sexta-feira, setembro 30, 2011

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (19)

O original de Cat Stevens para "The First Cut Is The Deepest" (Stevens)

Trata-se de um caso curioso... Embora estejamos em presença de um original de Stevens, o tema foi primeiro editado em disco ("single"), divulgado e tornado sucesso (#18 no UK) por P. P. Arnold, em Maio de 1967. A interpretação de Stevens, que antes da gravação de P. P. Arnold apenas tinha gravado um "demo" do tema, é de Dezembro desse mesmo ano, incluída no álbum "New Masters". De qualquer modo, o original de Cat Stevens (a bem dizer, um "cover" interpretado pelo próprio autor e intérprete original) nunca alcançou sucesso relevante, e esse fica a dever-se a Arnold (by far, a minha interpretação favorita) e, mais tarde, Rod Stewart (1977) e Sheryl Crow (2003).

A versão de P. P. Arnold (ou será o original?...)

quinta-feira, setembro 29, 2011

Fado - Património Imaterial da Humanidade (8)

João Black - "Fado Anarquista"

"João Black (Feijó, 28 de Setembro de 1872; Lisboa, 18 de Dezembro de 1955) foi um dos fadistas mais comprometidos ideologicamente com valores do anarquismo, socialismo e republicanismo. João Salustiano Monteiro tornou-se João Black por homenagem ao seu protector, o inglês Alexander Black, patrão do pai radicado em Almada que lhe pagou os estudos. Black foi o que se poderia chamar de fadista de intervenção: as suas letras versavam sempre propósitos ideológicos da República." - DN (27/02/10)

A entrevista do P.R. e o 1º ministro

Fora eu Pedro Passos Coelho e depois de ontem, na entrevista a Judite Sousa, Cavaco Silva ter assumido o papel de efectivo estratega e chefe do governo, depois de quase ter deitado por terra os esforços de Passos Coelho para se demarcar a si e ao governo do "forrobodó" da Madeira, ter-me-ia sentido desprezado, humilhado, até. Erros e ingenuidades à parte, concordâncias e discordâncias por mim assumidas, penso Passos Coelho, que me parece um político empenhado e esforçado em cumprir bem o seu papel, não mereceria tal coisa.

Nota: depois da entrevista de ontem, fiquei com a convicção de que quem governa efectivamente o país é a "troika" composta pelo Presidente da República, Governador do Banco de Portugal e Ministro das Finanças. Estarei assim tão enganado?

Specialty records (4)

Lloyd Price - "Personality"

quarta-feira, setembro 28, 2011

A entrevista do Presidente

Até agora, o papel dos Presidentes da República tem-se praticamente reduzido a colocar ou manter no poder governos dos seus partidos de origem. No caso de Ramalho Eanes, como não o tinha, tentou criá-lo.

Digamos que melhor prova não haverá do papel disfuncional e desestabilizador que a Constituição da República, de facto, e pese embora as boas intenções, confere ao cargo. Hoje, com a entrevista de Cavaco Silva, tivemos mais um exemplo. E, sejamos francos, depois da sua actuação contra os governos de José Sócrates, digamos que nem sequer era preciso.

"Downton Abbey"

Na Fox Life a partir de dia 10 de Outubro pelas 22.30h
9.0 de "rating" no IMDB

Pasodoble (1)

"Paquito el Chocolatero", de Gustavo Pascual Falcó

A alta-velocidade e a velocidade "assim-assim"

"É hoje em dia possível viajar de avião entre Lisboa e Madrid por menos de €50, ida e volta. Na minha última viagem, há menos de três semanas, paguei €40 e há quem já tenha pago menos do que isso. Por outro lado, a possibilidade de efectuar o “check in” via "internet" acaba por contribuir para encurtar o tempo de viagem: é possível chegar à porta de embarque apenas cerca de ½ hora antes da partida (ou até menos). Isto significa que é também possível, no total, fazer a viagem por avião em menos de hora e meia (o tempo de voo são 50’), não entrando em linha de conta com os cerca de 20’ de metropolitano entre Barajas e o centro de Madrid, já que esse mesmo tempo pode ser gasto entre a futura estação do TGV e o local final de destino em Madrid."

Isto foi o que escrevi neste "blog" no dia 12 de Novembro de 2009. Agora, espanto meu, o governo anuncia que o tempo previsto para o percurso Lisboa-Madrid no comboio de velocidade "assim-assim" será de 3 horas e 49'. Li mal? Não: três horas e quarenta e nove minutos. Se já existia à partida, no caso da alta-velocidade, um problema de competitividade com o avião, por via do preço, gostaria me explicassem qual a vantagem oferecida por comboio que efectua o percurso, no mínimo, no dobro do tempo de um voo normal. Isto, claro está, sem contar com o incómodo de uma hipotética mudança de comboio em Caia ou em Badajoz, já que ninguém ainda explicou como vai ser feita  a passagem do comboio de alta-velocidade espanhol para o de velocidade "assim-assim" português.  Mas pronto, está tudo bem, não é assim?

Nota: Já agora, uma pergunta. A linha Madrid-Badajoz só será hipoteticamente rentável com a sua extensão a Lisboa em alta-velocidade. Não entendo como os governo de Espanha e Extremadura embarcam neste disparate. Ou será que toda esta história está mal contada?

terça-feira, setembro 27, 2011

Desabafo...

O ano passado, na Champions League, nos jogos "fora", acusava-se - e bem - o SLB de se aventurar demasiado no ataque, esquecendo-se de defender, controlar o jogo e impor o seu ritmo. Agora, hoje, controlou o jogo, foi tentando impor o ritmo que mais lhe ia convindo, mas esqueceu-se que é preciso romper e desequilibrar, meter a bola na baliza. Enfim, expôs-se demasiado a um dissabor. Será que não aprendem a fazer as duas coisas "à vez" no mesmo jogo?

The Raj (2)




"Kim", de Victor Saville (1950)

Seguro e a audiência

Confesso não ter entendido muito bem as razões do encontro de ontem entre Pedro Passos Coelho e António José Seguro, a pedido deste último. Ou melhor: não entendo as razões do pedido de audiência por parte de Seguro. Para recordar os tempos das "jotas"? Bom, para tal parecer-me-ia bem mais adequado um convite para uma bebida nas "Docas" ou para um jogo de golfe, não fora o caso deste ser visto como desporto caro e de elite, logo, politicamente incorrecto nos tempos de austeridade que vão correndo. Para Seguro "dar uma" de homem de Estado, moderado e responsável? Bem, pode fazê-lo publicamente em local e ocasião bem mais apropriados, isto é, nos debates quinzenais na Assembleia da República (e o próximo é já amanhã), tudo dependendo do "mood and tone" utilizado e da justeza e relevância para o país das questões colocadas. Além disso, parece-me terá sido Passos Coelho, ao receber pronta e longamente o líder do maior partido da oposição, quem melhor reflectiu essa imagem de estadista interessado nos tais, e por vezes tão necessários, "amplos consensos".

O que me parece tal encontro terá reflectido é, isso sim, o facto de António José Seguro ainda não ter entendido que a única maneira de mobilizar o país em torno de uma alternativa ao actual governo seria demonstrar que ao ter assinado o MoU o terá feito apenas por não existir, ao tempo, outra opção - por "dever patriótico" (seja lá o que isso for), digamos assim - mas que, apesar de honrar esse compromisso, a opção do PS (aquela em que acredita) para o futuro da UE e do país está longe de passar, em termos gerais, pelas políticas expressas no documento que o governo do seu partido assinou com a "troika". Por não ter entendido tal coisa - ou não lhe interessar entendê-lo - o PS (com poucas excepções) e António José Seguro lá se vão entretendo com estas pequenas questões que apenas terão um resultado visível: a consolidação dos resultados eleitorais do PSD expressos em actuais e próximas sondagens. 

segunda-feira, setembro 26, 2011

"Licht und Schatten" - o expressionismo alemão no cinema (10)



"Das Testament des Dr. Mabuse", de Fritz Lang (1933)

História(s) da Música Popular (187)



Johnny Rivers - "Tunesmith" (Jimmy Webb)

Jimmy Webb (IV)

Terceira faixa no alinhamento do álbum "Rewind" e segundo tema de Jimmy Webb no disco, este "Tunesmith" é o que mais de imediato me remete para o o velho "Em Órbita", onde era um dos favoritos de Webb emitido com maior regularidade.

