quinta-feira, setembro 30, 2010

Orçamento: e o ano em curso?

Confesso que há uma coisa que, nesta história dos Orçamentos de Estado, me faz alguma confusão: como é que se apresentam as linhas gerais do orçamento do próximo ano sem que, agora que estamos a entrar no 4º trimestre, se apresente uma última estimativa (necessariamente já muito próxima da realidade) da execução orçamental do ano em curso. É que me parece ser bem complicado discutir com rigor o que quer que seja perante tamanha opacidade...

Tango aus Berlin (11)

"Nós, Republicanos"

Embora possa parecer que não, o “Gato Maltês” gosta de elogiar. O problema, o pequeno/grande problema é que tem muito poucas oportunidades de o fazer. Mas a série documental “Nós, Republicanos”, produzida pela Companhia das Ideias e emitida pela RTP2 em cinco episódios, vale bem um rasgado elogio e é mesmo a não perder.

Apenas um enorme reparo: porquê ser exibida na RTP2 e não no canal principal? Fico a aguardar correcção.

As capas de Cândido Costa Pinto (68)

Capa de CCP para "O Assassínio da Bruxa", de Nancy Barr Mavity, nº 31 da "Colecção Vampiro"

A manif. da CGTP

Fiquei ontem bloqueado no trânsito por causa da manifestação da CGTP, o que me “obrigou” a assistir à passagem de grande parte do cortejo o que fiz com natural curiosidade. Para além da clara falta de combatividade que transparecia da atitude dos participantes – o que deve ser suficiente, nesta área, para dar vida descansada ao governo – era também notório que uma parte significativa dos manifestantes pertenceria a um conjunto que poderemos, sem demasiadas preocupações de rigor, denominar como "marginalizados" pelas transformações económicas e sociais do Portugal pós-UE: trabalhadores pouco qualificados, professores proletarizados pela democratização do ensino, servidores do Estado que encontram no vínculo à função pública a única defesa contra a sua falta de competitividade, pensionistas de idade avançada, etc.

Não estão obviamente em causa o agradecimento, respeito e solidariedade que todos – repito, todos -, enquanto sociedade, lhes devemos; mas estamos aqui longe, muito longe da mensagem de progresso e de futuro de que eram portadoras, nas suas demonstrações públicas de luta, a burguesia revolucionária do início do século XIX ou o proletariado das primeiras décadas do século XX.

David Luiz

Gostaria de conhecer o saldo das “saídas a jogar” de David Luiz. Isto é, quantas resultaram em golos ou jogadas de perigo favoráveis ao SLB e quantas, por perdas de bola, estiveram na origem de golos ou jogadas perigosas do adversário.

quarta-feira, setembro 29, 2010

The Beatles - The First US Visit (8)

O momento do SCP

Em dia de Assembleia Geral e em momento de grande efervescência clubística, queiram os meus amigos "lagartos" (e são alguns) fazer o favor de ler aqui o que escrevi sobre o actual momento vivido pelo seu clube. Quanto vale ter um "lampião" amigo, digam lá!?

Passos Coelho AC e Passos Coelho DC

Pedro Passos Coelho baixou claramente o tom do seu partido depois da audiência com Cavaco Silva. Agora, o PSD já não parece tão intransigente quanto ao aumento de impostos, disponibilizando-se “para viabilizar um orçamento”, mas “não um orçamento qualquer”. Parece-me assunto arrumado, até porque nem o governo, nem o PS, nem o país ou a UE se podem dar ao luxo de um “orçamento qualquer”. Temos pois, à evidência, um Pedro Passos Coelho AC e um Pedro Passos Coelho DC. Felizmente, acrescento.

Resta saber, como resultado desta espécie de “trade off” político, quem mais tem a ganhar. É óbvio que, com a influência de que deu mostras e a quase certeza da viabilização do orçamento, o actual Presidente da República vê a sua posição e putativa recandidatura fortalecidas, embora pouco precisasse de tal coisa pois parece ter a reeleição garantida. Quanto a Passos Coelho, se, com a mudança de atitude, deu mostras de pouca coerência política e, face à anterior intransigência, quase assumiu tacitamente a responsabilidade pela ruptura das negociações com o governo, o que nunca cai bem no eleitorado, também acaba a demostrar um certo bom senso patriótico e atitude de estadista, algo que os portugueses costumam aplaudir. Não nos esqueçamos que foi com atitude semelhante que o PSD começou a liderar nas sondagens; aguardemos, pois, pelas próximas. Com muita tranquilidade, claro...

terça-feira, setembro 28, 2010

The Beatles - The First US Visit (7)

O verdadeiro "pecado original" do governo


“The fiscal deficit started to deteriorate in 2008 and reached 9.3% of GDP in 2009. This followed a large fiscal consolidation in 2005-07 and, to some extent, was induced by measures that were not directly related to the crisis, such as a cut in VAT and a sizeable (2.9%) wage increase for civil servants in 2009.”

Seria importante saber, sem demagogia ou propaganda, que impacto tiveram estas medidas no atenuar da crise. Por mim, só por feeling, o que é bem pouco, quer-me parecer que muito reduzido. Não fizeram parte da solução e transformaram-se em parte do problema.

Fernando Ulrich no "Prós & Contras"

Duas afirmações, ambas muito simples e óbvias, de Fernando Ulrich valeram o sacrifício de ter assistido a uma boa parte do “Prós & Contras” de ontem:

  1. “Que não se pode fazer tudo bem ao mesmo tempo”, sendo portanto tempo de, na área financeira, o ministro respectivo e o governo se concentrarem sobretudo no cumprimento das metas estabelecidas para o “déficit” público. Claro, acrescento eu, que com as medidas o menos injustas e penalizadoras em termos sociais e económicos, mas, e utilizando uma expressão do próprio Teixeira dos Santos, “fazendo tudo o que for necessário”. Pois é tempo de passar das palavras aos actos, caro ministro.
  2. “Que é incompreensível querer negociar o orçamento com a oposição sem antes o governo apresentar a sua proposta de orçamento como base de discussão.” Sem dúvida: devia o governo apresentá-la à Assembleia da República, disponibilizá-la para consulta dos cidadãos e a partir daí negociar um acordo com os partidos da oposição, modificando essa sua proposta onde fosse possível e necessário para chegar ao desejável acordo. Ou, no caso de não ser possível um acordo, os cidadãos ficarem na posse dos elementos necessários para entender porque teriam sido inultrapassáveis as diferenças e, assim, julgarem das razões de tal desenlace. Tudo seria bem mais claro e esclarecedor.

segunda-feira, setembro 27, 2010

"Prós & Contras"

Seria possível, um dia destes, assistir a um “Prós & Contras” sem o tom sensacionalista e comicieiro habitual? Menos enfeudado às corporações e directórios partidários? Com menos gente a choramingar e a pedinchar? Com uma apresentadora mais bem preparada e menos “bimba” (aqui, sei estou a pedir o impossível...), mais moderadora e menos mestre de cerimónias? Com uma produção menos espampanante e maior economia de meios, mas com maior rigor nos conteúdos? Não é: seria pedir algo de radicalmente diferente a um programa que sempre se assumiu mais como um “talk show”, nunca como um programa de debate de ideias e hoje tende a tornar-se ruído de fundo ao nível de um qualquer “Prolongamento” ou “Dia Seguinte”. Pois é, mas esses são nos "privados"...

Outra pergunta: a produção e realização do programa não se envergonham quando revêm alguns dos programas passados? Pois, não devem sequer rever...

