sexta-feira, dezembro 30, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (15/23)

Sinal dos tempos...

Quando, nos dias seguintes à tomada de decisão sobre a privatização da EDP, resolvi trocar umas impressões sobre o assunto com pessoas da geração a seguir à minha (agora nos trinta e tais) e que se interessam por este tipo de assuntos, amigos e familiares com formação e actividade nos negócios e gestão, o racional que me era apresentado incluía, invariavelmente, apenas argumentos de natureza económica e financeira, estando ausente qualquer pensamento político, mesmo que pouco estruturado, sobre o assunto. Não deixei, claro, de estabelecer o contraste com a minha própria geração, onde as questões de ordem política, mesmo em gente com formação na mesma área, teriam assumido, certamente, um carácter bem mais vincado. Mau sinal dos tempos, e de uma geração que nasceu e cresceu de costas voltadas para a política. Culpa da minha geração, provavelmente, mas cumpre-me pensar que "não há mal que sempre dure"...

quinta-feira, dezembro 29, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (14/23)

Forrest Gump e a "lei das rendas"

Já conheci demasiadas "Leis das Rendas" para ter outra opinião que não seja a de Forrest Gump: são como as caixas de chocolates; só depois de abertas se vê o que está lá dentro. Isto é, só depois de serem postas em prática se pode concluir da sua eficácia na criação de um verdadeiro mercado de arrendamento e da sua capacidade de proporcionar equilíbrio e justiça em termos sociais. Veremos, pois, e este "veremos" é bem um sincero desejo de que estes dois pressupostos se verifiquem. 

O melhor cinema de 2011




Assim de repente e sem grande esforço de memória e muito menos de consulta, do que vi, "Road To Nowhere", de Mont Hellman, e "Sangue do Meu Sangue", de João Canijo, foram talvez o melhor cinema de 2011. E peço desculpa se me estou a esquecer de algum.

The Saturday Evening Post Happy New Year (2)

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (13/23)

O jogador de futebol Enzo Perez...

O jogador de futebol Enzo Perez, ao que dizem as boas e más línguas "craque" no seu país de origem (Argentina), achou que chegava a este país de "bola quadrada" e ao seu maior clube, que o contratou por bom preço, e, sem grande ou mesmo pequeno esforço, seria de imediato titular e ídolo levado ao colo pelos adeptos. Nos jogos de pré e início de época, começou logo a ver não seria bem assim, que o trabalho seria árduo e era preciso fazer pela vida. Depois, lesionou-se com alguma gravidade e logo imaginou, por via disso, as coisas se iriam tornar ainda mais difíceis. Amuou, fez "birrinha" e agora, parafraseando um qualquer governante, quer voltar à sua "zona de conforto", isto é, à Argentina, desrespeitando o contrato que de livre vontade assinou. Espero (e quantas vezes já disse isto?) desta vez o meu clube não vá na cantiga e não ceda às pressões do jogador, dando o exemplo que já tarda para que situações destas se não repitam. 

A televisão digital terrestre (TDT)

Nos anos 90, quando a PT decidiu desactivar a sua rede analógica móvel fez o favor de trocar gratuitamente aquele calhamaço que eu ainda tinha montado no carro por um telemóvel digital portátil, que cabia (mais ou menos) no bolso. Bem sei que, por ser caro de custo, montagem e utilização, pouca gente tinha telefone no carro, e por isso a operação global não terá custado muito dinheiro à PT. Mas pronto, a decisão nada tinha a ver com a vontade dos utilizadores (pessoalmente, até já tinha também um telemóvel digital) e portanto a PT fez o que tinha a fazer. 

Por isso mesmo não compreendo, agora que a TV analógica está a dar as últimas (e nada tenho contra, mas tudo a favor), que o custo de compra de um descodificar (acho que se chama assim) para quem não tem televisão paga tenha de ser da responsabilidade do utilizador, que não foi tido nem achado na mudança e se calhar acha estava muito bem como estava. Mais a mais, calculo eu, tratando-se maioritariamente de cidadãos com poucos recursos e, muitas vezes, sem acesso ou instrução para fruir outras formas de entretenimento. Sim, eu sei que o custo seria necessariamente elevado, pois calculo a conversão atinja uns bons milhares de portugueses. Mas, que raio, alguém lhes perguntou se queriam mudar? 

terça-feira, dezembro 27, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (12/23)

Bilhetes para o SLB - F.C. Zenit: não estaremos a exagerar?

Por curiosidade, já que o bilhete me foi oferecido incluído nos presentes de Natal, fui espreitar ontem no "site" respectivo o preço dos bilhetes para o SLB - F.C. Zenit. E convenhamos que €30 para o meu habitual lugar (Red Pass) na bancada Meo, 3º piso, fila A me parece um pouco a puxar ao exagero. Digamos que não se trata de um mau lugar (francamente melhor, para além dos camarotes, só mesmo no 2º piso das bancadas MEO e TMN, a preços pornográficos), mas pedir a um associado €30 (os "pouco fiéis" e os "hereges" pagam €40) para o ver o seu clube jogar os 1/8 de final da Champions League contra o Zenit de São Petersburgo e não contra o Real Madrid ou o Barça, nem mesmo contra o Chelsea ou o Bayern, em época de crise e mesmo com o IVA em subida acelerada, parece-me acção destinada a não ter o estádio cheio. É que não se trata de acto único, pois para os três jogos anteriores da CL, para lugar equivalente, já o associado pagou por junto, no mínimo e se comprou o "pack", €55, isto não tendo em conta a pré-eliminatória e o "play off". Veremos se o resultado na Rússia é de molde a compor as coisas, ou seja, os lugares na "Catedral". Mas fica o aviso...