Já agora - aproveito, convém salientar que o "Em Órbita, ao contrário do que parece fazer crer o modo como foi citado no programa da RTP "Estranha Forma de Vida" (primeira pergunta: por que raio este nome?), não foi só e apenas um programa de rádio comparável a qualquer outro (o programa da RTP cita o "PBX" como outro exemplo) que transmitisse "rock and roll" e música popular anglo-saxónica. Fazia-o em exclusivo (abriu uma excepção - aliás muito discutida - para "A Lenda De El-Rei D. Sebastião", do Quarteto 1111), revolucionou o modo com se fazia rádio em Portugal e foi, fundamentalmente, uma escola de rigor e intransigência num país que há muito adoptou o seu contrário como modo de vida. Pode ser que volte a falar sobre o programa da RTP que, ao que parece, terá 26 episódios e, neste seu primeiro episódio, confunde música popular com música ligeira, José Afonso com Simone de Oliveira, Marceneiro com Mariza e, pelo menos para já, foi apenas mais um exemplo de "corta e cola" sem grandes preocupações de critério.

E vejam lá onde nos trouxe Jimmy Webb! Ah!, existe uma versão de "Tunesmith" por Vikky Carr: fuja dela a "sete pés"!

Seguro e o enriquecimento ilícito: muito bem!

António José Seguro ao DN (em resposta a um inenarrável editorial do seu director, João Marcelino):



domingo, setembro 25, 2011

O Cardeal Patriarca e as "mãos sujas"

"Ninguém sai da política com as mãos limpas". Ao fazer esta afirmação, e independentemente de estar a ofender muitos cidadãos honestos que se dedicam à actividade política, alguns deles católicos, o Cardeal Patriarca de Lisboa junta-se à campanha populista de difamação dos políticos e da actividade política dominante nos fóruns de opinião e nas caixas de comentários. Não está, portanto, e ao contrário do que disse D. José Policarpo, "a fugir disso" (da política), mas a tomar uma posição política clara escolhendo um dos lados: aquele que, no mínimo, nada contribui para a defesa do regime constitucional e da democracia representativa. Pessoa experiente e avisada, membro proeminente de uma instituição - a Igreja Católica - que não tem por costume "dar ponto sem nó" ou agir de ânimo leve, esperavam-se do Cardeal José Policarpo afirmações em que prevalecesse maior bom senso e noção do equilíbrio.

Apetece pois perguntar, e dada a alguma promiscuidade existente no passado entre a Igreja Católica e a ditadura de Salazar e Caetano, se essa mesma Igreja terá saído desses quarenta e oito anos com as mãos ao abrigo de qualquer inspecção à sujidade, ou se a sua preocupação com a limpeza só se aplica mesmo aos regimes democráticos. Talvez fosse interessante que D. José Policarpo viesse a terreiro esclarecer o alcance das suas palavras.

London Public Houses (3)





The Prospect of Withby
57 Wapping Wall, Wapping, Tower Hamlets, London E1W 3SJ

Tel :020 7481 1095

"Possibly London’s most famous pub. It dates from 1543, built as a simple tavern in the expanding docks; by the 17th century it had a reputation as a meeting place for smugglers and villains, and became known as 'Devil's Tavern'. Fire gutted the Devil's Tavern in the eighteenth century; it was rebuilt and renamed the Prospect of Whitby, after a ship that was moored nearby.

The main bar has a flagstone floor, its long bar counter is built on barrels and has a rare pewter top; timber beams and upright pillars appear to be sections of a ship's mast, seasoned timbers were often used for building when ships were scrapped. There's a small balcony where you can sit above the river and listen to the rhythmic lapping of the water. Just inside is a comfortable seating area with open fire, and a further bar has a servery and a raised dining area.

Outside is a pleasant terrace with tables. Venture up the creaking stairs and find the restaurant, this is divided into several delightful panelled rooms, again enjoying river views. Another rooftop terrace, with iron garden furniture, overlooks the river too. Old photographs show what the Prospect and its surroundings used to be like, ramshackle and seedy, but crowded with vessels from around the world. Nowadays the occasional cruiser or barge passes by the warehouses, which have been converted into exclusive apartments.

A hangman's noose swings over the river, a reminder of more gruesome times. One notorious customer was Judge Jeffreys, the 'Hanging Judge’, a title enhanced by the execution of the leaders and 200 men of the failed Monmouth Rebellion (1685), an attempt to overthrow Catholic King James II. According to Gilbert Burnet’s ‘History of my Own Times’ Jeffreys was ‘perpetually either drunk or in a rage’. The Glorious Revolution saw James II flee to France, Lord Chief Justice Jeffreys tried to follow, but was found hiding in a coal cellar at the tavern dressed as a coal-heaver. He was taken to the Tower of London where he became ill and died. Presumably hanging was too good for him."

Jornalismo(?) de vómito

Não sei o que pretende o "Correio da Manhã" insinuar com esta notícia :
  1. Que José Sócrates terá adquirido fortuna por meios ilícitos graças à sua passagem pela política.
  2. Que sendo um homem rico e tendo adquirido essa fortuna por meios lícitos não pode oferecer almoços a quem quiser e lhe apetecer.
  3. Que tendo dinheiro, adquirido legalmente, para levar uma vida desafogada e cumprindo todas as suas obrigações para com o fisco e a República Portuguesa, como ex-primeiro ministro terá de levar uma vida humilde, monástica, à boa maneira salazarenta de que o país tanto parece gostar.
O que me espanta (mentira, já não espanta...) é que sendo "useiro e vezeiro" neste tipo de jornalismo de sarjeta (veja-se também como tem arrastado na lama o nome de Duarte Lima), jornalistas do "Correio da Manhã" continuem a ser convidados pelas televisões para painéis de debate político que se pretendem sérios... Farinha do mesmo saco.

sábado, setembro 24, 2011

Urban Lavender


Celebre casamentos com um presente original da colecção URBAN LAVENDER. Explore o nosso sítio na internet e encomende por email dos artigos disponíveis. Ou faça-nos uma visita na Praça do Príncipe Real, 22 – Lisboa, no Em Nome da Rosa, Atelier. 

Michel Giacometti (4)

A Rabeca Chuleira

sexta-feira, setembro 23, 2011

FCP - SLB

A dificuldade do costume em jogar sob pressão e em fazer circular a bola, perdendo-a demasiadas vezes, obrigando-se assim a sair a jogar através de passes longos ou jogadas individuais pelos flancos. Este é o "modelo" do SLB de Jorge Jesus, para o bem e para o mal, o que é sempre um problema nos jogos contra o FCP e outras boas equipas que adoptam um modelo semelhante de "pressão alta", "posse e circulação". Melhorou na segunda-parte, com um golo "out of the blue" aos 47' e quando o FCP baixou as suas linhas depois do 2-1 talvez por falta de pulmão ou demasiada confiança. Bom resultado e um suspiro de alívio.

Populismo à solta...

Retrato do país após uma hora de escuta (só resisti até às 11h) do Fórum TSF de hoje: "isto é preciso é mandar prender os malandros dos políticos, que são todos uns corruptos, uns sem-vergonha. Cinco anos? É muito pouco. Direitos liberdades e garantias? Ónus da prova? Presunção de inocência? Minudências... É preciso é prendê-los todos! Devia era haver muitas pessoas como a "dó-toura" Maria José Morgado, que eles logo iam ver!"

Tenham medo; tenham muito medo...

