primeira" nos Jogos Olímpicos. Pronto, ok, acontece, embora a Telma Monteiro teime em acontecer demasiadas vezes a nível olímpico, o que deveria ser caso para muitas interrogações, algumas dúvidas e talvez a uma ou outra correcção no modo como encarará o seu treino (não sei, não percebo "patavina" de judo). Mas o que já acho inacreditável são títulos como este, na imprensa desportiva portuguesa, em relação a uma atleta que até é simpática, tem um "palminho de cara" e um razoável palmarés internacional, bem acima da média, mas... falhou. Por mim, preferiria que fosse menos humilde, mesmo bastante mais arrogante, mas... tivesse ganho, que foi para isso que se preparou, tendo um lugar entre as primeiras classificadas como seu objectivo. 

Claro que, por ter falhado, não se pretende agora desancar "a torto e a direito" na pobre rapariga, que deve, isso sim, com os seus treinadores, analisar com frieza o que possa estar mal. Mas títulos como este, demasiado à antiga portuguesa dos "pobrezinhos e humildes mas honrados",  são meio-caminho andado para que ela e muitos outros tornem ou comecem logo a falhar. Que raio, ainda ninguém aprendeu nada com José Mourinho? 

domingo, julho 29, 2012

"Les femmes de Godard" - filmes completos (1 - Jean Seberg)


"À Bout De Souffle", de Jean-Luc Godard (1960)
Filme completo. Versão original c/ legendas em inglês

A "moda estatística" e os portugueses nos Jogos Olímpicos

Quem nunca passou pelas coisas da matemática talvez não saiba o que é a "moda estatística". Pois bem, é um conceito muito simples que pode definir-se como "o valor que ocorre com maior frequência", isto é "que aparece um maior número de vezes" numa dada série numérica. Daí - penso eu - virá o termo "moda" aplicado ao vestuário, por exemplo, definindo-se "moda" como as peças de roupa, estilo e cores mais populares em determinada época ou estação do ano. Mas também poderá ser o inverso, tendo a matemática decidido apoderar-se de um termo já popularmente utilizado. Tanto faz.

Pois vem este "arrazoado" a propósito de me ter lembrado qual será a palavra modal, a que aparece com maior frequência, nas notícias dos "media" portugueses sobre os Jogos Olímpicos. Querem adivinhar? Pois bem, consultados esses "media", e no que diz respeito às notícias sobre as prestações dos atletas portugueses, chego à conclusão que é "falha". Exagero? Nada disso, é "Fulano falha o acesso às 1/2 finais", Sicrano  falha a final", Beltrano falha o record nacional" e por aí fora. Lá está "falha" como o termo que aparece um maior número de vezes, embora "afastado(a)" não deva andar longe e até possamos estar perante um exemplo caracteristicamente "bimodal". Falando mais a sério: uma triste realidade e um exemplo de esbanjamento de recursos a que se deveria pôr fim.

sábado, julho 28, 2012

Jorge Jesus e Melgarejo

No futebol têm existido, ao longo dos últimos quarenta ou cinquenta anos, bastantes exemplos de bem sucedidas adaptações de extremos a defesas-laterais. Entre os primeiros de que me lembro estarão os casos de Domiciano Cavém, que foi recuando no terreno nas primeiras três finais da Taça dos Campeões Europeus que o SLB disputou, e do sportinguista João Morais (o do "cantinho"), extremo na conquista da Taça das Taças, em 1964, e defesa-lateral da selecção de 66, na fase final de Inglaterra. No futebol português, Fábio Coentrão terá sido o último caso de sucesso, mas lembro-me de outros extremos que, por vezes, faziam também um "perninha" a laterais sem comprometerem, como Sérgio Conceição, Vítor Paneira e, até, Karel Poborsky.

Tendo dito isto, até admito Jorge Jesus venha a fazer de Melgarejo um lateral-esquerdo de méritos acima da média e créditos firmados, um activo que possa ser rentabilizado pelo SLB - espero bem que sim; mas devo dizer não deixo de vislumbrar um pouco da sua já lendária teimosia e de alguma soberba na convicção com que afirma ter feito de Coentrão um activo de vinte e tal milhões de euros e de que poderá fazer o mesmo com Melgarejo. Como disse, espero bem o consiga, pois o meu "Glorioso" bem disso necessita; mas também é forçoso reconhecer que o SLB já pagou demasiado caro, em termos desportivos e financeiros, algumas das megalomanias de Jorge Jesus e da sua falta de noção das realidades. Espero exista no SLB quem o possa trazer de volta ao planeta Terra.  

A "natacinha" portuguesa nos Jogos Olímpicos

Começou a habitual "dança" dos nadadores portugueses nos Jogos Olímpicos, onde apenas Alexandre Yokochi foi excepção, em 1984, em Los Angeles: afastados sem apelo nem agravo nas primeiras eliminatórias. Só o que não entendo é porque Portugal continua a investir numa modalidade na qual, ao longo dos anos, não consegue, para além do já mencionado, um único resultado digno de registo (para além de Yokochi, nem uma única presença nas 1/2 finais), continuando a enviar dezenas de nadadores aos J.O. e assim lançando literalmente para a piscina rios de dinheiro que poderiam ser investidos com melhores resultados em outras modalidades, onde alguns resultados lá vão aparecendo (judo, atletismo, canoagem, vela e por aí). Um exemplo típico de má gestão e esbanjamento de recursos...

sexta-feira, julho 27, 2012

"ab origine" - esses originais (quase) desconhecidos (37)

"You Better Move On" - o original de Arthur Alexander (gravação de 1961 editada no ano seguinte)

A versão dos Rolling Stones, editada em EP e no álbum December's Children (1964)

Nota: como bem sabem os mais versados nestas coisas, a discografia dos Stones é diferente nos USA e no UK. Muitos dos álbuns têm o mesmo nome mas o alinhamento respectivo é diferente e alguns dos temas "voam" de um disco para outro. Como tento seguir sempre a discografia do UK, espero não ter errado na informação que estou a dar. De qualquer modo, penso que no caso de December's Children os alinhamentos até são idênticos. Mas é sempre uma "confusão", esta coisa da discografia dos Stones. 

O futebol olímpico

Confesso a minha falta de paciência para com o futebol dos Jogos Olímpicos; tentei ver alguma coisa do Espanha-Japão e desisti pouco depois. Para começar, há demasiadas equipas dos 2º e 3º mundos futebolísticos, sem nada de notável para mostrarem; depois, estão em campo não as principais selecções de cada país ou de alguma das categorias de formação, o que sempre daria para seguir o percurso de alguns dos eventuais craques do futuro, mas híbridos mal amanhados onde até existe uma mais do que improvável selecção do Reino Unido (ou Great Britain & Northern Ireland, para ferir menos susceptibilidades); por fim, custa-me a crer que alguns jogadores mais consagrados (os que não conseguiram escapar-se) sintam que andam por lá a fazer alguma coisa que valha a pena, em jogos contra os Emiratos Árabes Unidos, a Nova Zelândia ou a Bielorússia, disputados em estádios quase sem público. Guardo-me para o atletismo, um desporto que só acompanho mesmo em J.O. e Mundiais.