Ryder Cup, 1991. Kiawah Island, South Carolina - Bernhard Langer falha e dá a vitória aos USA


Numa das mais emocionantes edições de sempre da Ryder Cup, que ficou conhecida para a posteridade como “the war by the shore”, o alemão Bernhard Langer falha um “putt” relativamente fácil e perde o buraco 18 e último para o norte-americano Hale Irwin, entregando assim a vitória por ½ ponto à equipa americana. Para mim, que assisti ao vivo, inesquecível; mas nunca mais perdoei a Langer, que ficou definitivamente ligado a esse falhanço.

Curiosamente, Langer, que jogou em dez edições da Ryder Cup e capitaneou a vencedora equipa europeia em 2004 (Oakland Hills, Michigan), é agora figura de proa da candidatura alemã a acolher a Ryder Cup 2018, concorrendo contra outros cinco países, incluindo Portugal cuja comissão de honra é encabeçada por Jorge Sampaio. Desta vez, espero mesmo que perca!

The Beatles - The First US Visit (6)

domingo, setembro 26, 2010

É preciso algo mais do que aprovar o orçamento

Sejamos claros: a questão não é apenas o governo e o PS encontrarem um qualquer parceiro político que permita a aprovação do orçamento de 2011 – por exemplo, o CDS. A verdadeira questão é que não só o PSD não pode ficar de fora desse acordo como ele deveria, no seu conteúdo político e neste momento crítico, ser mais abrangente, envolvendo outras vertentes da governação. Sem isso, estaremos sempre na presença de algo demasiado frágil, pronto a partir-se ao mínimo sopro da brisa das conveniências.

The Beatles - The First US Visit (5)

Sobre a utilização do "Magalhães"

Se 74% dos professores do 1º ciclo considera “excelente/ muito bom” ou “bom” o programa “e.escolinha” e 57% utilizam o computador “Magalhães” na sala de aula apenas uma vez por semana (aliás, estou até convencido que este número se encontra empolado), é provável que esta baixa frequência de utilização tenha um e só um motivo: a total ou relativa iliteracia informática de um número significativo de professores e o seu desinteresse por inverter a situação na profissão que exercem.

É natural: não existe qualquer incentivo significativo para que um professor melhore as suas qualificações e em nenhum campo do conhecimento humano um professor gosta de mostrar saber menos do que o aluno.

SLB: o que disseram os últimos jogos

Coentrão faz de Di Maria? Sim, em certa medida, mas também muito mais do que isso: embora de modo diferente, realiza na esquerda os equilíbrios defensivos na época passada conseguidos na direita por Ramires. Falta-lhe apenas um defesa-esquerdo mais fiável. E na direita a equipa possui agora várias soluções, de Maxi/Amorim (a mais consistente defensivamente) a Maxi/Gaitán (a mais ofensiva), passando pela possibilidade Maxi/C. Martins. E falta ainda Sálvio. Tudo isto, mais Roberto em crescendo e as maiores cautelas de David Luiz nas “saídas”, contribui para equilibrar a equipa e os resultados têm sido visíveis. Como vêem, não eram só os árbitros (ontem, mais uma arbitragem desastrosa) e a pré-época com Mundial. Foram também, e muito, as hesitações sobre a estrutura da equipa.

sábado, setembro 25, 2010

The Beatles - The First US Visit (4)

Vem aí a Ryder Cup!


O “Gato Maltês” gosta de golfe e particularmente da Ryder Cup, e depois de ter assistido a uma edição “ao vivo” em 1991, em Kiawah Island, na Carolina do Sul, nunca mais perdeu uma edição via TV. Como sabem, Portugal candidatou-se à organização da edição de 2018 e a edição deste ano disputa-se em Newport, País de Gales, nos próximos dias 1, 2 e 3 de Outubro. A “nossa” selecção, a da Europa, é capitaneada por Colin Montgomerie, que já venceu o Open de Portugal em 1989, a sua primeira vitória num torneio PGA era ainda um quase desconhecido. Compete-lhe, a ele como capitão e aos por si escolhidos, “vingar” a derrota sofrida há dois anos em Louisville, Kentuky.

Ficam aqui os horários das transmissões via Sport TV. Conselho: não perca (e torça pela nossa selecção, claro!).

sexta-feira, setembro 24, 2010

Águas, carros e carrinhos...

O governo decidiu suspender o plano de renovação da frota automóvel das Águas de Portugal. Terá motivos mais do que suficientes para o fazer, mas pergunta-se:

  1. Porquê só agora, a posteriori, depois de o assunto ter “saltado” para os “media” e apenas para um caso concreto e não previamente, de forma geral, normativa, para todas as empresas públicas (a Águas de Portugal é detida pela Parpública, Parcaixa e DGT) e sob a forma de política a adoptar em termos gerais e abstractos? Que tipo de controlo é, de facto, exercido pela tutela nas empresas públicas ou afins e que critérios de “reporting” estão estabelecidos?
  2. A política de carros de serviço e de outros “fringe benefits” das empresas públicas (e afins) é revista e aprovada anualmente pelo governo?
  3. No caso das autarquias, existe uma política coerente para os carros destinados a uso pessoal? Essa política depende da importância da autarquia e está articulada com idêntica política adoptada em outros organismos estatais? Pergunta mais directa: é possível um autarca de um concelho de pequena ou média dimensão ter direito a um carro de categoria superior a um outro que exerça funções semelhantes em Lisboa ou Porto, por exemplo. É possível um presidente de câmara ter direito a um carro de categoria superior a um ministro ou secretário de estado?

Fico por aqui...

Frivolidades: "Tattersall"



Pois é, de cada vez que tenho que comprar em Portugal uma camisa “Tattersall check” ninguém sabe do que se trata e já não ouso, sequer, pronunciar tais palavras, não vá o(a) lojista pensar que está na presença de um fugitivo de um qualquer centro de detenção para gente com sérios problemas mentais ou, mais simples ainda, de um insuportável senza nobiltá, vulgo "snob". E quando, depois de tentar descrever o melhor que posso e sei o que quero efectivamente comprar, caso o objecto de desejo não esteja à vista, o que torna sempre tudo bem mais simples, me respondem, quais Arquimedes da moda masculina, “Ah!, Viyella”, confesso que, com aquela impaciência de Poirot perante a questionável inteligência do seu amigo Hastings, desisto e rendo-me com uma expressão de mal disfarçado enfado.

Vejamos... “Tattersall check” é um padrão muito usado em camisas desportivas - mas não se esgotando por aí - e deve o seu nome, tanto quanto sei, a um leiloeiro de cavalos de corrida de nome Richard Tattersall, com instalações em Hyde Park, Londres, desde o século XVIII (ou por aí). Parece, pois, que o tal padrão tem origem nas mantas que cobriam os cavalos a leilão, embora me pareça que existem várias versões embora todas elas relacionadas com o tal mercado de cavalos. Em Inglaterra, ou noutras partes do mundo civilizado, quem se referir a uma camisa "Tattersall Check" (ou apenas Tattersall) será facilmente entendido e poderá estar certo não ser objecto de mal contida chacota ou de chamada para o 112 local. Ponto final!

Já "Viyella" é bem outra coisa e nada tem a ver com qualquer padrão: trata-se da marca registada de um tecido feito com uma mistura de lã merino e algodão muitas vezes utilizado na confecção de camisas desportivas. Acontece que muitas (a grande maioria) das camisas com o padrão “Tattersall”, embora com uma aparência “aflanelada” e um toque “suave”, são feitas com tecido 100% algodão e não com Viyella, pelo que muito pouco ou quase nada justifica tal confusão.

Mas pronto: sem grandes esperanças de que esta explicação chegue a quem deve (já tentei numa loja mas desisti), lá terei de continuar a dirigir-me aos lojistas com a tagarelice do costume: “olhe, tem daquelas camisas blá, blá, blá, etc e tal? Sorte a minha... Santo Deus!