José Niza (1939 - 2011)

Adriano Correia de Oliveira - "Cantar de Emigração" (Rosalia de Castro-José Niza)

Assim que me lembre e de repente, José Niza, certamente pelas suas vivência coimbrã e ligação também ao jazz, terá sido talvez o único nome de relevo ligado simultaneamente ao movimento fundador da música popular portuguesa dos anos 60, com origem no fado e na balada de Coimbra, e ao movimento renovador da música ligeira que, muito por influência da táctica de infiltração do PCP nas estruturas do regime político de então, dominou o Festival RTP da Canção a partir do final desses mesmos anos 60 e, partindo daí, o panorama global da canção ligeira em Portugal.

A menina Odete e o enriquecimento ilícito

A partir de hoje a menina Odete, 25 anos, ex-manicura sem rendimentos conhecidos mas com aspirações a estabelecer-se e que é membro-eleito da Assembleia Municipal da localidade de Pau Gordo (atenção: existe mesmo e fica ali para os lados de Cascais) porque isto da política até pode dar jeito, vai passar a ser obrigada a explicar ao Estado que foi um senhor muito bondoso, construtor civil, casado e avô, de 69 anos e dono de uma "vivenda" no Alcoitão, que lhe ofereceu o apartamento onde vive, a viagem a Cancun, o casaco de "vison", o "BM" descapotável e lhe paga os jantares que a dita menina Odete oferece numa marisqueira de Algés a um jovem "pikeno" alto e espadaúdo que se diz modelo. Isto antes que o Estado a venha acusar, a ela, menina Odete, do tal enriquecimento ilícito.

quinta-feira, setembro 22, 2011

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (18)


"Needles and Pins" (Jack Nitzsche - Sonny Bono*)
O original de Jackie DeShannon (1963)

A bem mais conhecida versão, muito "merseysound", dos "liverpudlians" Searchers (1964)

* Sonny (Salvatore) Bono (1935-1998) foi esse mesmo: marido e parceiro de Cher no duo Sonny & Cher. Mais tarde foi político republicano e em sua representação membro da Câmara dos Representantes.

A "Sábado" e a Madeira

"Arrasador" o artigo da "Sábado" sobre a "obra feita" de Jardim. Nada que desconhecêssemos; mas também nada de substancialmente diferente do que podemos encontrar por aí em algumas autarquias. Exemplos mais emblemáticos? Alguns estádios do Euro 2004, pois claro, mas o desperdício não se ficará por aí, nem se esgotará nas rotundas e nas chamadas "novas centralidades".

A questão que quero levantar é contudo outra: sabendo toda a gente mais ou menos informada "do que é que a casa - madeirense - gastava", porquê só agora, quando todos batem em Jardim, a "Sábado" resolveu realizar e publicar esta reportagem? Porque é agora que a Madeira "vende" em termos jornalísticos? Pois, venderá: a populaça adora o "dá-lhe agora que ele está de costas", ou seja, cobardemente gosta de atingir que está em baixo embora bem o mereça e tanto tenha feito para tal. Mas onde para o dever de "denúncia" tão caro e tão frequentemente invocado pelo jornalismo? Pois, sumiu-se... tal como a coragem política de muita gente que só agora acordou.

Madeira: e o PSD nacional?

Sou dos que acha Pedro Passos Coelho, na sua entrevista à RTP, se demarcou o "quanto baste" de Alberto João Jardim e do "forrobodó" da Madeira. Nenhum presidente do PSD, nos últimos anos, fez campanha com e por Alberto João Jardim? Certo, pelo menos directamente nas campanhas eleitorais da Região Autónoma. Mas Passos Coelho não manifestou apenas a certeza de não se deslocar ao arquipélago (duas ilhas e uns rochedos): foi veemente e claro na condenação e no seu distanciamento face às políticas e aos métodos jardinistas. Por mim, se a realidade não vier a desmentir o que disse, basta-me e estou esclarecido.

Mas atenção: se da parte do presidente do PSD posso considerar o assunto arrumado, já o mesmo não poderei dizer em relação ao PSD enquanto partido político que apoia o governo. O PSD-M é autónomo? Pois admitamos que sim, que o seja. Mas gostaria, e acharia mesmo indispensável, ver uma declaração política da direcção do PSD nacional demarcando-se do acontecido na Região Autónoma da Madeira e manifestando o seu afastamento da candidatura de Alberto João Jardim a mais um mandato como Presidente do Governo Regional, bem como do partido regional e candidatos que o apoiam. Digamos que está isso em falta, e competiria a Pedro Passos Coelho, enquanto presidente do partido, mover as suas influências internas para que tal viesse a acontecer. Tal não seria mais do que consequência lógica das afirmações inequívocas feitas na entrevista que concedeu a Vítor Gonçalves. 

quarta-feira, setembro 21, 2011

Júlio Resende (23 de Outubro de 1917 - 21 de Setembro de 2011)

Ilustração de Júlio Resende para o nº 187 da revista "Vértice" (Abril de 1959)

Specialty records (3)

Wynona Carr - "Hurt Me" (1956)

A entrevista de Pedro Passos Coelho: as dúvidas (2)

2. Ok, a ligação entre Lisboa e Madrid através do comboio de alta velocidade parece ser para o governo actual não apenas uma questão de oportunidade mas também estratégica: é contra e ponto final. Certo, é uma opção, embora eu não esteja muito bem a ver como num mercado ibérico cada vez mais integrado Portugal possa ser a única região da Península a ficar de fora da rede ibérica de alta velocidade. Idem para as zonas da Grande Lisboa e Região Urbana de Madrid onde viverão, por junto, bem mais de 5M de ibéricos. Também não percebo muito bem como se pode discutir este assunto sem ter em conta a estratégia em termos de transporte aéreo, incluindo aeroportos, principalmente agora que se avizinha a privatização da TAP. Mas muito bem, passemos adiante e consideremos isso "são outros quinhentos": não vamos ter um comboio a 350 km/hora mas um a 250 em bitola" europeia. E para mercadorias (ou para mercadorias e passageiros? - fiquei com dúvidas). Primeira questão e falando de passageiros: se o TGV dos 350 km/h pode ser competitivo com o avião (se o for...) isso também é válido para um comboio que ande a 250? Parece-me difícil... E em Espanha andará pela linha do TGV? A 250 ou a 350? Os comboios portugueses a 250 e os espanhóis a 350? Ou teremos que mudar em Badajoz? Ok, esqueçamos os passageiros e vamos metê-los no avião. Mercadorias em "bitola" europeia. Pergunta lógica: é preciso que a Espanha vá convertendo a sua rede para tal (e, já agora, Portugal também, para não ficar só com uma linha diferente de todas as outras). Ora está já algo decidido e coordenado com Espanha? Ou o comboio de mercadorias em "bitola" europeia chega a Espanha e vai andar sobre o quê? Na linha do TGV dos tais 350km/h para passageiros ou descarrega para camiões? Como vamos atrair mercadorias para os nossos portos e torná-los mais competitivos para ajudar a rentabilizar tal linha? Muito bem, o que eu gostaria de ver era, da parte do governo, uma estratégia de transportes (passageiros e carga) e logística para Portugal tendo em atenção a sua localização geográfica e inserções ibérica e europeia. Boa ou má (e eu tinha algumas discordâncias), o anterior governo tinha uma, que envolvia uma plataforma logística, um hub aeroportuário e um comboio de alta velocidade. E este governo? Por enquanto, parece-me ter apenas uma enorme confusão e uma tentativa de salvar a face. Espero a resolva depressa, de preferência bem. Salvando ou não a face, pouco me importa. O que não quero mesmo é que apenas para a salvar nos meta no imbróglio de uma péssima solução. 

