domingo, fevereiro 28, 2010

No rescaldo do SCP-FCP

Se eu fosse à PSP destacava esta noite o seu Corpo de Intervenção para proteger as áreas de serviço da A1, no sentido Lisboa-Porto. Mas reservaria também alguns agentes do seu Corpo de Segurança Pessoal para proteger Jesualdo Ferreira das "sturmabteilung" de Madureira/Pinto da Costa - e, agora, ao que parece, também de Rui Moreira. Lembram-se de Co Adriaanse?

Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (5)

"Milkcow Blues Boogie" - um original de "Kokomo" Arnold
Uma gravação de 28 de Dezembro de 1954 editada como "A side" do seu 3º "single"

"Milk Cow Blues" - o original de "Kokomo" Arnold (1934)

JPP e o discurso "catastrofista"

No seu artigo no “Público” de ontem (“Buraco Negro”), José Pacheco Pereira tenta separar o discurso “catastrofista” (não confundir com “rigor”), com o qual se diz identificar apenas do ponto de vista “analítico”, do seu conteúdo anti-regime, anti-partidos e anti-democracia, no qual se não revê. Trata-se apenas de um desabafo de má consciência, um malabarismo inconsistente, e como tal destinado ao insucesso, de quem tenta com o dedo tapar a fenda no dique, já que JPP sabe, e a História nos ensina, que na actual conjuntura, e em outras semelhantes no passado, eles não são separáveis por qualquer atitude voluntarista de alguém, mesmo que esse alguém (ou “alguéns”) tenha o peso político e mediático de JPP. Muito antes pelo contrário: é exactamente esse discurso catastrofista, pelo clima apocalíptico que gera, que cria na sociedade a convicção de que o regime e as estruturas democráticas existentes são incapazes, por demasiado fracos, de se reformarem e responderem aos desafios que têm de enfrentar, criando o clima necessário à inevitabilidade da sua substituição. Curiosamente, não me lembro de alguma vez a democracia ter ficado a ganhar...

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

A propósito de Costinha e do SCP: um relance sobre os modelos organizacionais dos clubes de futebol em Portugal

No tempo em que, apesar da já profissionalização do futebol, os clubes funcionavam ainda um pouco como colectividades eclécticas de cultura e recreio, em que as fontes de receita, ausente que estava a televisão, eram fundamentalmente constituídas pela bilheteira e pelas contribuições dos associados, a sua organização assentava fundamentalmente em corpos directivos eleitos, incluindo normalmente um presidente/mecenas, delegando aqueles, tanto quanto a personalidade e a maior ou menor importância do mecenato o permitiam, num chefe de departamento de futebol, também ele eleito pelos sócios na lista vencedora, a gestão de toda esta área no clube: escolhia jogadores, contratava um treinador que tinha de aceitar os jogadores contratados, etc, etc. Penso que o melhor exemplo deste tipo de organização nos clubes portugueses estará no SLB dos anos 60 a 90, mormente com Manuel da Luz Afonso e Gaspar Ramos como chefes emblemáticos do departamento de futebol do clube, embora Eriksson, jovem, ambicioso e vindo de um país com um outro tipo de mentalidade, já tivesse uma palavra a dizer em algumas contratações. O Reino Unido era, contudo, excepção: desde muito cedo (século XIX) sociedades cotadas no mercado de valores mobiliários, os clubes de futebol (apenas se dedicando a esta actividade) adoptaram desde logo a organização empresarial típica, com um “manager” profissional - treinador, responsável por todo o futebol do clube e gerindo o orçamento respectivo - reportando aos orgãos sociais eleitos pelos accionistas.

A crescente profissionalização dos clubes, com a diminuição de importância do seu ecletismo, o incremento exponencial dos meios financeiros movimentados por via do crescimento do mercado (entrada em força da TV que trouxe consigo o “merchandising”, direitos de imagem, etc e a liberdade de circulação dos jogadores permitindo vender o espectáculo globalmente e, assim, conquistar novos mercados) com a subsequente sofisticação da sua gestão, tornou obsoleta esta filosofia organizacional. Em Portugal, terá sido o FCP quem lhe deu uma resposta mais imediata com o apagamento das funções de chefe do departamento de futebol e a presidencialização do clube, concentrando nas mãos do presidente (Pinto da Costa), coadjuvado por um “adjunto” encarregue do dirty work (Reinaldo Teles), toda a gestão do clube. Será um modelo que, com maiores ou menores variações e gerando aqui e ali problemas (demissão de Fernando Gomes, por exemplo), se irá manter enquanto Pinto da Costa se mantiver em funções. No SLB esse modelo, embora com hesitações, funcionou (mal) com Manuel Damásio, foi continuado (também mal) por Vale e Azevedo e, até há bem pouco tempo, sem resultados positivos, por Luís Filipe Vieira. Nos últimos tempos, felizmente, algo parece estar a mudar no meu clube, e LFV parece querer assumir, cada vez mais, um papel de “chairman” delegando num CFO (“chief financial officer” – Domingos Soares de Oliveira ) e num “director desportivo” (Rui Costa), ambos profissionais, a efectiva gestão do clube. Parece-me ser este o modelo que, em Portugal, melhor responde aos actuais desafios da indústria, e os bons resultados parecem estar aí para o provar. Espero não estar enganado.

Tudo isto, embora possa não parecer, vem a propósito do SCP e da contratação de Costinha como “director do futebol”, uma função algo híbrida ou mal definida (não é um “director desportivo” nem me parece seja um “adjunto” do presidente ao estilo das funções de Reinaldo Teles no FCP) e que, como tal, me parece estar longe de encaixar num modelo de gestão que responda ao “estado da arte”. Aliás, depois de ter sido, talvez, com João Rocha, o primeiro clube português a viver sob regime presidencialista, o SCP tem oscilado no seu modelo organizacional sem que consiga assumir de vez uma opção consequente na gestão do futebol profissional do clube. Não me parece – longe disso – ser este o único problema que o SCP tem de enfrentar – e já neste “blogue” tenho tentado analisar os problemas dos meus amigos “lagartos”. Mas o facto de não conseguirem resolver um problema, pelo menos na aparência, bem simples quando talvez enfrentem o maior desafio na história mais recente do clube, não augura nada de positivo para o mais antigo rival do meu “glorioso”. E, caros “lagartos”, nós, “lampiões” (como vocês nos chamam), passamos bem sem aquele clube lá do norte, mas sem vocês, confesso, isto já não é bem a mesma coisa...

"Vai uma rapidinha?" - classic uptempo doo wop (2)

The Earls - "Remember Then"

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Maria Rueff em São Carlos: um fracasso!

Confesso não ter entendido bem a introdução da, quanto a mim desnecessária, rábula revisteira de Maria Rueff na encenação de Katharina Thalbach para a opereta de Johann Strauss “Die Fledermaus” (“O Morcego”), que ontem estreou no São Carlos. Com “Face Oculta”, Benfica e Pinto da Costa metidos a martelo, algumas pessoas até conseguiram rir e, no final, aplaudir com algum entusiasmo. Por mim, incomodou-me, depois envergonhou-me, para além de achar ter quebrado o ritmo de um espectáculo já de si, nesse aspecto, um pouco desigual. O que é interessante verificar é que foi exactamente a presença de Maria Rueff a ser sublinhada na pré-informação vinda a lume nos “media”. Entende-se, como promoção; mas estou curioso por ler e ouvir as críticas.

"On Connaît la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (4)

"L'école est finie", um original de Sheila (1963)
Playback de Sabine Azéma

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Duas notas sobre a catástrofe madeirense

  1. O luto e o respeito por todos aqueles que sofreram e sofrem as consequências da catástrofe madeirense não pode significar o silêncio sobre as razões que poderão ter contribuído para tornar as suas consequências mais gravosas. Antes pelo contrário: o respeito pelos madeirenses e pelo seu futuro exige que se enterre a hipocrisia e se critique e altere aquilo que eventualmente possa ter contribuído para tal. Sebastião de Carvalho e Melo, o exemplo do déspota iluminado, enterrou os mortos e cuidou das necessidades imediatas dos vivos; mas também tratou de transformar um burgo medieval numa cidade moderna e mais apta a enfrentar os elementos. E, já agora, estamos (acho) bem longe do despotismo, ainda mais de qualquer um que possa contribuir para nos iluminar o caminho.
  2. Ainda hoje se desconhece o número exacto de mortos causado pelas cheias de 1967 na região de Lisboa: vivia-se em ditadura e o regime estava bem longe de querer que os portugueses se apercebessem da dimensão do desastre. O que sabíamos era apenas o que era “visado pela censura” ou ”soprado” pelos muitos cidadãos (na altura, ainda súbditos) e organizações, muitas delas ligadas aos sectores mais progressivos da Igreja Católica, que se dispuseram a ser solidários. Hoje em dia, vivemos em democracia; mesmo na Região Autónoma da Madeira e apesar dos “percalços” locais. Gostaria muito de concluir ser isso o suficiente para que a desinformação de 1967 se não repita.

"Out of Africa" (1)



"Mogambo", de John Ford (1953)

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Blindness (7)

"Blind" Bogus Ben Covington - "I Heard The Voice Of A Pork Chop" (1928)

S. C. Braga: bilhetes gratuitos?

Há cerca de um ano, a “Autoridade da Concorrência” travou uma promoção da ZON que pretendia (e chegou a fazê-lo) oferecer bilhetes gratuitos para os cinemas Lusomundo, alegando estar-se perante um caso de concorrência desleal e esta acção prejudicar a indústria no seu conjunto. Agora, o S.C. Braga resolveu abrir as portas do seu estádio a quem quiser assistir gratuitamente aos jogos de futebol da equipa na 1ª Liga. Fê-lo no seu último jogo em casa e anuncia tornará a fazê-lo na próxima jornada, no seu jogo contra o Olhanense. A LPFP, organizadora da prova, e a “Autoridade da Concorrência", neste caso, nada têm a dizer?