"Giallo" - filmes completos (1)


"I Tre Volti Della Paura" - aka "Black Sabath" -, de Mario Bava (1963)
Filme completo c/ legendas em português

Pavilhão Atlântico: a política da calúnia

Para começar, devo dizer - e quem faz o favor de me ler sabe-o bem - que não nutro quaisquer simpatias políticas, de personalidade ou pedagógicas (foi meu professor) pelo cidadão Aníbal Cavaco Silva, o pior Presidente da República da democracia. E nunca o escondi. Mas devo dizer também que tal não me impede de  achar ignóbeis, para não dizer nojentas, as tentativas, expressas ou, pior, apenas sussurradas nas entrelinhas (ao estilo "da mulher de César), que de algum modo pretendem ligar a venda do Pavilhão Atlântico a um consórcio do qual faz parte Luís Montez a uma qualquer acção de favor pelo facto deste ser genro do antigo primeiro-ministro e actual Presidente da República. Luíz Montez - que, devo dizer, não conheço pessoalmente - é um empresário reconhecido da área da música e do espectáculo, um dos mais proeminentes do sector, o suficiente para, à partida, poder ser considerada como normal a decisão tomada pelo Estado. A sua situação familiar terá tido alguma influência na evolução dos seus negócios ao longo dos anos, enquanto empresário? Não faço ideia, mas arrisco a dizer que é provável: nada mais natural que o facto de ser casado com uma filha de Aníbal Cavaco Silva ter contribuído para lhe "abrir algumas portas", mesmo que Montez possa ter sempre feito questão de evitar usar demasiado esse "cartão de visita", facto que ignoro, ou que Cavaco Silva se tenha sempre esforçado por se manter à margem, o que também desconheço. Mas ter o nome certo ou cultivar os conhecimentos adequados (e a ligação familiar de Montez é conhecida) foi sempre um activo importante no mundo do empreendorismo e dos negócios (e não vejo mal nisso nem que tal possa ou deva ser evitado), e neste caso sempre se poderá dizer, em abono de Montez, que não consta alguma vez tenha herdado do seu sogro algum gosto ou embrião de empresa na área musical. Enfim, como já vem sendo habitual estamos, mais uma vez, no grau zero da política ou, pior ainda, na sua metamorfose em pura e simples calúnia.  

quinta-feira, julho 26, 2012

"Empty Bed Blues" - best of good time mommas (11)

Clara Smith - "Kitchen Mechanic Blues"

Do "manicómio em auto-gestão" ao laboratório do Dr. Frankenstein

Lembro-me, no chamado Verão Quente de 75, quando em Portugal tudo mudava diariamente ao sabor de mais uma manifestação ou de uma qualquer afirmação, mais ou menos radical, de um também qualquer pensador, escritor ou filósofo de visita, normalmente ligado à chamada "esquerda festiva", de se afirmar que o país se tinha transformado num manicómio em auto-gestão. Era o tempo da "via portuguesa para o socialismo", da "experiência portuguesa", dos SUV, das "armas em boas mãos", da "sociedade sem classes" (proposta também pelo CDS, em que todos seriam proprietários) do "socialismo sim, ditadura não", do "último a sair que apague a luz" e lembro-me eu sei lá mais do quê. Mas, no fundo, existia em tudo isso uma naiveté que, se acabava por nos envolver e se tornar entusiasmante, acabava também, por via disso, por definir os próprios limites da sua validade temporal e da sua exequibilidade: sabíamos que, mais mês menos mês, para um lado ou para outro, da democracia ou de uma qualquer ditadura, tudo acabaria por se resolver e a normalidade regressaria.

Lembrei-me disto hoje a propósito das inúmeras propostas, muitas delas a roçar o delirante e até incompatíveis entre si ou com os objectivos propostos, agora já não de filósofos, pensadores ou ensaístas políticos sonhadores, mas de organizações tidas por social e cientificamente responsáveis como o FMI, UE, OCDE e BCE, para a economia portuguesa. Não direi que estejamos de volta ao "manicómio em auto-gestão" do ano de 1975, até porque a apatia, quase uma paz de "zombieland", substituiu o frenesim e a actividade fervilhante de então. Mas direi que Portugal mais parece um daqueles laboratórios onde, em inesquecíveis filmes "série B" dos fifties, cientistas loucos efectuavam estranhas experiências que, uma vez falhadas, davam origem a monstros e criaturas bizarras que acabavam por se voltar contra o seu criador e, até, ameaçavam pôr em perigo toda a humanidade. O problema, o problema mesmo, é que desta vez, ao contrário do que acontecia em 74/75, não sabemos quando ou como regressará a normalidade, ou mesmo  qual será o seu aspecto e se tal coisa ainda existe no nosso horizonte.

Pedro Passos Coelho e o seu "país dos simples"

O deputado João Galamba já disse quase tudo e parece ser, no PS, e mesmo que por vezes talvez demasiado radical, dos muito poucos a quem ainda resta alguma capacidade para se indignar. Mas a afirmação de Pedro Passos Coelho de que "as pessoas simples percebem o que o Governo está a fazer", não é só, na sua essência, salazarenta. Condensa em si, toda ela, um programa de governo que despreza as qualificações, o conhecimento, a investigação, o desenvolvimento humano e tecnológico, a sofisticação, a cultura e o cosmopolitismo. Despreza quem ouse ter um pensamento mais elaborado e use a cabeça para desenvolver um raciocínio mais complexo. Que, enfim, despreza o objectivo e a ambição de um país mais moderno e civilizado, mais culto, apelando, em vez disso, à sujeição a uma pobreza e ignorância que têm tanto de inibidor como, infelizmente, de ancestral. Indo um pouco mais longe, despreza o investimento que centenas ou milhares de portugueses fizeram, nos últimos anos, na sua educação, muitos endividando-se para poderem frequentar algumas das melhores escolas e universidades na Europa e no resto do mundo. No fundo,  não é mais do que o retrato de um primeiro-ministro para quem o teatro são as produções de La Féria, de um ministro da Educação que, ao arrepio das recomendações internacionais, propõe a crianças de dez anos escolham uma profissão, para uma Ministra da Justiça que não pára de brandir uma proposta de programa político que é, todo ele, um assustador panfleto populista, de um ministro "não sei bem de quê" que consegue uma licenciatura em "um ano e quatro cadeiras" numa universidade de "vão de escada" que o Estado coloca ao mesmo nível de uma Técnica, Clássica, Nova ou Católica. No fundo, de um país que o primeiro-ministro quer que se continue a rever nos "Correios da Manhã" e nos Medina Carreira deste mundo. Pois que vá para o Diabo e leve esse país com ele.

Nota: peço desculpa pelo tom, talvez um pouco exaltado, mas a minha paciência para esta gente começa rapidamente a esgotar-se.

Imagens do Portugal "pós troika"


Imagens de trabalhadores portugueses uma ano após terem sido implementadas todas as recomendações da "troika", OCDE, "Fórum para a Competitividade", etc, etc.

 Mães portuguesas depois de terem recebido os incentivos sugeridos pela "troika" para regressarem ao mercado de trabalho.