The Beatles - The First US Visit (3)

A oportunidade do parlamentarismo (ainda e sempre)

Agora que o primeiro mandato do actual Presidente da República está a chegar ao fim (aliás, a campanha eleitoral já terá mesmo começado), e olhando para trás, digam-me em que é que esse mandato terá contrariado aquilo que, enquanto partidário de um regime parlamentar puro, como mais democrático e consentâneo com a tradição política europeia, por aqui classifiquei como constituindo, na nossa arquitectura constitucional, um elemento supérfluo (logo, inútil) e até mesmo desestabilizador do regime. Exemplos? Se no caso das alegadas escutas e também na questão do Estatuto dos Açores (neste último, assistindo-lhe alguma razão de base) a sua acção, em si mesma ou, no caso dos Açores, pelo modo como reagiu e actuou, funcionou como exemplo de “modelo” de desestabilização política, a ausência de veto nas questões de “sociedade” (de qualquer modo, a existir, sem quaisquer consequências práticas) em relação às quais não se coibiu de mostrar o seu veemente desacordo, defraudando mesmo as expectativas de muitos dos seus apoiantes mais conservadores, foram bem demonstrativas da inutilidade prática do cargo, nada justificando a sua eleição por sufrágio directo e universal. E, note-se, tudo isto acontecendo, durante um período significativo de tempo, num cenário de governo de “maioria relativa”.

O que resta então? O “poder da palavra”? As “chamadas de atenção” qual pai tentando chamar o filho pouco estudioso e um pouco estróina à razão? Francamente, parece-me bem pouco para justificar a continuidade do semi-parlamentarismo e a eleição do Presidente da República por sufrágio directo e universal em campanhas eleitorais necessariamente sem programa político e, por isso mesmo, sempre demasiado baseadas nas mui perigosas questões de simpatia e imagem, quando não de fácil “agit-prop” populista. Seria bem melhor que o país provasse de vez a sua maioridade política e, segundo tudo leva a crer, aquele que será o segundo mandato de Cavaco Silva fosse o último nas actuais circunstâncias constitucionais, entregando, após revisão dos seus poderes e a partir de 2016, o papel de representante do Estado a alguém eleito por um colégio eleitoral a definir ou, pura e simplesmente, ao Presidente da Assembleia da República.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Anglophilia (79)










Harris Tweed

O "charivari" actual e a negociação do orçamento 2011

Sejamos claros: seria impensavelmente absurdo o governo não conseguir atingir os objectivos a que se propôs no PEC e, consequentemente, na execução orçamental deste ano. De tão absurdo que nem por uma vez, mesmo que apenas num ínfimo lapso de tempo, tal coisa me poderia ocorrer. Seria o descalabro e o descrédito total de país, governo e partido no qual se apoia, este último, para muitos e longos anos, colocado longe de qualquer hipótese de governar.

Por isso mesmo, e independentemente de todas as dificuldades pelas quais a execução orçamental do corrente ano possa estar a passar (e estará), principalmente no que toca ao controle da evolução da despesa – e convém e é necessário estar alerta, seguindo o assunto com muita atenção, nunca fiando nem confiando em demasia -, todo o “charivari” que por aí vai, incluindo a gritaria vêm aí os lobos (leia-se, FMI), parece-me ter fundamentalmente um objectivo: recuperar a posição perdida pelo PSD de Passos Coelho nas sondagens, fortalecendo-o enquanto líder que começa a gerar alguns franzir de sobrolho entre os seus, e, assim e pela via da criação de um sentimento de dúvida na opinião pública face à competência do governo na gestão financeira, fragilizar este na negociação do orçamento do próximo ano, obrigando-o a ceder ao PSD em algumas das premissas fundamentais o que facilitaria o necessário, indispensável e inevitável voto deste partido para sua aprovação.

Como não tenho qualquer vocação catastrofista (devo dizer “medinacarreirista”?), espero muito não estar enganado...

The Beatles - The First US Visit (1)

terça-feira, setembro 21, 2010

Nazi Exploitation (8)


Um conselho a Paulo Bento

Que conselho posso dar a Paulo Bento? Muito simples: quando for aos estádios, nas suas missões de observação, não se sente na tribuna ao lado de presidentes e dirigentes de clubes, sejam eles quais forem. Na sua maioria, é gente pouco ou nada recomendável. Verá que os portugueses passarão a olhá-lo com maior respeito e você ganhará em autoridade perante todos, jogadores incluídos.

segunda-feira, setembro 20, 2010

"Empty Bed Blues" - Best of good time mommas (4)

Big Mama Thornton - "Hound Dog"

A "Conversa em Família" de Isabel Alçada e o comportamento dos "media"

Exemplo elucidativo de um certo comportamento da comunicação social, em Portugal, é o tratamento dado à “Conversa em Família” da ministra Isabel Alçada. Trata-se, claro está, de uma peça que demonstra uma total inépcia política e comunicacional por parte da ministra e do ministério, que chega mesmo a ser ridícula, mas, simultaneamente, não passa de um “fait divers” que pouco mais teria direito a merecer do que uma notícia no dia seguinte àquele em que foi emitida e ½ página de galhofa no “Inimigo Público” ou no “Eixo do Mal”, os locais apropriados a tal tratamento.

No entanto, o assunto tem servido para demonstrar aquilo a que chamaria o comportamento “copycat” da comunicação social - “blogs” incluídos - e que se exprime, simultaneamente, em três planos: uma permanência, em termos de tempo, muito para além do justificável para um “fait divers” em praticamente todos os meios; um tratamento idêntico em todos eles em termos de opinião expressa, tratamento este muito influenciado pelas caixas de comentários de “blogs” e “media” electrónicos o que demonstra o “efeito totalitário” perverso que a democracia mediática pode, por vezes, trazer consigo; e um efeito de apagamento da memória, omitindo sistematicamente esses mesmos “media” o papel por si desempenhado no passado e a contribuição negativa, influência e responsabilidade que essas análises e opiniões terão tido para a situação que agora criticam.

Este último efeito – de apagamento de memória – é mesmo extremamente evidente no caso da tal “conversa em família” da ministra Isabel Alçada, omitindo os “media”, nas suas análises, o papel por si próprios desempenhado, e que muito terá contribuído para o actual estado de coisas, no afastamento de uma ministra (Mª de Lurdes Rodrigues) que, mesmo cometendo alguns erros, era portadora de uma ideia política para a educação e a sua substituição por uma outra (Isabel Alçada) que pouco mais será do que uma profissional de relações públicas colocada no cargo para “pacificar” o sector, ou seja, para ceder, no essencial, aos interesses instalados.

Talvez seja tempo, pois, de, a esses mesmos "media", lhes reavivar a memória....

Marcelo Rebelo de Sousa e a hipótese José Mourinho

Li por aí algures (à hora da arenga estava na “Catedral” e não sou habitué) que Marcelo Rebelo de Sousa, esse extraordinário toubib da "mãe pátria”, terá afirmado que a contratação de José Mourinho para seleccionador, nos próximos dois jogos, “não resolvia nada o problema do futebol português”. Gostaria de lembrar a Marcelo Rebelo de Sousa que o maior problema do futebol português, neste momento, dá pelo nome de ganhar em casa à Dinamarca e fora à Islândia, e que o resto soa ao labirinto do tal "projecto Queiroz" ou, pior ainda - e perdoem-me a expressão -, não passa de conversa de ir ao c*.

domingo, setembro 19, 2010

Duas perguntas após o SLB-SCP

  1. Que dizem depois do jogo de hoje aqueles que afirmavam Fábio Coentrão teria de jogar obrigatoriamente a defesa-esquerdo e não era a melhor solução para dar largura e profundidade à equipa no lugar que foi de Di Maria?
  2. Quantas vezes (não)saiu hoje a jogar David Luiz e que influência isso teve no rigor defensivo que a equipa hoje apresentou?

sábado, setembro 18, 2010

Pensamento do dia

“Mais vale nenhum orçamento do que um mau orçamento”? Peço desculpa, mas as premissas são falaciosas. De facto, resta a Portugal apenas uma e só uma opção: ter um bom orçamento!