"Sinais de Fogo"?

João Rodrigues, no “Arrastão”, acha que Miguel Sousa Tavares se mostrou mal preparado na entrevista de ontem a José Sócrates. Acho que sim; acho terá alguma razão. Mas o facto é que já em sua anterior e recente prestação televisiva, no “Prós & Contras”, sobre a questão do porto de Lisboa e dos contentores, MST se tinha mostrado claramente inseguro e mal preparado. Espero não se esteja a tornar norma. Mas adiante.

O que é um facto é que, independentemente da qualidade, conhecimentos e preparação do entrevistador (e já tenho assistido a excelentes entrevistas coordenadas por MST), o êxito de uma boa entrevista depende muito da escolha oportuna do entrevistado e, neste momento, José Sócrates, apesar da sua condição de “homem do momento”, talvez não tivesse sido a melhor escolha: já disse o que tinha a dizer (até, acho, já falou demais), não disse o que nunca poderia dizer e, para além das questões de actualidade política cujo interesse estaria sempre limitado pelo que afirmo no início desta frase (ou alguém pensa que o político experiente que é José Sócrates iria escorregar numa casca de banana?), José Sócrates não é, nem tem obrigatoriamente de ser, uma personalidade fascinante que valha por si só uma boa e fluente conversa. Assim, “Sinais de Fogo” (título um pouco pretensioso) não foi mais do que um “remake” de uma qualquer “Grande Entrevista” de Judite Sousa, sem a solenidade que a RTP1 lhe concede, com um entrevistador pior preparado e, como naqueles concertos "rock" com uma das maiores vedetas do espectáculo, uma primeira parte que não guardaremos na memória e da qual nos queremos ver livres rapidamente para assistir ao que realmente interessa.

Deixo um recado para o próximo programa e para MST. Importam-se, efectivamente, de nos surpreender?

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

A propósito da Madeira...

...como me tenho lembrado deste Senhor!

"Vai uma rapidinha?" - classic uptempo doo wop (1)

The Gladiolas - "Little Darling"

Então? Pensavam que me "ficava"?

Sim, eu sei que pode ter sido apenas um dia mau (mas caramba, foi mesmo muito mau!...). Aliás, vi o jogo até ao 3-0 e nada de especialmente relevante tenho a assinalar, excepto que pareciam os do Minho uns pardais atarantados. Mas isto de existirem equipas a disputar a 1ª Liga que são autênticas filiais do FCP (S.C. Braga, Académica e S.C. Olhanense, para só citar as mais evidentes) e um treinador que resolve alterar o sistema de jogo da equipa logo quando vai jogar contra o verdadeiro “patrão”, acaba sempre por nos trazer à memória a história da mulher de César. E, para além disso, também nos remete para um passado de “quinhentinhos”, guarda Abel e “ofícios correlativos”...

Eu era para estar calado, mas já que nos andam a encher os ouvidos com túneis e Conselhos de Disciplina...

domingo, fevereiro 21, 2010

Portugal candidato à organização da Ryder Cup 2018


Portugal é candidato à organização da Ryder Cup 2018, a mais prestigiada competição de golfe a nível mundial e o terceiro evento desportivo em termos de notoriedade, logo a seguir aos Jogos Olímpicos e ao Campeonato do Mundo de Futebol. A Ryder Cup, assim chamada em homenagem ao seu fundador, Samuel Ryder, disputa-se de dois em dois anos, alternadamente nos USA e num país europeu, e opõe, em “match play”, as selecções dos USA e da Europa. Depois de três vitórias seguidas da selecção europeia (2002/4/6), os USA arrebataram o trofeu em 2008, tendo o encontro sido disputado no Valhalla Golf Club, Louisville, Kentucky.

Tendo a felicidade de ter assistido pessoalmente à edição de 1991, em Kiawah Island, South Carolina (vitória dos USA por um escasso ponto), penso este seria um evento que poucos investimentos iria requerer e que se enquadra perfeitamente na promoção de Portugal como destino de golfe. Por outro lado, iria contribuir bastante para a divulgação no país de um desporto ainda considerado de “elite” entre os portugueses.

O “Gato Maltês” irá estar atento e será um apoiante entusiástico da candidatura, apesar do peso da concorrência: França, Alemanha, Holanda, Espanha e Suécia.

"Rock, Rock, Rock!" (3)

Um filme de Will Price (1956)

sábado, fevereiro 20, 2010

Os senhores jornalistas e o "caso" Taguspark

Os senhores jornalistas – ou pelo menos alguns deles – acham, acham mesmo, que numa sociedade anónima com a dimensão da Taguspark campanhas de promoção como aquela que envolve a empresa e o ex-jogador de futebol Luís Figo são discutidas, de forma individualizada, nas reuniões do Conselho de Administração? Os senhores jornalistas – ou pelo menos alguns deles – acham, acham mesmo, que um Presidente de um Conselho de Administração, normalmente um cargo honorífico, tem conhecimento antecipado e aprova, uma a uma, todas as campanhas promocionais que uma sociedade anónima com a dimensão da Taguspark desenvolve e implementa, mesmo que envolvam valores significativos (e não extraordinariamente elevados, como já ouvi e li para aí)? Os senhores jornalistas – ou pelo menos alguns deles – acham, acham mesmo, que tal coisa também se passa com presidentes de Conselhos Fiscais, Assembleias Gerais e por aí fora? Os senhores jornalistas – ou pelo menos alguns deles – acham, acham mesmo, que numa empresa com a dimensão da Taguspark não existem níveis de informação, decisão e responsabilização?

Bom, se acham trata-se de um puro e simples caso de incompetência jornalística, pois talvez não tivesse sido má ideia informarem-se previamente sobre o modo de funcionamento da empresa. Se não acham e, mesmo assim, publicam a notícia sem ter isso em conta, estão, pura e simplesmente, a ser desonestos. Resta uma terceira hipótese: a Taguspark funciona mesmo assim como os senhores jornalistas acham que funciona, isto é, sem níveis de informação, responsabilização e decisão definidos e, como empresa na órbita do Estado, deve ser então denunciada por esses mesmos senhores jornalistas como empresa muito mal gerida. Vale?

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Exploitation (16)


"The Flesh is Weak" e "Blonde in Bondage"

"Back to the basics": Marty Robbins & Charlie Feathers (9)

Marty Robbins - "Maybellene"

De entre três, escolha o leitor deste "blogue" uma hipótese para o modo como se efectuou o negócio entre o Taguspark e Luís Figo

Nunca comprei o semanário “Sol”: desde o primeiro número me pareceu algo a fugir para o tablóide. Além disso, os editoriais e escritos de José António Saraiva enquanto director do “Expresso” nunca me foram muito apelativos. Tendo dito isto, escusado será dizer que, se de vez em quando ainda deitava os olhos a algum título ou via “os bonecos” da sua revista, nos últimos tempos até de tal coisa me tenho abstido. Para bom entendedor (até para mau...), isto significa que não li nem conheço nada do que o jornal publicou sobre o negócio entre a Taguspark e o antigo jogador de futebol Luís Figo, o que, sendo tal negócio público sem necessidade de recurso a quaisquer escutas para ser conhecido, não me impede e até acho me coloca em melhor posição para ter uma ou várias ideias sobre o que se terá passado. Aqui ficam três ideias-padrão para que o eventual leitor possa, por si próprio, ajuizar e escolher a que melhor se enquadra na sua posição perante o mundo, a vida, a política e o que por bem entender mais invocar.

  • Hipótese nº 1: “mais em jeito do que em força”. Luís Figo terá sido contactado para ser o endorsee (ou seja e em português corrente: “para dar a cara”) do Taguspark numa campanha promocional do “dito cujo”, para isso lhe pagando o anunciante uma determinada verba. Durante as negociações, “palavra puxa palavra” e, em conversa, até porque lhe ficava bem, o ex-jogador terá manifestado o seu apreço por José Sócrates e pelo seu governo, tendo isso motivado o pedido de um dos administradores da empresa, também ligado ao primeiro-ministro e ao governo do Partido Socialista, para que colaborasse na campanha eleitoral, ao que Luís Figo anuiu. É a hipótese “benigna” ou “angelical”, digamos assim.
  • Hipótese nº 2: “jogada de envolvimento descaída sobre a esquerda”. Tendo Luís Figo sido contactado sobre a possibilidade de ser o endorsee na tal campanha promocional do Taguspark, mediante pagamento adequado, foi-lhe dito, simultaneamente e constituindo forte recomendação (não exactamente uma “oferta que ele não pudesse recusar”, mas, mesmo assim, algo a ter em conta dadas as ambições futuras do ex-internacional) que o negócio teria bem mais sérias possibilidades de chegar a bom termo se, incluído no “pacote” em causa, Luís Figo pudesse protagonizar apoio público a José Sócrates. Não existindo qualquer incompatibilidade política ou pessoal de fundo entre José Sócrates e Luís Figo, e como nunca se sabe o dia de amanhã, este decidiu-se pela positiva. Conhecendo o mundo empresarial e o dos homens, é aquilo que posso considerar como sendo a hipótese “profissional”, comum ao mundo dos negócios.
  • Hipótese nº 3: “tudo ao molho e fé em Deus”. Pretendendo conseguir o apoio de uma personalidade pública de relevo para a campanha eleitoral de José Sócrates, o PS, através do tal administrador Rui Pedro Soares, terá contactado Luís Figo indagando da sua disponibilidade para o efeito. O ex-jogador, que em Espanha era considerado como gostando bastante de dinheiro e, para além disso, tem também ambições futuras (a FPF, por exemplo?), não disse que não mas sugeriu o pagamento de uma determinada verba em favor da sua Fundação. Como os partidos políticos não nadam assim em dinheiro e, por muitas outras e variegadas razões, seria complicado ser o PS a efectuar o pagamento directo, ficou combinado que o negócio seria camuflado através da contratação de Luís Figo como endorsee da Taguspark em futura campanha promocional. Seria a contribuição da empresa para o financiamento partidário, deste modo se justificando a “saída” de dinheiro sem ser através dos bem conhecidos recibos passados em nome de Jacinto Leite Capelo Rego e assim se evitando as também bem conhecidas pastas cheias de notas. Para além disso, o negócio permitia ainda à Taguspark receber de imediato ou quando julgasse conveniente uma retribuição consubstanciada na campanha protagonizada pela personalidade em causa, e não apenas a promessa de eventuais facilidades futuras por parte de um governo PS. Digamos que é a hipótese “suja”, o “esquema”.