The Saturday Evening Post Happy New Year (1)

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (11/23)

Anglophilia (88)




Boxing Day Hunting

As iluminações de Natal, o investimento público e a economia doméstica

Penso que nada mais claro para se perceber que a economia de um país não é propriamente o mesmo que a de uma família do que esta notícia. As habituais iluminações de Natal nas cidades (pequenas, grandes e médias) geraram o aparecimento de muitas empresas - de, vamos lá, um "mini-cluster" -, que se dedicam à sua sua concepção, montagem e manutenção. Digamos que são empresas em que o trabalho sazonal, no Natal, terá impacto significativo nos seus resultados anuais. De repente, por causa da crise as autarquias reduziram radicalmente o seu habitual investimento nesta área, deixando muitas dessas empresas à beira da falência, em condições de viabilidade económica questionável e muitos dos seus trabalhadores e donos (a maioria serão pequenas empresas de âmbito local) sem trabalho ou rendimentos. Portanto, aquilo que parecia ser uma decisão lógica e sensata do Estado (neste caso das autarquias), cortando o investimento numa área considerada supérflua em tempo de dificuldades financeiras, acaba por ter como consequência, não só um agravamento da recessão económica, com a subsequente queda dos impostos cobrados,como o facto do Estado acabar por vir a ter de pagar, através do subsídio de desemprego  e outras prestações sociais, uma parte daquilo que teoricamente poupou ao decidir cortar o investimento autárquico em algo que terá considerado (e bem, em termos teóricos) como supérfluo. Não falando, para já, das possíveis consequências sociais da sua decisão.

Claro que isto não significa que o Estado (central e local) não deva equacionar bem os seus investimentos e evitar o desperdício nesta e em quaisquer circunstâncias. Muito menos que devesse ter mantido intocável a sua habitual, a nível autárquico, despesa nas decorações e iluminações de Natal. Significa apenas que Estado e economia doméstica são coisas muito diferentes, nas implicações das decisões tomadas e nas respectivas consequências, que nem tudo o que parece é e que, portanto, antes de se tomarem decisões é necessário equacionar muito bem quais virão a ser os seus reflexos políticos, económico-financeiros e sociais. É bom que não se brinque de aprendiz de feiticeiro...  

O comentário

Ontem foi dia de mensagem de Natal do primeiro-ministro. Palavras de circunstância, como é habitual nesta e em ocasiões semelhantes, venha a mensagem de um qualquer chefe de governo, Presidente da República, Papa, Rei ou ofício correlativo. Aliás, penso nem de outro modo poderia deixar de ser, já que nesse dia ninguém estará com tempo ou disporá de atenção ou paciência suficientes para ouvir grandes anúncios, (ou mesmo pequenos), discursos programáticos ou definições estratégicas. Mas enfim... no jornalismo e no comentário político - prova-se - o reflexo "pavloniano" vale mais do que a inteligência, Há comunicação ao país? Logo, nas televisões haverá comentário, debate, análise e assim sucessivamente, mesmo que o seu objecto seja uma pequena comunicação de circunstância e sem qualquer conteúdo relevante. E foi assim, que ontem lá tivemos mais do mesmo. Mal de um país demasiado palavroso, onde qualquer colocação de vírgula é capaz de suscitar análises sem fim e, até, talvez uma consulta a um psicólogo.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (9/23)

A Doo Wop Xmas (2)

The Falcons - "Can This Be Christmas"

O aumento do tempo de trabalho e a estratégia de "empobrecimento"

Ponto prévio: "produtividade" define-se, basicamente e sem querer estar a ser demasiado rigoroso, como a quantidade produzida por unidade de tempo. Portanto, quando falamos do aumento de tempo de trabalho, mesmo que sem remuneração, podemos estar a falar de muitas e variadas coisas, mas nunca de produtividade.

Ok, tendo dito isto, não me parece que, no caso português, o aumento do tempo de trabalho não remunerado que resulta da supressão de alguns feriados, da 1/2 hora de "trabalho para a nação", de qualquer redução dos dias de férias, etc, na prática, reduzindo os salários, o valor hora/homem, tenha, salvo excepções muito pontuais, qualquer impacto directo e significativo na "competitividade" (e não na "produtividade") do país, num mundo globalizado e numa conjuntura recessiva. Escuso-me de entrar em grandes explicações, pois elas estão disponíveis (ver, por exemplo, o que se escreveu e disse sobre a TSU) e têm sido dadas pelos poucos que, neste país, ainda insistem em pensar autonomamente.

Então, se assim é, porque se insiste? Sem dúvida nenhuma por uma questão puramente ideológica, tendo como função criar o ambiente, o "caldo de cultura" que torne mais fácil a aceitação por uma maioria dos cidadãos da estratégia governamental "de empobrecimento", o que pressupõe uma forte desvalorização do factor trabalho e uma alteração radical da relação empregador/empregado num sentido mais favorável ao primeiro. Aliás, basta estar atento ao modo como Pedro Ferraz da Costa, o mais ideológico dos representantes, mesmo que inorgânico (ou talvez por isso mesmo...), das associações empresariais, se tem batido "à outrance" por medidas desse tipo mesmo que por vezes em discordância com as direcções respectivas.

Resumindo e concluindo: a tal competitividade do país só poderá aumentar, de modo significativo, por via do aumento da produtividade, e embora tal possa pressupor alguns ajustamentos nas relações de trabalho e, em alguns casos, uma sua maior flexibilização (olhai para a AutoEuropa, senhores), está longe, muito longe de ter algo a ver com o aumento do tempo de trabalho e a forte desvalorização salarial que isso implica. 

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (8/23)

A ex-ministra Ana Jorge é "pouca coisa"


Alguém terá que explicar à ex-ministra Ana Jorge que a grande maioria dos portugueses se está "nas tintas" para que a saúde seja pública ou privada. Aliás, o Serviço Nacional de Saúde já recorre frequentemente a operadores privados, com os quais estabeleceu - e bem - protocolos. O que os portugueses querem ver garantido é o acesso em condições de igualdade a cuidados de saúde de qualidade a preços que possam pagar sem sobrecarregarem demasiado os seus já depauperados orçamentos familiares. Tal tem sido garantido pelo SNS? Sim, sem dúvida alguma, mas limitar-se a invocar o seu carácter público como indispensável a esse desiderato, sem quaisquer explicações ou argumentação adicionais, não me parece suficiente para mobilizar os portugueses na defesa de uma das suas mais importantes conquistas civilizacionais. É "pouca coisa", esta ex-ministra.

O "Gato Maltês" elegeu a personalidade mediática mais patética de 2011...