Antevisão de uma empresa-tipo portuguesa pouco anos depois do país ter terminado o seu "programa de ajustamento"

quarta-feira, julho 25, 2012

The Satellite/Stax records story (4)

Donna Rae  & The Sunbeams - "Little Fool" (1960)

Grindhouse - filmes completos (1)

"The Texas Chainsaw Massacre", de Tobe Hopper (1974)

Filme completo c/ legendas em português

Nota: "The Texas Chainsaw Massacre" (o original de 1974 - não confundir com nenhum dos seus "remakes") é considerado o "clássico dos clássicos" do cinema "grindhouse" e o favorito de Quentin Tarantino, como se sabe um cultor do género. Tanto quanto julgo saber, mas não tenho completa certeza, o filme nunca foi exibido comercialmente em Portugal, tendo sido estreado em 1999 no Fantasporto com o título "Massacre no Texas". Escusado dizer que é de visionamento obrigatório.

terça-feira, julho 24, 2012

O SLB e o preço dos bilhetes

Seria de esperar que a direcção do SLB, depois de duas épocas frustrantes para os associados e em período de grave de crise social e financeira, tivesse alguma contenção no preço dos bilhetes para a nova época. Seria... mas não foi bem assim. Feitas as contas, o Red Pass viu o seu preço agravado em cerca de 18% e pedir €30 para um jogo particular de pré-época com o Real Madrid, o mesmo que paguei na época passada para os 1/4 de final da Champions League, contra o Chelsea, parece-me um exagero sem qualquer justificação. Acresce que em épocas anteriores o Red Pass dava acesso gratuito ao jogo de apresentação da equipa aos associados e adeptos, jogo esse que também se esfumou na actual pré-época. Sim, claro, sei que o IVA aumentou, que o Real Madrid não é o St. Étienne e o "King" bem merece um abraço de todos, mas tal não pode servir de desculpa para afugentar ou "depenar" os benfiquistas. Veremos qual a taxa de ocupação do estádio durante a época...

Tartans (3)


 Mac Arthur Tartan

"Que se lixem as eleições"?

Com a sua frase "que se lixem as eleições", isto é, afirmando que não se desviará um milímetro do rumo traçado mesmo que tal signifique possa o PSD vir a ser penalizado em próximos actos eleitorais, Pedro Passos Coelho consegue alcançar várias objectivos simultaneamente:
  1. Em primeiro lugar, sabe que utilizando uma linguagem de "soundbite" o seu recado terá a repercussão que pretende e, portanto, será ouvido e discutido "ad nauseam".
  2. Em segundo lugar, consegue e anuncia desde já um "alibi" para prováveis derrotas eleitorais futuras.
  3. Por último, numa acção de propaganda "pura e dura", pretende demonstrar, mesmo que tal esteja longe de ser verdade, o seu "desapego ao poder em benefício da país", conceito populista com aceitação entusiasta mais do que certa em muitos sectores de opinião fiéis de "Correios da Manhã" e "Planos Inclinados". 
Concordemos ou não com o conteúdo, sempre me parece bem melhor conseguido, nos seus objectivos, e de gosto um pouco menos grosseiro do que a "porcaria na ventoinha".

Songs of the WW II (23)

Polyushko Polye

segunda-feira, julho 23, 2012

Seguro precisa de quem lhe dê uns "baffes"

Poupem-me ao ar compungido, de missa de sétimo dia, de António José Seguro perante as "desgraças do mundo". Aquilo que em António Guterres reconheço ainda continha, apesar da minha antipatia para com o género, algumas facetas de genuinidade, em Seguro não me parece convença o acólito mais fanático, a não ser por conveniência de momento. Francamente, o estilo "vossa excelência já verificou bem a qualidade deste nosso novo artigo" já deveria estar há muito fora de moda ou do prazo de validade. Alguém, por favor, o sacode ou, como diria Astérix, "lhe dá uns baffes"?

"Licht und Schatten" - o expressionismo alemão no cinema. Filmes completos (1)

Filme Completo. Versão original c/ legendas em inglês

domingo, julho 22, 2012

London Public Houses (10)





The Sherlock Holmes
10 - 11 Northumberland Street, WestminsterLondon WC2N 5DB
Tel: 020 7930 2644   Fax: 020 7839 0263

"This pub is a homage to the world's greatest detective and his creator, Arthur Conan Doyle. But why here? It's nowhere near 221b Baker Street, which must be a disappointment to many a tourist. There is a connection though, Holmes met with Sir Henry Baskerville in the Northumberland Hotel which was opposite the pub and it apparently had a Turkish Bath which Holmes and Watson both used.


In the bars on the ground floor are displays of Holmes's artefacts and possessions, highlighting his skills and interests and cases he has solved. It's all wonderfully serious and strangely camp. On a television screen above one of the entrances, old series of the famous, opium loving sleuth, play in silence. More camp. 


The best is yet to come. In a corner of the restaurant upstairs is a life size reconstruction of Holmes's study, complete with ghostly mannequin, a hole in its head made buy Moran's bullet in a failed murder attempt. This is the entire collection of an exhibition displayed at the Festival of Britain in 1951, after which it went on tour and was eventually bought by Whitbread in 1957 and housed in the Northumberland Arms, renamed the Sherlock Holmes." 

Pré-época (3)

Pois, não vi o jogo de ontem mas acabei de ver o de hoje e não fiquei demasiado optimista. A equipa continua a defender mal e não é só o problema do defesa esquerdo, embora isso (des)ajude bastante. Defende mal em bloco e isso tem mais a ver com o modelo de jogo; com a sofreguidão e profundidade atacantes e com aquilo que se pede aos laterais quando a equipa avança no terreno o que faz com que o colectivo se desequilibre com demasiada frequência. Por outro lado, também se fizeram notar alguma falta de explosão e de "certeza" atacantes, o que também está longe de ser novo e foi até demasiado evidente na segunda-parte da época passada. Existem atenuantes, claro, e a equipa pareceu cansada na segunda-parte do jogo de hoje, o que é natural. Enfim, ainda falta um mês para o início dos jogos "a sério", algumas mudanças existirão no plantel, mas se da segunda para a terceira época Jorge Jesus pareceu ter aprendido alguma coisa, não sei se será esse o caso agora. Espero bem que sim.

Nota: Nelson Oliveira tem nesta época o seu "sim ou sopas": ou começa a afirmar-se ou arrisca-se a ser mais uma "eterna esperança".

Frivolidades: atum de Verão

Um bom conselho para uma manhã de sábado de Verão, quando não custa levantar cedo: vá à "praça". Bem cedinho, aí pelas nove da manhã. Depois, entabule conversações com a sua peixeira habitual (tem de ter uma) e veja se ela lhe arranja um bom naco de lombo de atum, fresquíssimo (se não for o superlativo absoluto simples de fresco, esqueça). Nunca um daqueles com cor acastanhada que se vendem nos supermercados. Primeiro objectivo cumprido, peça para lhe cortarem uns bifes altos (mais ou menos um centímetro de espessura), chegue a casa, tempere com pimenta moída na ocasião e um pouco de flor de sal e chegue-lhes um calorzinho, para aí 1/2' de cada lado é suficiente. Por dentro, cru, pois claro, que é assim que se quer o atum e não demasiado cozinhado como é tradicional fazer-se em Portugal, onde era habitual cozinhá-lo "de cebolada". E pronto, pode juntar-lhe um pouco de molho de soja ou "teriyaky" (não acho indispensável) e uma salada verde daquelas já escolhidas e lavadas do Pingo Doce. Ontem, ao jantar, foi acompanhado com um Grüner Veltliner austríaco de "altitude", fresco e mineral. Conclusão? É mesmo de comer e chorar por mais e uma excelente, simples e não muito cara iguaria "veraniega". E diga lá que não avisei?... 

sexta-feira, julho 20, 2012

As minhas memórias de José Hermano Saraiva

Conheci José Hermano Saraiva era ele reitor do Liceu D. João de Castro e eu aluno de um dos últimos anos. Estaríamos no início da segunda metade dos anos sessenta, não me lembro exactamente do ano mas antes de Saraiva ter assumido a pasta da educação de um dos últimos governos de Salazar. Para quem vinha do Camões de Sérvulo Correia - autenticamente o "fascismo no liceu", com disciplina de "campo de concentração" - o D. João de Castro era um oásis de liberalismo. Podíamos sair se um professor faltava ou quando tínhamos um "furo", jogar à bola no pátio desde que contribuíssemos com uma pequena quantia para eventuais danos nos vidros ou jardim, partilhar os intervalos com as raparigas, já que 6º e 7º ano (antigos) eram mistos, jogar "ping-pong" numas mesas que tinham sido compradas pelo liceu e até havia um intervalo mais longo (20 ou 30', não me lembro), a meio da manhã, durante o qual os alunos produziam um pequeno programa de rádio transmitido internamente e se podia ir à cantina beber um chá, um sumo ou comer uma sanduíche. Por último, José Hermano Saraiva tinha por hábito organizar por vezes há noite, na sua casa do Restelo, uns interessantes saraus para os quais convidava alguns alunos (desconheço o critério dos convites, mas lembro-me de ter lá ido um par de vezes). No Portugal de então, naquilo que era a escola pública, tudo isto constituía uma lufada de ar fresco, para não dizer mesmo uma enorme e desejada ventania.