Exploitation (18)

"The Stepmother", de Howard Avedis (1972)

sexta-feira, setembro 17, 2010

O perigo dos políticos não-profissionais

A todos aqueles que habitualmente vociferam contra os políticos profissionais, “que nunca fizeram nada na vida” (e muitos vezes, confesso, também me deixo embarcar um pouco nesse grupo), gostaria de lembrar que a contrapartida pode muitas vezes ser o prejuízo causado a um governo ou partido pela inexperiência política, algo que se costuma pagar bem caro. As constantes atrapalhações do ministro das Obras Públicas e a sua afirmação sobre a possibilidade de Lisboa, por via do TGV, se poder vir a tornar na "praia de Madrid” e a recente “tirada” da ministra Gabriela Canavilhas sobre “o colapso do Estado Social”, ambos ministros "não-profissionais", são bons exemplos daquilo que afirmo. Causaram bem mais danos ao governo do que um conjunto de investidas dos partidos da oposição...

História(s) da Música Popular (166)

Sir Douglas Quintet - "She's About a Mover"

"Tex-Mex" (I)

Território espanhol até 1821, mexicano durante os anos seguintes, república independente entre 1836 e 1845, habitado por texanos e tejanos (existiam tejanos entre os defensores de um Texas independente, inclusivamente entre os mártires de Álamo), não admira que o Texas, estado da União a partir deste último ano, reflicta na sua cultura este “melting pot” latino, anglo-saxónico e germânico (muitos dos seus habitantes têm antepassados alemães). “Chili com carne”, “tacos”, pimientos rellenos”? Claro que sim, mas também na música popular e, especificamente, no “rock & roll”, que é o que vem aqui ao caso, essa miscegenação se faz sentir.

E quando falamos de “tex-mex” rock & roll dois nomes surgem de imediato de forma expontânea, embora um deles talvez mais conhecido do que outro, pelo menos aqui no rectângulo e no que aos sixties diz respeito: Doug Sham e o seu Sir Douglas Quintet, velhos conhecidos dos incondicionais do “Em Órbita” (não me lembro de os ouvir regularmente elsewhere), e Sam the Sham & The Pharaohs, estes, estou certo, mais populares por via do seu super-hiper divulgado em Portugal “Wooly Bully”. Por mim, devo dizer preferir, de longe, Doug e o seu Sir Douglas Quintet, talvez pela sua sonoridade bem mais complexa (uns laivos de Zydeco?); talvez, também, pela novidade que tal som constituiu da primeira vez que o ouvi anunciado por Cândido Mota; talvez, ainda, pela proeminência dada ao orgão de Augie Meyers, algo – acho – ainda pouco visto no ""rock americanos e muito importado de grupos da “british invasion” (estávamos em 1965) com origem no “Rhythm & Blues”, tais como os Animals (e principalmente Alan Price), Spencer Davies Group e Them. Aliás, também o "look" do grupo era, de certo modo, inspirado nos grupos "mod" britânicos...

Bom, e por onde começamos? Justamente por aquele que é considerado o melhor tema de sempre da música popular do Texas e constituiu o primeiro êxito do grupo: “She’s About A Mover”, um tema de 1965 e que bem prova a referência que fiz ao orgão de Augie Meyers. Ora oiçam!... (ou será “oição” como cantava o Eduardo Nascimento?).

"Two Fat Ladies" (3)

Gypsy Fiddler

quinta-feira, setembro 16, 2010

Madaíl, Mourinho e Cavaco Silva...

A selecção não está melhor do que o país, mas Madaíl, em situação de crise extrema, demonstra que leva o seu papel de presidente da FPF bem mais a sério do que Cavaco Silva exerce o seu de Presidente da República. Pode ser que o exemplo frutifique e Cavaco se digne reunir com Passos e Sócrates. É que nem precisa ir a Madrid...

Regimental Ties (9)

Welch Regiment
"The Welch Regiment (or "The Welch") was a British army regiment from 1881 to 1969"

quarta-feira, setembro 15, 2010

Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (13)

"Tomorrow Night" (Sam Coslow-W. Grosz)
versão de Lonnie Johnson (1948) de um original de Horace Heidt (1939)

Elvis Presley - "Tomorrow Night"
Gravação de 10 de Setembro de 1954

As notícias que chegam de Cuba e o PCP

Perante o despedimento de 1/2 milhão de funcionários públicos em Cuba (mesmo com as “nuances” com que a decisão é comunicada), o PCP, CGTP e “ofícios correlativos” têm ,a partir de agora , de optar por uma de duas soluções: admitem que os despedimentos - mesmo na função pública - perda de vínculo, mobilidade, restruturação das carreiras, etc, etc, podem ser uma solução para resolver alguns problemas da economia e das finanças públicas portuguesas, ou deixam de considerar Cuba como socialista e a defesa da sua “revolução” como uma bandeira, transformando Fidel Castro um renegado a soldo da CIA e admitindo a “revolução” ter sido traída. Aguardo com enorme curiosidade desenvolvimentos futuros. Como é que dizia “o outro”? “Que mais lhes irá acontecer?!...”

terça-feira, setembro 14, 2010

Les Belles Anglaises (XLVI)







Austin-Healey 100 (1953-1956)

A revisão...

Não vale a pena perder muito tempo com o projecto de revisão constitucional do PSD nesta sua versão revista e corrigida. À partida, trata-se de algo impossível de, nas suas propostas mais “fracturantes”, conseguir a maioria de 2/3 necessária à sua aprovação e, como tal, apenas destinado a marcar território, o que pelo menos tem um efeito clarificador que se saúda. Como é óbvio, qualquer projecto sério (e a constituição não deve ser “vaca sagrada”), com hipóteses de obter a indispensável adesão do PS, teria tido génese, conteúdo e desenvolvimento muito diferentes. Mas adiante...

O problema para o PSD é que o mal está feito, como o provam as sondagens, e estas recentes alterações, limando apenas as “arestas” mais cortantes e mais susceptíveis de causarem alguns arranhões na opinião pública, nada de substancial mudam no conteúdo das anteriores propostas, conforme um atento PS não deixará de vir a evidenciar e amplificar. Pior, toda esta confusão do “muda aqui”, “corrige acolá”; “afinal não era bem assim mas mais ou menos”, num género da cata-vento político, acaba por retirar seriedade e consistência à actual direcção do PSD, minando a confiança que a opinião pública pudesse depositar numa alternativa de governo protagonizada pelo partido. E, como todos sabemos e sentimos, não estamos mesmo nada em tempo de aventuras...

"Bullshit"

O chorrilho de disparates de Olegário Benquerença e a falta de senso de Vítor Pereira ofereceram de mão beijada a Luís Filipe Vieira a oportunidade para desviar as atenções de sócios e adeptos dos erros grosseiros cometidos por treinador, director desportivo e presidente na preparação desta temporada. E, já agora, tiveram como resposta dos orgãos sociais do meu “glorioso” igual chorrilho de asneiras.

segunda-feira, setembro 13, 2010

2 perguntas 2 a Luís Filipe Vieira

  1. O que ganhou ou espera vir a ganhar o SLB com o seu apoio a Carlos Queiroz e o ataque ao Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias?
  2. O que ganhou ou espera vir a ganhar o SLB com o seu apoio a Fernando Gomes para a presidência da LPFP?