...e o prémio vai para...


João Cantiga Esteves

Uma Organização Todt para o eurodeputado Paulo Rangel


Só para lembrar ao eurodeputado Paulo Rangel que afinal a sua ideia de um agência para ajudar os portugueses na emigração não é assim tão original. Não posso dizer-lhe esteja em boa companhia, mas já ouviu falar em coisas como Arbeitseinsatz e a Organização Todt? Não? não acredito, sendo, como é, pessoa culta. Podia, talvez, sugerir-lhe uma outra agência ou organização, mas, infelizmente, esta é a única que me ocorreu. Procurando bem, até talvez encontre outras em países do mesmo tipo. É que, sabe, talvez instituições do tipo que sugere não existam mesmo em países democráticos.

6 meses 6

Peço imensa desculpa a muitos comentadores, mas não consigo avaliar a actividade dos primeiros seis meses do governo apenas na base de questões de curto-prazo, do "cumpriram ou não o seu programa", estão a implementar ou não as medidas acordadas com a "troika"", "conseguem ou não cumprir as metas do "déficit", "estão ou não a realizar as reformas estruturais com as quais se comprometeram", etc. São questões relevantes, sem dúvida, e que merecem análise.  Mas nenhuma delas ou o seu conjunto são a questão-chave, estrutural. Esta será "o governo tem uma alternativa àquele que parece ser o seu programa estratégico de "empobrecimento dos portugueses"? De apelo descarado à emigração? De degradação do estado social? (embora reconheça existem reajustes necessários a fazer). De ausência de apoio e financiamento ao empreendorismo e inovação empresariais? De desvalorização do factor trabalho? No fundo, o governo tem alguma estratégia que permita ao país, a prazo, aproximar-se das democracias mais desenvolvidas e dos países mais civilizados da UE e do mundo? Que permita aos seus cidadãos desenvolverem as suas capacidades e acederem a uma vida mais livre e digna? Pois... não me parece a tenha nem que tal coisa constitua a sua principal preocupação.  

terça-feira, dezembro 20, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (7/23)

A Doo Wop Xmas (1)

The Uniques - "Merry Christmas Darling"

Eduardo Barroso: "malagueta no cu dos outros..."


Ah, sim?!

Só agora, quando o seu clube realizou enorme esforço de investimento assumindo a ambição de lutar para o título, é que o ilustre cirurgião e presidente da Assembleia Geral do SCP descobriu tal coisa? E quando o clube de que é sócio destacado e agora dirigente assumiu uma estratégia de subserviência em relação ao FCP, e antagonismo para com o  meu "glorioso" elevado à categoria de inimigo principal, chegando ao ponto de permitir que o clube de Pinto da Costa contratasse o seu capitão, onde estava o indignado sportinguista Eduardo Barroso? A protestar por causa de eventuais e alegados erros de arbitragem ou a demonstrar que a venda do passe de João Moutinho, hoje pedra fundamental no FCP, tinha sido um excelente negócio? Não me parece, já que me lembro de apenas Dias da Cunha ter assumido tal posição contra o que denominou - e bem - de "sistema". Pois é, ilustre cirurgião Eduardo Barroso, "malagueta no cu dos outros não arde". E só não lhe recomendo que agora se cale porque sou democrata e o senhor pertence a uma família de democratas que muito respeito. Mas não se esqueça, por favor: alguma contenção e memória também fica bem aos que se reclamam da democracia. E, já agora, deixe-me corrigi-lo: quando Pinto da Costa espirra os árbitros não se constipam; apanham, tal como acontece com os responsáveis da LPFP, uma enorme a valente pneumonia. Só não percebo como o senhor, médico ilustre, ainda não tinha dado por isso... 

Rescaldo do "Fórum TSF" de hoje

Se existe uma área na qual, por nada deste mundo, gostaria de ver implementada uma política que fosse "ao encontro das expectativas dos cidadãos", essa seria a de segurança. Teríamos, de imediato, os polícias a disparar primeiro e perguntar depois (com muito maior frequência do que já acontece); a polícia a prender e julgar com poucas ou nenhumas garantias de defesa para os acusados; mais tiros para o ar e para os pneus a acertarem na cabeça dos que não obedecessem às ordens de paragem; video-vigilância aos pés das camas de cada um; a legalização do homicídio no caso de flagrante delito; grupos de "vigilantes" armados a percorrerem as ruas e o "slogan" "quem não deve não teme", tornado lei omnipresente. Por último, a prisão perpétua e os trabalhos forçados tornados norma, bem como um referendo sobre a "pena de morte" que não tenho grandes dúvidas seria aprovado por maioria esmagadora. Assustador. Não, não quereria viver num país assim. 

segunda-feira, dezembro 19, 2011

The Saturday Evening Post Xmas (III série - 3)

Capa de J. C. Leyendecker (1918)

Vítor Bento e o microfone

Pois imaginem lá agora que Fernando Pinto, CEO da TAP, a meio de uma entrevista sobre os planos da companhia aérea a que preside, reconhecia que um avião da transportadora poderia cair e que, embora tal acontecimento não fosse desejável e pudesse mesmo ser considerado catastrófico, seria bom assumir em público tal hipótese e discutir, também em público, o que todos deveriam fazer em tais circunstâncias. Está bem de ver que isso iria gerar alguma (bastante) desconfiança entre os habituais e potenciais passageiros, que diminuiriam os seus níveis de confiança na segurança da TAP, preferindo viajar noutras companhias com os prejuízos daí inerentes para a transportadora nacional. Mas as companhias aéreas, em geral, e a TAP, em particular, não consideram tal eventualidade nem têm planos para agir em tais circunstâncias? Claro que sim, e realizam mesmo exercícios frequentes onde essa possibilidade é reconhecida, sabendo, dentro dos limites do previsível, o que fazer em tais circunstâncias. Mas esses exercícios e estudos são realizados com a necessária e possível privacidade, e a divulgação das suas conclusões é reservada apenas a alguns destinatários, com níveis definidos consoante o seu papel e funções que exercem. Mais: seria impensável ver um alto-responsável de uma companhia aérea vir tecer considerações públicas sobre o assunto no meio de uma entrevista a um orgão de comunicação social.