A entrevista de Pedro Passos Coelho: as dúvidas (1)

  1. Como sabemos, o conceito que está na base da proposta de redução da Taxa Social única é o de "desvalorização fiscal", isto é, não existindo moeda para desvalorizar, tenta-se incrementar a competitividade das empresas, mormente as exportadoras, através de uma redução dos seus custos laborais por via do tal ajustamento da TSU. Ok, independentemente das dúvidas que desde o início a ideia gerou em muito boa e má gente (incluo-me no último grupo), o entusiasmo inicial de outros tantos foi esmorecendo à medida que se aprofundavam os prós e contras, nestes últimos se incluindo a oportunidade para tal experimentalismo, os seus reflexos na Segurança Social, o impacto recessivo de um ajustamento através do IVA, etc, etc. Por fim, e depois de muitos disparates sobre o valor da redução, o estudo encomendado pelo governo, o nulo entusiasmo do Ministro das Finanças por aquilo que, ao princípio, parecia ser para muitos uma "boa ideia" e a oposição de associações patronais e sindicatos pareciam sugerir uma retirada em boa ordem e igual recato. Tudo  aconselhava prevalecesse o bom senso. Mas...
  • Talvez por pressão do FMI ou vá lá saber-se porquê, a ideia parece ressuscitar, agora, desprovida do seu carácter universal e sob a forma de incentivo ao emprego ou apenas aplicável a quem exporte e crie simultâneamente emprego (confesso que não percebi bem essa parte). Várias perguntas... Independentemente das restrições da UE impostas a qualquer discriminação positiva, e mesmo partindo do princípio elas são legalmente ultrapassáveis (do que duvido), o que são empresas exportadoras e como se podem definir em termos gerais e abstractos? As que exportaram uma determinada percentagem da sua produção nos últimos cinco anos? No último ano? As que têm contratos de encomenda do estrangeiro para o(s) próximo(s) ano(s)? E qual a componente importada dessas exportações e respectivo valor acrescentado? E as empresas, como as do "cluster" automóvel (p.ex.), que, não sendo directamente exportadoras, vendem a totalidade da sua produção a empresas exportadoras (AutoEuropa, p. ex.)? E um viticultor que venda as suas uvas à Sogrape para esta produzir o Mateus Rosé? Muitas dúvidas, portanto, e veremos como o governo as resolve sem se meter num "molho de bróculos".
  • Passemos então à questão da criação de emprego, isto é, da redução da TSU como benefício às empresas que aumentem o seu "headcount". Bom, estaremos aqui perante algo que já nada tem a ver com o conceito inicial de aumento da competitividade. Esta consegue-se, basicamente, por via de uma maior e mais aperfeiçoada componente tecnológica, melhoria da formação do pessoal, maior eficiência na organização e procedimentos internos, mais agressividade nos mercados e maiores e melhores investimentos nas áreas comerciais e de marketing, escolha mais racional dos produtos ou serviços oferecidos no mercado, etc, etc. No limite, e em certas situações muito específicas, também por via da redução dos custos do factor trabalho, o que presidiria à ideia inicial da redução da TSU. Digamos, portanto, que, ao premiarmos a criação de emprego via redução da TSU, estamos perante algo que nasceu cão e "virou" gato, não esquecendo que, deste modo, poderemos mesmo estar a fomentar a ineficiência e o subemprego num assunto em que o governo parece não ter estratégia e exprime teimosia sem sentido. 

terça-feira, setembro 20, 2011

The Raj (1)




"North West Frontier", de J. Lee Thompson - 1959 (aka "Flame Over India")

Filme completo c/ legendas em inglês

O PS e o Presidente

Durante a vigência dos governos de José Sócrates, Cavaco Silva assumiu um papel de oposição activa sem grandess crítica vindas do PS: fez o que quis e sobrou-lhe tempo. Foi protagonista da "inventona" das alegadas escutas, o mais triste caso protagonizado por um Presidente da República ou primeiro-ministro depois da normalização democrática de Novembro de 1975 e Abril de 1976 e assunto que em qualquer país civilizado seria motivo para processo de "impeachment" ou demissão do governo, com o Presidente da República a ser culpabilizado pelo sucedido. Fez um enorme estardalhaço com o estatuto dos Açores, que, independentemente das razões que lhe assistiam, só se entende por querer atingir o partido no governo da República e da Região Autónoma. Aliou-se, sem pudor, às oposições e à rua na contestação a Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues. Permitiu-se receber a oposição madeirense num quarto de hotel, num total desrespeito pelo espírito e pelas mais elementares normas democráticas. Por fim, com os seus mal-educados discursos finais, indignos do cargo que ocupa por escolha dos portugueses (para o que lhes havia de dar...) limitou-se a colocar a cereja no cimo do bolo, a enfeitar com o laço o ramalhete já pronto a ser oferecido. Em todo este tempo, e que me lembre, apenas no "caso das escutas" (e mesmo assim...) se viu ou ouviu da parte do PS de José Sócrates uma atitude, não direi mais firme, mas menos pusilânime.

Agora, com o Partido Socialista na oposição, Cavaco Silva mantém o mais do que esperado silêncio no caso da dívida da Madeira, Região Autónoma desde sempre governada (convém lembrar aos mais distraídos...) pelo PSD e por um Alberto João Jardim a quem Cavaco Silva sempre prestou notória vassalagem. Seria de esperar, da parte de um PS pós-congresso e com uma nova liderança que por certo quererá impor-se politicamente, uma crítica mais contundente de António José Seguro à actuação do Presidente da República. Debalde: uma atitude do PS nesta área é tão silenciosamente ensurdecedora como a de Aníbal Cavaco Silva, limitando o PS as suas críticas - até ver, justas - ao PSD e ao seu presidente e também primeiro-ministro. Francamente, desconheço que eventuais cumplicidades impedirão o PS de assumir uma atitude mais crítica em relação a Cavaco Silva, pelo menos no momento presente em que nada terá a perder; se espera este se eternize no poder à la Chávez ou se alimenta a esperança vã de vir ainda a ser reconduzido à partilha do governo pelas suas mãos. Para o caso do PS ainda não ter reparado, convém lembrar que qualquer das hipóteses é pouco provável, para não dizer impossível, e que Cavaco Silva não é Presidente "por la gracia de Dios" mas pelo voto dos portugueses. E é a estes que o PS deve, neste momento, uma atitude de pedagogia democrática.

"Empty bed blues" - best of good time mommas (9)

Virginia Liston - "Rolls Royce Papa" (1926)

segunda-feira, setembro 19, 2011

Hammer (3)

"The Vengeance of She" (1968)

Não será chegada a hora do parlamentarismo?

Se fosse preciso encontrar prova provada de que a existência de um Presidente da República com os poderes que a actual constituição lhe confere e eleito por sufrágio directo e universal nada acrescenta ao normal funcionamento das instituições democráticas e antes funciona como um elemento desestabilizador do regime, o mandato do actual Presidente, culminando com a sua actuação no recente caso da Madeira mas não deixando de lembrar todas as atitudes tomadas ao longo dos seus dois mandatos, é exemplo paradigmático do que afirmo. Mais uma vez: está chegado o momento da democracia portuguesa atingir a maioridade e caminhar para o parlamentarismo, deixando de precisar de pseudo-tutelas falsamente supra-partidárias e politicamente disfuncionais que só a menorizam e aos cidadãos.

"Midnight In Paris"

A melhor maneira de viver num passado mítico mas em que não havia antibióticos é recrear no presente a ideia que o mito (mas apenas este) nos transmitiu. Nos nossos valores, ideias e ideais, no modo como nos comportamos, como vivemos e amamos, nos objectos, na música, nos livros e na pintura de que gostamos. Tudo isto mas com o conforto de sabermos que, hélas, existem antibióticos.