Tendo dito isto, devo dizer que já aluno universitário, no então ISE, foi para mim enorme surpresa o comportamento de José Hermano Saraiva durante a crise académica de 1969. Teria esperado dele atitudes mais consentâneas com a imagem liberal - católica, conservadora, mas liberal - que tinha de si formado nos meus anos de liceu. Não o tornei a encontrar depois desses anos, mas é exactamente por isso que a sua imagem que guardo com mais força é a de reitor de um liceu onde soube criar um ambiente muito diferente, para bem melhor, do que era o padrão no ensino secundário público de então e, por extensão, no resto do país. É esse José Hermano Saraiva que quero aqui recordar.


The Rolling Stones Under Review 62/66 (9/9)

Passos Coelho e Relvas

Colocado perante duas opções qual delas a pior, ambas igualmente penalizadoras para si e para o seu governo (demitir ou aceitar a demissão do ministro Miguel Relvas ou mantê-lo no governo), Pedro Passos Coelho faz aquilo que é habitual nestas circunstâncias: espera uma oportunidade que lhe permita tomar uma decisão com os menores custos possíveis para si e governo. Ou, pura e simplesmente, aguarda que o surgimento de uma "nova onda", a cavalgar por cidadãos, "media" e blogosfera, lhe permita não tomar qualquer decisão. Digamos que Relvas lhe é demasiado próximo para lhe permitir outra opção.

quinta-feira, julho 19, 2012

"Gato Maltês" recomenda "Death In Paradise"

"Death In Paradise" é um policial divertido, passado no exotismo de uma ilha das Caraíbas e protagonizado por um detective "muito" inglês (Ben Miller) que não gosta de areia, mar e calor e pela sua parceira de investigação caribenha, a sargento-detective Camille Boardey (a franco/portuguesa, nascida em Faro, Sara Martins). Passa no Fox-Crime todas as 3ªs feiras, pelas 22.15h, e são mais ou menos 60' inteligentemente entretidos. Recomendável. 

The Rolling Stones Under Review 62/66 (8/9)

O SCP e o jogador Rojo

O SCP está a transformar-se no verdadeiro campeão da pré-época. Agora, este esforço de quatro milhões de euros pelo jogador Rojo (uma ironia), para uma posição onde já tem Insúa, um bom jogador, e vindo de um clube com conhecidas e graves dificuldades financeiras, parece ter tudo de jogada à FCP, de um balão de oxigénio oferecido à sua massa associativa e de uma espécie de tentativa de pequena vingança sobre o maior rival tentando criar algum desconforto entre a direcção e os adeptos do SLB. A diferença é que se o FCP tem argumentos, financeiros e desportivos, para conseguir desviar jogadores da órbita do SLB, tenho seriíssimas dúvidas tal possa ser o caso dos meus velhos rivais, pelo que há que procurar as razões fundas para tal desfecho. Enfim, aguardemos o início do campeonato e o fecho do mercado, já que estou curioso para saber onde tudo isto vai parar.

"Mudam-se os tempos"...

Tenho estima pelo bispo Januário Torgal Ferreira, um homem inteligente, culto e desde sempre socialmente atento. Sobre o que disse - e tendo total direito à palavra - tendo razão em muitas coisas (em outras "assim-assim"), pecou por algum populismo e exagero no tom utilizado, o que não é muito apreciado "cá por casa". Mas o que me espanta mesmo é ver alguma esquerda mais radical, em tempos sempre muito preocupada com o modo como os membros do clero católico se serviam da sua posição para defenderem posições políticas, normalmente à "direita", sair agora tão diligentemente em defesa do bispo D. Januário, igualmente livre de expressar as suas legítimas opiniões, desta vez tidas como de "esquerda". E, claro, ver agora também o lado direito do espectro político vir criticar, directa ou veladamente, o bispo das Forças Armadas. "Mudam-se os tempos"...

Sejamos claros: têm todo o direito padres, clérigos, bispos, cardeais e arcebispos, enquanto cidadãos, de expressarem as suas opiniões políticas, quaisquer que elas sejam, desde que conformes às leis de Constituição da República. E até pode o cardeal D. José Policarpo abençoar e dar uns gritos pelo seu Sporting, que eu, como benfiquista ateu,  até nem me preocupo nada com isso.

Nazi Exploitation - filmes completos (1)

"Ilsa, She Wolf Of The SS", de Don Edmonds (1975)
Filme completo - versão original s/ legendas

Uma "troika" "lost in translation"?

"Surpreendidos" por um desemprego acima do esperado, um "déficit" que teima em não se reduzir, um Tribunal Constitucional a colaborar só a metade, uma Espanha em dificuldades e o ritmo das exportações a abrandar, as certezas do "capitalismo científico" da "troika" sofreram forte abanão e parecem surgir agora as primeiras e sérias dúvidas. Os sinais de pré-pânico começam mesmo a ser já  evidentes no modo como se tenta disparar contra tudo o que mexe para ver se alguma acerta. Ele é o regresso da redução da TSU, os salários a terem de baixar ainda mais, as tentativas, um pouco ridículas, de evitar a fuga aos impostos indirectos, a indecisão perante o que fazer para substituir o corte de 14.3% nos salários dos funcionários públicos, as tentativas para que as mulheres-mães regressem mais cedo ao mercado de trabalho (ganham menos, não é?) e o que mais adiante se verá. Para tudo ser igual ao percurso dos países do socialismo científico só falta mesmo começarem as deserções. Mas até mesmo Paulo Macedo, "escaldado" com a última greve dos médicos, já declarou que só podem contar com ele até certo ponto. 

Já agora: a "troika" já percebeu (ou alguém tratou de lhe explicar) que em 1979 e 1983 não "existiam" nem China nem países emergentes, metade da Europa era dominada pela URSS e estava, assim e de certa maneira, fora do mercado mundial, que Portugal ainda não estava na CEE e o modelo económico vigente aqui no rectângulo ainda era o chamado "modelo EFTA", baseado na capacidade de produzir para a Europa bens de baixo valor acrescentado a preços reduzidos,  fruto de mão de obra barata e pouco qualificada? Por acaso, já falaram com Silva Peneda, que até é do PSD?


quarta-feira, julho 18, 2012

The Rolling Stones Under Review 62/66 (7/9)

Clássicos de cine-esplanada - filmes completos (1)

"Tarzan Escapes", de Richard Thorpe (1936)
Filme completo c/ legendas em português

Mantorras e o mito

Sou pouco ou nada dado a sebastianismos, para não dizer mesmo me situo nos antípodas de tais concepções mitológicas e mistificadoras. Por isso, devo dizer nunca me inclui no vasto grupo de adeptos do SLB que construíram ou colaboraram na edificação do "mito Mantorras". Lembro-me mesmo de dizer, "in illo tempore", isto é, no início do percurso de Mantorras no "Glorioso", que não entendia como se colocava nos ombros de um jovem jogador "sem escola", isto é, com a agravante de não ter percorrido o trajecto normal da formação, indispensável no futebol do século XXI, a responsabilidade de carregar consigo, às suas costas, uma equipa com o "peso", o historial e as ambições desportivas do SLB. Independentemente de quaisquer teorias da conspiração que envolvam questões de ordem financeira - que ignoro e sobre as quais não especulo - o "mito Mantorras" teve um objectivo e cumpriu a preceito uma função, nessa altura e nesse tempo: contribuir para a afirmação de Luís Filipe Vieira como dirigente e futuro presidente no Sport Lisboa e Benfica. A infelicidade que constituiu a sua lesão apenas ajudou a cimentar o mito, qual Jim Morrison ou James Dean do futebol indígena: "morrem cedo aqueles que o povo ama". Com uma diferença, nada negligenciável:  Mantorras era, quando muito, apenas e só uma esperança, transformada num mito que LFV e a direcção do SLB de então precisavam alimentar para manter viva a "chama imensa" num período de péssimos resultados desportivos para o clube.