Bom, pois foi mais ou menos este cuidado que o Conselheiro de Estado Vítor Bento não teve quando decidiu sugerir, numa entrevista ao "Público", que embora a saída do euro não fosse desejável tal deveria ser discutido publicamente. Vítor Bento deveria lembrar-se que já não é um comentador das televisões, um divulgador da ciência económica, um analista dos assuntos relacionados com as finanças públicas; mas um político com a responsabilidade inerente a ter sido escolhido pelo Presidente da República para o Conselho de Estado. Portanto, e em conformidade com as funções que actualmente exerce, deveria Vítor Bento assumir a necessária contenção ao falar deste tipo de assuntos, deixando à reserva e confidencialidade dos Conselho de Estado, Banco de Portugal e Ministério das Finanças a discussão, considerações e decisões sobre um assunto estratégico de enorme gravidade e consequências. E, simultâneamente, deixar a quem compete e não tem responsabilidades políticas -  jornalistas, comentadores e académicos - as análises, especulações e criação de cenários sobre o assunto. Ao não o fazer, está a gerar desconfiança entre os seus concidadãos, com todos os prejuízos, fáceis de imaginar, daí resultantes. O problema, o verdadeiro problema é que no caso de Vítor Bento, como em tantos outros, não estamos na presença de políticos, mas de puros fenómenos mediáticos que, por via disso - da notoriedade construída nos "media" -, ascenderam à política "pura e dura" para a qual, independentemente do seu valor académico e das suas qualidades de divulgadores, não estavam preparados ou não terão mesmo qualquer vocação. No fundo, estamos aqui perante mais um dos maus (péssimos) resultados do populismo do "falar verdade" e do "ódio aos políticos" que, com a cumplicidade de tantos e para gáudio de alguns, tem vindo paulatinamente a ser semeado.

Walk On By - The Story Of Popular Song (6/23)

domingo, dezembro 18, 2011

Passos Coelho e Relvas, ou como gerir a comunicação de forma desastrosa

Se a política tem horror ao vazio, a comunicação política não é a tal critério estranha. Quando um responsável político decide desdobrar-se em entrevistas, discursos, comunicações e "ofícios correlativos" sem que nada o justifique, isto é, sem ter nada de relevante e/ou novo para comunicar, o mais certo é que, no meio de banalidades várias destinadas a ocupar espaço e tempo, acabe por emitir, aqui ou ali, algum juízo ou "soundbite" de que tenha de vir a arrepender-se. No mínimo, e essa é a menos má das hipóteses, que o seu discurso se torne inútil por banalização ou repetição das ideias e conceitos. Mais ainda se tal político não for exímio na organização da sua comunicação, ou não tiver conselho eficaz.

Tivemos hoje disso dois bons (maus) exemplos. Um deles quando Pedro Passos Coelho, à falta de matéria relevante, se deixou enveredar pelo tom de amena cavaqueira e decidiu aconselhar os professores portugueses a emigrar. A emigração será para esses cidadãos uma boa ou até, talvez, a melhor opção nas condições actuais? É bem provável, mas compete a um primeiro-ministro governar tentando assegurar aos governados as melhores condições de vida no país onde nasceram e/ou onde vivem, demonstrar que um futuro melhor é possível e mobilizar para tal os cidadãos, e não declarar-se para tal impotente optando, como prioridade, por tentar descartar-se dos seus compatriotas. Estamos, pois, perante um erro político de enormes proporções e consequências imprevisíveis para Pedro Passos Coelho, que não é propriamente um político principiante mas não resistiu ao fascínio do microfone.

O outro, vindo do ministro Miguel Relvas, quando, numa altura festiva em que os portugueses já viram diminuídos os seus rendimentos habituais, nada de melhor e mais positivo ter encontrado para dizer aos cidadãos do que lembrar que 2012 "será um ano extraordinariamente difícil", algo de que os portugueses já têm consciência plena e de fresca data sem que fosse necessário um ministro vir mais uma vez lembrar-lhes, acentuando o clima recessivo. É verdade? Claro que sim, mas saber gerir a comunicação deverá ser um dos principais atributos de um político (e Relvas é o mais político dos ministros, convém lembrar) e, ao contrário de um mito que tendeu a fazer carreira em Portugal nos últimos tempos, a verdade nem sempre é boa conselheira. Mais: é mesmo, muitas vezes, bastante inconveniente. Ouviu, ministro Miguel Relvas? 

O "Congresso da Asneira"

Um, deputado, diz que se está "marimbando" para os credores; o outro, primeiro-ministro, manda os professores emigrar. Utilizando uma expressão "muito cá de casa", começou o "Congresso da Asneira". Mas a "silly season" não é em Agosto ou o calendário também já endoideceu?

Ex-votos (2)

O primeiro-ministro e os professores

Ora vamos lá deixar de ser politicamente correctos e concluir que Pedro Passos Coelho tem razão (calma, não tirem conclusões precipitadas...) quanto às soluções que preconiza para o desemprego dos professores: na ausência de oportunidades em outras áreas empresariais, emigrar talvez seja mesmo melhor do que ficar no desemprego e sempre aligeira o orçamento de Estado. Pois... só que o mundo, a História e a política estão pejados de cadáveres cheios de razão, e, além do mais, Passos Coelho não é um comentador político, um jornalista, um politólogo, muito menos um "blogger" do "Blasfémias" embora por vezes pareça sê-lo ou puxar-lhe para tal coisa o pé. Pedro Passos Coelho é o primeiro-ministro deste país, eleito democraticamente e a cujos cidadãos deve responder pelos seus actos e os do seu governo, e incitar os portugueses à emigração é uma ofensa que nem Salazar ousou; um erro político de enorme gravidade que num país, digamos, um pouco mais civilizado só poderia levar o primeiro-ministro à demissão. Por muito menos do que isso, por uma anedota sem graça e a despropósito ou por um par de corninhos dedicado a um deputado, já ministros deixaram nesses momentos de o ser. Duas brincadeiras de criança, quando comparadas com esta afirmação do primeiro-ministro de Portugal. Por isso, para não engrossar os números do desemprego e não prejudicar os objectivos orçamentais, que tal também emigrar, senhor primeiro-ministro? 