Allen homenageia a única Paris que ele poderia homenagear (a de "Paris É Uma Festa", de Hemingway e Fitzgerald, de Picasso e Matisse, de Gertrud Stein e do seu círculo "marginal chic") e com isso homenageia-se a si próprio e à sua geração de intelectuais liberais nova-iorquinos; mas também a todos nós que somos seus (de Allen e dessa Paris) seguidores e credores. E depois Allen tem esse dom, essa capacidade inteligente de nos reconciliar com o cinema, com o mundo e com a vida, connosco. De nos apetecer passar para o lado de lá do ecrã e entrar também no filme...

domingo, setembro 18, 2011

Songs of the WW II (22)

Svyashchennaya Voyna  (Священная война) - "The Sacred War"

O futuro de Alberto João Jardim e do PSD-M

Então a "coisa" vai ser assim: Jardim irá fazer a sua campanha eleitoral sem envolvimento, e até perante o alheamento, do PSD nacional. Passos Coelho e os principais dirigentes nacionais não irão à Madeira (pode ser que um ou outro "chega-me isso" de quinta escolha por lá passe), mas também não deixarão de se abster de grandes ou pequenas críticas ao Presidente do Governo Regional (custa-me chamar-lhe assim, mas é este o cargo que ocupa). Será, digamos, como que um apoio tácito pelo silêncio. Algumas personalidades influentes do PSD nacional (os chamados "barões"), principalmente os já afastados da vida política activa mas com uma "voz" nos "media", não deixarão contudo, aqui e ali, de fazer ouvir a sua voz crítica em relação a Jardim, assim aproveitando para espetar umas alfinetadas em Passos Coelho, o que sempre ajuda a compor o "ramalhete". Alberto João será novamente eleito com maioria absoluta, embora com o menor número de votos de sempre, e a abstenção atingirá um número "record". Será então imposto um rigoroso plano de austeridade à Região Autónoma da Madeira e Jardim, depois de culpar "os do costume" e ao fim de algum tempo, apresentará a sua demissão "por motivos de saúde" sendo substituído pelo seu vice-presidente (Cunha e Silva?), que terá o apoio entusiástico do PSD nacional e será o candidato do partido em futuras eleições regionais, que ganhará. Como a memória dos povos é curta, Jardim não deixará de ir recebendo as "justas" homenagens pela dedicação à "causa pública" e serviços prestados ao povo madeirense. "Ita missa est".

Nota: pior do que perder, o que me parece muito pouco provável, o pior cenário para Alberto João e para o PSD (regional e nacional) seria o partido não conseguir maioria absoluta nas próximas eleições regionais. Seria o descalabro.

sábado, setembro 17, 2011

"Back to the basics": Marty Robbins & Charlie Feathers (11)

Marty Robbins - "That's All Right" - a versão de Robbins (1955) do original de 1947 de Arthur "Big Boy" Crudup e primeira gravação comercial de Elvis Presley (SUN 209 - Julho 1954)

sexta-feira, setembro 16, 2011

Madeira: as perguntas a fazer

As notícias de hoje sobre a Região Autónoma da Madeira, mais do que contribuírem para avaliarmos da natureza política do regime que vigora no arquipélago e do perfil do respectivo Presidente do Governo Regional, avaliação essa já feita há muito tempo mesmo que por aqueles que por conveniência política ou pessoal sempre ao personagem se vergaram, lançam uma perplexidade e autorizam uma pergunta: como é possível que num país europeu desenvolvido, democracia de quase 40 anos consolidada, membro da UE há 25 anos, integrante da zona Euro desde o final da década de noventa, um governo de uma Região Autónoma consiga sonegar informação sobre as suas contas anos a fio? Que mecanismos de controlo existem e, caso existam, como foi possível contorná-los? Como podemos ter a certeza casos idênticos não se possam repetir nos Açores, autarquias, etc, etc? Ou será que tais mecanismos de controle e "reporting" não existem ou não funcionam e estamos apenas dependentes da honestidade, ética, perfil político, personalidade, etc, dos detentores de cargos políticos de governação? É a resposta a estas perguntas que ajudará a definir o país em que vivemos. 

Região Autónoma das Bananas



Basta!

Caso ainda exista uma maioria de gente decente nos orgãos dirigentes do PSD, só lhes resta uma alternativa: anunciar o não-apoio do partido à recandidatura deste senhor(?) à presidência do Governo Regional da Madeira. Caso essa maioria não exista, resta às pessoas decentes que por lá conheço e algumas até estimo anunciarem publicamente lhe retiram, a título pessoal e enquanto simpatizantes ou militantes do PSD, qualquer apoio. Se o fizerem, o país ficará um pouco mais respirável; caso o não façam, serão coniventes no forrobodó e perderão qualquer autoridade para pedir sacrifícios e lançar novas medidas de contenção e austeridade. Enfim... perderão toda e qualquer autoridade para governar o país.
Ah!, e fico a aguardar o Senhor Presidente da República se manifeste. Ou deverei antes dizer, parafraseando o senhor(?) da fotografia, "o Sr. Silva"?

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (17)

O original de Jerry Butler (1962) - "Make It Easy On Yourself" (Burt Bacharach - Hal David)


"Make It Easy On Yourself" - a bem conhecida versão dos Walker Brothers #1 no UK em 1965

quinta-feira, setembro 15, 2011

"Arte Popular" e o Estado Novo (19)

Capa de Paulo Ferreira para a revista "Panorama" (1948)

Poul Thomsen

Sindicatos e associações patronais discordam da redução da Taxa Social Única. Comentadores de economia dividem-se entre a discordância e, no mínimo, o pouco ou quase nenhum entusiasmo (a excepção é Camilo Lourenço, o que não é mesmo nada entusiasmante e dá para ficar de "pé atrás"). O próprio ministro da Finanças parece torcer o nariz, e somos levados a crer só não é mais explícito por razões do cargo que ocupa. No meio tudo isto, há um estudo que conclui pelas cautelas e caldos de galinha. No fundo, das duas uma: ou Poul Thomsen é ele próprio o génio, o super-herói que nos vem salvar, ou, então, apenas um vulgar aprendiz de feiticeiro, correndo o risco de lançar a fagulha que pode vir a incendiar a pradaria.

The Stax story (4/4)

Notas sobre o jogo de ontem

1. Jogo muito táctico, como o são todos em que o empate serve as duas equipas. Interessante para quem gosta mesmo de "bola".
2. Inteligente a opção de Jorge Jesus ao colocar Amorim em campo para travar as habituais "subidas" de Evra e permitir cobrir as arrancadas de Maxi Pereira.
3. Quem fala em segunda equipa do United não deve ver os seus jogos todas as semanas. Eu vejo. Ora então, é assim:
  • O Man. United tem um conjunto de cerca de 18 jogadores que vão rodando. Só assim pode competir com eficácia da numa intensíssima Premiership, Champions League, Taça da Liga e FA Cup. Destes, normalmente apenas Rooney, Evra, o guarda redes (Van der Saar e agora David De Gea) e os centrais (Vidic e Ferdinand) costumam ter lugar assegurado. Portanto, tendo ontem jogado Evra e Rooney e estando os centrais habituais lesionados, apenas o guarda-redes se pode considerar uma segunda opção. E tendo em atenção o irregular início de época de De Gea, logo por azar nosso, como se viu.
  • Com Vidic e Ferdinand lesionados, Ferguson optou por Evans (o terceiro central da equipa que acaba por ser o segundo face às constantes lesões de Rio) e desviou Smalling (tem jogado à direita mas é um central de origem) para o meio entrando Fábio. Tudo normal.
  • Ferguson optou por uma meio-campo "de combate", com Park, Fletcher e Carrick. Nada que não seja habitual nos jogos fora mais complicados, até porque o recém chegado Clerverley está lesionado e Anderson, apesar da constância deste início de época, costuma ser um dos que roda.
  • Nos jogos que se antevêem mais difíceis, muito raramente o United joga com "dois pontas de lança". Ontem não foi excepção, daí a ausência de Welbeck e a não titularidade de Hernandez ou Owen. Giggs e Valência são dos que "rodam" com Nani, Berbatov (um 9 e 1/2), Ashley Young e Hernandez.
4. Irrita-me aquela gente que vai ao futebol há 50 anos e não percebe patavina do jogo. Estou cheio deles há minha volta. Querem exemplos?
  • Ontem, às tantas Javi Garcia agarra-se à bola ainda no seu meio-campo, em vez de a fazer circular, e acaba por a perder para um adversário - talvez com falta - dando origem a um contra-ataque perigoso do United. Em vez de protestarem com Javi por ter escolhido a opção errada, a maioria dos meus vizinhos optou por protestar com o árbitro por este não ter marcado uma eventual falta. Confesso que me irritei e mandei calar um deles, sugerindo transferisse os seus protestos para Javi Garcia.
  • A dois ou três minutos do fim, quando se pedia que a equipa "congelasse" o jogo, trocando a bola e atrasando-a para Artur (o empate era um bom resultado), a maioria dos meus vizinhos queria ver a equipa a atacar "à doida", tentando ganhar o jogo. Confesso a minha pouca paciência...
5. Carruagem do Metro muito política à saída: Pedro Adão e Silva, João Semedo e Honório Novo. A direita não anda de transportes públicos ou não é do "Glorioso"?