Enfim, devo dizer que, com bastante desconforto e alguma melancolia, lá fui assistindo ao entusiasmo do povo benfiquista quando, já no rescaldo da sua lesão e em desespero de causa, Mantorras se levantava do banco com a missão de salvar a "honra benfiquista". Já nos tempos históricos deste "blog" manifestei opinião de que manter aquele Mantorras no plantel do SLB era, em termos de gestão de recursos humanos,  um erro crasso no qual um clube profissional de futebol não poderia incorrer, muito menos reincidir. Jorge Jesus compreendeu (honra lhe seja feita) o problema e, como os tempos (felizmente) já eram outros, até um LFV já afirmado no clube percebeu que tinha chegado ao fim uma época e que era necessário um novo tipo de relacionamento com a "rua" benfiquista. Assim sendo, e como seria impensável destruir o mito, era necessário este assumisse novas e renovadas formas. Hoje à noite iremos talvez assistir ao último capítulo dessa construção.  Fiel aos meus princípios, não vou estar.

terça-feira, julho 17, 2012

The Rolling Stones Under Review 62/66 (6/9)

Pré-época (2)

Embora com todas as ressalvas que aqui já assinalei, pareceu-me ver nestes dois jogos com OL e Lille (o jogo contra os luxemburgueses não conta) uma certa repetição da falta de objectividade e de capacidade de explosão nos terrenos junto da área contrária evidenciada em alguns jogos da época passada, principalmente depois da lesão de Rodrigo no jogo de São Petersburgo. Jorge Jesus talvez tenha notado o mesmo e ficado igualmente preocupado, tendo por isso decidido refugiar-se no facto - indiscutivelmente positivo - da equipa não ter sofrido golos. Aguardemos.

The Satellite/Stax records story (3)

Rufus & Carla Thomas - "Cause I Love You" (1960)

CDS esquizofrénico e Relvas em Angola

  1. O CDS parece um partido atacado de esquizofrenia: está no governo e não quer que se saiba, disfarçando o melhor que pode, sabe e vai conseguindo; na Madeira, critica e recusa a mesma política de austeridade que o governo de que faz parte vai tratando de defender e implementar no continente. Está a precisar de um "shrink".
  2. O ministro Miguel Relvas vai a Angola numa missão de carácter económico e Álvaro Santos Pereira não o acompanha. Estranho, no mínimo. Bom, mas isto de Angola parece ser em exclusivo um assunto de Miguel Relvas, que até toma medidas punitivas contra quem, em Portugal, ousa desagradar à cleptocracia angolana. Os bons espíritos...  

segunda-feira, julho 16, 2012

Miguel Macedo "solidário"


Miguel Macedo considera que caso Relvas é da “competência exclusiva” de Passos Coelho

Ou seja, "o Relvas e o Passos Coelho que se amanhem, não me comprometam, não tenho nada com isso, quem se meteu em sarilhos que trate de sair deles". Enfim, como prova de solidariedade e coesão intra-governamentais, de lealdade para com o primeiro-ministro, digamos que já tenho visto melhor. Se eu fosse a Passos Coelho "punha-me a pau".

Nursery Rhymes (9)

The Rolling Stones Under Review 62/66 (5/9)

Comentadores-Militantes

Esta particularidade muito portuguesa de arvorar dirigentes e ex-dirigentes dos partidos, com agendas políticas próprias, em comentadores políticos encartados chegou ao ponto de assistirmos ontem a um comentador-residente de uma estação televisiva e ex-presidente do PSD sugerir, em "directo e ao vivo", o nome de um outro comentador da mesma estação e também ele ex-presidente do mesmo partido para substituir um membro do governo, no caso o ministro Miguel Relvas. Claro que Marcelo Rebelo de Sousa (é dele que estou a falar) sabe bem que a sua sugestão, pelo simples facto de existir, não vai ter acolhimento. Mas também sabe que as suas afirmações não vão deixar de contribuir para "meter mais um pauzinho na engrenagem". Um pouco surrealista, mas assim se  vai fazendo Portugal... 

Carlos Abreu Amorim oferecido em holocausto

Carlos Abreu Amorim, o militante do PSD oferecido em holocausto, no altar do sacrifício, em defesa de Miguel Relvas (custa-me ver alguém não desprovido de inteligência, como CAA, prestar-se a tais papéis, mas enfim...), não deixa de ter alguma razão num ponto: se o governo não se tivesse decidido, inutilmente e apenas por uma questão ideológica, para marcar território, a enfrentar o grupo Impresa, com a agravante deste ser dirigido por um antigo presidente do PSD, fundador e militante nº1 do partido, homem respeitável e respeitado em quase todos os quadrantes da sociedade portuguesa, talvez a tal "campanha" contra Miguel Relvas, de que fala CAA, não tivesse atingido as proporções actuais. Certo, mas CAA esquece-se de um "pormaior": é que ao nomear alguém com o perfil de Miguel Relvas para dirigir a privatização de um canal da RTP, e conhecendo há muito as várias opiniões, tudo o que estava em jogo e quais eram os "players" a ter em conta, o PSD e o governo cometeram um erro político de palmatória, agravado posteriormente pela sua fuga para a frente, um mal deste governo mas no qual não está só. E os erros políticos, todos eles mas principalmente os desta dimensão e primarismo, pagam-se quase sempre bem caro. Mas duvido que aprendam...  

Nota: ao falar da "mais brutal campanha de que há memória", CAA está a esquecer-se da que teve por alvo José Sócrates. São estes "esquecimentos" que muito contribuem para descredibilizar a política e os políticos. CAA está pois a prestar um péssimo serviço à democracia, mas não me parece esteja muito preocupado com isso.

domingo, julho 15, 2012

The Rolling Stones Under Review 62/66 (4/9)

Estado, governo e salários.