Nota: Já agora: que têm a Fenprof e o ubíquo sindicalista Nogueira a dizer a isto? E o ministro Crato?

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (5/23)

A 1/2 hora de trabalho para a "nação" e o regresso do PREC


Voltem; estão perdoados

SLB na Champions League

Se eliminar o Zenit (é um jogo 50/50), restam ao meu "Glorioso", nos 1/4 de final e se analisarmos os jogos em termos de favoritismo teórico, Real Madrid, Barça, Chelsea (ou Nápoles), Milan (ou Arsenal), Inter, Bayern e... Olympique Lyonnais. Em condições normais, e por muito ferrenho que eu seja, este último adversário seria a única hipótese de o SLB ter mais um jogo 50/50 e, portanto, talvez a única oportunidade para o meu clube estar presente nas 1/2 finais. Pois, mas nem todos os dias é Natal... embora tivesse preferido o CSKA.

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Urban Lavender - Christmas (3)

Walk On By - The Story Of Popular Song (4/23)

O ricochete

Disse aqui, neste "post", que a ausência de uma estratégia coerente do PS, levando-o a disparar sobre tudo o que mexe, ainda havia de dar origem a que uma bala ricocheteasse e atingisse o próprio partido. Não foi preciso esperar muito: estas afirmações do deputado Pedro Nuno Santos, vice-presidente da sua bancada, lançam estilhaços sobre o partido e arriscam-se a causar importantes danos em causa própria, fortalecendo a alheia. Não me parece, tendo em atenção as últimas sondagens e o estado de espírito que elas revelam, uma maioria dos portugueses nelas se reconheça.

Para além disso, revelam a existência de um líder fraco, que não "tem mão" no seu próprio partido, e pouca gente estará disposta a entregar o seu voto a alguém nessas condições. Muito menos numa situação de crise extrema, que até costuma ter tendência a gerar pulsões autoritárias.

Ex-votos (1)

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Walk On By - The Story Of Popular Song (3/23)

Comentário sobre futebol ou análise política?

Gostava de saber por que razão um dos comentadores do jogo de futebol Lazio-SCP, aproveitando a promoção ao Jornal da Noite, programa que se seguiria na grelha da SIC, se dedicou durante o jogo a emitir opiniões pessoais de carácter político, mormente a propósito de questões de segurança. Gostaria também de saber em que elementos estatísticos o dito comentador se baseou para emitir tais opiniões, ou se estaremos apenas perante apreciações subjectivas, "palpites" ou o tradicional "achismo". Já não bastava o comentário ao jogo ser suficientemente mau?

Pára!, se não o PS dispara.

Na oposição, o PS parece não ter qualquer estratégia e dedica-se a atirar sobre tudo o que mexe. Agora dispara sobre o governo a propósito da anulação do investimento da Nissan, um assunto onde nem o governo de José Sócrates, nem o actual, PSD/CDS, parecem ter qualquer responsabilidade. De tanto disparar, um dia destes ainda é atingido por um ricochete. Se é que já não foi...

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Urban Lavender - Christmas (2)

The Saturday Evening Post Xmas (III série - 2)

Capa de J. C. Leyendecker (1921)

O meu "Glorioso": ponto de situação

Bom, o meu "Glorioso" está a praticar um futebol desconchavado, entediante e que não entusiasma? Que nos deixa jogos seguidos à beira de um ataque de nervos ou, pior, de um AVC? Verdade. Mas em termos práticos, vejamos:
  1. A equipa ganhou, sem derrotas, o seu grupo na Champions League (um grupo onde, recorde-se, estava o Manchester United). Cumpriu mais do que a sua obrigação (esta, era apurar-se) e tudo o que vier agora é por acréscimo. Nesta prova, portanto, acabou-se a pressão.
  2. Lidera, em igualdade com o FCP, o campeonato e, ao contrário de FCP e SCP, já tendo defrontado as principais equipas e apenas uma delas em "casa". Em 12 pontos possíveis conseguiu 8: vitórias sobre o SCP ("casa") e Marítimo ("fora") e empates em Braga e no Porto, estes últimos resultados bem melhores do que os conseguidos no último ano em que foi campeão.
  3. Os seus principais adversários começaram o campeonato sem o desgaste das pré-eliminatórias europeias e terão agora, na Liga Europa, de disputar mais uma eliminatória, para além de sofrerem a pressão para chegarem à final. Na Champions League o SLB fará, se tudo correr bem, mais quatro jogos (sim, não sofro de magalomania) sem a pressão de ter obrigatoriamente de eliminar o adversário.
Teoricamente (insisto: teoricamente) está em posição privilegiada, embora se possa dizer que, no meio de tudo isto, foi eliminado da Taça. Pois, mas que se "lixe" a Taça se o campeonato for nosso.

A História

Esta actual equipa do Ministério da Educação parece ter uma e só uma política. Os alunos têm dificuldade em Matemática? Dão pontapés na gramática? Não sabem onde fica o Yang-Tsé ou acham que Maria Antonieta é o nome artístico de Kirsten Dunst (ou acham coisa nenhuma)? "Catrapumba", toma lá mais carga horária sem cuidar de saber se isso resolve alguma coisa. Em princípio acham que tal é popular, já que "os malandros" precisam é de estudar em vez de andarem a jogar "playstation" ou a divertirem-se em manobras de iniciação sexual (Cruzes, Jesus, Credo!).

Falemos da História, que é uma disciplina que me interessa. Fiz o liceu ainda no tempo da ditadura e a disciplina, que se prolongava até ao antigo 7º ano para quem, como eu, ia para Economia, era uma fraude, mesmo quando se não se falava especificamente de Portugal. Mais horas lectivas significaria pois fraude acrescida. Do tempo dos meus  filhos, já nos anos 90, não guardo nenhuma recordação tenha a dsciplina despertado neles qualquer interesse estimulante pelo passado, numa família em que o culto pela História não é frase vã. E se a fraude já não era tão completa e requintada, também não me parece o programa e modo como a disciplina era leccionada fosse de molde a possibilitar os alunos aprendessem o que quer que fosse para que pudessem entender melhor o mundo do passado e do presente. Pressinto que actualmente a coisa não tenha melhorado de sobremaneira, até pela ignorância e falta de preparação da maioria dos professores.