quarta-feira, setembro 14, 2011

Memórias do Man. United

Já tendo apanhado o grande Real Madrid de Alfredo Di Stefano na fase descendente, quando foi goleado no Estádio da Luz por 5-1 em 1965, e não sendo o SCP dos cinco violinos claramente do meu tempo, talvez a primeira grande equipa de futebol que me lembro de ter visto jogar tenha sido mesmo o SLB de Eusébio, Coluna e José Augusto. Mas, devo dizer, nunca tendo sido especial fã do futebol brasileiro e pondo, por isso, a bom recato o Santos de Coutinho, Pelé e Pepe que vi em 1962 golear (5-2) o SLB em pleno Estádio da Luz, nunca me esquecerei de um Manchester United, comandado por um exuberante Bobby Charlton e com um diabo irlandês chamado George Best, que vi dar um autêntico "banho de bola" ao meu clube em 1966 (5-1), num jogo em que até o único golo do SLB foi marcado por na própria baliza por Shay Brennan. Ainda hoje fecho os olhos e recordo Bobby Charlton, a meio-campo, os muito poucos cabelos loiros ao vento a comandar aquela equipa juntando todos à sua volta e dando a entrada aos artistas. Desde aí fiquei para a vida um admirador do United, e só espero, apesar do excelente momento de forma de Rooney e companhia, o meu "Glorioso" saiba dar hoje réplica condizente e sair no final com um resultado do qual se possa orgulhar. Eu lá estarei daqui a pouco, na "Catedral", a torcer e sofrer pelo meu clube mas não deixando de aplaudir ambos. Um privilégio.

The Stax story (3/4)

Uma Justiça populista?

Não vou discutir se 25 anos de prisão como pena máxima, em Portugal, é correcto ou incorrecto, embora deva acrescentar que tal duração me parece razoável e não me choca - a mim, cidadão que não sou jurista. É a pena máxima e é sobre tal que devo basear o meu raciocínio. Assim sendo, deixo uma pergunta: se o tal "violador" de Telheiras foi condenado a essa pena máxima por vários crimes de violação, sequestro, rapto, etc, etc, qual seria a condenação para um "serial killer", um infanticida, um violador de crianças, um homicida premeditado, um terrorista confesso e assim sucessivamente?

Não ponho em causa - desnecessário dizer - a natureza hedionda dos crimes cometidos; mas não estará neste caso a Justiça a ceder novamente à pressão mediática e ao populismo securitário?

segunda-feira, setembro 12, 2011

Regimental Ties (16)

Propostas concretas?

Ora vamos lá ver... Ao contrário do que diz Passos Coelho, a questão não é se do congresso do PS saíram ou não "propostas concretas", "grandes" ou "pequenas": não me parece os congressos partidários sirvam para apresentar um qualquer cardápio, rol ou listagem das tais "propostas concretas". Tal coisa parece-me ser mais da responsabilidade de grupos de estudo, "think tanks" e assim sucessivamente, a apresentar em circunstâncias menos dadas ao fervor partidário para TVs transmitirem. O que compete a um congresso do maior partido da oposição é, isso sim, aproveitar esses momentos TV para apresentar ao país uma ideia clara, um conceito mobilizador porventura expresso numa frase, numa "assinatura" que permita, a prazo mais ou menos longo, a sua recondução ao poder. E, de facto, aí sim, até talvez porque a perda do poder está ainda demasiado próxima e existe na sociedade portuguesa um vago clima de anestesia, mas também por ausência de um conceito inovador que substituísse a  "repescagem" bafienta de um "slogan" guterrista, não me parece tal tenha sido conseguido. Uma oportunidade perdida? As próximas sondagens terão a palavra.  

The Stax story (1/4)

domingo, setembro 11, 2011

Skiffle (5)

The Delta Skiffle Group - "Pick a Bale of Cotton"

Congresso do PS: positivo e negativo

Uma boa ideia e uma má notícia vindas do congresso do PS.
  •  + A boa ideia é ter visto pela primeira vez em Portugal um partido assumir as suas convicções federalistas. Pena ter sido só agora, quando os problemas apertam, arriscando-se a opção a ser recebida como uma solução instrumental e oportunística. Não me parece ser o caso, pois tal esteve sempre mais ou menos inscrito, embora de modo apenas implícito, no DNA e em alguns discursos políticos de responsáveis do PS. Claramente, estabelece uma diferença face aos discursos à sua esquerda e à sua direita, apontando um caminho.
  • - A má notícia é a ênfase dada à "ética" e à "transparência", que são normalmente temas retóricos que surgem quando nada de politicamente importante há para dizer. Além de tudo mais, a ética é coisa que não se anuncia, pratica-se, e a tal "transparência" costuma limitar-se a alimentar a bisbilhotice e/ou a servir o populismo mais rasteiro.

Les Belles Anglaises (57)





Lagonda 2 Litre Speed Model (1925-1933)
Carro do capitão Arthur Hastings nas histórias de Hercule Poirot

De tanto bater o meu coração ainda para...

É sabido: esta equipa do meu clube, no seu modelo de jogo actual, só conhece três velocidades: rápido, muito rápido e rapidíssimo, com os olhos postos na baliza contrária. Por isso, como não sabe "ter bola", fazê-la circular, controlar o ritmo do jogo e pausá-lo quando é preciso, espreitando assim a sua oportunidade, quando o jogo se aproxima do fim e a diferença é mínima tem medo de continuar a jogar no seu "modelo", e ficar assim à mercê de um golo esporádico do adversário. E como não sabe jogar de outra forma fica mais ou menos "orfã", "lost in translation", sem saber muito bem o que fazer. Na melhor da hipóteses, tudo acaba num sufoco (Nacional, Feirense e VSC); na pior, na perda de pontos (Gil Vicente).

Claro que Witsel, mesmo a meio-gás, como ontem, dá maior segurança ao jogo defensivo e tem capacidade técnica e inteligência suficientes para escolher mais vezes a solução segura para sair a jogar. Mas o modelo é o mesmo e o meu coração vai ficando cada vez mais velho e fraco.

sábado, setembro 10, 2011

O acordo sobre a avaliação dos professores, os sindicatos e o PCP

O governo conseguiu ontem à noite a sua primeira vitória. Enfim, não dá para grande foguetório, mas é, indiscutivelmente, uma vitória.