Em função do acima exposto, escolha agora o leitor a que quiser, tendo em atenção que é possível a hipótese verdadeira colha elementos retirados de entre estas três "hipóteses-tipo". De qualquer modo, um aviso, embora não seja jurista: o contrato terá sido efectuado entre a Taguspark e Luís Figo tendo por objecto a promoção da empresa, nada existindo de material que ligue o ex-internacional a qualquer alegado recebimento de dinheiro em troca do seu apoio a José Sócrates. Mesmo que tenha sido esse o caso (o que não sabemos), ninguém é assim tão estúpido. Significa isto que, na sua essência, qualquer que tenha sido o fundamento principal do negócio ele nada tem de ilegal, e da eventual ou alegada presunção da utilização de bens públicos para fins de natureza partidária restará apenas, e mais uma vez, a dúvida. Sendo assim, what’s next?

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

História(s) da Música Popular (154)

Tommy James & The Shondells - "Hanky Panky"

The Raindrops - "Hanky Panky"
Bubblegum(V)
Curiosamente, um dos temas que abriram caminho à “fúria” da "bubblegum music", erupção mais evidente nos anos de 1968/69, foi um tema com origem no Brill Building, onde essas coisas da música popular eram encaradas de forma um pouco mais séria e empresarial e de onde o "garage rock", coisa mais improvisada e primitiva, costumava andar ausente. O tema em questão chama-se “Hanky Panky” e foi gravado em 1964 por Tommy James & The Shondells. Sem sucesso, fundamentalmente devido a ter sido editado por uma pequena editora sem capacidade de distribuição, foi recuperado dois anos mais tarde e lançado a nível nacional pela Roulette, chegando a #1.

Mas se regressarmos às origens chegamos à conclusão que a paternidade do tema se deve a duas figuras incontornáveis do Brill Building, Jeff Barry e Ellie Greenwich, que o gravaram e editaram em 1963 com o seu grupo “Raindrops” - na realidade, constituído apenas por ambos mais a colaboração para fazer número de uma irmã de Ellie, assim “a modos” como se dizia (não sei se com ou sem razão) da Laura Diogo das “Doce”: não cantava mas era algo decorativa. Escusado dizer que Barry e Greenwich o achavam algo de menor, gravado à última hora como “B side” de um outro tema do grupo, “That Boy John”.

Quanto a Tommy James & The Shondells tiveram ainda um outro grande êxito, “Crimson and Clover”, em 1969, mas isso já não vem ao caso aqui para a “bubblegum music”.

Porque jogou Hulk contra o Arsenal

Nas horas que precederam o FCP-Arsenal de ontem, a discussão de momento nos “media” desportivos versava, invariavelmente, a inclusão de Hulk na equipa do FCP, tendo em atenção a sua já longa (dois meses) ausência dos relvados. Curiosamente, esgrimiam-se apenas argumentos de índole técnica, não ocorrendo a nenhuma das sumidades opinadoras que a questão pudesse ser bem outra, tendo muito mais a ver com a oportunidade de negócio do que com o rendimento técnico e físico do jogador em causa depois de prolongada paragem. Vamos pois ao que interessa...

Praticamente desde a sua chegada a Portugal, a imprensa desportiva tem dedicado uma boa parte do seu tempo a sobrevalorizar o jogador Hulk, numa demonstração clara da sua ignorância sobre o que é o futebol moderno ou da sua permanente disposição para fazer “fretes” a quem deles necessitar, neste caso, dispondo-se a tentar valorizar um activo de um clube com vista a inflacionar o seu valor de mercado. Mas, na realidade, podendo Hulk ser, por vezes, um jogador espectacular, a sua eficácia está muito longe de corresponder a essa espectacularidade: Hulk é um jogador sem escola e isso é facilmente perceptível no modo como tem dificuldade em entender os movimentos colectivos, o jogo da equipa, e a integrar-se neles. Tem deficiência técnicas evidentes, escolhe quase sempre a pior opção e, frequentemente, parece ser como que um corpo estranho ao colectivo. Acresce que nos jogos de maior exigência, aqueles que definem a categoria de um jogador e o seu verdadeiro valor de mercado, Hulk nunca até agora se destacou ou foi um jogador decisivo, fazendo a diferença. Penso que Jesualdo Ferreira e o FCP têm consciência destas suas limitações e, assim sendo, sabem que o clube só conseguirá realizar mais-valias significativas com a venda do seu passe na base de uma ou outra exibição eventualmente mais conseguida ou de um ou outro lance mais espectacular. Nunca da consistência. Acresce que Hulk arrisca também uma suspensão prolongada nas provas nacionais, o que, a acontecer, corresponderá necessariamente a uma sua desvalorização acelerada enquanto activo do clube.

É nestas circunstâncias que os jogos com o Arsenal, os únicos onde o jogador se pode exibir esta época caso o FCP seja eliminado e tendo a Champions League visibilidade internacional garantida, funcionam como uma janela de oportunidade perfeita para os desígnios da administração do clube. Ficou, no entanto, evidente o ponto fraco desta estratégia, embora ela seja talvez a única possível: a exibição do jogador, tal como em outras ocasiões semelhantes, não passou do sofrível e nem num ou noutro lance mais espectacular Hulk se fez notar. Era o esperado, mas a probabilidade, mesmo que muito baixa, de ter sido diferente terá, face aos valores em jogo, valido a assunção do risco.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

"For sentimental reasons" - original doo wop classics (13)

The Jive Five - "My True Story"

Porque não funciona a estratégia do PSD? (2)

Bom, a primeira questão a colocar quando se analisam as razões da falta de eficácia da actual estratégia do PSD será: corresponderá essas estratégia, aquilo que ela propõe, às aspirações da maioria dos portugueses? Sentirão estes as actuais propostas do PSD como sendo suas? Vejamos...

De cada vez que se interrogam os portugueses sobre as questões que mais os preocupam e mobilizam, invariavelmente e se a memória me não atraiçoa, as respostas andam à volta de “desemprego” (ou “emprego”, o que é a mesma coisa), “saúde”, “segurança” (com o duplo significado de estabilidade – reforma, garantia salarial, etc - e segurança da sua vida e dos seus bens), “custo de vida”, etc. Com razão ou sem ela, são estas as respostas dos eleitores, do “mercado”. Ora a primeira questão a colocar ao PSD será pois: que resposta dá a sua actual estratégia da “asfixia democrática” e da “verdade” a estas questões, ao mercado eleitoral? De que modo elas são, nesta estratégia, visivelmente abordadas e quais as soluções credíveis apresentadas? Vai o actual “produto” PSD ao encontro das necessidades dos consumidores/eleitores? A conclusão não poderá deixar de ser que, de modo claro e visível, as respostas a estas questões são claramente subalternizadas nesta sua actual estratégia. Isto não significa, claro está, que estejam ausentes do manifesto eleitoral do partido, mas que, quando se pergunta, actualmente, a um eleitor informado qual o posicionamento do PSD, qual a plataforma pela qual o partido responde (stands for), muito provavelmente a resposta expontânea arrisca-se a ser, demasiadas vezes, “verdade” e “liberdade de informação”, algo que está longe de constituir (embora eu possa acrescentar, infelizmente - mas isso não vem ao caso) preocupação fundamental dos portugueses. Esta é – penso – a questão-chave, da qual derivam todas as outras, como tal a merecer, portanto, atenção redobrada por parte de militantes e dirigentes do partido. No entanto, dela derivam algumas outras, secundárias mas igualmente relevantes e que analisarei de seguida:
  1. A manutenção dos níveis de popularidade do primeiro-ministro mostra que questões de carácter não são assim tão importantes na decisão dos eleitores, principalmente se não tiver sido constituído arguido ou formalmente indiciado ou acusado. Aparentemente (repito: aparentemente), a proliferação de títulos, opiniões expressas por líderes de opinião em debates e pelos eleitores em fóruns e caixas de comentários não se reflecte significativamente em termos de intenções de voto. Diferentemente parece acontecer com o Presidente da República, visto quase como um pater familiae, alguém acima das questiúnculas terrenas e cuja actuação, honestidade e ética devem estar ao abrigo de qualquer suspeita: quando do “caso” das alegadas escutas a Belém, a sua “popularidade” e o número de apreciações positivas decresceu significativamente.
  2. Os portugueses não sentem que a liberdade de informação esteja seriamente ameaçada ou, eventualmente, são de opinião que o PSD não tem total credibilidade para ser o seu defensor por excelência. Neste campo, a questão da Madeira poderá ter algum peso, bem com o perfil público de alguns das personalidades que mais se têm vindo a manifestar e o modo demasiado ostensivo como o têm feito: Manuela Moura Guedes e Mário Crespo, por exemplo, estarão muito longe de ser consensuais. José Manuel Fernandes é o exemplo contrário: mais inteligente, tem mantido um low profile bem mais adequado. Por outro lado, uma personalidade ubíqua como José Pacheco Pereira dificilmente pode alegar falta de liberdade de informação, protagonizando uma estratégia deste tipo.
  3. Não excluindo parcialmente nenhum dos pontos acima, os portugueses interpretam a estratégia actual do PSD e o perfil de alguns dos líderes de opinião que lhe dão substância (os já citados e ainda Medina Carreira, Villaverde Cabral e outros), fundamentalmente, como uma estratégia de protesto (contra o “sistema” e os “políticos”) e não de poder, conduzida por personalidades com um perfil contestatário, e, por isso, preferem dar o seu voto a partidos que estão fora do “arco da governação” (PCP e BE) ou, no seu exercício, têm tido menores responsabilidades não integrando o chamado “bloco central de interesses” (CDS).
  4. A contínuo aparecimento e proliferação nos “media” de alegados escândalos, de natureza muito diversa entre si, envolvendo José Sócrates, e o modo como são apresentados e perfil de algumas das personalidades envolvidas, acabam, qual história dos lobos, por ter um efeito contrário ao pretendido, perdendo os factos credibilidade perante muitos dos portugueses e acabando o réu por se transformar em vítima. Mesmo em casos em que o crime foi provado, o mundo está cheio de histórias, personagens e casos semelhantes.
  5. Por último, uma interrogação: pode uma estratégia deste tipo, um pouco anti-sistema, de combate, de contestação mais do que de alternativa de poder, ser protagonizado por alguém com imagem e ideologia demasiado conservadoras e antiquadas? Note-se que reaccionarismo e conservadorismo, podendo por vezes aliar-se ou coligar-se, são coisas bem distintas... Pode ser que Rangel, com uma imagem que me parece bem mais reaccionária do que apenas conservadora, mais próxima de Pacheco Pereira do que de Ferreira Leite, possa tornar esta estratégia um pouco mais plausível. Mas atenção: o que fundamentalmente está errado não é a forma, mas o conteúdo.