Mais tempo lectivo, então? Pois, é fácil, mas parece-me inadequado, sendo bem mais corajoso e profícuo olhar para os programas, para a preparação dos docentes e para o modo como o ensino da História é ministrado. Tal como também é fácil, mas completamente inadequado, querer resolver os problemas de produtividade aumentado 1/2 hora ao horário de trabalho e anulando quatro feriados: em ambos os casos a mentalidade tacanha e retrógrada, reveladora da preguiça mental e dos preconceitos ideológicos de quem dirige, é a mesma. E derrubar muros à cabeçada ensina-nos a tal História nunca terá dado resultado que se visse.

Walk On By - The Story Of Popular Song (1/23)

domingo, dezembro 11, 2011

London Public Houses (5)






The Grenadier
Wilton Row, Belgravia, London SW1X 7NR

Tel :020 7235 3074

"Tucked away down exclusive Wilton Mews, on the corner of Old Barrack Yard, the patriotic Grenadier is painted red, white and blue. A bright red sentry box tells you, if you hadn't guessed, this is a pub with a military history. The Duke of Wellington's Grenadier Guards used it as their mess.

Inside it is small, dark and cosy; the ceiling coffee black, the walls dark panelled. The bar counter has an original pewter top, maybe the oldest of its kind.

The walls are cluttered with military memorabilia; bayonets and sabres, a breast-plate and bear-skin. If you're lucky you may even see the ghost, said to be that of an officer who was flogged to death for cheating at cards. The Duke is said to have played cards here too, but no question of any cheating. This is a gentlemen's pub, and customers dress to match.

At the rear of the pub is a small two roomed restaurant, which seats about 20. The food is good but pricey. The bar meals include home-made burgers, fish and chips, sausage and mash, all are good value at about £8-£9, or you may prefer a jumbo sausage for £1. Be aware, at peak times you may have to stand. As well as a good selection of ales, Bloody Marys (£4.50) are the speciality, made to a secret recipe."

sábado, dezembro 10, 2011

O drama de Mourinho

O drama de José Mourinho, nos jogos contra o Barça, é que no Real Madrid não pode aplicar a táctica que adoptou com sucesso no Inter e lhe valeu a eliminação dos catalães: "bloco" muito baixo (o chamado "autocarro") e passe longo para o ponta de lança ou, em alternativa, transição muito rápida mas apenas "pela certa". Digamos que o "pedigree" e a cultura de clube do Madrid o não permitem.

Recorde-se que foi também esta a táctica que Guus Hiddink utilizou enquanto treinador do Chelsea, sendo apenas espoliado do apuramento pela arbitragem mais vergonhosa a que me foi dado assistir (e ví Guímaros e Josés Pratas...). Deve ser uma situação terrível para ele (Mourinho), mas constatou-se hoje, mais uma vez, que nem este super-Real Madrid consegue vencer o futebol "valium" do Barça tentando jogar no campo todo.

"Shindig" - Sixties superstars (6)

1. Dobie Gray - "The In Crowd"
2. Zsa Zsa Gabor
3. Jerry Lee Lewis - "Great Balls Of Fire"
4. The Isley Brothers - "Shout"

E se fossem para a Coreia do Norte?

Na capa do Jornal "i" vemos uma fotografia de uma nota de 10 000 escudos com a efígie de José Mourinho. Na do "Correio da Manhã" um título: "José Sócrates não pode ser tratado por engenheiro". Grau zero da inteligência e do jornalismo? Sem dúvida. Mas pior, grau máximo da estupidez. Esta gente merecia ir viver para a Coreia do Norte!

sexta-feira, dezembro 09, 2011

O BE, a Ruptura/FER e os talibãs

Já seria suficientemente desastroso para o "Bloco de Esquerda" que o grupo dissidente Ruptura/FER resolvesse informar a opinião pública da sua defesa de posições como "a exigência do fim das portagens em todas as autoestradas" ou a "suspensão do pagamento da dívida". Mas enfim, embora fosse difícil entender como o partido podia suportar tal gente no seu seio, pelo menos tais posições não só não eram as da sua direcção, como não foi a sua divulgação iniciativa dos orgãos oficiais do BE.

Mas que a Mesa Nacional do Bloco, órgão máximo do partido entre congressos (acho), venha agora divulgar, em defesa das suas posições e no ataque à dissidência, que a Ruptura/FER se propunha apelar "à constituição de brigadas para apoiar os talibãs no Afeganistão" (talvez nelas integrando Ana Drago, Joana Amaral Dias e Marisa Matias, acrescento como sugestão) penso destrói de vez qualquer credibilidade que ainda pudesse restar no partido, apesar da presente depuração aparentemente o fortalecer, e vem dar o golpe definitivo na imagem de respeitabilidade reformista, democrática e parlamentar que o BE tanto se esforçou por construir. RIP.

Val Lewton (5)




"The Ghost Ship", de Mark Robson (1943)

Revisitar a História europeia...


Sim, sei que talvez me esteja a deixar levar demasiado pelas emoções. Que os tempos são outros, vivemos numa Europa democrática, as situações são diferentes, bla, bla, bla e assim sucessivamente. Mas, que querem? Desde que começou a Cimeira Europeia não consigo deixar de revisitar a História, e então este momento não me tem saído da cabeça. Se alguns acham (mal) que é o trauma de Weimar que está a influenciar as decisões de Fräu Merkel sobre o papel do BCE, talvez também os mesmos que defendem essa concepção quase freudiana da História concluam que Cameron também estará traumatizado pelo fracasso de Neville Chamberlain. Não é nada disso; trata-se apenas de fazer valer os interesses de cada um dos Estados. Mas fica sempre bem revisitar a História e aprender um pouco com ela.

quinta-feira, dezembro 08, 2011

A hiperinflação de Weimar




Nascido  uns anos depois do fim da WWII, na geração dos "baby-boomers", ainda me lembro, nos anos 50, de quem guardava em casa algumas destas "preciosidades" para cujos números "estapafúrdios" nós, crianças, olhávamos espantados. Conta a História que os operários e outros trabalhadores eram pagos duas vezes por dia, para minorar o efeito da inflação galopante, e se formavam "bichas" para comprar alimentos desde madrugada (4 e 5 da manhã), pois uma ou duas horas mais tarde o seu preço já seria bem superior.