Ao conseguir o acordo da FNE para o sistema de avaliação de professores sem abdicar de duas questões essenciais e que sempre tinham sido rejeitadas pelos sindicatos (quotas e reflexo na progressão das carreiras), o governo não só resolve um dos problemas deixado pendente pelo executivo de José Sócrates, e que tinha estado na origem do seu enfraquecimento, como, em certa medida,  consegue neutralizar uma FENPROF colaborante q.b. e evitar a repetição de um ambiente de crispação e de manifestações de rua entre a classe. A pergunta que se deve fazer é pois a seguinte: porque não foi possível tal acordo durante os dois executivos anteriores? Por clara inépcia política e negocial da equipa dirigida por Maria de Lurdes Rodrigues (ministra cuja acção sempre por aqui elogiei) ou porque, apanhado o governo do PS numa armadilha "em tenaz" entre o PSD/CDS, por um lado, e o PCP/BE, por outro, o que era na altura essencial para a oposição, em acção conjugada, era o enfraquecimento e queda do governo?  Isto remete-nos para uma outra pergunta, que, em certa medida, responderá à anterior: para a estratégia do PCP, onde o resultado eleitoral assume um papel relativamente subalterno face à sua estratégia que privilegia a influência sindical e a luta de "massas", é preferível um PS no governo ou entregar este a uma maioria de direita?

sexta-feira, setembro 09, 2011

O discurso de Seguro

Sem uma origem e inserção operárias (ao contrário da maioria dos seus partidos-irmãos europeus), apanhado na voragem do PREC e da subsequente normalização democrática, alcandorado ao poder de modo mais estável em plena vertigem da terceira-via, o PS foi quase sempre vítima das circunstâncias. Com o seu discurso de hoje, António José Seguro parece querer tentar inserir o PS na tradição e valores mais genuínos da social-democracia europeia, onde o partido nunca esteve e para onde Mário Soares o tem tentado projectar nos últimos tempos. Veremos se ao fim de quase quarenta anos, num mundo já muito diferente do da sua fundação, moldado pelo poder autárquico e pela distribuição dos lugares do poder, o projecto terá alguma viabilidade. Parece-me ser esta a questão-chave que o primeiro dia do congresso suscita.

London Public Houses (2)



The George Inn
George Inn Yard, 77 Borough High Street, Southwark, London SE1 1NH - Tel :020 7407 2056

"Re-opened and invigorated, the George Inn looks fresher and brighter. The windows gleam and walls look regal in their new Studio Green. Best of all, the pub's rooms in partial use have now been opened for business. New kitchens and a new menu offer better food and service.

The George is London's only surviving galleried coaching inn. It stands on the south side of the River Thames near London Bridge, for centuries this was the only bridge across the river".

Ainda o IVA reduzido


Factura de um pequeno conjunto de compras efectuadas hoje "num supermercado perto de si", com IVA discriminado.

Comentários: apenas o IVA para os gelados (23%) e para as laranjas para sumo (6%) me parece indiscutivelmente adequado. Em última análise, poderia também aceitar um molho de coentros pague 6%. Enfim...
Ignoro porque uma embalagem de ameixas secas paga apenas 6%, o mesmo podendo dizer de um pão de "muesli" (não se trata de um pão normal, de trigo, milho, centeio ou mistura de  cereais) ou de Iogurtes "Activia". Ou, já agora, de uma salada já preparada, vegetais lavados, cortados, misturados e embalados.

Conclusões? Em primeiro lugar que é extremamente difícil, e até injusto, fazer justiça social através de taxas reduzidas de IVA. Não só, como se vê, estamos a financiar indiscriminadamente ricos, pobres e remediados, como, por ser quase impossível, num mercado cada vez mais complexo, efectuar uma discriminação positiva que vá além de alguns produtos básicos, arriscamo-nos frequentemente a estar a financiar apenas quem disso não precisa. Melhor, mais justo e mais eficaz seria aumentar o valor e distribuição das transferências sociais (RSI, subsídio de desemprego, complementos solidários, etc) ou diminuir a incidência dos impostos directos sobre as classes de mais baixos rendimentos. Em segundo lugar, e mantendo-se a filosofia actual, que se torna mesmo necessário efectuar uma revisão profunda das categorias de produtos sobre os quais se manterá a aplicação de uma taxa reduzida de IVA. Já agora, por uma questão de justiça social.

Specialty records (2)

Larry Williams - "Bony Moronie"

quinta-feira, setembro 08, 2011

"Políticos ocasionais" e ausência de liderança

Mário Soares não deixa de ter razão quando, usando as palavras do próprio Ministro das Finanças, apelida Vítor Gaspar de "político ocasional" - e o tempo não está para diletantismos. Mas acontece que tal nem seria tão grave se, tal como acontecia no governo anterior, para o bem e para o mal, existisse um primeiro ministro que efectivamente liderasse, que mostrasse de forma clara quem "mandava". No fundo, goste-se ou não, alguém com carisma e capacidade política suficientes para impor uma ideia de governação. Parece-me, pois, ser bem esse o problema fundamental, para além da real "ocasionalidade" de Vítor Gaspar: a não existência (so far...) no governo de um líder político que claramente se afirme, defina uma estratégia e imponha um rumo numa conjuntura de crise profunda para o país e de enormes dúvidas no horizonte. E pode ser que até me engane, mas Pedro Passos Coelho ainda não deu qualquer sinal de ser capaz de o fazer.  

Blindness (12)



"Blind" Gary Davis - "Death Don't Have No Mercy"

quarta-feira, setembro 07, 2011

Soares Franco candidato à FPF

Filipe Soares Franco é candidato a presidente da Federação Portuguesa de Futebol com o apoio de FCP, SC Braga e Clube Desportivo Nacional. Gostava de saber o que os meus amigos "lagartos" têm a dizer sobre isto, candidatura que prova, se tal necessário fosse, a submissão estratégica das últimas direcções do seu clube aos interesses do FCP, que sempre por aqui fui aqui apontando.

O IVA do vinho

Ponto prévio: gosto muito de vinho e bebo vinho com regularidade. Mas tendo dito isto, acho não faz qualquer sentido manter o IVA do vinho num escalão reduzido (13%): já não "dá de comer a um milhão de portugueses", isto é, já não é o produto popular de antanho, que se vendia nas tabernas em "copos de três" ou em garrafões nas mercearias (esse papel, adaptado aos usos e costumes actuais, foi assumido pela cerveja, cujo IVA é de 23%) e é impossível fazer a separação entre o vinho produto de luxo e o vinho mais corrente, isto é, entre o Barca Velha e o Porta da Ravessa, como exemplos quase extremos.

Claro que os produtores irão ter dificuldades acrescidas para fazer escoar os seus produtos, o que até pode ser considerado injusto para um sector que é considerado - e bem - um caso de sucesso de reconversão. E a restauração lá terá que fazer um esforço no emagrecimento das margens especulativas que normalmente aplica ao vinho. Mas nas circunstâncias actuais ninguém está à espera de facilidades e, problema por problema, injustiça por injustiça, nem sequer me parece ser este um dos mais óbvios.

E agora, posto isto, vou anteceder o jantar com um "rosé" seco, bem adequado a este dia de canícula. Ah!, e comprado ainda com IVA reduzido, escusado acrescentar.

História(s) da Música Popular (186)

Johnny Rivers - "Carpet Man" (Jimmy Webb)

Jimmy Webb (III)

 Ora agora que estamos na rentrée, voltemos às História(s) da Música Popular e regressemos também a Jimmy Webb via Johnny Rivers e o seu álbum "Rewind", acrescentando desde já existir uma excelente edição em CD, da Imperial, que condensa os LPs "Changes" e "Rewind". Escolhi quatro temas deste último álbum da autoria de Jimmy Webb e, embora seguindo o alinhamento original, devo dizer que acho este "Carpet Man" (1967 - a Wikipedia está errada) talvez o que melhor exprima a assinatura do autor. Acho, mesmo, faz lembrar o tema mais emblemático de Webb e que já por aqui passei, o bem conhecido "Up, Up and Away" dos Fifth Dimension. Have fun, que os tempos bem o recomendam...