É que eu, que só fui loiro enquanto criança, confesso não ter ainda percebido.

O mundo em guerra (52)

"Mães, lutem pelos vossos filhos!"

domingo, setembro 12, 2010

The Roulette years (12)

Tiny Tim & the Hits - "Wedding Bells"

O "caso" Queiroz: perguntas e respostas


P: Teria sido possível para Madaíl optar por outro seleccionador quando contratou Carlos Queiroz?

R: Claro que possível teria sido sempre. Mas sejamos honestos: depois da saída de um seleccionador que tinha contra si a força dominante do futebol português (FCP) e que vinha sendo acusado, numa clara preparação para a contratação de CQ, de votar as categorias de formação ao ostracismo, também daquela que era, na altura, a opinião mediática largamente dominante, inclusivamente tendo esta lançado atempadamente e como acção promocional a inverosímil possibilidade de CQ vir a substituir Alex Ferguson, digamos que a margem de manobra de Madaíl ou de qualquer outro presidente ou direcção da FPF era muitíssimo reduzida ou quase nula. Sejamos, pois, honestos e admitamos que, ao tempo e em função do caldo de cultura dominante, a solução encontrada foi a “normal”.

P: Teria sido desejável um contrato apenas por dois anos (renovável), até final do Mundial 2010?

R: Uma vez mais: desejável, claro que sim. Mas possível? Sendo o maior activo de CQ os resultados obtidos com as categorias de formação (de que modo e usando que processos não vem aqui ao caso) e constituindo a principal acusação dos detractores de Scolari (e defensores da opção CQ) o facto de LFS só se ter preocupado com a selecção principal, um contrato de dois anos, de curto-prazo, seria dificilmente defensável para um “projecto” deste tipo. Acresce que CQ se encontrava ao serviço no Man. United e sempre foi vendida a ideia de que apenas um projecto de longo-prazo, “à medida do seu perfil”, seria susceptível de o atrair.

P: Teria sido melhor despedir CQ no final do “play-off”?

R: Não me parece. Depois de um mau início, a selecção foi conseguindo os resultados necessários à qualificação. Poder-se-ia argumentar facilmente que era incorrecto e desestabilizador o seu despedimento após ter conseguido o apuramento, mesmo que sem brilho, e o percurso da selecção ter vindo, pelo menos em termos de resultados, a ser percorrido de forma ascensional. Acresce que a equipa resolveu o “play-off” de forma clara, com duas vitórias.

P: A cena de “pugilato” com Jorge Baptista teria sido uma boa oportunidade para despedimento com “justa causa”?

R: Não sendo jurista, duvido, no entanto, que tal pudesse ser aceite em termos legais. Acresce que bem pior se tinha passado com LFS, no final do Portugal-Sérvia, e a FPF tinha resolvido o assunto com recurso a uma simples multa. De qualquer modo, acho que uma sanção pecuniária por parte da FPF, se tal fosse legalmente defensável, e um aviso público poderiam ter tido um efeito pedagógico e contribuído para evitar males futuros. Na altura, estranhei o silêncio da FPF.

P: CQ deveria ter sido objecto de um processo disciplinar e possível consequente suspensão por parte de FPF e ADoP logo na sequência da “cena” da Covilhã?

R: Na fase de preparação para o Mundial e a duas semanas do seu início? Alguém ousaria sem que Portugal inteiro, com diáspora e tudo, lhe caísse em cima??? Heróis já haverá poucos e parece que estúpidos ainda menos!... Pretender tal coisa é simplesmente ridículo e tal afirmação apenas poderá ter origem em alguém mal intencionado.

P: A FPF deveria ter rescindido o contrato com CQ logo após o Mundial?

R: Ora bem... Em termos de resultados, e disse-o neste “blog”, o seleccionador não pode ser criticado: qualificou a equipa para os 1/8 de final e perdeu pela diferença mínima com o futuro campeão do mundo. As exibições deixaram a desejar? É uma questão secundária face aos resultados e não me parece algum treinador possa ser avaliado, com justeza, em função de tal coisa, demasiado subjectiva. Mas atenção!: também o disse, algo muito diferente terá sido o que se passou nos bastidores, no relacionamento com jogadores, restante equipa técnica, médica, dirigentes, etc, etc, e isso também deveria ter sido tido em conta na avaliação. Mas aí terão (acho) começado as divergências no seio da direcção federativa e uma rescisão por esses motivos (relacionamento dentro do grupo), até porque dificilmente os jogadores, mesmo de “candeias às avessas” com CQ, se disponibilizariam para depor em qualquer processo, dificilmente poderia ser pretexto para alegar “justa causa”, o que terá fortalecido a posição dos que defendiam a continuidade do seleccionador. C’os diabos, três milhões são... três milhões! Restava, pois, rebobinar o filme e procurar por onde pegar, lançar cascas de banana, fazer a vida de CQ num inferno e esperar ele “escorregasse”. E escorregou!, principalmente com a história do “polvo”. É sacanice? Será, mas o mundo das relações de trabalho está cheio destas coisas e ninguém é menino do coro...


P: E Laurentino Dias? Deveria ter-se mantido à parte, não interferindo no "livre associativismo"?


R: Dever... devia. E até teria sido bem melhor se pudesse não o ter feito. Seria a situação ideal. Mas sobre a intervenção do Estado e dos governos no tal “livre associativismo”, para não perdermos mais tempo sugiro leiam o que escrevi aqui e aqui. É a vida e essa será cada vez mais uma realidade. E não podemos fingir que o mundo não existe ou é igual ao que era há 50 anos. Ponto final, pois.

Onde se explica porque, para o PS, a candidatura de Alegre não é assim tão má

Nem tudo será negativo para o PS na candidatura de Alegre. Por um lado, evita que o partido se veja na obrigação a apresentar um candidato institucional perdedor, um Joaquim Ferreira do Amaral ou um Basílio Horta socialistas. Por outro, sendo Alegre alguém claramente em rota de colisão com a política do partido no últimos anos, mais perto do BE do que uma concepção ocidental e liberal da democracia, isso permite ao PS aligeirar e passar entre os pingos da chuva da mais do que provável derrota do candidato por si, mais ou menos, apoiado. Digamos que na ausência de alguém na área do socialismo democrático com um perfil ganhador, é o melhor que se pode arranjar.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Do "livre associativismo" desportivo...

Pergunta aos defensores do “livre associativismo” desportivo: como é que uma FPF eleita maioritariamente pelas associações distritais, organizações amadoras destinadas a dirigir o futebol amador, pode gerir com êxito e eficácia estruturas super-profissionais, de topo, como o são aos selecções nacionais de futebol e a sua participação nas mais importantes competições, igualmente profissionais, da FIFA e UEFA? Digamos que só por acaso e nos últimos anos esse acaso teve um nome: Luís Filipe Scolari, um profissional que, independentemente do seu valor em termos técnico-tácticos, resolveu mandar.

Ópera não é só música para operários (2)

W. A. Mozart - "Cosi Fan Tutte"
Terzetto: "La mia Dorabella capace non è"

Casa Pia: de como a incompetência de um tribunal vem em auxílio dos arguidos que ele próprio condenou

Ontem, ao assistir à entrevista de Judite Sousa a Carlos Cruz, dei por mim a pensar que as sucessivas aparições do apresentador na comunicação social, repetindo sistematicamente os mesmos argumentos num “mood & tone” que já me parece (é uma opinião pessoal, entenda-se) demasiado estudado, poderiam estar a surtir o efeito contrário ao por si desejado junto dos que estarão convictos da sua inocência. Se conselho lhe pudesse dar seria o de, a partir de agora, adoptar uma atitude mais “low profile”, espaçar as suas intervenções e limitá-las a quando algo de novo e substancialmente relevante o justificasse.