Conclusão: muito trabalho de casa para a próxima direcção, portanto.

Porque não funciona a estratégia do PSD? (1)

Em primeiro lugar, um ponto prévio que condiciona tudo o que vou escrever em seguida: quando afirmo que a estratégia da direcção actual do PSD não tem sido bem sucedida, estou a referir-me a resultados concretos em termos eleitorais e, posteriormente, valores expressos pelas últimas sondagens realizadas. Não só o PSD obteve um dos resultados eleitorais mais baixos de sempre nas eleições legislativas, numa conjuntura que parecia ser-lhe extremamente favorável, como, nas sondagens realizadas posteriormente, não consegue inflectir significativamente esses resultados, mostrando, inclusivamente, essas sondagens a manutenção dos valores do PS e um crescimento não negligenciável do CDS/PP. Tendo dito isto, vamos pois ao que importa.

Começo por afirmar que a estratégia contida na tese da “asfixia democrática” e na “verdade”, de onde derivam os ataques à credibilidade e honestidade do primeiro-ministro e onde se insere a questão da “liberdade de informação”, não são destituídas de inteligência e delas não está ausente um qualquer racional afastado da realidade. Fruto da impossibilidade de afirmação de uma clara política alternativa que a maioria dos portugueses não avaliasse, no curto/médio-prazo, como correspondendo a um agravamento das suas condições de vida, consubstanciada num ritmo mais acelerado de redução da despesa pública e do endividamento o que se reflectiria necessariamente num aumento do desemprego, eventual perda de algumas regalias salariais e sociais e traria consigo o risco de um menor crescimento económico (atenção: não estou a assumir preferências, a avaliar a correcção de cada uma ou as suas repercussões no longo-prazo, mas apenas a constatar as suas implicações imediatas), o PSD focou a sua estratégia naquelas que seriam, vox populi e não só, as “fraquezas” reconhecidas de José Sócrates: um passado não isento de algumas sombras em termos éticos, uma imagem de “arrogância” e “autoritarismo” que os portugueses atribuem a quem tem ideias, expressa opiniões e toma medidas, certas ou erradas (Cavaco Silva foi em tempo vítima disso mesmo), e uma clara incomodidade perante uma nova cena mediática onde, por razões que não cabe aqui e agora analisar mas não andarão longe da formação de grandes grupos de comunicação, de uma maior concorrência e do aparecimento da internet, a figura tradicional do jornalista e da sua ética e, também, a esquerda, na sequência da derrota da URSS na guerra-fria e de um certo anquilosamento no campo das suas ideias e propostas, nos últimos quinze ou vinte anos, perderam indiscutivelmente domínio e poder. Conseguindo, deste modo, dominar a cena mediática com uma sucessão de escândalos envolvendo José Sócrates, colocar o primeiro-ministro em sérias dificuldades para se justificar e justificar algumas das suas atitudes, levando-o, até, a desferir alguns tiros no pé, o que correu então mal? Bom, seria talvez ocasião para o PSD efectuar um estudo de opinião estruturado junto dos portugueses, mas tentemos no próximo “post” uma primeira abordagem e avaliação.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

A. C. Milan-Man. United: um bom exemplo para as TVs

Não sei se repararam, os que acabaram de ver a transmissão do A. C. Milan - Man. United, que os diversos ângulos de repetição das jogadas eram fundamentalmente escolhidos no sentido de enfatizar a sua beleza e espectacularidade, a percepção dos movimentos individuais e colectivos, em vez de se dedicarem a mostrar até exaustão eventuais erros dos árbitros. Os ângulos que permitiam esta análise eram apenas transmitidos uma só vez. Um bom exemplo para as televisões cá do rectângulo.

Tango aus Berlin (9)

Marlene Dietrich -"Ich bin von Kopf bis Fuss auf Lieb Eingestellt"

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Jornalismo de sarjeta...

Repare-se bem no título: “Manuel Godinho terá pago 72 mil euros a Santana Lopes”. De seguida: “Uma investigação às contas bancárias do empresário e arguido no caso Face Oculta Manuel José Godinho terá descoberto alguns movimentos suspeitos, nomeadamente a entrega de quatro cheques: três endereçados a Pedro Santana Lopes e um ao irmão do ex-líder do PSD, Paulo Santana Lopes”.

“Terá”? “Movimentos suspeitos”? Tudo no condicional ou na interrogativa. A investigação foi efectuada por quem? Descobriu ou não os tais cheques? Existe alguma justificação para eles se, de facto, existem? Porque são esses movimentos suspeitos? Nada disso esclarece a notícia do “Público”, citando o “Correio da Manhã”. Entretanto, emporcalha-se e lança-se lama por sobre o nome das pessoas, julgando-as na praça pública. É este o jornalismo de um jornal que já foi de referência. Agora é de sarjeta.

Bi-centenário do nascimento de Frédéric Chopin (1810-2010) - III

Idil Biret - Valsa op. 70, nº1

Les Belles Anglaises (XXXVIII)








Triumph GT6 (1966-1973)

domingo, fevereiro 14, 2010

Onde está Alegre?

Num país em pleno ataque de nervos, era de esperar que o único candidato já assumido à Presidência da República aproveitasse para “demarcar algum território”, principalmente estando em causa questões fundamentais da democracia e do Estado de Direito e chamando-se esse candidato Manuel Alegre, alguém que desde sempre nos habituou à sua intervenção quando este tipo de valores está em causa. Infelizmente, desta vez, reina o silêncio, talvez porque a linha de demarcação atravessa de forma bem nítida a sua base de apoio.

Uma oposição "allumeuse" e uma democracia doente

Devo dizer que não conheço uma tradução adequada para o termo, mas cá por casa costuma usar-se o termo francês “allumeuse” para definir aquelas mulheres que são especialistas em sedução, em excitar os nossos desejos de "macho" trazendo-nos pelo beicinho, mas que, no momento decisivo, quando se aproxima a “sorte suprema”, “ala que se faz tarde”, deixando-nos a imaginar que bom que poderia ter sido e não foi. É um pouco assim como uma corrida de toiros à portuguesa, em que se traz o animal toureado mas, depois..., alguém, que não o toureiro, que lhe desfira a estocada final e fatal numa outra ocasião e sem essa maçada de andar para ali numa “excita”.

Pois é mesmo isto que me parece a oposição, uma oposição “allumeuse”. Vão congeminando os seus ataques, minando a actuação do governo, anunciando que “não há condições”, que o apocalipse é já amanhã, de preferência à hora dos telejornais ou anunciado em semanários, e, depois, quando se espera o momento da “sorte suprema”, quando há que demonstrar que “os tem no sítio”... “agora não que o meu pai não quer”...