Fame & Price (9)

Alan Price - "Any Day Now"

quarta-feira, dezembro 07, 2011

SLB - Otelul Galati

Foi exactamente igual ao jogo da Madeira. Só que nenhum rapaz do Otelul acertou uma "chouriçada" sequer parecida com a do jogador do Marítimo, a mais de 30 metros da baliza, e nesta, quando foi preciso guarda-redes (uma vez, não mais) estava Artur em vez de Eduardo, o que faz a sua diferença. O resto, como disse, com Aimar ou sem Aimar, com Javi ou Matic, com Cardozo ou com Rodrigo, foi mesmo mais ou menos igual. E foi razoavelmente entediante.

Convite da "Urban Lavender"

Clique na foto para aceder ao "site"

De como José Sócrates tem apenas 1/2 razão

José Sócrates tem razão numa coisa: as dívidas (dos pequenos países) gerem-se, nunca são para pagar de uma vez. Todos aprendemos isto na nossa vida diária e pessoal quando, por exemplo, vamos amortizando a dívida dos nossos cartões de crédito à medida das disponibilidades de cada momento. Há uma ou duas gerações, na minha família (e o exemplo é comum a muitas outras), era normal existir uma conta no alfaiate e outra nos Monteiros ou nos Pinheiros, que vendiam fazendas, contas que o meu pai ia amortizando mensalmente (não me lembro se na Camisa d'Ouro, do Sr. Agostinho, também havia). E de cada vez que precisávamos de recorrer aos serviços do "mestre", lá perguntávamos ao meu pai se podíamos "pôr na conta" ou se era melhor esperar mais umas semanas. Não me lembro de alguma vez a conta ter estado a zero, nem de o meu pai não a ter sabido gerir a contento de credor e devedor. Sistema mais ou menos semelhante existia para a compra de carro, pago a três anos e trocado por outro ao fim desse tempo (ou pouco mais). Como os riscos de não pagamento eram praticamente inexistentes, as coisas funcionavam assim, muitas vezes num sistema apenas apoiado na confiança e conhecimento pessoais de longa data.

Mas José Sócrates já não tem razão numa outra coisa, que definitivamente o penaliza: é que, ao contrário do exemplo pessoal que cito, geriu mal a dívida, continuando a endividar-se quando já nada o aconselhava e as consequências, nefastas, estavam à vista de todos. Verdade que não tem de tal coisa o exclusivo e está mesmo muito bem acompanhado; até talvez o tenha feito com boas intenções; mas como foi quem teve de se declarar incapaz de solver os seus compromissos, a História pode bem ser capaz de lhe vir a ser cruel.

Tarzan (11)



"Tarzan and the Huntress" (1947)

terça-feira, dezembro 06, 2011

Ora então, é assim...

Ora então, é assim ("clarinho, clarinho, para militar perceber"). Não é a chanceler Merkel que é má como as cobras nem o presidente Sarkozy um político sem grandeza (façam favor de escolher os adjectivos). E de burros também não terão nada. O que existe, isso sim, e actualmente, é uma contradição clara entre os interesses de uma Alemanha tradicionalmente superavitária e que, portanto, nada lucra com uma inflação que leve a uma desvalorização do euro, e um conjunto de países deficitários e sobre-endividados que, claro, veriam com muito bons olhos o BCE lançasse dinheiro no mercado mesmo que á custa de algum abrandamento sobre o controlo dos preços. E das duas, uma: ou a Alemanha conclui finalmente que a manutenção da UE de da moeda única é do seu interesse e tentará resolver a crise sacrificando ao mínimo os seus interesses e tentando cavalgar o melhor de dois mundos (penso ser o que está a tentar, caminhando no arame por cima do fosso dos crocodilos); ou conclui o contrário e... puff!... os outros que se lixem. Claro que no meio de tudo isto podem existir passos em falso e erros de cálculo. Até megalomanias irrealizáveis (Hitler também pensou que conquistaria a URSS com um exército formatado para o "blitzkrieg"). Pois, mas isso faz parte da natureza humana, que costuma comandar essa coisa da política. 

Ah!, as traduções...

A Teresa, de "A Gota de RanTanPlan", é que é useira e vezeira na caça aos erros de tradução. Eu, cá por mim, não direi sou menos atento a essas coisas, mas, depois de os notar, logo os esqueço. Mas acontece que a persistente gripe que me assaltou teve como consequência que no passado sábado pouco ou nada mais me restasse do que "vidrar" na televisão (ler e "teclar" faziam-me dores de cabeça ao fim de um par de horas). E pronto: lá dei por mim a rever "A Batalha do Rio da Prata", um clássico de Michael Powell e Emeric Pressburger, na RTP Memória. E lá deu também para apanhar um daqueles erros flagrantes, neste caso (o filme descreve a batalha naval da WWII com o mesmo nome e o afundamento do couraçado alemão Graf Spee) alguém ter decidido traduzir "carrier" (o termo exacto é "aircraft carrier" mas usa-se normalmente a abreviatura), que em português significa "porta aviões", por "transportador". Pasmei, até porque não só o termo é relativamente comum, como se mencionava especificamente o "Ark Royal", um navio ("porta-aviões") emblemático da esquadra britânica que acabou afundado dois anos depois no Atlântico por um U-Boat. Mais estranho ainda, pois o termo "batlleship", várias vezes mencionado no filme, é bem traduzido para "couraçado". Pois... chego à conclusão isto das traduções tem dias, ou melhor, maus momentos que não escolhem dia nem hora.