Bom, mas tendo pensado isto, eis senão quando vem em seu socorro e das suas teses a entidade mais surpreendente e menos esperada: o próprio tribunal que o julgou e em primeira instância o condenou. Ao mostrar-se incapaz de cumprir com algo tão simples como os prazos a que a si próprio se obrigou para publicação do acordão, o tribunal presidido pela juíza Ana Peres acaba por lançar na sociedade ainda maiores dúvidas sobre a sua capacidade para levar a cabo uma tarefa bem mais difícil e complexa: julgar com profissionalismo, rigor, competência, isenção e imparcialidade um dos casos mais sensíveis e mediáticos de sempre da justiça portuguesa. E consigo, com esta suspeita de incapacidade, o tribunal arrasta, e arrasa, toda a justiça portuguesa, onde já pouco resta de pedra sobre pedra.

Nota: considero Carlos Cruz e todos os outros arguidos, neste e em quaisquer outros casos, inocentes até trânsito em julgado das respectivas sentenças e, apesar de reconhecer o estado caótico da justiça portuguesa, considero que apenas os tribunais são orgãos competentes para julgar, absolvendo ou condenando.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Sai um seleccionador "lindo, gordo e luzidio"...

Confesso-me estarrecido quando assisto à profusão de nomes surgidos - do tipo “atirar o barro à parede” - para seleccionador nacional de futebol. Percebo que pessoas e comentadores diferentes tenham do problema opiniões diversas e, como tal, sugiram nomes que nada de comum têm entre si; posso estar ou não de acordo, mas percebo. Agora ouvir um mesmo comentador (e são vários...) propor duas ou três hipóteses com perfis perfeitamente antagónicos, confesso tenho muita dificuldade em compreender.

Já agora: tenho ouvido e lido por aí o nome de Manuel José. Independentemente dos dislates que tem proferido nos últimos anos sobre a FPF e o cargo de seleccionador nacional, fruto, por certo, de ter sido preterido em favor de Scolari, que curriculum apresenta Manuel José no futebol de primeira linha? Ou será que Portugal é o Egipto, a UE a OEA e a UEFA a CAF?

"Alice in Wonderland" by Sir John Tenniel (11)

Alice's hand grabbing at Rabbit

Casa Pia: um péssimo exemplo de um orgão de soberania

Habituei-me desde muito cedo, na minha vida profissional, a trabalhar “through deadlines” (é assim que se diz em linguagem de gestão), isto é, a cumprir escrupulosamente os prazos acordados num qualquer projecto ou trabalho. Muito simples: tive a sorte de trabalhar durante mais de ¾ dessa vida profissional em empresas multinacionais, em funções de “middle” e “top management”, e nessas empresas, com sede algures nos USA, Londres ou Madrid e subsidiárias um pouco por todo o mundo, qualquer atraso de horas na apresentação de um “budget”, de um “business plan” ou “marketing plan”, por parte de um dos seus escritórios locais, significa deixar “pendurada” toda a consolidação do negócio e planeamento da companhia a nível mundial, com eventual risco de perda de milhões de dólares ou euros. Impensável de acontecer, pois, excepto em caso de força maior (“force majeure”) idêntico aos que estão contemplados nas apólices de seguros: incêndio ou inundação graves, terramoto, revolução, etc, etc. Alguém adoece? Desde que não seja demasiado grave, vai trabalhar com febre e tudo, ou alguém do grupo dá uma ajuda. Um problema inesperado? Nada que uns fins de semana, uma noitadas de trabalho ou duas noites sem ir à cama não resolvam. É mesmo assim: prazos são para se cumprir e pronto!

De que vem isto a propósito? Dos sucessivos adiamentos da entrega e publicação do acordão do caso Casa Pia, claro. É que independentemente do desrespeito que o tribunal demonstra pelo Estado de Direito Democrático, pelos direitos de arguidos e vítimas e por todos os cidadãos em geral (dada a natureza do processo), enfim, pelos direitos, liberdades e garantias, está a dar, enquanto orgão de soberania da República e principalmente tratando-se de um tribunal ao qual seriedade e o rigor deviam estar sempre associados, um péssimo exemplo de funcionamento a empresas, instituições e cidadãos deste país, definindo parâmetros diametralmente opostos àqueles que deveriam ser os correctos. Apenas me ocorre uma palavra: lamentável...

quarta-feira, setembro 08, 2010

10 clássicos de cine-esplanada - II série (10)


"Sissi", de Ernst Marischka (1955)

PSP: direito à greve?

A questão está longe de ser pacífica e de ter decisão fácil: se a PSP é uma polícia civil – e é assim que deve ser; difícil é entender a existência da GNR - , porque não o direito à greve? Exerce a sua actividade numa área muito específica, relacionada com a segurança e apoio aos cidadãos? É verdade, mas médicos, paramédicos, enfermeiros e “tutti quanti” (acho que também o SEF e a PJ) têm todos direito à greve, exercendo a sua actividade em sectores socialmente nevrálgicos. Porque não a PSP?, desde que os serviços essenciais a essa actividade tão sensível, garantindo todo o apoio e a segurança dos cidadãos, sejam assegurados? Pois é, o mundo não é a preto e branco e eu próprio tenho dificuldade em ter opinião conclusiva.

Mas independentemente desta análise mais estrutural, que pode e deve ser feita, pode o governo, neste momento, tendo em atenção o clima populista/securitário dominante na sociedade e perante uma lei que parece não ser clara e taxativa na extensão desse direito fundamental a uma polícia civil, arriscar-se a uma greve da PSP? Manda o bom senso, que em casos de pouca clareza legal deve ser invocado, dizer que não; que uma cedência deste tipo poderia ter mesmo o resultado contrário à eventual possibilidade de uma extensão futura deste direito à PSP, à aceitação das ideias daqueles que, como eu, defendem uma única polícia (civil) para todos os cidadãos e ao aprofundamento dos direitos, liberdades e garantias na sociedade. Os tais - aproveito para dizer - que a PSP gosta de invocar para si própria mas que (ainda) vezes demais tem dificuldade em reconhecer aos cidadãos.

Nota: a data escolhida para a greve, coincidindo com a cimeira da NATO em Lisboa, revela apenas falta de senso ou trata-se antes de uma provocação gratuíta? Ou, então, estaremos perante uma posição política de princípio, anti-NATO e anti-ocidente? Qualquer que seja, é um tiro no pé do Sinapol.

"For sentimental reasons" - original "doo wop" classics (17)

Little Anthony And The Imperials - "Tears On My Pillow"

Federações, clubes, selecções nacionais e governos: uma nova realidade

A pergunta que há que fazer é esta: sendo a FPF eleita pelas associações e estas pelos clubes, que ganham efectivamente estes com uma selecção nacional bem sucedida? Claro que muito pouco, ou quase nada. Alguma facilidade em valorizar alguns dos seus activos? Em tempos terá sido assim, mas hoje em dia os grandes clubes já não contratam na base de três ou quatro jogos com exibições bem conseguidas nas fases finais de europeus e mundiais, mas têm, isso sim, gabinetes de prospecção bem organizados que seguem a Champions League, a Liga Europa e todas as ligas europeias e sul-americanas. E, em compensação, ficam dias a fio sem poderem contar com os jogadores, com longas viagens pelo meio, arriscando-se ainda a que se lesionem ao serviço das respectivas selecções. Digamos que as selecções nacionais passaram a ser um elemento de certa forma “disfuncional” no negócio do futebol, sem que esta afirmação signifique alguma discordância ou sequer desconforto com o modelo actual de funcionamento do desporto a nível mundial. É uma constatação e... ponto final.