Vamos lá ser claros e levar a coisa mais para o sério... Independentemente do que se pense do governo, do primeiro-ministro e do modo como ambos actuaram no negócio “PT/Media Capital, uma sua demissão com base em escutas ilegais, fugas ao segredo de justiça e em função de elementos obtidos através atropelos sistemáticos por parte de quem quer que seja a princípios fundadores do Estado de Direito constituiria um precedente gravíssimo para a nossa vida democrática e para o normal funcionamento das instituições. Algo de que todos nós – repito: todos – poderíamos vir sofrer no futuro sérias consequências. Aliás, só por puro oportunismo político se percebe que a Assembleia da República, quando surgiu a notícia (em Abril de 2009, salvo erro) e tendo então toda a legitimidade para o fazer, não tenha investigado devidamente o assunto e tomado as medidas julgadas adequadas para esclarecer politicamente os cidadãos. Mas adiante... do particular para o geral.

O que este ataque ao primeiro-ministro baseado em elementos recolhidos e publicados em clara violação da lei, esta “demissão” da AR em discutir o assunto em tempo oportuno, este apelo à demissão do primeiro-ministro em vez de se usarem os mecanismos constitucionais previstos para a sua substituição (moção de censura ou dissolução da Assembleia de República pelo PR nos prazos e termos em que a lei o permite) e, sejamos justos, aquilo que se passou no negócio PT/TVI permitem vislumbrar é uma total subalternização dos instrumentos e instituições democráticos na luta política e no funcionamento do Estado, substituídos pelo sistema judicial, pelos “media” e pelas estruturas empresariais onde esse mesmo Estado, de algum modo, é parceiro decisivo. É tudo isto que fica bem à vista nesta sucessão de casos com os quais o país tem sido confrontado ou, sejamos mais rigorosos, com os quais o país se confronta: um sintoma insofismável de uma democracia doente. E é exactamente isso que me preocupa e contra o qual me bato, chame-se o primeiro-ministro José Sócrates, Zé dos Anzóis ou Manel da Burra.

sábado, fevereiro 13, 2010

"Merrill's Marauders" na RTP Memória


"Merrill's Marauders", de Samuel Fuller (1962)
Não será o melhor Fuller, mas... Será com certeza um serão bem passado.
Na RTP Memória dia 18, 5ª feira, pelas 22.30h

Totalitarismo...

Primeiro foram as cassetes íntimas de um conhecido arquitecto, que, ao que dizem, envolviam ainda outras figuras públicas. O povo, então ainda sem SIC, salivou qual lobo mau perante a perspectiva dos três porquinhos como repasto temperado. Estávamos na era pré-"internet" e os “media” ainda não tinham que enfrentar concorrência feroz. Assim, a coisa ficou por pouco, pelo salivar e apenas alguns provaram. Depois... Bem, depois veio o “Big Brother” e oficializou-se a devassa, embora ainda voluntária e reduzida à ganância de uns tantos “zés-ninguéns” em busca de uns minutos de fama e uns cêntimos (ainda eram tostões) de proveito. Os “media” concederam-lhes honra de “famosos” e ao povo, agora já da SIC, o poder de os expulsar apenas porque sim: porque eram arrogantes ou antipáticos; porque eram feios ou porcos; maus ou até asquerosos. Era como uma telenovela em que o tal “povo da SIC”, acicatado por quem queria circo e sangue para vender o espectáculo, poderia construir o enredo; e foi então que esse mesmo povo começou mesmo a acreditar tinha poder e o mundo, que desconhecia, era todo ele uma televisão. Nada de novo: na Idade Média também se pensava o quase desconhecido Atlântico fosse apenas um Mediterrâneo maior: é tão fácil a tentação de avaliar o desconhecido em função do que já bem se conhece...

E entre TV e revistas se deu continuidade a uma devassa consentida em que, alarvemente, alguns não hesitaram em escarrapachar o que deveriam ser os seus sentimentos mais íntimos: como se de facto os tivessem e a promiscuidade não fosse o seu modo de vida. Foi este o exemplo apontado, e quem queria ser como os “ricos e famosos” que lhes copiasse o promíscuo e talvez pudesse ser como eles. Vieram, finalmente, os “fóruns” de opinião, maneira barata de preencher tempo de antena à custa de quem está disposto a tudo para os cinco minutos de fama. Poderiam lá ficar-se pelas caixas de comentários e pelos “Braganza Mothers” da “bloga”...? Lá na rua, no café do bairro, são já famosos como líderes de opinião consagrados, agora que as suas arengas, entre cafés e bagaços, já se não limitam aos “roubos de igreja” do clube que defendem. E há lá alguma coisa que chegue a um insulto a ministro, em “directo e ao vivo” em antena de grande audição?

Alastrou como uma mancha, alcatrão pastoso que tudo tenta prender, alimentado por gente sem escrúpulos querendo renegar o passado; capturando gente julgada insuspeita; desactivando cérebros e esvaziando corpos. Tomou conta de Estado. De governos e oposições, sendo apontado a dedo quem lhes ouse escapar. Alguém já ouviu falar em totalitarismo?

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Portugal visto de "fora"

Segundo o “Público”, a revista "International Living" colocou Portugal em 21º lugar no “ranking” dos melhores países para se viver, tendo subido quatro posições em relação ao ano anterior. Curiosamente, os "items" em que Portugal consegue melhor pontuação (100 pontos em 100 possíveis) são “Liberdade” e “Risco e Segurança”. Caso para recomendar a leitura do estudo aos promotores da manifestação “Pela liberdade” e aos securitários do costume.

"Rock, Rock, Rock!" (2)

"Rock, Rock, Rock!"

Um filme de Will Price (1956)

PSD: estratégia e sondagens

Perante estes resultados ditados pelos consumidores, pelo mercado, em que o PSD não só não consegue ganhar quota de mercado ao líder como a perde para o concorrente que mais directamente compete no seu segmento, talvez não fosse má ideia o PSD reconsiderar a sua estratégia actual e a continuidade em funções da direcção que a definiu e executa. Uma empresa privada, bem gerida, era isso que faria, em vez de esbanjar os recursos dos accionistas sem resultados visíveis.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

"On Connait la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (3)

"J'ai Deux Amours" - um original de Géo Koger, Henri Varna e Vincent Scotto (1931) na interpretação de Joséphine Baker.
Götz Burger é Von Choltitz

Rangel candidata-se. Porquê agora?

Paulo Rangel, indiscutivelmente o candidato à liderança do PSD mais alinhado com a actual direcção do partido, decidiu-se finalmente a avançar. Considerando Paulo Rangel uma pessoa inteligente e com aspirações políticas, que o terá convencido, finalmente, a trocar o Parlamento Europeu pela liderança de um partido na oposição e cheio de problemas, isto no caso de ganhar a eleição? Não gosto de teorias da conspiração, mas vamos lá abrir uma muito pequena excepção: a aproximação do período em que Cavaco Silva poderá dissolver a Assembleia da República e um eventual pré-acordo nesse sentido terão alguma coisa a ver com a candidatura de Rangel? Esperemos para ver...

Um conselho aos promotores da "manif." "Pela Liberdade"

Ensina-nos a leitura dos clássicos do marxismo-leninismo que a “vanguarda” deve mergulhar as suas raízes nas “massas”, nunca se devendo delas afastar: das suas motivações, dos seus objectivos, das lutas que sentem como suas. Quando isso não acontece, quando essa ligação corre o risco de se quebrar, essas mesmas “massas” deixam de reconhecer na “vanguarda” o seu núcleo condutor, a sua organização dirigente. Aconselho, pois, aos promotores da manifestação de hoje “Pela Liberdade” a leitura de Marx e Lenine. Se acharem muito complicado, talvez “maçudo”, podem sempre começar por Marta Harnecker.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

"Lucy in the Sky with Diamonds" (27)

Yardbirds

Ele disse mesmo isto?

“O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), João Palma sublinhou, esta terça-feira, que há valores mais altos do que o segredo de Justiça. Em declarações à TSF, João Palma frisou a importância do «interesse público».”

Um comentário: e quem define o “tal” interesse público? João Palma? Eu? O gato da vizinha? A “jornalista” Felícia Cabrita? As “sturmabteilung” do presidente do FCP? Talvez o “povo da SIC”...

Ou será que o “interesse público” será algo como “os superiores interesses da nação” ou “a moral e os bons costumes”? Será que teremos de voltar a declarar que "não professamos ideias contrárias à existência de Portugal como estado independente”?

Não são estas afirmações, ainda para mais vindas de quem veem, um verdadeiro atentado ao Estado de Direito?

Confesso que gente desta me mete medo. Muito medo.

O que podem alguns princípios básicos de gestão ensinar à crise com que se debate o Sporting Clube de Portugal? A contribuição de um benfiquista...

A crise do Sporting Clube de Portugal é um excelente exemplo demonstrativo de como problemas estruturais, estratégicos, nunca poderão ser resolvidos com recurso apenas a soluções conjunturais, meramente tácticas. Podem soluções deste tipo ajudar a mascarar evidências, por vezes, mesmo, embora mais raramente, até a minimizar problemas, aqui e ali, mas nunca a resolver esses problemas de base. Pior ainda, é frequente que essas soluções de curto prazo tenham ainda como efeito acrescido esgotarem recursos, financeiros, humanos e outros, que deveriam ser antes aplicados na procura de soluções estruturais, deste modo inviabilizando-as ou retirando-lhes músculo.

Como por aqui tenho repetidamente afirmado, o problema do SCP é estrutural: a adopção de uma estratégia, no curto-prazo, inteligente (baixo investimento, aproveitando as migalhas deixadas pela hegemonia portista), mas que só poderia resultar enquanto a péssima gestão desportiva do SLB e os largos critérios de qualificação para a Champions League o permitissem. Independentemente de tudo o resto, uma estratégia de alto risco, já que dependia mais de terceiros do que de recursos e acções próprios. Entretanto, o SLB parece ter acordado da letargia, o 2º classificado da Liga portuguesa deixou de ter garantido o acesso à C.L. e a época do SC Braga veio ainda mais agravar uma estratégia pensada para outro cenário. As bases em que assentava a estratégia sportinguista ruíram assim estrondosamente.