Uma vez mais (e não me cansarei de repeti-lo): quando discutimos a redução dos salários da função pública em 14.3%, não nos devemos deixar enredar demasiado por análises e comparações de ordem moral ou de pura justiça social, do tipo "são mais responsáveis pelo "déficit" porque são pagos pelo orçamento" ou "ganham mais do que a média (e isto das médias...) do sector privado e tal é injusto": só muito marginalmente a definição dos salários tem a ver com tais conceitos. Por exemplo, a escravatura não acabou fundamentalmente por questões de ordem moral, embora elas tivessem tido também o seu papel numa conjuntura favorável à sua aceitação. Acabou, em plena revolução industrial, porque era preciso gente para trabalhar nas fábricas e, simultaneamente, se tornava necessário criar um mercado para os produtos manufacturados produzidos, em quantidades crescentes, por essas mesmas novas unidades fabris. Por isso, se o Estado decide lançar mão de uma redução dos salários dos seus servidores para ajudar a diminuir a despesa pública é fundamentalmente por uma de duas razões: a) pensa que pode manter o mesmo nível de eficiência dos seus serviços pagando menos a quem se encarrega de os assegurar; b) ou não tem problemas em reduzir a quantidade, qualidade e eficiência desses mesmos serviços. Numa situação de desemprego reduzido teria com certeza mais dificuldade em reduzir salários, pois haveria o risco de muitos dos seus funcionários serem tentados a "fugir" para o sector privado; seria mesmo tentado a pagar melhor. Idem, se estivesse numa fase de ampliação do leque de serviços oferecidos ou em que o "caldo de cultura" valorizasse o papel do "colectivo" e do Estado. No caso actual, de desemprego muito elevado e sendo dominante na sociedade e no governo uma ideologia que tende a minimizar o papel do Estado e o  número e qualidade dos serviços por ele prestados, os riscos para o governo são quase negligenciáveis. Pode ser injusto, mas "é a vida".  

sábado, julho 14, 2012

The Rolling Stones Under Review 62/66 (3/9)

"Cross Of Iron"

"Cross Of Iron", de Sam Peckinpah (1976)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Quando há dias falei aqui da morte de Ernest Borgnine, a propósito de "The Wilde Bunch" e do seu realizador, Sam Peckinpah, citei "Cross Of Iron" não só como sendo um dos melhores filmes de guerra de sempre, e seguramente um dos cinco melhores cuja acção decorre na WWII, como também uma obra onde, sete anos depois, Peckinpah vai recuperar alguns dos elementos já presentes em "The Wilde Bunch" e em torno dos quais se estrutura o filme. Por um acaso, descobri agora "Cross Of Iron" completo no "You Tube", com legendas em castelhano o que torna bem mais fácil para muitos a sua compreensão. Aqui o deixo com a recomendação da indispensabilidade do seu visionamento. Uma boa opção para o fim de semana.

Pré-época

Os jogos de pré-época valem o que valem; ou seja, diz-me a experiência que muito pouco para quem está "de fora" avaliar o comportamento da equipa durante a época. O ritmo e intensidade de jogo são mais baixos, os espaços maiores, a agressividade menor e equipas e jogadores estão normalmente em patamares diferentes de preparação. Existem mesmo jogadores que são autênticos "reis das pré-épocas", sumindo-se pelo buraco do ponto (ou pelo túnel) logo começam os jogos "a doer". Quando mudam o treinador e uma parte significativa do plantel ainda dá para ver qual a ideia de jogo da equipa, como se vai colocar em campo, quais serão alguns dos seus princípios de jogo essenciais e por aí fora. Mas quando, como acontece com o SLB, o treinador e a base da equipa são os mesmos, pouco significado têm esses jogos. Mais a mais sabendo que o clube irá ter que realizar - no mínimo - entre 20 e 30 milhões em vendas (e será preocupante se o não conseguir), o que significa entre um a três jogadores dos mais influentes do plantel irão abandonar a equipa. Tendo dito isto... manda o bom-senso que aguardemos. 

sexta-feira, julho 13, 2012

Ainda a propósito da "Lusófona"


Uma vez mais, e peço desculpa pela insistência:
  1. Não me parece alguém que se candidate às Lusófonas e semelhantes desta vida tenha expectativas do que quer que seja, para além do desemprego, do "call center" ou do "check out" dos supermercados de Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo - e neste último caso já será uma sorte. A não ser, claro, que esteja inscrito numa "jota" ou a família tenha onde o empregar.
  2. O primeiro-ministro está a encarar o assunto pelo lado errado, contribuindo, ele sim, criando expectativas infundadas, para que os licenciados por essas universidades se possam vir a sentir defraudados. Como aqui disse - e é aí que tudo começa e acaba - o problema é que nas carreiras e admissões para o Serviço Público - e é por esse lado que Passos Coelho deveria começar -, e ao contrário do que acontece no sector privado, não existe uma "hierarquia" (digamos assim) de cursos universitários, sendo todos eles, independentemente da sua credibilidade e valor efectivo, tratados por igual. Acresce que a progressão nas carreiras é feita, primordialmente, em função de ser ou não licenciado e da nota do respectivo curso, e não duma efectiva avaliação das competências e trabalho prestado. Assim sendo, o curso, em vez de ser um meio de aquisição de técnicas e conhecimentos que possibilita a quem o possui estar muito melhor preparado para desempenhar com eficácia as suas funções e desse modo ir progredindo na carreira, transforma-se apenas numa chave-mestra para, "abracadraba", abrir qualquer fechadura. Enquanto for assim, nada a fazer. 

Les Belles Anglaises (64)




Aston Martin 2-Litre Sports (1948-1950) 

O Presidente do Tribunal Constitucional "virou" comentador político

Para um cidadão comum, um não-jurista (como eu) ou alguém não especialista em Direito Constitucional, o acordão do Tribunal Constitucional sobre o corte dos salários na função pública é indubitavelmente questionável. Questionável ao invocar questões de equidade que parece apenas se aplicam a este  caso específico; e igualmente questionável quando, de facto, suspende a vigência da constituição da República durante o ano em curso, ao estilo "pedimos desculpa por esta interrupção, a constituição segue dentro de momentos. Disse-o aqui e nada tenho a acrescentar, mais parecendo este acordão uma decisão "tailor or custom made" do que nascida da independência do poder judicial. Enfim, mas também me parece se é legítimo a um qualquer cidadão, comentador político, "blogger" de ocasião ou jornalista, questionar a decisão do TC, também me parece seria um bom exemplo que os governantes, por respeito para com a separação de podres, se abstivessem de comentar tal decisão (sim, esta vai direitinha para o CDS): decidiu, está decidido e há que cumprir. Ponto.

Mas como este país e o mundo decidiram não parar de me surpreender, agora é o distintíssimo (pelo lugar que ocupa, só o poderá ser) presidente do Tribunal Constitucional, o juiz Rui Moura Ramos, que decide, dando um péssimo exemplo, "virar" comentador político, decidindo pronunciar-se publicamente sobre as declarações do primeiro-ministro, para tal não hesitando em tecer considerações sobre o tempo que Passos Coelho terá ou não tido para ler e interpretar o acordão e o local (à porta do teatro) onde decidiu pronunciar-se. Pior, muito pior, o juiz Moura Ramos não resiste a emitir uma opinião política (diria melhor, "mandar um palpite"), sugerindo "sejam também taxados os rendimentos do capital".

Claro que o que está em causa não é a substância das opiniões do senhor doutor juiz, se partilhamos com ele das suas dúvidas, certezas ou razões. O que está em causa é exprimi-las publicamente enquanto presidente do Tribunal Constitucional, quebrando  a independência do orgão a que preside e que deveria ser "pedra de toque" do Estado de Direito Democrático. Mais: ao emitir uma opinião política sugerindo "sejam também taxados os rendimentos do capital" (curiosamente, não fala dos rendimentos do trabalho do sector privado não fosse "virar" estes trabalhadores contra si), por muita razão que tenha (e não o nego) e por muito popular que seja a sua opinião, está a dar argumentos a todos aqueles que pensam que na base do acordão sobre os cortes salariais talvez não esteja apenas um mero parecer jurídico, por definição independente, mas também uma posição a que os interesses da corporação não serão totalmente alheios, um pouco ao estilo "sou só eu? então "cadê" os outros? Mas, tendo dito isto, "no fim do dia" compete-me perguntar: mas alguém esperaria diferente desde que vimos um juiz, "em directo e ao vivo", a entrar pela Assembleia da República para deter um deputado e depois (ou antes, tanto faz) de "t-shirt", "jeans" e ténis a correr à frente de um jornalista com um microfone na mão e uma câmara de TV atrás?