A questão que deriva do que acima afirmei é que as selecções nacionais interessam, hoje em dia, muito mais aos governos, quer pela imagem que promovem ou “despromovem” dos respectivos países, interna e externamente, quer pela função política e social que podem desempenhar junto das “massas” (vidé Euro 2004), do que às federações respectivas, mandatárias dos clubes, e não será estranho que, subsequentemente, possamos assistir, cada vez mais, à “interferência” desses mesmos governos, mesmo os do primeiro-mundo, numa área até há bem pouco tempo reservada ao livre associativismo desportivo. O governo francês deu o exemplo (o pontapé de saída...) depois da imagem vergonhosa que a selecção da FFF deu do país no Mundial deste ano, e a intervenção do secretário de estado Laurentino Dias parece vir exactamente no mesmo sentido. As selecções nacionais de futebol, pela importância global e mediática que o futebol atingiu, deixaram pois de ser meras representações das respectivas federações e passaram-no a sê-lo dos governos e, em última instância, de todo um povo, que nelas se revê. Para o bem e para o mal e com todas as suas consequências....

terça-feira, setembro 07, 2010

A selecção em campo: os pontos nos ii

Depois de um 4x2x4 sem nº6, com dois nº8 e dois laterais ofensivos no jogo com Chipre, o que logicamente rendeu quatro golos para cada lado, a selecção portuguesa passou a jogar em 4x3x3 sem nº6, com três nº8 e sem laterais ofensivos (Sílvio era estreante e "defendeu-se" e Veloso não tem velocidade para ser um ala). Claro que não marcou e apenas sofreu um golo de “capoeira” inteira.


Este breve resumo serve essencialmente para três coisas:

  1. Para mostrar que muito antes de análises filosóficas e de pseudo teorias da conspiração – para já não falar de arbitragens - a melhor maneira de analisar o resultado de um jogo de futebol é olhar para o modo como se estruturam e evoluem as equipas em campo.
  2. Para demonstrar que o problema da selecção portuguesa não é apenas e só o “forrobodó” que por aí vai entre FPF e Carlos Queiroz. É também, e muito, a péssima direcção técnica (Queiroz/Oliveira) de uma equipa onde não se vêm quaisquer princípios e processos de jogo consistentes ou uma identidade competitiva reconhecível.
  3. Que talvez seja tempo de perguntar se as boas exibições de Eduardo no Mundial não foram um hiato na carreira de um, até agora, quarda-redes menos que mediano. Sabem a minha opinião e porque sempre me manifestei contra os cristãos-novos (honni soit qui mal y pense) que, após os problemas com Roberto, advogavam que tinha sido um erro a não contratação do agora genovês pelo “meu” SLB. E agora não me venham dizer que a culpa de dois “frangos” em dois jogos é dos problemas FPF/Queiroz.

Fado - Património Imaterial da Humanidade (5)

Ercília Costa - "Fado Dois Tons"
Viola - Georgino de Sousa
Guitarra - Armandinho
Gravado em Madrid, 1930

Queiroz: e se ficasse em casa?

Suspenso pela sua própria entidade empregadora e não, ao contrário do que aconteceu com Scolari, por uma instância como a FIFA ou a UEFA, seria bem melhor que Carlos Queiroz se decidisse a ficar em casa, vendo os jogos pela TV, e se abstivesse de assistir a esses mesmos jogos da selecção no estádio, em Portugal ou no estrangeiro, num claro desafio à autoridade da FPF e à legitimidade da decisão por esta tomada. Poupar-nos-ia também assim - a todos, incluindo jogadores - às cenas tristes e pouco edificantes a que temos assistido, sujeitando-se a pagar bilhete e viagens do seu próprio bolso para ver jogar a equipa num péssimo exemplo a que um verdadeiro líder nunca se deveria sujeitar.


É que não basta invocar a “honra”, o “polvo”, Amândio de Carvalho, a “porcaria” e arrolar Alex Ferguson como testemunha. É preciso, em primeiro lugar, dar o exemplo e começar por aprender como se comportar.

segunda-feira, setembro 06, 2010

"Two Fat Ladies" (1)

"Bolinos de Bacalhau"

O “Gato Maltês” é fanático de poucas coisas com excepção dele próprio, filhos e netos e do “glorioso”. Mas se é verdadeiramente vidrado em algum programa de televisão é neste “Two Fat Ladies”, do qual é capaz de ver e rever episódios a fio sem parar de se divertir. Infelizmente não são muitos, já que Jennifer Paterson (uma das “fat ladies”; a outra é Clarissa Dickson-Wright) morreu de cancro dos pulmões (era fumadora inveterada) em 1999. É muito mais do que um programa de culinária: diria que é talvez o mais inglês dos programas de televisão, o espírito de Inglaterra com todo o seu humor e charme muito subtis. Uma delícia...

Finalmente, existe material suficiente no “You Tube” para justificar se abra aqui um capítulo, embora não seja possível (acho) apresentar nenhum dos episódios na íntegra. Mas como cada um deles (um ou outro c/ legendas em inglês, o que sempre ajuda) se divide em vários pequenos capítulos, não será isso o suficiente para justificar a ausência.

Pois venham as “Two Fat Ladies”!

História(s) da Música Popular (165)


The Archies - "Sugar, Sugar"

Bubblegum (XVI)

Sim, eu sei que toda a gente conhece, mas agora que se dá início à “rentrée” do “Gato Maltês” (falta decidir quantas o “blog” vai fazer) seria impossível fechar o capítulo dedicado à “bubblegum music” sem falar dos Archies e de “Sugar Sugar” (1969), verdadeiros arquétipos do género. Primeiro, porque os Archies não são um grupo, como quase sempre acontece nesta área da “pop”, mas mais um “recording act” sem existência real, desta vez protagonizado por um dos nomes mais importantes, enquanto produtor, do Brill Building: Don Kirchner, o inventor dos Monkees. Segundo, porque o tema é suficientemente simples e idiota, não deixando de ficar no ouvido, para constituir um excelente exemplo do género. De tal modo que até a grande e castiça Hermínia (Silva), uma “alfacinha” de gema símbolo de uma cidade que já desaparecida, não deixou de gravar do tema uma bem divertida versão muito à sua medida!

Já que falo em Don Kirchner devo dizer o capítulo dedicado à “bubblegum” irá ficar por aqui (um fecho com chave de “chiclet”!...), pois não considero os Monkees um grupo que se possa enquadrar completamente no género. E como o rigor, a ordem, o método e a disciplina fazem parte das incontornáveis regras cá da casa, “in dubio pro reo”, isto é, como estamos para além da dúvida razoável os Monkees são como rapariga à porta do “clube do Bolinha”: não entram mesmo neste capítulo.

Entretanto, o próximo vai já começar hoje em preparação.

domingo, setembro 05, 2010

Cavaco Silva: falar verdade aos portugueses

"É fundamental falar verdade aos portugueses" para que o país consiga atingir "o grande objectivo" de redução da taxa do desemprego" – Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República.

Muito bem! Então o senhor Presidente da República vai com certeza começar por dizer aos portugueses que grande parte do desemprego é estrutural, que uma percentagem elevada (certamente mais de 50%) da população desempregada não tornará a conseguir emprego, que esse desemprego estrutural é condição necessária à reconversão do tecido empresarial sem a qual Portugal nunca se tornará competitivo e que dificilmente a economia, mesmo crescendo a um ritmo idêntico à média europeia (oh! sacrossanto optimismo!), gerará emprego qualificado para muitos dos jovens licenciados em psicologia, sociologia, direito, etc, que procuram agora a sua primeira ocupação. Mais ainda, acrescentará que o indispensável equilíbrio das contas públicas irá colocar sérios entraves (já o está a fazer) à existência e manutenção a um nível adequado das prestações sociais. No fim, acrescentará que os portugueses terão que ter paciência e pedirá desculpa por ter dado o pontapé de saída, enquanto primeiro-ministro, para um modelo de desenvolvimento que nos conduziu a esta triste situação.