Perante o cenário acima descrito, que fez a administração do SCP? Mudou de estratégia, adaptando-se a um novo cenário, definindo novos planos de acção que servissem essa estratégia o que só poderia ser preparado consistentemente para o final da época? Não: actuou apenas tacticamente, cedendo à rua”, contratando um treinador a prazo e três novos jogadores sem curar de garantir que, sendo o actual treinador de recurso, esses novos jogadores se adaptariam aos princípios e modelo de jogo futuros e de que estas seriam as escolhas certas e não apenas as disponíveis (apenas uma pergunta: com Pedro Mendes onde vai jogar Miguel Veloso? A interior esquerdo, quando um dos problemas da equipa é a lentidão nas transições?). Mais ainda, obrigou os novos jogadores a uma integração rápida numa equipa em perda. Resultado: esbanjou recursos, que poderiam ser melhor e mais racionalmente aplicados se obedecessem a uma estratégia repensada, sem resultados evidentes. O que é estranho é que tudo isto venha de um gestor da Banca... Mas ele não começou por dizer que era um sportinguista de bancada? Em minha opinião, desculpem lá os meus amigos “lagartos, parece ser a única coisa em que acertou!

Liberdade de expressão (2)

Taça da Liga, 1/2 finais: "glorioso" exprime-se livremente com 4 golos 4 no Estádio Alvalade frente ao SCP

Liberdade de expressão...

O meu "glorioso" acaba de manifestar exuberantemente a sua liberdade de expressão marcando quatro golos no campo do SCP.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

"Rock, Rock, Rock"! (1)

"Rock, Rock, Rock!"

Um filme de Will Price (1956)

O 1º ministro e o governo estão fragilizados? Sim, mas, infelizmente, muito por coisas bem mais importantes do que escutas ilegais

José Sócrates e o governo estão fragilizados por via da sucessão de casos em que aquele tem vindo a ser envolvido? É uma evidência, e como tal desnecessário enfatizá-lo: por muito que se possa reconhecer serem os meios ilícitos, ilegais e atentatórios do Estado de Direito (e são-no) ou, do ponto de vista criminal (estou a referir-me ao Freeport), nem sequer ter sido constituído arguido, de facto, isso acontece e o primeiro-ministro, com a sua “fúria” contra determinados “opinadores” e outros tantos “media”, bem como com um seu passado pouco cuidado, tem para tal dado a sua contribuição. De qualquer modo, e para quem esteja de boa fé, só um alienígena pouco atento pode concluir que existe em Portugal um problema de “asfixia democrática”, de tentativa organizada e sistemática de controle dos “media” à boa (má) maneira Chavista (é a oposição que domina claramente a agenda mediática) e aceitar que o país já só apenas formalmente é um Estado de Direito. Pelo contrário: se existe alguma ameaça significativa ao normal funcionamento das instituições e ao Estado de Direito ela vem, muito mais, dos que violam sistematicamente os direitos liberdades e garantias, publicando ou aceitando discutir questões políticas baseando-se em escutas ilegais, dos que apelam, cada vez menos veladamente, ao golpe de estado conduzido por Belém e têm da liberdade de informação uma concepção puramente instrumental: usa quando dá jeito e deita fora quando já não serve. Não é verdade, “Insurgente”, “31 da Armada”, “Blasfémias” e “5 Dias”?

Voltemos ao princípio... José Sócrates e o governo estão fragilizados? Sim, mas no que, egoisticamente, a mim diz respeito, muito mais por um governo demasiado ausente, que parece não ter uma linha de rumo definida, por uma cedência em toda a linha às reivindicações dos professores e da Fenprof com as respectivas implicações no agravamento da despesa, um orçamento (pois, eu sei que talvez seja o possível) que mais parece “uma coisa em forma de assim” e um acordo com a oposição que acabamos por perceber é pouco consistente para não dizer pior. Por aquela estranha maneira de comemorar os 100 dias de um governo que mais parece ter já 100 anos (não há, entre os assessores do primeiro-ministro, ninguém que pense?) , por um ministro da tropa que gosta de dar o corpo às balas que lhe não são dirigidas, por, por... Enfim... se quisermos também ser justos, por ausência de uma alternativa credível no principal partido da oposição que, pelos métodos, mais parece um grupelho marxista-leninista dirigido pela jornalista Felícia Cabrita do que um grande partido da direita democrática e constitucional. Convenhamos, entre responsabilidades próprias e ausências alheias, é um peso demasiado grande para tão grave conjuntura.

Lembram-se do caso McCann?

Lembram-se do caso Madeleine McCann, algo que nada tinha a ver com política? Lembram-se de como informação classificada de um processo em segredo de justiça, seleccionada e publicada de acordo com os interesses da equipa de investigação dirigida por um sinistro personagem que dá pelo nome de Gonçalo Amaral, desrespeitador comprovado de direitos, liberdades e garantias e que chegou a estar nas cogitações do PSD para seu candidato a autarca, foi utilizada para enxovalhar, julgar e condenar na praça pública pessoas em relação às quais não existiam factos susceptíveis de permitirem deduzir acusação ou, muito menos, de fazer prova em tribunal? Lembram-se mesmo do “povo da SIC” a insultar Kate McCann à porta da PJ? Bom, espero que se lembrem... Eu, felizmente, não faço parte dos que têm memória curta.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

"For sentimental reasons" - original doo wop classics (12)

The Flamingos - "I'll Be Home"

Stalag Fiction (4)

O que a Assembleia da República não pode, nem deve, agora fazer

Não pode a Assembleia da República, sob nenhum pretexto, aceitar neste momento pronunciar-se, investigar, actuar, o que quer que seja, sobre o negócio PT/Media Capital ou as questões relacionadas com o afastamento de Moniz e Moura Guedes. Se o fizer, estará a actuar em função e pressionada por algo ilícito (a publicação ilegal de escutas, que é o único facto novo em todo o este “caso”) caucionando aquela que é a casa da democracia um acto que vai contra os mais elementares princípios do Estado de Direito. Deveria tê-lo feito, e teria toda legitimidade para isso, quando Moura Guedes foi afastada ou, antes ainda, quando o negócio foi anunciado ou mesmo depois da pressão da opinião pública o ter feito, felizmente, abortar. Ou será que os senhores deputados são assim tão ingénuos ao ponto de pensarem que um negócio com tais contornos, envolvendo uma empresa em cujas decisões, por via de uma “golden share” e da participação da “Caixa”, o Estado tem efectivamente um peso decisivo, se faria sem o conhecimento do governo? Eu, que nunca fui deputado ou sequer funcionário público, já nessa altura não tinha.

domingo, fevereiro 07, 2010

Os apelos já mal disfarçados ao "golpe de estado"

No “Da Literatura”, Eduardo Pitta tenta explicar a Henrique Raposo e a alguns sectores da direita política que têm vindo a apelar à demissão de José Sócrates quais os mecanismos e prazos legais e constitucionais que presidem à dissolução da Assembleia da República por parte do Presidente. Não vale a pena; perde o Eduardo Pitta o seu tempo. O que está implícito nesses apelos de alguma direita (repito: alguma) não é apenas uma opção por uma nova A.R. e por um novo primeiro-ministro, o que, concorde-se ou não com essa necessidade, seria legítimo. O que está já bastante explícito no desejo desses sectores, bem visível, aliás, no modo como se mostram incomodados com o que denominam de “formalismos”, é, isso sim, um apelo puro e simples ao “golpe de estado” comandado por Belém.

Porque não ganhámos ontem

A péssima forma de Cardozo nestas últimas semanas está a deixar o “meu” SLB com um “déficit” de presença e capacidade de finalização na área, situação agravada quando, como aconteceu ontem, não existem espaço nem inspiração para Saviola se soltar. Se a tudo isto juntarmos um adversário “calmeirão”, que por via disso não permite grandes veleidades nas bolas paradas, e a "ausência" de alguém que costuma rematar de longe, estamos conversados. Foi por isso que não ganhámos ontem...

Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (4)

"I Don't Care If The Sun Don't Shine", um tema escrito por Mack David e gravado por Patti Page em 1950.
Gravação de 11 de Setembro de 1954 editada a 25 desse mesmo mês como "B side" do seu segundo "single"

A versão de Patti Page (1950)

O PSD, o Estado de Direito e o 28 de Maio

Por muito que tenhamos a apontar a alguns comportamentos públicos do primeiro-ministro e discordemos de algumas medidas do seu governo ou até de todas elas (e em relação a isso já neste “blogue” tenho expresso, veementemente, discordâncias e concordâncias) a actual direcção do PSD, com a conivência de alguns jornais (?), jornalistas(?), operadores do sistema judicial e na ausência de uma política alternativa bem visível na questão do orçamento de estado, está a transformar a saudável luta política e ideológica numa autêntica “caça ao homem”, na pessoa de José Sócrates, mesmo que para isso se veja sistematicamente obrigado a minar alguns dos alicerces definidores do estado de direito. Está a brincar de aprendiz de feiticeiro, pois pode estar certo um dia alguém acenderá o rastilho ou dará o encontrão final. Pode ser que, nesse dia, o PSD, ou pelo menos alguns dos seus actuais dirigentes a quem ainda reconheço convicções democráticas, também sofra as consequências, tal como aconteceu a alguns velhos republicanos a quem o 28 de Maio seduziu. Será tarde.

sábado, fevereiro 06, 2010

O que o PR deveria dizer

Se quer dar o exemplo, e o país bem anda precisado deles e ainda mais se vindos do supremo magistrado da nação (assim mesmo, à antiga portuguesa), Cavaco Silva, no que refere o caso das alegadas escutas publicadas pelo semanário “Sol”, apenas deve declarar publicamente qualquer coisa como isto: “O Presidente da República não se pronuncia sobre casos em segredo de justiça ou sobre alegadas escutas divulgadas de forma ilegal”. Nada mais. Tudo o resto só contribui para aumentar o ruído.