The Saturday Evening Post Xmas (III série - 1)

segunda-feira, dezembro 05, 2011

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (25)

"It's All Over Now" (Bobby & Shirley Womack)
O original dos Valentinos, c/ Bobby Womack (Junho 1964)


A bem conhecida versão dos Rolling Stones (Julho de 1964) gravada nos célebres estúdios Chess, de Leonard e Phil Chess, em Chicago

O Brasil de 82

Peço muita desculpa, mas não pertenço ao clube daqueles saudosos do futebol romântico que consideram a selecção brasileira de 82, de Sócrates, Zico, Falcão, Cerezo e companhia, a melhor selecção de todos os tempos. Para mim foi, isso sim, o toque a finados do futebol-samba, o mesmo que afastou o Brasil durante duas décadas dos títulos mundiais. Foi a derrota desse Brasil habilidoso, mas indisciplinado e lento, quase amador, que deu origem ao futebol tal como o conhecemos hoje: técnico, mas também rápido, acutilante, colectivo, físico e atlético e onde a metodologia de treino e a boa preparação dos atletas joga um papel fundamental. Foi aí que a "rua", o futebol do pé-descalço, começou a ceder o seu lugar ao futebol-escola. Digamos que sem essa derrota não haveria hoje Cristiano Ronaldo. Obrigado, Paolo Rossi.

"Downton Abbey" ou a semi-desilusão

Poderia tornar-se num clássico como "Upstairs Downstairs" ou "Brideshead Revisited"? Poderia, talvez, mas falta-lhe a frescura da primeira vez vista em "Upstairs Downstairs" e a densidade, fôlego e seriedade do romance de Evelyn Waugh. Por isso resvala demasiado para a lógica narrativa da telenovela: os bons e os maus, a "pikena" que arriscou o bom nome da família (se eu fosse mulher ou gostasse de homens também o faria por aquele turco bem parecido), o criado fiel que coloca a honra, sua e da família a quem serve, acima de tudo na vida, mesmo os amores e desamores, o rapaz rejeitado, primeiro, e que depois já o não é, estropiado da guerra e depois (esperem que vão ver) já nem tanto assim, as irmãs boas (em todos os sentidos) e a outra nem por isso (também de modo abrangente), a "pikena" "desalinhada" que se apaixona pelo "chauffeur" e assim sucessivamente. Quem conhece a História inglesa do século XX calcula o que aí virá: a "pneumónica", as mudanças (ainda relativamente tímidas) do pós-guerra na sociedade de classes, a greve geral de 1926, o "crash" da bolsa e a depressão com todas as suas consequências. Para além disso, temos os actores demasiado em piloto automático.

Digamos que a reconstituição de época e algum cinismo de Maggie Smith vão chegando para nos entreter, mas longe, muito longe, dos que citei ou, até, de "Foyle's War" "The Cazalets", "The Camomile Lawn", "Portrait of a Mariage" e mais alguns outros.

Álvaro Pedro Santos Pereira Mota Soares

O ministro Santos Pereira deu nas vistas quando declarou , urbi et orbi, que gostaria de ser tratado por Álvaro. O ministro Mota Soares idem idem quando decidiu aparecer de Vespa. Agora, com ou sem razão para tal, pagam caro por essas suas atitudes. Lesson to learn: neste país, como acontece na tropa, o que é bom mesmo é ser cinzento, passar desapercebido: com jeito chega-se a Coronel sem nunca ter feito nada de útil, mas também sem ninguém ter dado pela sua existência. 

domingo, dezembro 04, 2011

A eliminação da Taça entre dois "Ben u Ron"

Pois, estou com gripe. Mas entre dois estimáveis "Ben u Ron" lá consegui dar uma espreitadela ao jogo e ler por aí umas coisas do que disse a crítica. Para variar, em desacordo com a maioria. O SLB perdeu por causa das modificações de Jorge Jesus no onze? Porque Aimar entrou tarde? Porque etc e tal? Nada disso: o jogo não foi muito diferente de outros, desta época (Gil Vicente, por exemplo), em que o "Glorioso", depois de estar em vantagem tangencial, tentou controlar o jogo, colocando-se à mercê de uma jogada de sorte do adversário, de uma bola parada ou de uma tabela inesperada. O problema é que desta vez a sorte do adversário (ou o nosso azar) existiu mesmo, numa autêntica "chouriçada" de mais de trinta metros que deu o empate ao Marítimo. Depois? Bom, depois foi o "frango" do Eduardo a compor o ramalhete (contra o SCP, "meio-frango" de Artur só não deu golo porque Elias foi azelha). E não vale a pena procurarem explicações mais obtusas...  Até porque é um jogo, e quem não toma as devidas precauções...

Urban Lavender - Christmas

sábado, dezembro 03, 2011

"Black Mask" (14)

Janeiro de 1933

Que se lixe a Taça?

Perdida ontem a Taça de Portugal, nos 1/8 de final, e sendo quase impossível ir além dos 1/4 de final da Champions League (e mesmo assim com tudo a correr pelo melhor), Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira (já agora) estão obrigados a ser campeões. Uma vitória no campeonato, há duas épocas, e duas (ou três) Taças da Liga são claramente insuficientes para a ambição do projecto e o investimento realizado.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

R&B from the Marquee (5)

Alexis Korner's Blues Incorporated - "Sail On"

O feriado de 1 de Dezembro (2)


O feriado de 1 de Dezembro

O facto da resistência contra a eliminação do feriado de 1 de Dezembro vir essencialmente de sectores monárquicos e de D. Duarte Pio de Bragança, lui même, é bem demonstrativo do carácter da revolução de 1640: mais do que uma sublevação de carácter nacionalista, valor ainda praticamente desconhecido na altura, tratou-se fundamentalmente de uma revolta da aristocracia portuguesa contra o domínio da muito mais poderosa grande aristocracia espanhola e a oportunidade dos Bragança assumirem um trono (embora conjunturalmente empurrados para tal)  ao qual desde há mais de um século muito aspiravam. Por alguma razão, foi a partir do século XIX, época por excelência de afirmação dos nacionalismos,  que a comemoração do 1º de Dezembro assumiu maior importância.

Nota: continuo a considerar que o 1º de Dezembro e o 5 de Outubro deveriam ser substituídos pelo 24 de Julho (1833), dia da vitória liberal contra o absolutismo miguelista, como feriado nacional.