O Presidente da República e a selecção sub-20 - ou como um disparate nunca vem só

As afirmações do Presidente da República ao receber e condecorar ontem a selecção de futebol de sub-20, finalista vencida do Mundial da categoria, constituem, no pior sentido, um autêntico "2 em 1" do disparate. Em primeiro lugar porque, convém lembrar, a selecção não ganhou. Assim, e deste modo, parece termos regressado ao tempo das vitórias morais, em que ser segundo, terceiro ou quarto classificado era motivo de regozijo pátrio (só falta mesmo o hóquei em patins...). Em segundo lugar porque, ao manifestar-se em favor do proteccionismo no futebol, Cavaco Silva não só está a apelar ao desrespeito por uma das normas fundamentais e fundadoras da União, e que muito tem beneficiado os portugueses em geral (a livre circulação de pessoas), como ignora que muitos dos bons resultados do futebol português nos últimos anos se devem, na selecção, ao facto dos melhores jogadores portugueses actuarem nas grandes equipas europeias e, nos clubes, à possibilidade destes terem à sua disposição um campo de recrutamento bem mais vasto do que apenas o rectângulo continental e as Regiões Autónomas . Aliás, convém lembrar que muitas dos bons resultados do futebol português, no passado, também se deveram ao facto de Portugal ser na altura um império colonial e, assim, os naturais das colónias (Eusébio, Vicente Lucas, Mário Coluna, Hilário, Costa Pereira, José Águas, etc) terem então nacionalidade portuguesa. O que vale é que, cumprido o seu papel de colocar no governo os da sua cor política, já ninguém leva muito a sério o pior Presidente da República da democracia. Nem mesmo os da sua cor política.

terça-feira, setembro 06, 2011

Stalag Fiction (6)

Val Lewton (3)

"The Leopard Man", de Jacques Tourneur (1943)

Clubes, selecções e calendário

Esta proposta da ECA (Associação Europeia de Clubes), para a redução de datas para os jogos das selecções, tem toda a razão de ser. De facto, não faz qualquer sentido que os melhores jogadores profissionais, pagos a peso de oiro pelos maiores clubes europeus, percam o seu tempo a disputar, pelas suas selecções nacionais, jogos de qualificação contra as Ilhas Faroe, Andorra, São Marino, Luxembugo, Lichtenstein e assim sucessivamente. Nem sequer me parece isso possa contribuir, na Europa, para a promoção do futebol, argumento que me parece ser aquele de que a UEFA se socorre. Para tal, muito mais contribuirá a transmissão dos jogos da CL, Premier League, Liga espanhola, etc. Parece-me, pois, ser tempo de, à semelhança do que acontece em outros desportos, existirem no futebol vários níveis de qualificação para os campeonatos europeu e mundial.

Ministra da Justiça: procura-se e dão-se alvíssaras a quem indicar o seu paradeiro

Nos últimos anos, quando as questões de competitividade - ou falta dela - da economia portuguesa se tornaram mais evidentes, os problemas da Justiça e do seu mau (péssimo) funcionamento, até por via de uns tantos processos mediáticos nem sempre, contudo, exemplos claros desse mau funcionamento, começaram a ser comumente apontados - e bem - como um dos principais entraves ao investimento e, assim, ao incremento dessa mesma competitividade. Dominada a Justiça por algumas das suas corporações, com a Associação Sindical dos Juízes e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público em lugar de destaque, quaisquer veleidades reformistas dos governos de José Sócrates nunca terão passado de intenções, se é que a tal chegaram. A prova? Todos nos lembramos do nome dos ministros tidos como reformistas que passaram pelos dois anteriores governos da República, e do modo como a sua actuação foi contestada: Correia de Campos, Mª de Lurdes Rodrigues e até o esforço do atabalhoado ministro Pinho quase deixa saudades. Alguém se lembra, sem pelo menos um pequeno esforço de memória, do nome dos titulares da pasta da Justiça? Talvez até sejam mais facilmente recordados - e pelas más razões, digo - os nomes de António Martins e João Palma, os todo-poderosos dirigentes das corporações do sector.

Entretanto o país tem um novo governo e com ele uma nova ministra, Paula Teixeira da Cruz. Existem compromissos assumidos no MoU, nesta área, e, para além disso, precisando desesperadamente o país de crescer, a prazo, para conseguir assumir os seus compromissos, seria normal que os cidadãos conhecessem a estratégia e os planos do governo nesta área-chave para o tal incremento da tal competitividade. Infelizmente, parece que a única coisa que mudou foi o titular do cargo. Com uma diferença: personagem mediática, todos lhe conhecemos o nome; mas, tal como o coronel Kadhafi,  parece ausente em parte incerta. Onde está Wally?

segunda-feira, setembro 05, 2011

As receitas da Champions League e da Liga Europa

Percebo, aceito e acho razoável que o clube que obteve maior receita na Champions League (Manchester United, 53M) tenha recebido um valor superior em mais de cinco vezes o do seu par da Liga Europa (Villareal, 9M): a Champions League é a competição de elite da UEFA, em termos de clubes, um exemplo de êxito e para assim continuar torna-se absolutamente necessário proporcionar aos principais clubes receitas que lhes permitam continuar a apresentar um futebol de alto nível competitivo.

Já me parece bem mais questionável que o Villareal, o primeiro do "ranking" de receitas da Liga Europa, tenha recebido menos que o Hapoel Tel-Haviv, o 30º do ranking de receitas da Champions League, e pouco mais dos que os dois últimos desse mesmo "ranking", FK Partizan (8.5M) e MSK Zilina (7.5M): parece-me ser absolutamente necessário aumentar a competitividade da Liga Europa e para tal torna-se imprescindível que os principais clubes que nela participam vejam as suas receitas crescer.

Ora aqui está um assunto para a UEFA repensar.

Passos Coelho aprendiz de feiticeiro

Estas infelizes declarações de Passos Coelho sobre o direito à contestação serão assim tão incendiárias, isto é, podem tornar-se, elas próprias, numa "self-fulfilling prophecy"? Não, não me parece que simples afirmações ameaçando de repressão uma qualquer alteração de ordem pública possam ter como efeito que tais acontecimentos venham efectivamente a verificar-se. O que me parece é que depois de tais afirmações - e não sei se isso não será ainda mais penalizador para o actual primeiro-ministro - na eventualidade de quaisquer desacatos causados, mesmo que apenas longínqua e indirectamente, pelas políticas governamentais, Passos Coelho não deixará de ser apontado a dedo, por todos, como o seu causador. E digamos que tal não seria, para si, nada brilhante...

Urban Lavender

Depois das férias a URBAN LAVENDER volta com mais perfume para os seus roupeiros! Apresentamos a partir de Setembro mais uma actividade: Workshops para crianças. Desenvolvidos para crianças dos 4 aos 14 anos aprenderem a fazer um saco de alfazema para perfumar e decorar gavetas e roupeiros.

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (16)

O original de Bob Dylan - "Quinn The Eskimo" (aka "The Mighty Quinn") - 1967


Manfred Mann - "The Mighty Quinn" (1968)

domingo, setembro 04, 2011

As extravagâncias de António Barreto

Confesso que pouco me importaria que António Barreto, um homem que durante muito tempo tive por inteligente e sensato, se tivesse dedicado nos últimos anos a fazer afirmações um tanto ou quanto estrambólicas, como esta de rever a Constituição da República e referendá-la de seguida, mais ou menos como aconteceu com a sua antecessora de 1933, sendo que nesta (a de 33), à boa maneira "salazarenta", as abstenções contaram como votos a favor. Não que, pessoalmente, inclua a actual constituição na categoria de "vaca sagrada", mas apenas por uma questão de oportunidade (ou total falta dela) e porque também não sei se o que se ganharia com tal revisão quando comparada com o escarcéu que ela necessariamente provocaria. Mais e pior: o que Barreto propõe é, nem mais nem menos, uma incursão no universo do populismo plebiscitário, recuando a 1974 quando Sá Carneiro assim quis perpetuar António de Spínola no seu pedestal bonapartista. Digamos que estamos perante uma proposta muito pouco democrática, coberta pelo muito obscuro manto da tal "democracia directa" muito do agrado daqueles para quem a democracia liberal não tem mais do que um valor instrumental, em vez de essencial.

Pois, mas, como disse, pouco me importaria com tais divagações, mais ou menos extravagantes, do cidadão António Barreto, não fosse o caso de se tratar de um dos mais notáveis conselheiros do actual Presidente da República, o que será suficiente para retirar ao que diz alguma carga de inocência. E é bom também que tenhamos isso em conta, principalmente sabendo que Cavaco Silva, embora nunca se tenha manifestado contra a actual ordem constitucional, também nunca terá sido alguém que se tenha notabilizado de sobremaneira pela afirmação intransigente dos ideais democráticos.