Depois, se achar necessário e no exercício das suas funções (e admito e aceito perfeitamente que o deva fazer), poderá falar discreta e privadamente com o primeiro-ministro, com o presidente da Assembleia da República, com o presidente do Tribunal Constitucional, com os seus assessores, etc, etc. Pois é, mas daqui a menos de um ano haverá eleições presidenciais e perfila-se um adversário de respeito...

Mais uma vez, esta questão vem demonstrar a alguma irracionalidade de um sistema que atribui ao PR funções de garante das instituições e, de certo modo, suprapartidárias, mas, simultaneamente, o faz eleger por sufrágio directo e universal, só possível com o apoio dos partidos políticos, obrigando-o assim a uma participação mais ou menos directa nas disputas partidárias. Um sistema puramente parlamentar, à semelhança do que acontece na maior parte das democracia da UE, seria com certeza bem mais claro.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Anglophilia (71)

"Two Fat Ladies" (Jennifer Paterson e Clarissa Dickson-Wright) visit Winchester at Christmas (1)

"Futebol Finance"

O Futebol Finance faz hoje dois anos. Como é dos raros sítios da net onde se fala e discute o meu desporto favorito usando o cérebro e não quaisquer outras partes do corpo menos próprias para o efeito, aqui fica a mais do que merecida menção. Pois que contem muitos e eu também, para os ler.

História(s) da Música Popular (153)



The Kingsmen - "Louie, Louie"

Bubblegum (IV)

Uma outra influência normalmente atribuída à “bubblegum music” são as chamadas “garage bands”. Nada de estranho, já que a música de “garagem” baseia-se normalmente em melodias simples, ritmadas e síncopadas, “riffs” impressivos e “letras” de percepção imediata, tudo com o objectivo de ser barato de produzir e pôr os destinatários a “abanar o capacete”. E, claro, o arquétipo da música de garagem não podia deixar de ser “Louie, Louie”, cuja versão dos Kingsmen ficou para a História do "rock n’ roll"" e da música popular. Eis o que, sobre o tema, escrevi neste "blog" no “História(s) da Música Popular nº 44, em 22 de Maio de 2007:

“Em toda a história da música popular, existe apenas um (um e só um) tema que tem direito a parágrafo específico no prefácio do Tracks Catalogue do “Music Master”, um “calhamaço” de mais de mil e quinhentas páginas escrito em letra quase ilegível e que condensa todos os temas e respectivos intérpretes. É também o único tema com direito a chamada especial, “em caixa”, no lugar que lhe é destinado na ordem alfabética do catálogo. E não, não é nenhum desses temas mais conhecidos, frequentemente passados nas rádios de todo o mundo ou incluídos em tudo o que é colectânea que se preze, de grupos como os Beatles ou Rolling Stones. Não são as “lamechices” de Paul McCartney, género “Yesterday” ou “Eleanor Rigby”, ou o excelente “Satisfaction” de Jagger e Richard. É, isso sim, um quase obscuro tema de banda de garagem, de seu nome “Louie Louie”, cuja versão mais popular se deve aos Kingsmen, uma banda de Portland, Oregon. A canção é um original de Richard Berry, escrita em 1955, e foi gravada por várias bandas da costa oeste, incluindo Paul Revere and the Raiders, antes de chegar “às mãos” dos Kingsmen que a gravaram em 1963. Basicamente é algo de primitivo, com uma “letra” original em que um cliente diz a um barman que vai para a Jamaica em busca do seu grande amor, mas tornou-se um ícone das festas de garagem, os célebres teenage parties. Para isso muito terá contribuído uma "batida” fortemente sincopada e um "riff" simples e que fica no ouvido, mas também o facto de, na versão dos Kingsmen, ser suposto a “letra” poder ser considerada obscena, apesar da “Federal Communications Commission” ter concluído que a canção era inintelígivel a qualquer velocidade a que fosse escutada. O riff foi retomado, com maiores ou menores adaptações, em muitos temas célebres da música popular, tais como “You Really Got Me”, dos Kinks, “Wild Thing”, dos Troggs, e “Get Off My Cloud”, dos Rolling Stones, e “Louie Louie” terá tido mais de mil e quinhentas cover versions, sendo as mais conhecidas a dos Motorhead e dos próprios Kinks. A Rhino Records editou mesmo uma compilação (dois volumes em CD) com o nome “The Best of Louie Louie”, nela integrando algumas das mais conhecidas versões do tema, que é considerado o #1 de toda a história do rock & roll. É a versão que tornou “Louie Louie” famosa, a dos Kingsmen, que aqui fica.”

E agora, vá lá... Toca a “abanar o capacete”... Ah!, e não liguem muito à "letra": não interessa nada!

As concepções democráticas de JPP m-l

Em vez de ver José Pacheco Pereira preocupado e condenando a divulgação ilegal de mais umas alegadas escutas, desta vez do caso “Face Oculta”, vejo JPP a tentar tirar partido pessoal e partidário da situação. Sobre a concepção de democracia de JPP m-l estamos conversados. De facto, confirma-se os estalinistas podem mudar de patrão; muito mais difícil é mudarem de ideias.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

SLB 2009/2010: até agora, um percurso sem mancha

Na época de 2004/05, o Sport Lisboa e Benfica jogava um futebol sofrível e cometeu o erro de ter jogado um jogo decisivo com o Estoril-Praia no Estádio Algarve, em vez de o ter feito no Coimbra da Mota, algo que manchou irremediavelmente o título conquistado e permitiu aos seus adversários lançar sobre o modo como tal objectivo foi alcançado admissíveis suspeitas. Quer se queira quer não, esse jogou manchou o título e tirou-lhe algum sabor. A mim, benfiquista, tirou.

Esta época, o SLB tem jogado consistentemente o futebol mais atractivo do campeonato (não sei se o mais eficiente para ganhar títulos, mas sem dúvida mais brilhante) e tem boas hipóteses de chegar ao título sem que me pareça alguma sombra de legitimidade possa ser lançada sobre a justiça da actual classificação. Pelo menos por quem não tem do futebol uma visão doentia dedicando-se diariamente a analisar foras-de-jogo milimétricos, "penalties" difíceis de decidir ao fim de uma dúzia de visionamentos em câmara lenta ou teorias da conspiração de túneis, conselhos de disciplina e assim sucessivamente. Gostaria de estar enganado, mas parece-me que, perante o cenário traçado, os aliados tradicionais (S.C. Braga) ou circunstanciais (SCP) do FCP, começam já a tentar lançar por aí suspeitas sobre a legitimidade de um hipotético título a ser conquistado pelo meu “glorioso”. Espero que o meu clube, com uma qualquer atitude menos própria ou irreflectida, não venha a ceder a facilidades e a cair na “esparrela”.

Desabafo...

O que me espanta, o que verdadeiramente me espanta em casos como o do diálogo (?) público do primeiro-ministro com Nuno Santos (salvaguarda: a ter existido do modo como tem sido descrito) e da proposta de três deputados do PS para escarrapachar na internet os rendimentos de cada um de nós (agora que desistiram, como vou saber se o meu vizinho ali da frente ganha mesmo dinheiro lícito para sustentar aquela amante “estupendaça” que me deixa roído de inveja?!...) é a falta do mais elementar bom senso político e social que tudo isto revela em gente que nunca fez outra coisa na vida, que percorreu todos os passos de uma carreira e ocupa actualmente cargos de enorme responsabilidade na direcção do país. Como é possível tamanha ausência do mais elementar senso comum? Como se podem assemelhar tanto a adolescentes deslumbrados com a nova namorada ou com o carro desportivo?

As capas de Cândido Costa Pinto (63)

Capa de CCP para "A Porta do Meio", de Ellery Queen, nº 44 da "Colecção Vampiro"

"Oh Boy"! (3)

"Turn Me Loose" (Cliff Richard)
"Good Cat" (Neville Taylor & The Cutters)
"Percy Green" (Don Lang)
"Three Cool Cats" (Cliff Richard, Marty Wilde, Dickie Pride)
"Early in the Morning" (Marty Wilde, Cliff Richard)

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Função pública e modelos de avaliação

A muito incensada afirmação de Belmiro de Azevedo quando lhe perguntaram se os funcionários públicos deviam ou não ver aumentados os seus salários (“os bons, sim”) constitui algo de óbvio, um procedimento que deveria ser universalmente adoptado diferenciando a prestação de cada trabalhador. Mas, e uma vez que estamos a falar do funcionalismo público, ela constitui apenas algo válido no plano teórico, assim passando, por impossibilidade de ser levada à prática em prazo útil, claro está, à categoria de “boutade”. Porquê? Bom, vamos lá ver...