Pode então começar já, Senhor Presidente?

Pergunta

Será que José Sócrates e Pedro Passos Coelho já repararam bem na triste figura que andam a fazer? O próximo passo será irem "fazer queixa à senhora professora" ou decidem finalmente portar-se como homenzinhos?

10 clássicos de cine-esplanada - II série (9)



"The Black Swan", de Henry King (1942)

Piloto automático?

Mais, muito mais do que uma equipa em “piloto automático”, a selecção nacional de futebol foi contra Chipre uma equipa muito mal dirigida naquele 4x2x4 inusitado, sem um “número 6” e com dois “número 8” irmãos gémeos, que nada tem que ver com os hábitos da equipa. Se a isso acrescentarmos dois laterais com vocação ofensiva (um deles um “has been”) e um avançado (Quaresma) que não faz da interpretação e integração nos movimentos colectivos o seu ponto forte, temos o caso explicado. Convenhamos que mesmo contra Chipre são demasiados desequilíbrios...

Assim, com esta estrutura, talvez pudessem ter ganho a São Marino ou às ilhas Faroé.

sexta-feira, setembro 03, 2010

As freguesias de Lisboa ou a melhor notícia do dia

Finalmente, parece que da noite se faz dia e António Costa decide cumprir uma das suas mais importantes, senão mesmo a mais importante promessa eleitoral. Saúda-se!, e espera-se que outros municípios decidam enveredar pelo mesmo caminho, o mesmo acontecendo a nível nacional.

Nota
: ver aqui, aqui e aqui o que em tempos escrevi sobre este assunto.

Ópera não é só música para operários (1)

W. A. Mozart - "As Bodas de Figaro"
Bryn Terfel - "Non Piu Andrai"

Casa Pia: um julgamento isento?

Alguém, pelo menos no seu perfeito juízo e na posse de todas as suas faculdades, acha que, depois destes anos todos, da actual situação da Justiça em Portugal e do ambiente criado à volta do caso pelos “media”, existem condições para um julgamento isento, imparcial e justo (se isso realmente alguma vez existir) do “caso” Casa Pia? Alguém me diz o que aconteceria, e independentemente das responsabilidades dos arguidos e dos actos praticados, se não fosse possível fazer prova em tribunal dos crimes de que são acusados? Já agora, o que pensar de um advogado que, mesmo tendo em conta a sua especial condição no processo, acha que os arguidos, se condenados, deverão esperar na cadeia pelo trânsito em julgado da setença?


Fica a pergunta, acrescentando que acho a pedofilia um crime muito grave e não tenho quaisquer ligações ou interesses relacionados com arguidos ou vítimas.

Até sempre, grande "Canadá Dry"!

De José Torres guardo uma das primeiras imagens suas com a camisola do Benfica: as de sábado à tarde, dos jogos de “reservas” no início dos anos 60 no antigo Estádio da Luz. Era então o “Canadá Dry”, alcunha, nem tanto assim carinhosa, colocada pelos adeptos perante aquela figura magra e demasiado alta, um pouco desengonçada e que desafiava as leis do equilíbrio, semelhante à das garrafas do então refrigerante da moda e com um trato nem sempre muito empático com a já longínqua antepassada da “Jabulani”. Penso que a maioria dos adeptos rir-se-ia se de troça lhe dissessem que ele viria a substituir, por muitos anos e bons, o glorioso capitão José Águas, das TCE, este, por si só, estabelecendo um contraste perfeito no seu ar “bem parecido”, na elegância com que jogava e na facilidade com que se relacionava com a bola e com o jogo.



Puro engano, claro: com a perseverança dos não predestinados, com aquele ar afável e bonacheirão com o qual disfarçava uma forte personalidade e um espírito vencedor, o bom do Zé Torres, se nunca virou cisne resplandecente, lá fez pela vida e ganhou, com merecimento enorme e inteira justiça, um lugar de destaque na galeria dos monstros sagrados do “glorioso”, ao lado do seu “antepassado” Zé Águas e onde um dia, que espero muito longínquo, estarão também o “Grande Capitão” Mário Coluna e o seu grande amigo Eusébio da Silva Ferreira. Levará José Torres consigo uma grande e enorme mágoa: nunca foi campeão europeu. O mundo não é lá muito justo! Mas o que é isso comparado com as alegrias sentidas por tudo aquilo que nos deu a nós, adeptos e sócios do “glorioso”? Obviamente que nada!


Boa viagem e até sempre, grande “Canadá Dry”. Viva o Benfica!



Queiroz: duas perguntas

Parecendo, a partir de ontem, não restarem quaisquer dúvidas sobre o envolvimento do governo, através do secretário de estado com a tutela do desporto, no processo de afastamento de Carlos Queiroz, duas perguntas são essenciais:
  1. Onde está a contradição principal? Entre um governo que pretende afastar Queiroz rapidamente e uma direcção da FPF que, até por contradições internas, não age com a pretendida celeridade ou entre uma direcção federativa, maioritariamente, sintonizada com o governo mas que não obtém do Conselho de Disciplina a cooperação esperada?
  2. Sendo óbvio que o modo, mais ou menos pacífico ou mal ou bem-educado, como se terá processado o controlo “anti-doping”, na Covilhã, é apenas um pretexto (o que, aparentemente, estava “mais à mão” para ser usado), qual ou quais as razões de fundo que estarão por detrás da óbvia e convicta intenção governamental (e da FPF?) de levar o seleccionador à demissão?

quinta-feira, setembro 02, 2010

Justiça popular...

Mulher entrevistada no Telejornal das 20h (RTP) sobre o processo Casa Pia: "o importante é que sejam castigados. O que eles fizeram às crianças!...

Ora aí está; nem mais. Que sejam ou não culpados dos factos que lhe são imputados, que seja efectivamente possível produzir prova em tribunal... Que importa isso? Pormenores...

Esta é a justiça popular... Aquela para que apela Paulo Portas e a que prevalece sempre que se criam dúvidas sobre o modo como funciona a verdadeira Justiça, a do Estado de Direito Democrático. Tenham medo; tenham muito medo!

As capas de Cândido Costa Pinto (67)

Capa de CCP para "O Adversário Secreto", de Agatha Christie, nº 43 da "Colecção Vampiro"

TSF...

Fui surpreendido esta manhã, pouco depois das 8.30h, pelo anúncio de que o “Fórum TSF” regressaria à antena amanhã, sexta-feira, com uma emissão especial dedicada à leitura da sentença do “caso” Casa Pia. Se cada um dos acontecimentos, “de per si”, já não constitui bom augúrio para o que se vai seguir na “rentrée”, da conjugação de ambos só pode esperar-se mesmo o pior...

quarta-feira, setembro 01, 2010

10 clássicos de cine-esplanada - II série (8)



"Roman Holiday", de William Wyler (1953)

Em defesa de Madaíl

Goste-se muito, pouco, “assim-assim” ou nada de Gilberto Madaíl, o que constitui facto incontroverso é que foi durante os seus mandatos como presidente da FPF que a selecção portuguesa conseguiu o melhor conjunto de resultados da sua história, Portugal foi palco de uma fase final de um Europeu e se candidata, em parceria com Espanha, a um Mundial. Contribui Madaíl muito, pouco, “assim-assim” ou nada para tais êxitos? Pouco importa: é o topo da pirâmide do futebol português e se não podem deixar de se assacar responsabilidades pelos fracassos - quando existem - a quem dirige, também não é menos verdade que os êxitos não podem ficar orfãos ou serem filhos de pai incógnito.