The Rolling Stones Under Review 62/66 (2/9)

quinta-feira, julho 12, 2012

As Lusófonas desta vida...

No dia em que o Estado deixar de considerar em igualdade de circunstâncias para o seu quadro de servidores uma licenciatura obtida nas Lusófonas, Modernas, Autónomas, Independentes, e outras que tais desta vida, e as obtidas por universidades a sério, este problema das licenciaturas "à pressão" em universidades privadas de credibilidade muito mais do que duvidosa fica automaticamente resolvido: na sua grande maioria, os diplomas nelas obtidos servirão para forrar paredes e as habilitações nelas conseguidas apenas para um emprego na empresa da família, como caixa no supermercado ou operador no "call center". Como, aliás, já vai acontecendo actualmente fora do Estado.

The Rolling Stones Under Review 62/66 (1/9)

quarta-feira, julho 11, 2012

Aprender com a História: os mineiros das Astúrias

Astúrias: A greve geral revolucionária de 1934, prenúncio da Guerra Civil

Blindness (12)

"Blind" Willie McTell - "Travelin' Blues"

O "Estado da Nação" na João Crisóstomo

Estive a ver a maior parte do debate sobre o Estado da Nação (não, não sou masoquista e não suportei ouvir Heloísa Apolónia, fiquei-me por Louçã). A ideia com que fico, cada vez mais, é que a transmissão televisiva e via rádio deste e dos debates quinzenais, na sua essência uma opção inatacável em termos democráticos, acaba por ter um efeito perverso e, em vez de contribuir para uma melhor informação dos cidadãos, para um maior e mais esclarecido envolvimento destes na discussão das várias opções e propostas políticas, acaba por transformar estes debates num espectáculo encenado em função das necessidades de massificação e superficialidade dessas mesmas rádios e televisões, o que tem como resultado contaminar e viciar todo um modo de discutir e fazer política em Portugal e construir uma imagem negativa da Assembleia da República e do trabalho positivo de muitos deputados. Tendo dito isto, assisti a um debate politica e ideologicamente muito pobre, nada esclarecedor e em nada importante e muito menos decisivo para o que acontecerá no país nos próximos meses. Com certeza muito menos importante e decisivo do que a greve e manifestação dos médicos junto ao respectivo ministério. Aí, e não no debate sobre o "Estado da Nação", talvez se tenha decidido hoje um pouco do que será o futuro próximo do país e do governo.

Cinema e Rock n' Roll (II série - 3)

"Expresso Bongo", de Val Guest (1959)
Com Laurence Harvey, Sylvia Syms e Cliff Richard
Filme completo. Versão original s/ legendas

Inédito em Portugal, trata-se do segundo filme com Cliff Richard (o primeiro tinha sido "Serious Charge") e um dos dois em que Cliff ainda aparece como genuíno "rocker".

terça-feira, julho 10, 2012

Pequena nota sobre o relatório do Banco de Portugal

O Banco de Portugal prevê para este ano um recessão de 3%, inferior em 0.4 pp à sua anterior previsão. Ok, digamos que são menos péssimas notícias. Mas o BdeP também afirma - algo que toda a gente sabe - que podem vir a ser necessárias novas medidas de austeridade, necessariamente recessivas, para cumprir as metas do "déficit" acordadas para o ano em curso, o que não terá sido tido em consideração nas suas estimativas. Mais: o anúncio das medidas "alternativas" ao corte nos 13º e 14º meses dos funcionários públicos e pensionistas, em 2013, terá de ser feito ainda este ano, quando da discussão do Orçamento de Estado para o próximo ano, e, embora essas medidas venham a ser apenas implementadas em 2013, tal anúncio não deixará de ter um efeito igualmente recessivo já em 2012, num trimestre essencial para o consumo privado. Conclusão? Enfim, já que no governo parece existir gente com fé, talvez seja mesmo este o momento para encomendarem umas missas.

O ministro Álvaro e os "lobbies"

Diz o ministro Álvaro Santos Pereira que "este governo não tem medo de ir contra os lobbies" (não sei bem porquê, o Jornal de Negócios escreve "lobbys"). É uma afirmação estúpida, já que em democracia ninguém pode governar sistematicamente contra os "lobbies" e uma boa governação implica mesmo saber determinar e escolher correctamente, a cada momento, qual a opção a tomar em função dos diversos interesses e forças em presença. É isto a política, e é exactamente também por isso que nos USA, uma referência democrática, a actividade de "lobbying" se encontra autorizada e devidamente regulamentada. Álvaro Santos Pereira, que passou parte da sua vida adulta no Canadá e tanto gosta de fazer gala das suas influências anglo-saxónicas nas formas de tratamento, deveria sabê-lo e evitar fazer demagogia dizendo disparates. 

Stalag Fiction (8)


A privatização da RTP e um governo teimoso

aqui o disse e vou repeti-lo, agora com razões acrescidas: não tendo eu nenhuma objecção de fundo quanto à privatização da RTP, não me parece existirem neste momento, face ao caso das "secretas e à fragilidade do ministro da tutela, condições para que esse processo se desenrole sem que sobre ele venham a recair suspeições de vária ordem. A troca de palavras entre o ministro Miguel Relvas e alguns deputados da oposição, hoje, na Assembleia da República, e as nada veladas e pouco dignas de um governante acusações do ministro ao grupo Impresa ("se quisesse que os meus sábados fossem mais tranquilos era parar o processo de privatização da RTP. Teria os sábados com menos ataques, menos críticas") apenas vêm reforçar o que digo. Continuar com um processo, neste momento e nestas condições, quase desde o princípio inquinado e que nada contém de essencial para o país, não é uma questão de ideologia, mas apenas uma pura e simples teimosia, uma ausência de tacto político e uma fuga para a frente do ministro Relvas que poderá vir a custar bem caro ao governo e  até talvez ao país. O primeiro-ministro ainda não ter percebido tal coisa é que é preocupante e revelador da (in)capacidade de quem nos governa.

The Satellite/Stax records story (2)

Don Willis - "Boppin' High School Baby" (1960)

segunda-feira, julho 09, 2012

"Mais rápidos do que a própria sombra"

Criou-se em Portugal, nos últimos anos, uma certa histeria securitária, talvez fruto da sociedade portuguesa ter passado muito rapidamente de rural, a cujas características as pessoas associam a segurança da vizinhança e da proximidade, a urbana, um ambiente tido por mais agressivo e individualista, digamos que menos "aconchegado". E, claro, esse choque de culturas, em que a criminalidade deixou de estar ligada a mortes à sacholada por questões de águas ou de ciúmes (em que é possível determinar e isolar facilmente um indivíduo, uma causa ou um motivo) e passou a definir-se por roubos por esticão e assaltos à mão armada a que qualquer um pode estar sujeito, criou nos novos habitantes das cidades, por norma os menos instruídos, um sentimento de insegurança explorado e potenciado de imediato pelos "media" sensacionalistas (interrogo-me se ainda haverá outros) e pelas pulsões políticas populistas, neste caso centradas no CDS/PP actual. 