Um sistema de avaliação rigoroso e coerente, que minimize questões demasiado subjectivas, é sempre algo complexo, cuja implementação requer, ao nível dos recursos humanos, gente preparada e com alguma qualificação para a entender e compreender os seus mecanismos e benefícios. Mais ainda, com vontade de a aplicar, isto significando que reconhece nessa avaliação um procedimento justo e sabe ela o irá beneficiar, e ao colectivo, na melhoria do desempenho das suas funções profissionais. Isto significa que quem avalia e é avaliado percebe que está inserido numa estrutura onde, predominantemente, se valoriza e premeia o mérito, a iniciativa, o rigor, a competência e o interesse da empresa ou instituição, muito mais do que as chamadas lealdades, amizades, ou confianças e desconfianças pessoais. A nível da instituição onde avaliadores e avaliados se integram, uma avaliação deste tipo muito dificilmente consegue coabitar com estruturas demasiado pesadas e hierarquizadas, normalmente demasiado centralizadas e sem autonomia a nível daquilo que deveriam ser os diversos níveis de decisão, o que implica também um razoável desconhecimento do modo como cada um executa as suas funções. Significa que também deve estar bem definido aquilo que é realmente estratégico e importante, isso não variando em função dos “humores” das hierarquias, quantificados e aceites por todos os objectivos e definidos e oficializados os procedimentos para os alterar. Poderíamos continuar por aí fora, mas penso não valerá a pena com o risco de me tornar maçador...

A pergunta que faço, tentando provar a razão do que afirmo no primeiro parágrafo, é pois a seguinte: alguém reconhece que o quadro que descrevo no parágrafo anterior se possa aplicar à maioria dos organismos da função pública portuguesa? Por aquilo que conheço, penso que a resposta, salvo raras excepções, só poderá ser negativa, o que é confirmado pelo fracasso de aplicação do modelo inicial de avaliação dos professores. Independentemente da sua justeza e para além da reacção corporativa, estou convencido que, num número significativo de casos, não foi o modelo em si sequer compreendido, muito menos julgada positivamente a sua utilidade ou os benefícios que com ele poderia trazer. Para a “cultura” prevalecente nas escolas, em função do modo como estão organizadas e do excessivo papel centralizador do ministério, tratava-se apenas de “mais trabalho”. Work load inútil.

Conclusões a tirar ou moral da história? - como preferirem... Baixar os braços? Nada disso; mas sim reafirmar, doa a quem doer, a necessidade de reformas no modelo de funcionamento do funcionalismo público de modo a permitir a implementação de sistemas de avaliação coerentes que premeiem, de facto, o mérito e permitam a melhoria do seu funcionamento e dos serviços prestados aos cidadãos. Ah!, e já agora eliminem o desperdício! Sem isso, arriscamo-nos a continuar a bater contra uma parede. Inamovível.

"On Connaît la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (2)

"Vertige de l'amour" - original e interpretação de Alain Bashung

Parece-me que o "caso" Crespo vai mesmo a caminho da coscuvilhice...

Pois agora Nuno Santos, confirmadamente um dos envolvidos no “caso” Mário Crespo, vem dizer para a comunicação social que a versão de Crespo não é totalmente fidedigna. Ou seja, um assunto que pelo seu indiscutível interesse político deveria ser tratado e averiguado, conforme defendi, em sede própria, a Assembleia da República que possui poderes para tal, passa assim a ser dirimido nos “media” através do diz que disse, da afirmação e desmentido. De uma questão política relevante para que os portugueses possam conhecer o comportamento público dos seus governantes e o modo como exercem o seu mandato, transforma-se mesmo em mera coscuvilhice, em assunto de mulher de soalheiro. Quem quer nada esclarecer já estará agradecido.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Óscares...

Jurei a mim mesmo não ver “Avatar”: ter visto “Titanic” foi suficiente para concluir que o cinema de James Cameron pouco ou nada tem a ver comigo. Sem lamentos.

Em contrapartida, “Strange Days” (1995), de Kathryn Bigelow (a "ex" de Cameron), tornou-se rapidamente um dos meus filmes de culto e já na idade adulta, quando custa muito mais conquistarem-nos o coração. Também “The Hurt Locker”, agora concorrente aos óscares contra “Avatar”, estando longe de ser um grande filme, vale bem uma ida ao cinema. Escusado dizer, portanto, por quem vou torcer, sem ter que apresentar como argumento final o facto de Bigelow ser também uma mulher bonita (porque raio isto não pode também valer?). Mas, deixem-me que lhes diga, já há uns anos largos que os melhores filmes que vi raramente tiveram algo que ver com a Academia de Hollywood. Também sem lamentos.

Ainda o "caso" Mário Crespo ou o que, acho, mudou desde ontem

A leitura do “Expresso” on-line - que não é (pelo menos, ainda) propriamente o “Jornal do Crime” ou o “24 Horas” e cujo principal proprietário eu e, penso que, a maioria dos portugueses nos habituámos a respeitar enquanto jornalista, empresário e cidadão - lança nova luz sobre o “caso” Mário Crespo: apresenta factos tais como local, dia, hora e testemunhas que me parecem, tanto quanto sei, gente idónea. Aquilo que ontem, mediante os elementos então (não) disponíveis, poderia parecer uma história com contornos infantis, mais um daqueles casos de especulação jornalística em que os últimos tempos, infelizmente, têm sido férteis, pode e deve, em função dos elementos agora vindos a lume através do jornal de Francisco Pinto Balsemão, ser considerado, pela sua eventual gravidade, algo a merecer, pelo menos, um tratamento mais aprofundado.

Perante a existência desses factos - e não estando em causa, frise-se, nada que possa ter contornos de ilícito criminal - o que eu e todos os cidadãos deste país temos o direito de saber é o seguinte:
  1. É verdade que o primeiro-ministro e outros ministros do seu governo se acharam no direito de, publicamente, interromperem um almoço privado de terceiros quebrando o direito a essa sua privacidade?
  2. É verdade que o fizeram num tom de voz e com modos inadequados para um sítio público, incomodando o direito à privacidade de terceiros que partilhavam o mesmo espaço, denotando aquilo que poderia ser classificado como falta de educação?
  3. É verdade que se referiram em público (o restaurante em causa – que conheço - é um sítio público e se é verdade que terceiros não puderam deixar de escutar os termos da conversa esta deixou, a partir daí, de ser privada) a uma terceira pessoa (o jornalista Mário Crespo, colega dos interpelados) em termos (citados) que demonstram falta de respeito, facto este agravado por se tratar do primeiro-ministro e membros do seu governo, que deveriam dar o exemplo?
  4. É verdade que manifestaram em público (novamente: se terceiros não puderam deixar de ouvir deixou de ser uma conversa privada) querer interferir no conteúdo da programação de um canal de televisão privado (a ser verdade que Mário Crespo foi referido como “um problema que tem que ser resolvido”, o primeiro-ministro não estava apenas a exercer o seu direito, legítimo, de crítica)?

Eu, cidadão e eleitor deste país e que até votei no partido que apoia o actual governo, tenho o direito de obter respostas a estas perguntas sobre questões que têm a ver com o carácter e comportamento público dos ministros e a sua actuação em algo tão sensível como a comunicação social, direito este que, pelo que aqui tentei demonstrar, nada belisca, no mínimo que seja, os princípios fundamentais do estado de direito. Mais ainda, se as alegações de Mário Crespo e do “Expresso” corresponderem à verdade, terão sido os membros do governo a desrespeitar a privacidade da conversa. Para isso, nada mais adequado que os deputados eleitos chamarem à Assembleia da República, para depoimento, as pessoas em causa (todas, incluindo, claro está, os governantes) para que assim os portugueses possam concluir sobre as questões que acima me permito levantar. Para isso os elegemos e a democracia assim o exige.

Nota: tudo isto me parece bem mais importante do que a não-publicação do texto de Mário Crespo no JN, algo cuja análise e comentário deixo aos jornalistas, juristas e outros "istas" da área.

A ameaça de demissão do ministro das finanças terá mais que se lhe diga?

A crer nesta notícia do “Público” (já só me resta um amigo que ainda acredita em tudo o que lê nos jornais...), sobre a ameaça de demissão de Teixeira dos Santos, algo me ocorre perguntar: será que algum hipotético mal-estar do ministro das finanças (a existir, frise-se) não terá já origem num orçamento de estado que terá aceite com algum desconforto (um género de “voto de vencido”) e com algumas divergência políticas com o governo do qual faz parte e que declarações desencontradas, no passado fim de semana, sobre algumas das chamadas “grandes obras públicas” podem deixar vislumbrar? Será que as declarações de hoje de Vítor Constâncio, advogando medidas mais radicais do lado da despesa e o agravamento de alguns impostos como o IVA, não se destinam, também, a vir em socorro de Teixeira dos Santos? O tempo o dirá, mas vale a pena estar atento.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

E se crescessem?

Um jornalista (Mário Crespo) que se tem distinguido como adversário do actual governo (o que é perfeitamente legítimo) e, até, do regime (igualmente legítimo) vem queixar-se publicamente num “site” ligado ao principal partido da oposição de alguém não nomeado ter ouvido num restaurante uma conversa entre o primeiro-ministro e vários dos seus ministros mencionando o seu nome como uma voz a “calar”. Alguns “media” pegam no assunto e fazem dele “manchete”. Outros discutem-no. A direcção do sindicato dos jornalistas resolve mesmo emitir uma nota oficial. Para o ramalhete ficar completo só faltava agora o governo pronunciar-se sobre o assunto. E se crescessem?

Blindness (6)


(Gravação de 1930)

"Up In The Air"

“Up In The Air”, o filme de Reitman com George Clooney a fazer dele próprio, é uma versão "long play" do anúncio do Nespresso: é engraçado e dispõe bem mas, tal como o café em pastilhas, longe do bom e consistente aroma de um Moka Harrar feito em balão, ou seja, de um bom e velho clássico à moda antiga. Mas lá que nos sentimos nas nuvens...