Infelizmente, este "caldo de cultura" não encontrou resposta eficaz da parte dos restantes partidos políticos (talvez com excepção de uma tímida reacção do Bloco de Esquerda) que, numa acção didáctica, se lhe deveriam ter oposto desde bem cedo, matando a serpente no ovo. Explicações? Simples: para ganhar votos é sempre mais fácil cavalgar a onda populista e ir ao encontro dos sentimentos mais primários do "povo da SIC", prometendo mais polícias, "julgamentos sumários" e penas "mais pesadas", mesmo estando provada a reduzida ou nula eficácia de tais medidas, do que dar primazia ao didactismo e a medidas mais eficazes mas mais discretas, menos "de encher o olho". O resultado de tudo isto é uma autêntica "rédea solta" concedida às polícias, que, aos "urros da populaça" e apenas por "acreditarem" (sic) estarem os prevaricadores armados, não hesitam em atirar a matar sobre quem se recusa a obedecer a um simples sinal de paragem por parte das forças de segurança ou efectua umas tantas manobras perigosas. Estamos, assim, em pleno "faroeste" ou numa situação digna de um país do terceiro-mundo, sendo, infelizmente, necessário lembrar mais uma vez que às polícias e forças de segurança não compete julgar e condenar, que a "pena de morte" não está prevista no código penal português e que a utilização proporcionada da força deveria fazer parte do código genético de qualquer agente policial. Mas, infelizmente, apesar de toda e evolução positiva sofrida pelas polícias nos últimos anos, muitos dos seus responsáveis operacionais e políticos continuam a pensar que cabe aos agentes dispararem primeiro e perguntarem depois, ou então, tendo lido as histórias de Lucky Luke, experimentarem na primeira oportunidade se são capazes de "disparar mais rápido do que a sua própria sombra".

The Satellite/Stax records story (1)

The Vel-Tones - "Fool In Love" (1959)

Ernest Borgnine (1917-2012)

"The Wild Bunch", de Sam Peckinpah (1969)
c/ Ernest Borgnine, William Holden, Robert Ryan, etc.

"La Golondrina", talvez a sequência mais comovente de um filme inesquecível e que constituiu não só um marco incontornável na História do "western" como define da sua fase crepuscular. O que é curioso é oito anos mais tarde, em 1977, Sam Peckinpah recuperar muitos dos elementos de "The Wild Bunch" para, num salto no tempo, no espaço e na temática, integrar naquele que considero um dos melhores filmes sobre a II Guerra Mundial: "Cross of Iron". E, o que é tudo menos uma coincidência, marcando também, em certa medida, a fase crepuscular do género. 

As vaias

Vaiar um membro do governo é perfeitamente legítimo, tal como o é patear no teatro, gritar "bravos" ou ficar em silêncio nos concertos, aplaudir, assobiar ou acenar lenços brancos no futebol ou gritar "olés" nas corridas de toiros ou quando o "velho" Fernando Chalana sentava mais um defesa contrário. E assim sucessivamente. E não é relevante sejam muitos, poucos ou apenas um a fazê-lo, já que a quantidade não altera a legitimidade. Portanto, o problema das vaias aos membros deste ou de outros governos não é esse - o da sua legitimidade ou do número dos que o fazem - mas sim o facto da sua repetição sistemática, sem "crescendo", e inconsequente fazer com que se tornem política e noticiosamente irrelevantes, se transformem numa "moda". E isso é o pior que pode acontecer aos seus autores e o melhor que pode acontecer aos visados.

sábado, julho 07, 2012

Os "cortes", o Tribunal Constitucional e por aí fora

Ora vamos lá tentar sistematizar um pouco o pensamento sobre esta questão da inconstitucionalidade dos cortes nos chamados subsídios e, ao mesmo tempo, dar uma resposta ao leitor JR.
  1. Ainda antes de entrarmos em questões de inconstitucionalidade, devo dizer que acho, no mínimo, estranho e, embora não sendo jurista, com laivos de ilegalidade ou pelo menos moral e socialmente condenável, que uma das partes (neste caso, o Estado) decida unilateralmente e sem acordo da outra parte alterar as condições de um contrato que estabeleceu livremente com os seus servidores, decidindo pagar-lhe menos 14.2857... % do que o salário  inicialmente estabelecido. E pode para tal decisão invocar o que quer que seja, até o cataclismo universal, que a minha posição não se altera. Devo esclarecer que isto não significa que seja ou não de opinião que os funcionários públicas estejam bem ou mal pagos para as funções que desempenham, que o Estado tenha ou não funcionários a mais ou a menos, etc, etc. É uma posição de princípio, universalmente válida. 
  2. Tendo dito isto, e não sendo jurista, não me pronuncio sobre a constitucionalidade do assunto. Longe de mim tal ideia. Como cidadão, acho apenas, e se falamos de equidade, o que não falta por aí em vigor são leis iníquas, tanto ou mais do que esta. Mas enfim, querendo ser benevolente direi que finalmente se fez luz na cabeça de tão distintos juízes; caso o não queira ser, direi que, até aqui, os membros do TC terão aderido ao conceito "malagueta no cu dos outros não arde".
  3. Existe, de facto, uma norma constitucional ("Quando a segurança jurídica, razões de equidade ou interesse público de excepcional relevo, que deverá ser fundamentado, o exigirem, poderá o Tribunal Constitucional fixar os efeitos da inconstitucionalidade ou da ilegalidade com alcance mais restrito do que o previsto nos n.os 1 e 2.") que permite esta decisão abstrusa de considerar uma norma inconstitucional mas de a aplicar temporariamente, suspendendo, de facto, a vigência da Constituição da República. Eu, não poupando as palavras chamar-lhe-ia "golpe de Estado", mas se quiser ser mais suave direi que se trata de uma decisão baseada numa norma difícil de compreender pela esmagadora maioria dos cidadãos e, arrisco, até por muitos juristas. E vou até mais longe: estando os cortes salariais feridos de inconstitucionalidade, o seu valor deveria ser obrigatoriamente devolvido aos cidadãos. Enfim, PCP e o BE estão cheios de razão e agradecem a rara graça (terem razão) que lhes foi concedida pelo TC. 
  4. O Senhor Presidente da República desde o início se pronunciou sobre a falta de equidade fiscal contida no corte nos salários dos servidores do Estado, mas decidiu não solicitar a sua fiscalização preventiva por que tal "ia deixar o país sem orçamento". Ou seja, o Senhor Presidente da República, que jurou defender a Constituição, acha que a lei do Orçamento prevalece sobre a Constituição da República e que a vigência constitucional "continuará quando der jeito". Estamos conversados. E, mais uma vez, direi que o mal não é dele, mas sim do absurdo regime semi-presidencial. Parlamentarismo, precisa-se, como bem lembraram os deputados que solicitaram a fiscalização preventiva da constitucionalidade da lei.
  5.  Se o governo considera existir excesso de funcionários públicos ou é de opinião que o Estado não pode suportar a actual massa salarial da Função Pública, não seria mais justo despedir, premiando os "bons" e penalizando os "maus" (funcionários, entenda-se) o que até poderia contribuir para uma maior eficácia dos serviços prestados? Em termos teóricos, acho que sim e não me oponho - e até acho saudável - a que se abra a discussão. Mas atenção: em primeiro lugar,  para tal seria necessário existisse um objectivo estratégico e uma avaliação correcta das necessidades, serviço a serviço, o que me parece estar longe de ser verdade; em segundo lugar, que estivesse implementado um sistema credível de avaliação de desempenhos, que minimizasse injustiças (não me parece exista); em terceiro lugar, e no curto/médio prazo, tal significaria um agravamento da despesa, pois o Estado teria de pagar as respectivas indemnizações e subsídios de desemprego; por último, com o desemprego ao nível actual seria politicamente catastrófico e teria um efeito económico recessivo difícil de imaginar.